sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

HORA SANTA DE JANEIRO


Eis aqui o Coração que tanto amou os homens! Contemplai-O, filhos meus, carregado de opróbios nesta Hóstia em que Ele, entre chamas de caridade, palpita por vós. Somente por vós! E não suportando por mais tempo os ardores que O consomem, quis entregar-se ao mesmo mundo que o tem traspassado com o dardo da ingratidão e do desprezo. Este é o supremo e o último recurso da minha redenção.

Aqui tendes o meu Coração; Eu o dou a vós, eu o entrego a vós sem reservas, em troca do vosso, ainda que pecador e ingrato. Ó como tenho sede, uma sede imensa de ser amado, neste Sacramento do Altar, onde tenho sido até agora o rei do silêncio, o monarca do esquecimento. Mas agora é chegada a hora dos meus triunfos. Venho reconquistar a terra; sim, hei de subjugá-la, apesar do inferno, e salvá-la-ei por meio da onipotência do meu Coração. Aceitai-O, eu vos rogo...estendei-me as mãos e a alma para receber este supremo dom de minha misericórdia redentora. Venho trazer fogo à terra, fogo da vida, de um amor sem limites, fogo de santidade, fogo de sacrifício, e hei de querer que não se inflame?

Ponde os olhos em meu peito ferido. Aí tendes o Coração que vos tem amado desde os padecimentos de Belém; e mais... até às humilhações e obscuridades de Nazaré e, muito mais ainda, até às agonias cruentas do Calvário. É este o mesmo Coração que deixou de bater no Gólgota, é o mesmo que segue amando na luz inextinguível do altar da Santa Eucaristia. E vós não me amais! Por isso, estou triste até a morte...Por isso, me corrói até à agonia que a vinha dos meus amores tenha produzido os espinhos que circundam meu Divino Coração. Arrancai-os, pois, nesta Hora Santa e amorosa, nesta hora feliz para vós e também para este Deus-Prisioneiro, que invoca amor, que espera amor, que pede amor desde o Sacrário.

Desfaleço de tanta caridade... acercai-vos e sustentai-Me nesta agonia sacramental de vinte séculos. Sede meus anjos consoladores! Ó vos amo tanto, tanto... e vós não Me amais o bastante, vós que sois os meus amigos, vós que sois os meus escolhidos. Ai! E o mundo desconhece todas as minhas finezas, rechaça as minhas ternuras, desdenha e profana as minhas misericórdias. Estou triste até a morte... Vinde, este é o coração que jamais deixou de vos amar; vinde, aceitai-O como penhor de ressurreição. Filhos meus, vinde e dai-Me em troca os vossos corações, as vossas almas, as vossas vidas, os vossos pesares e alegrias. Sede vós todos Meus, todos! Eu vos perdoo, mas deveis amar-Me! Tomais esta decisão de uma vez, assumis que sou vosso rei e que aceitais, reconhecidos, o dom incomparável do meu Sagrado Coração!

(pausa)

(certamente somos indignos desse dom mas, diante da oferenda de tão grande misericórdia, vamos aceitá-lo com gratidão e humildade, para nos santificarmos por meio dele e lhe darmos glória)

As almas

Senhor Jesus, não nos atrevemos a Vos oferecer os nossos corações espezinhados. Mas tomai-os, porque eles são vossos mas, em troca, dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!

(todos em voz alta)

Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!

Por amor à Virgem Maria, dai-nos, Jesus, nas horas de fervor, quando sentimos os desejos veementes de amar e de sofrer como os santos...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor a São João, dai-nos, Jesus, nas horas tão raras de paz, quando desfrutamos da doce tranquilidade de uma consciência pura ou que nos foi perdoada...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor aos vossos três amigos de Betânia, dai-nos, Jesus, nas horas de pesar e de tristeza, quando recaem sobre as nossas almas as tormentas da dor...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor aos Apóstolos privilegiados do Tabor e do Getsêmani, dai-nos, Jesus, nas horas de alegria ou de provação...
Dai-nos para sempre vosso Divino Coração!
Por amor à arrependida Madalena e às mulheres compassivas de Jerusalém, dai-nos, Jesus, nas horas da fraqueza humana ou quando nos inspira a graça do arrependimento...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor à obra de vossa Igreja, dai-nos, Jesus, nas horas do combate, quando ela nos conclama o tributo do nosso zelo e também do nosso sacrifício...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor aos santos Bernardo, Agostinho e Francisco de Sales, Matilde e Gertrudes, felizes precursores desta admirável devoção, dai-nos, Jesus, nas horas das nossas melhores disposições quando Vós nos exigis maior fervor...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor de vossa esposa e primeira apóstola, Santa Margarida Maria, dai-nos, Jesus, em todos os momentos da nossa vida e sobretudo na agonia final da nossa morte...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!

Ó ofertai-nos vosso Coração como uma fonte de vida, como um oásis de descanso, como uma projeção do céu... E, apesar de nossa indignidade, que ele possa ser nosso, ó Jesus, com todos os vossos tesouros de luz, de paz, de fortaleza pois, neste santuário divino, queremos aprender a Vos amar e dar-Vos glória! Jesus, vós já nos destes a Cruz... nos destes a vossa Mãe... nos destes o vosso Sangue...dai-nos agora e por toda a eternidade, Senhor, o paraíso do vosso Coração! Com ele, não desejamos mais nada, nem no céu e nem na terra.


(pausa ou canto de um hino)

(vamos pedir fidelidade e generosidade de modo a responder à graça desse dom incomparável do Coração do nosso Salvador. Vamos suplicar que esta Hora Santa nos envolva com uma grande luz que nos faça capazes de apreciar a beleza e a infinita bondade de um Deus, que nos oferece a fonte de sua própria vida para nos dar uma vida nova. Vamos nos humilhar e nos prostrar e, sobretudo, amar Aquele que nos amou tanto. Ouçamos a Sua voz...)


Jesus

Vós me chamais Senhor e Mestre, e dizeis bem, porque Eu o sou. Mas ouçais: estou feliz por Me tornar escravo do homem aqui no Tabernáculo por amor de homem ingrato. Já vos ocorreu alguma vez que, ao chamar-vos para o meu altar, ansiosamente pedindo o vosso amor para vos resguardar no tesouro do meu Coração, na busca de todos vocês, pequenas flores dos campos, grãos de areia do deserto, Eu, Senhor do céu e Mestre da terra procurei o meu prazer ou olhei para o meu consolo?


E por quê? Ah! Porque eu vos amo, meus pequeninos, com um amor tão grande que, de certa forma, Me impus uma necessidade divina por vós, de tal sorte que, sem o vosso amor, o Meu coração sofre. Ó, sim, acreditais nisso: sem vós, que tantas vezes esqueceis de mim; sem vós, que, muitas vezes, preferis as vaidades do mundo a Mim; sem vós, os filhos pródigos do meu Coração; Eu, Jesus, não poderia viver após ter provado este amor, ainda que fosse o amor de uma única alma fiel! Ah! Preciso estar no Céu na companhia eterna dos homens redimidos pelo meu Sangue de modo que a minha glória seja completa! Não vos esqueçais disso: as mais belas jóias da coroa do seu Salvador devem ser as almas resgatadas dos vossos irmãos. Elas me custaram tanto!

Reconhecei isso durante esta Hora Santa, pelo menos vós, meus filhos amados, porque o mundo se recusa a acreditar que eu vos possa amá-los em tal medida; eu preciso que vós reconheceis isso. Portanto, para o meu consolo, para o meu triunfo de amor, para a glória que me é devida, aceitai o presente do meu Coração, aceitai este tesouro do paraíso porque vós estais convictos em Me render este testemunho de fé no meu amor; porque vós acreditais firmemente que eu, Deus dos Tabernáculos, criei o coração do homem para torná-lo um tabernáculo vivo, o éden de todos os meus deleites.

Sou Deus desde toda a eternidade e meu Coração precisa de vós agora. Preciso de vós, meus irmãos! Venham, meu amigos fiéis, aproximar-se de meu coração, porque eu estou cansado e triste, estou ferido de amor. Não tardeis, Eu padeço com o desejo de encontrar um abrigo de extrema ternura, de fé ardente e de ardorosa caridade em todas as vossas almas. Enchei-vos de alegria, pois sou Eu, Jesus, que vos digo: Tenho fome de vós!

Falai comigo agora. Abri, abri vossas almas para Mim e, mais que tudo, dizei que Me amais realmente, que Me amais com um amor sem medida!

(aqui viemos falar com Ele, abrir nossas almas a Ele, oferecer a Ele as nossas almas incendiadas de amor. Que confissão Jesus nos fez: dizer-nos que precisa de nós, suplicando por nosso amor que Lhe é devido! Vamos responder com uma profissão ardente de nosso amor, pois é o nosso coração que precisa dEle.)

As almas 

Ó Jesus, ao ver-Vos tão acessível e tão benigno, ao contrário do Apóstolo que exclamou: 'Afasta-te de nós, porque somos pecadores', queremos correr ao vosso encontro para estreitar os laços da ditosa intimidade que une os nossos corações ao vosso Coração.

(lento e com grande devoção)

Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando os governantes renegarem a vossa lei e amaldiçoarem o vosso nome. 
Lembrai-vos que somos vossos, que somos consagrados à glória do vosso Divino Coração! 
Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando as multidões incensadas por poderes satânicos profanarem os vossos santuários a clamarem pelo vosso Sangue. 
Lembrai-vos que somos vossos, que somos consagrados à glória do vosso Divino Coração! 
Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando os sábios enganosos do mundo, cujo orgulho tendes paciente mas firmemente condenado, cobrirem de insultos e ultrajes a vossa Santa Igreja. Lembrai-vos que somos vossos, que somos consagrados à glória do vosso Divino Coração! 
Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando milhares de cristãos ignorarem a vossa pessoa adorável e vos afligirem com a espada da indiferença. 
Lembrai-vos que somos vossos, que somos consagrados à glória do vosso Divino Coração! 
Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando tantas pessoas boas e virtuosas medirem com avareza o vosso amor e vos darem a sua confiança com absoluta mesquinhez e ninguém vos consola em sacrifício e santidade. 
Lembrai-vos que somos vossos, que somos consagrados à glória do vosso Divino Coração! 
Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando a deslealdade, a amargura e a tibieza das almas predestinadas vos oprimirem, estas almas que, por vocação, deveriam ser inteiramente vossas e santas. Nesta hora de tanta desolação, mais do que nunca, lembrai-vos que somos vossos; volvei a nós os vossos olhos tristes e suplicantes e não vos esqueçais que, como vossos filhos, estamos consagrados para sempre à glória do vosso Divino Coração! 

No altar do nosso sacrifício, vamos cantar a vossa glória: viva o Vosso Sagrado Coração, e que venha a nós o vosso Reino! 

(se sentirmos remorso por alguma falta íntima, por alguma recaída no pecado, especialmente por uma falta de generosidade, que fere gravemente Nosso Senhor, peçamos o Seu perdão; Ele sabe tudo, mas quer uma nossa manifestação de amor e de arrependimento. Não nos deixemos abater pelo desânimo; ouçamos mais uma vez as palavras do Divino Mestre).

Jesus

Meu maior desejo, meus pequeninos, é vos ver saborear a minha vida. Eu a dei a vós com o meu Sangue e quero que a vivais. Eu a dou a vós como fonte de uma nova vida com o meu Coração. Quero viver em vós porque vós precisais de Mim para curar vossas debilidades e vossa consciência perturbada, para vos sustentar na fraqueza de vossos propósitos, para confirmar as vossas boas predisposições. Vinde a Mim, vós que sois os predestinados de minha eucaristia. Eu sou a fortaleza!

(lento e com grande devoção) 

Saboreai a minha vida. Eu a dou a vós com o meu Coração. Eu a dou a vós, para quando deveis suportar o peso das tentações violentas. Não percais vosso equilíbrio, desmaieis, não cedais às insinuações do inimigo. Sede fortes. Amparai-vos em minha graça. Não me abandoneis, para que não fiqueis sozinhos na luta. Permanecei unidos a Mim, de modo que possais manter vossas almas na paz. Vinde a Mim, vós que sois os predestinados de minha eucaristia. Eu sou a vossa vitória!

Saboreai a minha vida. Eu a dou a vós com o meu Coração. Eu a dou a vós, para quando, curvados sob o peso do pecado, vossa consciência vos censurar; quando a ameaça da minha justiça vos oprimir como o peso esmagador de um rochedo. Levantai-vos outra vez, não choreis sem esperança de culpa pelas vossas quedas. Vinde, vinde todos, os necessitados, os enfermos, os pecadores... Sejais meus, filhos de minha grande misericórdia! Vinde a Mim, vós que sois os predestinados de minha eucaristia. Eu sou o perdão de Deus, Eu sou tão somente Amor!

Saboreai a minha vida. Eu a dou a vós com o meu Coração. Eu a dou a vós, para quando estiverem imersos numa profunda nuvem de tristeza e de amargura, pesando sobre o vosso oração. A vida é triste e cheia de incertezas. Mas não vos revoltais ou percais o precioso tesouro de vossas lágrimas; não vos desesperais no perigoso e obscuro caminho das lamentações. Vinde, vinde todos, não tardeis mais. Vinde ser vós os predestinados de minha eucaristia. Eu sou o bálsamo que cura todas as feridas. Eu sou o vosso grande Consolador. Eu sou o vosso Jesus!

(Jesus nos dá o seu Coração, não apenas para nele buscar o nosso consolo mas, acima de tudo, nos fortalecer, para infundir uma vida nova em nós, e para nos dar novas provas de sua grande misericórdia. Vamos agradecer este grande dom. Vamos suplicar a Jesus que nos deixe o seu Coração como um pleito de amor durante esta vida, na hora da morte e por toda a eternidade)


(pausa)

As almas

Obrigado, Senhor Jesus, por vossa misericordiosa ternura que nos permitis afastar de todo mal, vós nos ofereceis o remédio soberano do vosso coração. Obrigado, Jesus, pelo interesse incompreensível que tendes por nossas preocupações, quando vós deveríeis esquecê-las, como um justo castigo pela nossa própria negligência e por todas as nossas muitas ofensas. Obrigado, manso e humilde Jesus do Sacrário! E agora, Senhor, como prova de reconhecimento sincero e em reparação pela nossa ingratidão e dos nossos semelhantes, nós desejamos durante esta Hora Santa, dedicar-nos, com toda a solicitude ansiosa de um amor ardente, aos vossos interesses mais caros e mais sagrados. Adorável Jesus, são tantos os conspiradores que tramam o deicídio por blasfêmia e pela negação pública e social de vossa divina realeza! São tantos os falsos conciliadores que vos condenam por um silêncio hipócrita, os que desdenham pronunciar o vosso nome ou, o que é ainda mais doloroso, os que fingem não vos conhecer!

Eles não consideram dignar a Vós, Senhor, nem mesmo um olhar de relance; eles flagelam a vossa Sagrada Face; vós não sois um desconhecido, um fantasma ou uma lenda do passado, mas eles têm a malícia de vos desconsiderar, em favor da salvaguarda, como dizem eles, da liberdade de consciência e da paz social, por razões de justiça e pelo bem-estar das nações civilizadas em marcha em direção ao progresso. Neste sentido, vós sois condenado ao exílio e à morte!

Isso não, ó rei de amor, mil vezes não! Então, eles terão de nos crucificar também junto convosco! Aqui, reunidos como em um cenáculo e vivificados pelo fogo de um novo pentecostes da vossa divina eucaristia, protestamos contra esse deicídio legal, contra esta apostasia da nossa época. Inflamados por ardente zelo à glória de vossa causa, vos aclamamos Conquistador e Rei do Amor diante os vossos inimigos. E, uma vez que sois rei e conquistador por direito divino, que sois um Deus fiel, vos ousamos suplicar que nos possais prometer novamente a vossa vitória final, já prometida aos vossos exércitos que combatem sob o lema: 'Venha a nós o Vosso reino, ó Sagrado Coração de Jesus!". Sim, Jesus, vós reinareis sobre nós e somente vós, Jesus Crucificado!

Aproximai-vos mais, ó doce Mestre, e aqui entre nós, cercado pelos vossos filhos, vem receber de nossas mãos a coroa da realeza, que aqueles que não são nada além de pó da terra e se clamam poderosos, quiseram arrebatar de Vós, porque reconhecendo as profundezas de vossa humildade, acreditam que podem injuriar-Vos de sua pretensas alturas! 

Avançai triunfante neste encontro fervoroso de verdadeiros irmãos. Não escondeis as feridas das vossas mãos e dos vossos pés. Não limpeis a vossa sagrada face a a vossa cabeça ensanguentada. Ah e não fecheis a ferida do vosso peito. Que seja assim, ferida aberta e sangrenta, coberta com a púrpura do amor e com com a túnica de opróbrio. Sem vos transfigurar, ó Jesus, tal como fostes, o mesmo Jesus daquela noite terrível da Quinta-feira Santa, apresentai-vos a nós e vinde receber o hosana dessa guarda de honra que se mantém em vigília pela glória de Cristo Jesus, nosso Rei!  

(todos em voz alta)

Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei!  

Os reis e os governantes poderão calcar aos pés as tábuas de vossa Lei mas, ao sucumbirem das alturas do poder ao túmulo do esquecimento, vossos súditos seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Os legisladores defenderão que o vosso Evangelho é uma ruína e que é preciso eliminá-lo em favor do progresso mas, ao sucumbirem ao túmulo do esquecimento, vossos adoradores seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Os maus ricos, os orgulhosos, os mundanos, dirão que a vossa Moral é de outro tempo, que vossas intransigências denigrem a liberdade da consciência mas, ao sucumbirem nas sombras do túmulo do esquecimento, vossos filhos seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Os interessados em acumular cargos e dinheiro, vendendo falsas liberdades e grandeza às nações, chocar-se-ão com a pedra do calvário e da vossa Igreja mas, ao descerem aniquilados ao túmulo do esquecimento, vossos apóstolos seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Os arautos de uma civilização materialista, longe de Deus e em oposição ao vosso Evangelho, morrerão um dia envenenados por suas maléficas doutrinas e, ao desaparecerem no túmulo do esquecimento, amaldiçoados pelos próprios filhos,vossos consoladores seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Os fariseus, os soberbos e os impuros envelhecerão estudando a ruína, mil vezes decretada de vossa Igreja mas, ao desparecerem no túmulo de um eterno esquecimento, vossos redimidos seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Oh! sim! que viva o vosso Sagrado Coração, mesmo depois que os poderes diabólicos das trevas forem dissipados dos lares, das escolas, dos povos, e tragados para sempre pelo abismo, vossos amigos continuaremos exclamando pelos séculos dos séculos: 
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Viva  o vosso Sagrado Coração no triunfo de vossa eucaristia e de vossa Igreja! Amor e glória para sempre ao vosso Sagrado Coração! 

(pausa ou canto de um hino)

Senhor, temos que nos despedir mas, ao vos deixar neste altar, confiamo-Vos à adoração dos vossos anjos e aos louvores da vossa Mãe Imaculada. Nós nos retiramos, Jesus, mas deixamos os nossos corações imersos na chaga aberta do vosso Lado. Antes de nossa despedida, neste dia mais belo que todas as auroras, permiti uma última oração, Senhor e nosso Salvador, nosso Amigo e Irmão; permiti, ó Deus aniquilado, recordarmos aqueles infelizes que não se encontram aqui aos vossos pés, que não se arrependeram de viver pelos atalhos de uma vida de pecado; ó Deus aniquilado, pelos que vos abandonaram...

(lento e com grande devoção)

Vós sois tão doce, Jesus Eucarístico! Dai a vossa luz triunfante a tantos cegos que não querem ver as maravilhas do vosso amor e nem reconhecer que Vós sois o único Caminho. Concedei este milagre de luz por amor à vossa Mãe Imaculada e para a glória de vosso Sagrado Coração! 

Vós sois tão terno, Jesus Eucarístico! Dai a paz a tantos extraviados que querem buscar as alegrias sedutoras do mundo, um mundo que, cantando, vende lágrimas e morte. Sede para eles a esperança! Concedei este milagre de ternura por amor à vossa Mãe Imaculada e para a glória de vosso Sagrado Coração! 

Vós sois tão compassivo, Jesus Eucarístico! Saciai esta fome de amor, de amor sem medidas, que causou a perda de tantos filhos pródigos. Eles sofrem, eles padecem longe do vosso Altar, a única fonte de felicidade. Levai-os para junto de Vós. Que eles possam reconhecer, Jesus, que Vós, e somente Vós, sois a paz e o amor! Concedei este milagre de piedade por amor à vossa Mãe Imaculada e para a glória de vosso Sagrado Coração! 

Vós sois tão amoroso, Jesus Eucarístico! Saciai  esta fome de amor, de amor sem medidas, que causou a perda de tantos filhos pródigos. Eles sofrem, eles padecem longe do vosso Altar, a única fonte de felicidade. Levai-os para junto de Vós. Que eles possam reconhecer, Jesus, que Vós, e somente Vós, sois a paz e o amor! Concedei este milagre de piedade por amor à vossa Mãe Imaculada e para a glória de vosso Sagrado Coração!

Tu és tão amoroso, Jesus Eucarístico! Suavizai as lágrimas de desespero derramadas por aqueles que, sofrendo as dolorosas decepções desta vida, sem o auxílio da vossa graça, envenenaram toda a sua existência. Longe das alegrias do gozo terrestre, mais longe ainda do paraíso eterno, estes infelizes estão mergulhados em um abismo de sofrimento sem fim. Acercai-vos destes infelizes, ó Jesus - Hóstia! Procurai-os, ide ao encontro deles, falai para eles aquelas palavras que estremecem a terra e fazem brotar torrentes e oceanos infinitos de júbilo inefável nos domínios eternos. Concedei esse milagre de amor por vossa Mãe Imaculada e para a glória de vosso Sagrado Coração!

Que tenho eu, Senhor Jesus, que Vós não me tenhais dado?
O que sei, que vós não me tenhais ensinado?
O que posso fazer, se vós não me possais ajudar?
E o que eu seria, se não fosse unido a Vós?
Perdoa... perdoa os meus erros cometidos contra Vós!
Vós me criastes sem que eu o merecesse,
e me redimistes sem que eu vos pedisse;
muito insististes em criar-me,
e muito mais em me redimir;
Seríeis menos poderoso
ou menos generoso em perdoar-me?
Pois todo o vosso Sangue derramado
e a acerba morte que padeceste;
não foi em favor dos anjos que Vos adoram, 
mas por mim e pelos pecadores que Vos imploram... 
Se eu vos tenho negado, deixai que eu vos louve,
Se eu vos tenho injuriado, deixai que eu vos ame,
se eu vos tenho ofendido, deixai que eu vos sirva,
pois, para viver sem vos amar,
e amar sem sofrer por vós,
Ó Jesus, o que seria a morte sem Vós?


(pausa)

(fazer menção aqui daqueles em cuja conversão se está particularmente interessado)

E agora, Senhor, levai-nos até as profundezas do Vosso Sagrado Coração, lá onde guardais o tesouro de lágrimas da vossa Mãe; não permitais que outras criaturas nos roubem daí, Jesus, forçando-nos a abandonar este éden conquistado. Chamai-nos para Vós, Jesus manso e humilde, em nossas horas de hesitação perigosa entre o mundo e a vossa Lei; mandai-nos ir até Vós e que, por meio da vossa misericórdia inefável, possamos receber a graça de conhecer mais intimamente os doces encantos deste Coração de Jesus, nosso irmão, nosso amigo, nosso Salvador e rei de Amor; de vos conhecer, Deus da caridade e habitar no vosso Coração para todo o sempre. Portanto, Adorável Mestre, escrevei sem demora, neste exato momento em que vos adoramos diante deste amado Sacrário, escrevei nossos nomes no tempo e na eternidade do vosso Sagrado Coração! 


Senhor, com dulcíssima rigidez, mantende os vossos filhos, vossos amigos mais íntimos,  retidos na celeste prisão de Vosso Sagrado Lado; daí vos pedimos viver em adoração e amor; daí nós queremos viver e morrer cantando eternamente a glória e a inefável misericórdia do vosso benigno Coração! Venha a nós o vosso Reino!

Pai Nosso e Ave Maria pelas intenções particulares dos presentes. 
Pai Nosso e Ave Maria pelos agonizantes e pecadores. 
Pai Nosso e Ave Maria pedindo o reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino em lares, sociedades e nações.
Pai Nosso e Ave Maria pelo nosso país.

Senhor Jesus, nós fomos capazes de velar uma hora convosco no Getsêmani e felizes permaneceríamos preso neste Sacrário se vosso amor nos consentisse! Nós nos retiramos, levando a paz, muita paz, consolações divinas e uma vida nova. Ah, e acima de tudo, nos despedimos com a imensa alegria de ter dado a Vós, nosso amado Mestre, provas de fé, de desagravo e de amor como vós pedistes, entre lágrimas, à vossa confidente, Margarida Maria. Acolhei, pois, manso e humilde Jesus, a nossa última oração:

Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede a perseverança da fé e da inocência das crianças que Vos recebem na Sagrada Comunhão; sede para ela um Amigo!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o consolo dos chefes dos lares cristãos; sede para eles a própria Vida!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o amor para tantos que sofrem e para os pobres que labutam com dificuldades; sede para eles um Rei!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o alívio e a doçura aos aflitos e àquelas almas mergulhadas na desolação; sede para eles um Irmão!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede a fortaleza para as almas em tentação e para as almas fragilizadas; sede para eles a Vitória!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o consolo e a perseverança das almas tíbias; sede para eles o Amor!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o centro da vida da Igreja Militante; sede para ela o Lábaro triunfante!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o anelo ardente e vitorioso dos vossos apóstolos; sede para eles o Mestre!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede a santidade e um céu antecipado para as almas na Sagrada Eucaristia, um paraíso de amor; sede para elas Tudo!

E, enquanto não chega o dia eterno e venturoso de cantar as vossas glórias, deixai-nos, ó doce Jesus, sofrer, amar e morrer sobre a chaga aberta do vosso Lado, murmurando junto à ferida do vosso Coração de Amor, as palavras do vosso triunfo: 'Vinde a nós o vosso Reino!'

(cinco vezes, em honra às cinco chagas de Jesus)

Divino Coração de Jesus!

(todos)

Vinde a nós o vosso Reino!

Ato de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus e ao Puríssimo Coração de Maria

Eu vos dou e vos consagro, Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, meu corpo, minha alma, minha vida, minhas ações, aflições e sofrimentos, de forma que tudo em mim se faça para a maior honra, amor e glória ao vosso Sagrado Coração. Assumo a firme proposição de me entregar a Vós sem reservas e tudo fazer por vosso amor, renunciando a todas as coisas que vos possa ofender ou desagradar. Tomo-vos, pois, como única fonte do meu amor, como proteção à minha vida, como esperança da minha salvação eterna, como remédio para a minha fragilidade e inconstância, como expiação para todos os meus pecados e como refúgio seguro na hora da minha morte.  

Sede, ó Coração de Amor, a minha justificação junto a Deus Pai, apartando de mim os dardos de sua ira santa. Em vós ponho a minha esperança, temeroso da minha malícia e fraqueza, mas confiante na vossa suma bondade. Fazei desaparecer em mim tudo o que vos possa desagradar ou resistir. Que o vosso puro amor seja impresso tão profundamente no meu coração que eu nunca mais possa ser capaz de me apartar ou de esquecer de Vós. Dignai-vos gravar o meu nome no vosso Sagrado Coração, para que toda a minha felicidade e glória possam consistir em viver e morrer como vosso servo e apóstolo!

E a vós, Coração de Maria, unido tão íntima e indissoluvelmente ao Coração de Jesus, desejo que, depois do vosso Filho, possais ocupar o primeiro lugar no meu coração que, de ora em diante, consagro também a vós. Vós sereis sempre a fonte de minha veneração, do meu amor e da minha confiança. Prometo buscar, com todas as minhas forças, conformar os meus sentimentos e anelos aos vossos e seguir fielmente, por toda a minha vida, as vossas virtudes. Mãe Santíssima, dignai-vos abrir o vosso Coração para mim e aí me receber junto aos vossos filhos verdadeiros e fieis. Alcançai-me a graça que me é necessária para fazer do meu coração a imitação do vosso, como ele próprio foi a imitação do Coração de Jesus. Livrai-me dos perigos, consolai-me em minhas tristezas, ensinai-me a obter o bom proveito de todos os bens e de todos os males desta vida; protegei-me em todos os momentos e, especialmente, na hora da minha morte.

Sagrados Corações de Jesus e Maria, eu me consagro inteiramente ao Vosso serviço! Fazei com que eu possa viver, agora e sempre, como vosso servo fiel e vosso verdadeiro filho! Amém.

(cinco vezes, em honra às cinco chagas de Nosso Salvador)

Sagrado Coração de Jesus! Vinde a nós o vosso Reino!

(três vezes)

Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!

(uma vez)

São José, rogai por nós!
Santa Margarida Maria, rogai por nós!

Pai Nosso, Ave Maria e Glória pelas intenções do Santo Padre e da Santa Igreja, para se ganhar as indulgências dessa santa devoção.

(Hora Santa de Janeiro, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey, tradução integral pelo autor do blog)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

A LENDA DA ÁRVORE PROIBIDA DO ÉDEN

Uma lenda muito antiga, mas muito bonita, diz que a madeira da Cruz de Cristo foi tomada da mesma árvore do conhecimento do bem e do mal, situada no meio do Jardim do Éden, cujos frutos foram proibidos a Adão e Eva por imposição direta de Deus.

'Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais' (Gn 3, 3).

Pelo pecado da desobediência de Adão e Eva, ambos foram expulsos do Paraíso e a humanidade herdou para sempre, e em todos, o pecado original.


'Adão viveu cento e trinta anos: e gerou um filho à sua semelhança, à sua imagem, e deu-lhe o nome de Set. Depois de haver gerado Set, Adão viveu oitocentos anos e gerou filhos e filhas. Todo o tempo que Adão viveu foi novecentos e trinta anos. E depois disso morreu' (Gn 5, 3 - 5).

De acordo com a lenda, quando Adão morreu, o seu filho Set conseguiu junto ao querubim guardião do éden um ramo da árvore proibida. Set teria plantado, então, o ramo desta árvore no Gólgota (que significa lugar da caveira, porque Adão também teria sido enterrado lá). Este ramo teria gerado, assim, novas árvores do conhecimento, ao longo dos tempos da humanidade.

O lenho destas novas árvores seria a origem da madeira usada para a confecção dos objetos mais sagrados do Cristianismo, como a Arca da Aliança, a haste de Moisés na qual foi suspensa a serpente de bronze (Num 21, 8) e, como último lenho, a própria Cruz de Cristo. 

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

BREVIÁRIO DIGITAL (XIII)

Versão original da letra da música 'Com minha Mãe estarei', uma das músicas católicas mais antigas, de autor desconhecido e de grande devoção popular; em versões mais recentes, o refrão é mantido, sendo alterados ou adaptados os demais versos, embora mantendo-se a métrica da versão original.

(O Pequeno Missionário, P. Guilherme Vaessen, Ed. Vozes, 1953, p.218-219)

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

HORA SANTA DE ANO NOVO


(Esta Hora Santa poderia servir especialmente para começar o Ano Novo, segundo o verdadeiro espírito do Sagrado Coração de Jesus, e para consagrá-lo à sua glória. Este mesmo método poderia também ser muito útil em determinadas ocasiões, em certas horas decisivas e solenes 'do ano ou da vida', como, por exemplo, nas vésperas de um casamento ou como preparação imediata para ingressar no convento, ao abraçar a vida religiosa. Poderia, assim mesmo, ser de grande proveito 'durante os exercícios de um retiro', para iniciar nele uma etapa de vida espiritual nova e mais intensa). 

Eis que se levanta com a aurora do Ano Novo o verdadeiro Sol de paz, de esperança e de amor: o Coração Divino de Jesus, Sol de uma nova vida para sua glória e nossa felicidade. Glória a Ele nas alturas, glória a Ele e só a Ele aqui na terra! Adveniat, adveniat, adveniat regnum tuum! Venha a nós teu reino de paz, de amor e de justiça! É preciso que o ano que começa marque uma nova etapa de triunfo no avanço vitorioso, social e íntimo do Coração de Jesus. E agora, ponhamo-nos em Sua presença soberana, mediante um ato de fé e de profunda adoração. A dois passos de nós está o Mestre muito amado. Seu Coração nos chama, nos aguarda, quer nos falar com santa intimidade. Escutemos aquela voz cujas harmonias deliciosas inundam de júbilo a eternidade do céu. 

(Que se tenha grande recolhimento, pois o Senhor não fala a corações dissipados ou distraídos)

Jesus 

'Pax vobis!' Que minha paz seja com todos vós, filhinhos Meus! Vo-la trago grande e formosa para vossas almas que sofrem, que lutam, para todos os de boa vontade. 'Pax vobis!'. Sim, vo-la trago Eu mesmo para vossos lares de luto pela dor, feridos pelas desgraças, patrimônio obrigatório deste vale de lágrimas. 'Pax vobis!' Vo-la trago para a sociedade doente em cujo seio viveis, pois bem sei Eu quanta necessidade tem de se renovar no espírito de meu Evangelho, de ser em espírito e em obras a herança de Meu Coração sacrossanto. Vo-la trago para vossa pátria. Oh! Pedi-Me que ela chegue a ser para Mim a Jerusalém de Meus amores, a Jerusalém do Domingo de Ramos.

'Pax vobis!' Trago-vos Minha paz profunda, celestial e vitoriosa, para a Igreja sempre combatida. Rogai por Ela, pedi, filhinhos Meus, que encha os celeiros de Meu Pai celestial com uma colheita rica e escolhida de almas e de famílias. Vinde, amigos da alma, aproximai-vos; não temais como os apóstolos: aproximai-vos mais, bem mais. Procurai a ditosa intimidade do Coração de vosso Rei, de vosso Irmão, de vosso Amigo. Não temais. Eu sou vosso Jesus. Sim, aproximai-vos com tal intimidade que possais tocar as chagas de Meus pés e de Minhas mãos; aproximai-vos e penetrai na chaga do Meu lado. 

Oh! Ponde nela com confiança a mão querida, e mais: entrai profundamente nela com a alma e ficai aí; abismai-vos para sempre nesta ferida, morada vossa no tempo e na eternidade. Eu não mudei filhinhos Meus; não: sou o mesmo doce Jesus, bom, misericordioso, nascido da Virgem Maria, vossa Mãe. Sou realmente filho seu; somos, pois, irmãos muito queridos: não Me temais. E agora, sem receios e com um coração aberto, dócil e agradecido aceitai, na alvorada deste Ano Novo, como obséquio e garantia de Meu amor, como lição de Minha sabedoria, um pensamento sério, uma reflexão austera e doce ao mesmo tempo e que vos peço coloqueis como fundamento sobrenatural do caminho que se inicia hoje.

Para recolher com fruto, consoladores Meus, este ensino que condensa todo o Meu Evangelho, para que seja realmente proveitosa para este ano e para a vida, esvaziai, antes de qualquer coisa, o coração, aliviai a alma de tudo o que for terreno e saboreai, em seguida, a lição que quero dar-vos, num grande recolhimento de espírito. Ouvi-Me, almas amadíssimas, filhos de Meu Sagrado Coração, meditai esta palavra, vo-la propõe vosso Deus: 'Um ano transcorrido quer dizer um ano menos na vida do tempo, e um ano mais próximo do abismo de vossa eternidade'. Oh! Meditai durante esta Hora Santa na vaidade de tudo, absolutamente de tudo o que não seja a permanente realidade que sou Eu, Jesus! 

(Muito lento e entrecortado) 

Tudo passa e morre, menos Eu. 
Caducidade da juventude, flor que vive um dia e morre. 
Caducidade da ambição, fumaça que se esfuma e passa. 
Caducidade da alegria humana, fulgor que brilha e desaparece como um relâmpago. 
Caducidade da fortuna dourada e versátil que nos escapa. 
Caducidade de uma situação brilhante, que muda de improviso e que se quebra. 
Caducidade dos prazeres, embriaguez que mata, desassossega e foge. 
Caducidade de toda harmonia terrena, de toda beleza criada, que engana e perece. 
Caducidade do amor humano, que muda, fere e depois esquece. 
Caducidade da sabedoria do século, que falsifica tudo e se converte em trevas. 
Vaidade das vaidades, tudo é vaidade, exceto a realidade, que sou Eu, vosso Jesus. 

E se duvidais, ponde, filhos Meus, um ouvido atencioso àquela voz misteriosa dos séculos que jazem sepultados em sua história de glórias e mentiras. Onde estão? Foram só ontem, e já não mais são! Sua voz eloquentíssima não é senão o eco da Minha. Com eles, Eu vos digo: vaidade das vaidades, é tudo o que é terreno, tudo o que não seja a realidade verdadeira que sou Eu, vosso Jesus. Milhares e milhões de homens jovens, valentes, arrebatados vertiginosamente do palco da vida pela tempestade de fogo de mil guerras fratricidas, gritam-vos e previnem, com a eloquência de suas cinzas aventadas, que não sejais fiéis à terra.
Nela tudo é vaidade. Sim, tudo o que não é a divina Realidade, que sou Eu, vosso Jesus. E como esses exércitos de soldados, aquele outro exército mais numeroso ainda dos feridos na alma; aqueles tronchos do coração, que são as viúvas e os órfãos, os desamparados e os sepultados vivos sob os entulhos de suas esperanças e ideais. A caravana imensa das almas, dos corações náufragos do lar e da sociedade; todos... Oh! Todos eles, com um gemido dilacerador e que não engana, gritam-vos com insistência: Vaidade das vaidades, tudo caduca e é terreno, tudo o que não é a divina Realidade, que sou Eu, vosso Jesus!

(Breve pausa) 

Contudo, não quero ver-vos amargurados em excesso, filhos Meus, e menos ainda não quereria, ó não, ver-vos desanimados. Porque se é verdade que o mundo não é senão vaidade, sabei-o, meditai-o: Eu venci o mundo com a suprema e ditosa Realidade de Minha Pessoa e de Meu Amor. Coragem, pois, e adiante, adoradores Meus, levantai muito ao alto os corações e o pensamento, pois aqui mesmo, no meio deste aglomerado de ruínas, Eu sou, para vós todos, a Realidade eterna das almas que me adoram e me amam. 

Sim, a única Realidade imutável, divina, imortal, sou Eu. E Eu quis que esta Realidade suprisse tudo. Que Deus vos baste! Crede-o assim, amigos de Meu Sagrado Coração, convencei-vos disso nesta Hora Santa. O mundo, por desgraça, não raciocina assim: Eu não lhe basto. Daí que sendo Rei e Senhor, se me preterem. Quão rara vez sou Eu o Amor, o primeiro no coração e no lar! Não vós, filhinhos Meus. E já que para vós sou a Realidade, que enche tudo e que supre tudo, quero que me o digais aqui, ante meu altar, com palavras da alma. 

Amigos fidelíssimos do Coração de Vosso Salvador; meditai constantemente na vaidade efêmera da juventude, primavera que dura mal uma manhã de sol, e que em seguida morre. Mas, como compensação divina, imensa, que esperais, o que me pedis? 

(Todos) 

A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 

Consoladores de Meu Divino Coração, meditai constantemente na vaidade da ambição falaz e traiçoeira que embriaga, fere e desaparece depois. Mas como compensação divina, imensa, que esperais e o que Me pedis?  
A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 
Apóstolos de Meu adorável Coração, meditai constantemente na vaidade dos gozos terrenos, que, como o relâmpago de luz ou como o orvalho, duram um instante e se desvanecem. Mas como compensação divina, imensa, que esperais e o que me pedis? 
A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 
Confidentes de Meu Divino Coração, meditai constantemente na vaidade da sorte que perverte tantas almas e que se escapa para não voltar. Mas como compensação divina imensa, que esperais e o que Me pedis? 
A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 
Discípulos muito amados de Meu Sagrado Coração, meditai constantemente na vaidade dos prazeres sensíveis que afagam um instante, que produzem embriaguez de morte e perdem cedo sua doçura. Mas como compensação divina, imensa, que esperais e o que Me pedis? 
A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 
Adoradores fervorosos de Meu amante Coração, meditai constantemente na vaidade da beleza criada e transitória que apaixona tão facilmente como desaparece e morre. Mas em compensação divina, imensa, que esperais e o que Me pedis? 
A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 
Reparadores de Meu entristecido Coração, meditai constantemente na vaidade tão funesta do amor terreno, que, sendo por natureza inconstante, fere como uma rajada e foge como a brisa. Mas como compensação divina, imensa, que esperais e o que Me pedis?  
A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 
Filhos prediletos de Meu Divino Coração, meditai constantemente na vaidade da sabedoria humana, que com toques de luz fictícia semeia tantos erros, luz sinistra que estoura frequentemente em furacão. Mas em compensação divina, imensa, que esperais e o que Me pedis? 
A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 

Oh, sim, Vós, Senhor e somente Vós, a ditosa, a imutável e eterna Realidade! Com ela, isto é, convosco, a vida, já de por si tão vazia de toda paz, tão pobre de verdadeira beleza, nos será suportável, não obstante as tumbas, as ruínas e os joios semeados ao longo do caminho. Ah, mas sempre convosco, Senhor Jesus! Este ano que começa não nos inquieta, Mestre, apesar das mil vicissitudes azaradas que traz consigo; mas temos a nosso lado a Vós, Jesus! Bem sabemos, Senhor, que não podemos pretender viver num paraíso terreno, murcho, perdido para sempre. Mas que importa, nem nos faz falta, já que em Vosso Coração, Amor dos amores, recuperamo-lo com usura! Oh, sim, Vosso Coração o vivifica, o ilumina, dignifica-o todo, Senhor, e isto para a eternidade!

(Peçamos, com fervor e humildade de coração, a luz que nos faça compreender e apreciar a graça que o céu nos outorga com o novo ano. Mas peçamos, sobretudo, a graça de sabê-lo aproveitar devidamente para glória do Divino Coração e pelos interesses eternos da alma). 

(Pausa) 

As almas 

A Hora Santa, Jesus adorável, Vós mesmo a pedistes, como a hora das divinas confidências com o Vosso Coração adorável. Deixai-nos, pois, em consequência, abrir-Vos a alma; deixai-nos contar-Vos tudo, Senhor, pois sentimos a necessidade imperiosa de esvaziar nossas almas na Vossa, aqui, a Vossos pés, ante o Sacrário! 

Bem podem, Jesus, os vaidosos, os sensuais, os mundanos e os frívolos seguir sonhando sobre as ruínas lamentáveis de suas quimeras insensatas. Entretanto, nós, pobrezinhos e ao mesmo tempo mais ricos do que eles, porque mais favorecidos por Vossa graça, tão gratuita como esplêndida, queremos protestar-Vos que, deixando o mundo de lado apenas Vós nos satisfazeis e nos bastais. E alentados pelo dom de Vosso Coração adorável, propomo-nos determinadamente começar uma vida nova com este Ano Novo, vivendo mais e mais desenganados e desprendidos dos falsos bens e dos prazeres enganosos da terra. Por isso, Jesus, desde esta alvorada, ao iniciar um ano que nos aproxima à vossa eternidade, arrojamo-nos entre Vossos braços e, com fé da alma, protestamo-Vos que, daqui em diante, não queremos outro bem que não Vós mesmo Jesus.

Ó vem nos visitar, Mestre, com a aurora deste Ano Novo e, ao receber-Vos, Vos prometemos que, na doença ou na saúde, aceitaremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus! 

(Todos) 

Aceitaremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus. 
Ó vem nos visitar, Mestre, com a aurora deste Ano Novo e, ao receber-Vos, prometemo-Vos que, na pobreza ou na abundância, louvaremos somente o Vosso Coração. 
Louvaremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus. 
Ó vem nos visitar, Mestre, com a aurora deste Ano Novo e, ao receber-Vos, Vos prometemos que, na tristeza ou na alegria, procuraremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus! 
Encontraremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus. 
Ó vem nos visitar, Mestre, com a aurora deste Ano Novo e, ao receber-Vos, prometemo-Vos que, na prosperidade como na Cruz, adoraremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus! 
Adoraremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus. 
Ó vem nos visitar, Mestre, com a aurora deste Ano Novo e, ao receber-Vos, prometemo-Vos que, na vida como na morte, aclamaremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus! 

(Três vezes) 

Aclamaremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus. 

Jamais se vai em vão Àquele que é a Bondade incriada. Vede, a dois passos, já está Jesus. Chamemo-Lo e aqui está almejando extravasar a vida de Seu Coração adorável nos nossos. Recolhamos com santa avidez suas palavras! 

(Que se tenha um grande silêncio: o silêncio das almas.) 

Jesus 

Com que poderei pagar-vos, amigos muito amados, fidelíssimos, o bálsamo que vosso amor soube pôr em Minhas feridas? Obrigado! Meu coração vos abençoa! Sabeis apreciar esta palavra? Sabeis quem é Aquele que vo-la dirige? Ah, sou Eu mesmo; Eu, vosso Deus e vosso Rei, vosso Pai e vosso Amigo; sou Eu, Jesus, que vos fala! Vede como Me acerco a vós! Sim, Meu coração adorável é o sol de ventura que para vós se levanta sobre a colina deste altar, trazendo-vos suas luzes e seus ardores como presente de Ano Novo! Vede, chego-Me a vós, esbanjando graças; venho em procura vossa para cumular-vos, para enriquecer-vos, se possível fosse, até Me empobrecer; sim, Eu mesmo, depositando em vós todos os Meus tesouros...

Aproximo-Me a vossas almas, como uma nuvem carregada com um dilúvio de graças, que quisesse derramar em profusão e sem medida sobre vós e vossos lares, a fim de que este ano que começa seja um ano de bênçãos e de graça. Mas para isso espero uma palavra ainda de vossa parte. Abri, abri de par em par o Tabernáculo de meu Sagrado Coração e pedi sem temor de importunar, pedi confiantes! Que graça solicita que Eu vos conceda, que favor esperais do tesouro de Minhas misericórdias infinitas?

 (Todos) 

Para nós, Vosso adorável Coração. 
Para Vós, Jesus, imensa glória.

Não duvido, filhinhos, da sinceridade do coração; mas esta generosidade vo-la dita talvez o entusiasmo que vos infunde Meu Sacrário. Mas quando vos afasteis daqui, uma vez à distância e em plena luta contra o mundo frívolo, me dirão então outro tanto? Ah, sobretudo para essa hora de refrigério, que força divina de vitória reclamais? Falai-Me todos!
Para nós, Vosso adorável Coração.
Para Vós, Jesus, imensa glória.
Mas se o mundo se empenha em afastar-vos de Meu peito, em arrebatar-vos de Meus braços... E se, em sua tirania, ousasse exigir-vos que escolhais definitivamente entre seus prazeres vãos e Minha Lei, dizei-Me, amigos, que tesouro escolheríeis?
Para nós, Vosso adorável Coração.
Para Vós, Jesus, imensa glória.
Mas suponde que o mundo não desista, que a luta recrudesça e que por causa de vossa fidelidade tenhais que sofrer cruzes e açoites. Com que grito da alma chamaríeis então em socorro vosso?
Para nós, Vosso adorável Coração.
Para Vós, Jesus, imensa glória.
Ó que formosura cristã, que nobreza divina a vossa! Mas dizei-Me com toda intimidade: esses sentimentos animam também aos vossos? Em seu lar querido, pensam e falam todos assim? Se assim não for, reclamai para eles minha graça: que pedis para eles em depoimento de Meu amor?
Para nós, Vosso adorável Coração.
Para Vós, Jesus, imensa glória.
Por que essa tristeza, filhinhos Meus? Talvez tendes no lar algum enfermo da alma a quem amais muito, mas que não ama a Mim? Pobrezinho! Eu quero salvá-lo, ele não pede, mas vós pedis por ele. Que desejo quereis para o lar?
Para nós, Vosso adorável Coração.
Para Vós, Jesus, imensa glória. 
Acreditai em Meu amor e Eu os salvarei em recompensa a vossa fé e à prece desta Hora Santa, deliciosa. Ah. mas pensai também em vós: dia chegará, e talvez muito cedo, em que a morte baterá a vossas portas. Para essa hora suprema de justiça, que galardão esperais de Minha sentença? Reclamai-o agora mesmo: que esperais de Minha misericórdia?
Para nós, Vosso adorável Coração. 
Para Vós, Jesus, imensa glória. 

(Aqui pode entoar-se um cântico ao Sagrado Coração)

(Mesmo que os Príncipes da Corte celestial ofereçam ao Rei dos Reis presentes dignos do Paraíso, Jesus, apaixonado pelos humanos, pensando em seus pequeninos, toma o caminho da Terra e sai ao nosso encontro, suas mãos divinas acumuladas com presentes do Céu. Traz-nos, especialmente, três imensos e riquíssimos tesouros, oferenda valiosa de seu amável Coração. Quereríeis meditar uns instantes no valor inestimável desses tesouros? Façamo-lo considerando brevemente três quadros, três cenas do Evangelho. Oremos meditando! Meditemos amando!) 

 l. Dom de Luz 

Recordais o que dizia o cego? 'Senhor, fazei que eu veja!'. Bem mais cego do que este desventurado, Nicodemos, cego da alma, cala e teme. Ó com que fulgor vitorioso deverá brilhar os olhos de Jesus, olhando com doçura a Nicodemos na primeira conversa misteriosa! Imaginais a turvação que a proximidade estreita e as palavras do Mestre divino provocariam na alma tímida desse cego, temeroso de se curar? Mas, quão forte, quão irresistível devem ser as atrações do imã dos olhos e do Coração de Jesus! Cada palavra sua era uma seta de luz que o traspassava, conquistando-o. Com infinita suavidade, o Sol divino avança, penetra nos abismos desta alma reta. Mas apesar de sua retidão, de sua boa vontade, teve certamente um primeiro momento de surpresa, de resistência secreta, de luta. Era tão forte nela o respeito humano! 

O Mestre condescende: seu Coração é suavíssimo. Enceta-se uma primeira entrevista à noite na qual ficaram, face a face, a sós, Jesus e Nicodemos. Ao separarem-se, o Salvador deve ter dito a Nicodemos: 'Já sabes que te amo; irei, pois, a tua própria casa!' E, nesta segunda entrevista, lutaram frente a frente as trevas e a luz. As palavras de Jesus despedem fulgores, sóis de clareza que brotam de seu peito, passando por seus lábios. E pouco a pouco, essas clarezas penetram e depois dissipam as nuvens de trevas. Lenta, mas profundamente, transpassam a alma do rabino, derretem os seus gelos, incineram a rocha. Vede: o Sol, Jesus, triunfou; Nicodemos, vencido, adora-O! Que ensino! Na medida em que o famoso rabi, Nicodemos, esquece-se e se desprende de seus preconceitos, de suas próprias idéias e paixões; na medida em que morre para si mesmo, uma luz, uma imensa luz invade todo o seu ser. Quando Nicodemos apaga suas luzes, o Senhor acende a Sua. Essa será também nossa própna história. Não seremos os verdadeiros filhos da luz senão na medida em que saibamos desprender-nos, por uma perfeita imolação de espírito. A luz não chega ao fundo de uma alma senão pela cruz de Jesus. Mas, graças também às nossas próprias cruzes!

Repete-se, pois, com ligeiras variantes, a história de Saulo no caminho de Damasco: a misericórdia do Senhor nos surpreende no caminho de trevas, assalta-nos, joga-nos por terra, obriga-nos a morder o pó. Só então, humilhados e na Cruz, somos capazes de ouvir e de compreender no fundo de nossas almas estas palavras de luz inefável: 'Eu sou Jesus de Nazaré!' Ó se entre estes amigos do Senhor tivesse algum que lhe tema demasiado, que por isto vacila em aproximar-se, que se aproxime sem receios, que procure a proximidade, a intimidade do Mestre! Ah, sobretudo, que não resista ao apelo amoroso que lhe faz Jesus nesta Hora Santa... 

Que se tendo as doces exigências de seu Amor, tomasse a fuga, o caminho extraviado de Damasco, o Amor dos amores sairá a seu encontro, e o ferirá no coração e, por esta ferida de amor, penetrará a luz! Ó mil vezes felizes aqueles a quem fustiga e fere Jesus; felizes as almas a quem o Senhor faz chorar! Por estas lágrimas lhes revelará um dia o esplendor de sua beleza soberana. Eterna e divina história: esta chuva de lágrimas, chuva saudável, purifica e ilumina o céu das almas, arranca a venda das escamas que, embaçando os olhos, impedia-nos de ver às claras a Jesus. Então, sim, a alma que chorou se encontrará frente a frente com Jesus, e este lhe dirá: 'Olhe-me, sou Eu a luz! Segue-me e não andarás nas trevas!'

(Breve silêncio) 

(Todos: três vezes) 

Senhor, fazei que eu Vos veja!

(Três vezes) 

Senhor, Deus de luz, fazei que eu Vos veja! 

(Três vezes) 

Em minha cruz e por minhas penas, quero Vos ver, Jesus!

II. Dom de Misericórdia 

Para melhor apreciar este dom, o de mais aplicação prática à nossa vida, façamos algumas considerações sobre a belíssima parábola do Bom Samaritano, aplicando-a ao caso do Coração de Jesus com relação às almas. Esta história é tão realmente a nossa!

(Com devoção) 

Em uma curva do caminho jaz por terra, ferido, despojado, um pobrezinho. Viajantes sem coração vão e vêm; mas todos passam indiferentes, desditosos, a seu lado: justificam-se de tal indiferença declarando-se a si mesmos irresponsáveis da desgraça desse homem. Olham-no sem deter-se. E continuam sem alterar-se, calmos, seus caminhos. Já que o desgraçado jaz por terra e está ferido, culpa sua deve ser, parecem dizer-se interiormente todos, à medida que passam. E se é culpado, pois deve sê-lo, que expie seu pecado!

Tal é a justiça que pretende fazer o mundo! Mas eis que, por fim, alguém se detém: Quem será? Uma luz suavíssima parece irradiar-se dele, e lhe precede. Vede: já está junto ao ferido. Que beleza de majestade dulcíssima, conquistadora, envolve toda sua pessoa! Ó que compaixão tão profunda revela seu   olhar e daí, bondade indizível, arrebatadora, relampeja pelo seu rosto, de formosura mais do que humana! Ao vê-lo, dir-se-ia que é um homem que vai prorromper em soluços.

Ó dir-se-ia melhor que é um Deus de uma ternura, mais do que imensa, infinita! Quem pode ser senão... Jesus! ó, sim, é Ele! Chama-se a Si mesmo o Homem-Deus de todas as dores, e nós lhe chamamos o Homem-Deus de todas as misericórdias. Aparece como Senhor da majestade no caminho dos seus anjos e se apresenta como o Senhor de todas as ternuras no caminho dos mortais, dos homens, seus irmãos. Contemplai-O; inclina-se para o ferido; ajoelha-se ao seu lado. Vede; dá-lhe de beber como refrigério suas preciosas lágrimas, e o envolve nas dobras de sua própria túnica. Ah, esse Senhor não é bom; não, Ele é a Bondade encarnada! Observai-O ainda; tomou-o entre Seus braços; estreita-o com ternura, e, rico e ditoso com o tesouro do pobre ferido, corre, voa...

Entretanto, abraçando-o, começa a reanimá-lo, a dar-lhe nova vida ao calor de seu amante Coração! E daí, o que fará em seguida? Conduzi-lo talvez a uma hospedaria? Ah, não! Leva-o à sua própria casa: dá-lhe seu lar. Uma vez nela, não chama gente mercenária que o cuide, nem se atreve, em seu imenso amor, a confiá-lo aos seus próprios anjos. Chama Maria, a Rainha, e o deposita suavemente entre seus braços maternais, pedindo-lhe, rogando-lhe,   que cuide ao filho ferido, como ela cuidou dEle mesmo no berço de Belém. E no cume do Calvário!

Mas ao entregá-lo assim à Sua Divina Mãe, Jesus não se afasta; fica inspirando desvelos e ternuras ao lado da Rainha do Amor Formoso; não dá trégua ao seu Coração de Salvador, que desvela noite e dia sobre o ditoso desventurado. Observai com que misericórdia, ajudando à celestial enfermeira, venda Ele mesmo com Suas mãos criadoras as feridas; vede como põe nelas o vinho e o azeite de seu sangue e o bálsamo extraordinário dos Seus beijos! Vede como o lava e purifica nas águas do Seu adorável Coração!

E uma vez convalescente, dá-lhe roupagem de príncipe! E quando são, retém-o em seu palácio, senta-o em sua mesa. Mais, bem mais ainda; trata-o como amigo íntimo, como filho amado, e um dia o declara e constitui Seu herdeiro! Não é verdade que esta é a vossa história? Ó quão verdadeiro é que não há senão um só Jesus, um só; mas Ele nos basta! Por   isto, cedendo ao impulso de nossa imensa gratidão, cantemos e aclamemos a compaixão e a misericórdia infinita do Coração do Salvador.

(Ponde a alma inteira em cada palavra) 

As almas 

Ó, Jesus adorável, Rei, Irmão e Amigo, cremos, ó sim, que Vós baixastes do céu para trazer-nos a vida e para no-la dar superabundante. Cremos que viestes em procura dos enfermos gravíssimos e sem remédio, daqueles que já pareciam como náufragos abandonados.Sim, viestes para eles, sobretudo, para curá-los e, uma vez curados e embelezados por Vossa graça, para devolvê-los ao Pai que Vos confiou. Ai!, com sentimentos de humildade e de arrependimento devemos e queremos reconhecer, Mestre adorável, que fomos nós as ovelhas extraviadas, o filho pródigo, a dracma perdida, a cana rachada, o estopim fumegante, o credor rebelde,  servidor culpado e a rocha empedernida que recusou a semente, regada com o Vosso sangue!

De joelhos, pois, e chorando nossas culpas, Vos dizemos: Perdão, Jesus, Salvador! Perdão, Jesus, ó Bom Pastor! Perdão, ó Pai de misericórdia infinita pelo inúmero de infidelidades de nossa vida passada!. Perdão! Pecamos, Senhor, abusando do tesouro inesgotável de Vossa paciência e bondade. Perdão! E para pagar agora mesmo a compaixão e a caridade com que nos tratastes sem merecermos, quereríamos arrebatar-Vos essa mesma misericórdia, fazendo violência ao Vosso doce Coração em favor de tantos outros que não Vos conhecem e Vos ultrajam.

Lembrai-Vos, Jesus, que Vós mesmo no-lo destes como irmãos nossos! Olhai-os compassivo, Mestre, em luta desesperada e sem fruto, entre os espinhos do mundo e seus pecados. Escutai-nos, pois, benigno, ó amável Salvador!. Tende piedade, Senhor, daqueles meninos pequeninos ainda, mas cuja inocência já pereceu, agastada num lar sem fé e de desventura! Pela Rainha do Belo Amor, tende piedade de todos eles! Coração de Cristo-Rei, sede Jesus para todos eles!

(Todos)

Sede Jesus para todos eles!

Tende piedade, Senhor, de tantos jovens que, em plena luxúria, já são ramos separados, mortos da árvore da vida de teu Divino Coração! Olhai compassivo a tantos que se revolvem no lodaçal de sensualismo e do pecado, sem jamais voltar a Vós um Olhar suplicante! Pela Rainha do Belo Amor, tende piedade de todos eles! Coração de Cristo-Irmão: sede Jesus para todos eles!
Sede Jesus para todos eles!
Tende piedade, Senhor, de tantos lares infelizes que lutam, cantam e choram, sem as luzes nem os consolos da fé, sem a graça e fortaleza de teu santo amor! Pela Rainha do Belo Amor, tende piedade de todos eles! Coração de Cristo-Amigo: sede Jesus para todos eles!
Sede Jesus para todos eles!
Tende piedade, Senhor, da caravana incontável de cegos voluntários. E também de tantos outros que jamais tiveram, nem no lar, nem na escola, a graça inestimável de ouvir-Vos, de conhecer-Vos. Não esqueçais a tantos que Vos conhecem mal de nome, à grande distância, e que não sabem, pobrezinhos, quão doce e bom sois sempre Vós. Pela Rainha do Belo Amor, tende piedade de todos eles! Coração de Cristo-Salvador: sede Jesus para todos eles!
Sede Jesus para todos eles!
Tende piedade, Senhor, dos agonizantes, e muito especialmente daqueles que não foram perversos, senão débeis e ignorantes. Inclinai-Vos, em particular, para aqueles que tiveram caridade com os pobres e os doentes; ó fazei-lhes Vós a mesma caridade. Pela Rainha do Belo Amor, tende piedade de todos eles! Coração de Cristo agonizante, sede Jesus para todos eles! 
Sede Jesus para todos eles! 

(Pedi pela conversão dos vossos entes queridos) 

III. O Dom do Sagrado Coração 

Como se os inapreciáveis dons de luz e de misericórdia não bastassem para provar-nos a Vossa liberalidade, eis que Jesus se propõe resumir toda a sua generosidade no dom inefável e sublime de Seu Sagrado Coração. Para explicar-nos tanta beleza, acerquemo-nos, uma vez mais, ao Evangelho, já que tanto a sabedoria como a eloquência humana ficam apequenadas e extremamente pobres para nos dar uma visão completa. 

Contemplemos aquela cena cuja soberana formosura comoveu os anjos que foram testemunhas dela, na Última Ceia. Jesus acaba de instituir a divina Eucaristia. Uma sombra de infinita tristeza, quase de agonia, nubla a sua fisionomia adorável. É que vê aí a Judas; o ingrato tem já em seu poder a soma que recebeu para entregar o seu Senhor. Dirias que João, o predileto, adivinhou tudo, lendo esta história de perfídia nos olhos de seu Amigo Divino. E como quem se oferece para pagar com acréscimo, para consertar essa infâmia, vede como se aproxima, como se estreita a Jesus. E mais, com uma confiança espontânea e singela, descansou amorosamente sua cabeça sobre o Coração de Jesus.

Ah, e certamente Jesus, comprazido e consolado, recompensou essa intimidade reclinando seu adorável Coração no de João, seu apóstolo. E seu amigo! Nesse momento de glória, confiou-se a ele, sem dúvida, deu-se a ele por inteiro. E desde então, Jesus e João se uniram com vínculo eterno. Além da vida e além da morte! Credes que João tinha direito a tanto privilégio? Verdade é que era puro e casto de espírito e de coração, mas ainda mal se tinha então começado a amar. Não tinha tido ainda, por verdadeiro, nem tempo nem oportunidade de provar ao seu Mestre com obras de martírio quanto O amava. 

Ah, mas Jesus, dono de Seu próprio Coração, tem o direito soberano de adiantar-Se, de amar primeiro, de dar gratuitamente mais amor! Em realidade, este é um mistério tal que nos abisma e confunde. É preciso ser Jesus para amar desta forma, para oferecer gratuitamente um dom semelhante. E que só Ele nos pode fazer! Mas, se desalentados vos dissésseis que tanto favor foi a recompensa à inocência de João e que as almas de lírio, como a do apóstolo predileto, são muito bem contadas... E que não podendo apresentar nem a sua pureza e nem a sua generosidade, devêsseis renunciar ao dom do Coração de Jesus.... 

Ó refaçais este pensamento e ponde os olhos jubilosos e assombrados em outro quadro, que completa o primeiro, que o realça. Jesus agoniza no Calvário! A Seus pés, acercado de João e, mais próximo ainda da Rainha Imaculada, está... Madalena! A um lado, a inocência conservada, e do outro, a inocência recuperada! E ambos, João e Madalena, por testemunha a Rainha Imaculada, recebem igualmente, em testamento supremo, o Coração de Jesus!

Quem dos dois recebeu a melhor, a ótima parte? Quem? Ninguém o sabe, ninguém o saberá aqui embaixo senão Jesus. E por que não seriam ambos iguais em fortuna? Por que? Em todo o caso, esse silêncio eloquentíssimo não é senão o apelo constante e reiterado que, com ligeiras variantes e com tonalidades diferentes, chama a uns e a outros, a inocentes e a penitentes, e os urge para que em caravana imensa, incontável, avancem resolvidos e confiadamente pelo caminho do Calvário, para o Tabor de glória eterna.

Ó concluamos assim esta Hora Santa dando rédea solta ao nosso júbilo, à nossa confiança e gratidão. Que a nossa última prece tenha a cadência de um verdadeiro hino, cântico de louvor, de ação de graças e de amor, ao Coração de Jesus Sacramentado! 

Abençoastes-nos, Jesus amado, como não abençoastes jamais as flores dos campos à Sua volta e nem os lírios dos vales de Vossa Pátria, e em pagamento fomos nós os espinhos de Vossa coroa! 
Porém, não Vos canseis de nós; incensai-Vos que sois Jesus para estes pobres desventurados.
Abençoastes-nos, Jesus amado, como não abençoastes jamais as mesas, as vinhas e os jardins de Samaria e da Galileia, e nós Vos pagamos tantas vezes sendo a cizânia plantada em Vossa Igreja!
Porém, não Vos canseis de nós; incensai-Vos que sois Jesus para estes pobres desventurados.
Ó Jesus amado, Vosso Coração nos abençoou como não abençoou jamais as aves do céu nem os rebanhos de Belém e Nazaré. E nós Vos pagamos fugindo do Vosso redil e temendo a brandura de Vosso cajado amorosíssimo!
Porém, não Vos canseis de nós; incensai-Vos que sois Jesus para estes pobres desventurados.

Ó neste dia venturoso, deixai-nos, porque fomos ingratos convosco Jesus Sacramentado, deixai-nos oferecer-Vos um hino de louvor em tom inspirado ao Profeta-Rei; em sua lira cantamos a Vós junto com a Mãe do Belo Amor. 

Espíritos angélicos e santos da corte celestial: louvem ao Senhor na misericórdia infinita com que nos cumulou. Hosana ao Criador, convertido em criatura e Hóstia por amor! 

(Todos) 

Hosana ao Divino Prisioneiro do amor! 

Sol, lua e estrelas: espargi vosso manto de luz sobre este Tabernáculo, mil vezes mais santo que o de Jerusalém, cheio da majestade de sua doçura. Louvai ao Senhor na misericórdia infinita com que nos cumulou. Hosana ao Criador, convertido em criatura e   Hóstia por amor! 
Hosana ao Divino Prisioneiro do amor! 
Fulgor da alvorada, orvalho da manhã, luzes do crepúsculo: glorificai a majestade do silêncio do Rei e do Sacrário. Louvai ao Senhor na misericórdia infinita com que nos cumulou. Hosana ao Criador, convertido em criatura e Hóstia por amor! 
Hosana ao Divino Prisioneiro do amor! 
Oceano aprazível, oceano em tempestade, profundidades viventes do abismo: proclamai a onipotência do Cativo deste altar; louvai ao Senhor na misericórdia infinita com que nos cumulou. Hosana ao Criador, convertido em criatura e Hóstia por amor! 
Hosana ao Divino Prisioneiro do amor! 
Brisas perfumadas, tempestades devastadoras, flores, torrentes e cascatas: cantai a formosura soberana de Jesus Sacramentado. Hosana ao Criador, convertido em criatura e Hóstia por amor! 
Hosana ao Divino Prisioneiro do amor! 
Neves eternas, selvas, vulcões, colinas e vale: engrandecei a magnificência do Deus aniquilado do altar. Louvai ao Senhor na misericórdia infinita com que nos cumulou. Hosana ao Criador, convertido em criatura e Hóstia por amor! 
Hosana ao Divino Prisioneiro do amor! 
Criação toda inteira: vinde pressurosa em nosso auxílio, vinde a suprir nossa impotência; os humanos não sabem cantar, louvar, nem agradecer; vinde e com cantares de natureza afoga o grito de blasfêmia, conserta o sopro, a indiferença do homem ingrato com a misericórdia infinita de Jesus-Eucaristia. Hosana ao Criador convertido em criatura e Hóstia por amor! 
Hosana ao Divino Prisioneiro do amor! 

Em reparação de tantos que Vos esquecem, que amemos mais, que amemos com amor mais forte do que a morte! Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso reino! 

Salve Rainha invocando a Rainha do Belo Amor. 
Pai Nosso e Ave Maria pelas intenções particulares dos presentes. 
Pai Nosso e Ave Maria pelos agonizantes e pecadores. 
Pai Nosso e Ave Maria pedindo o reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino em lares, sociedades e nações.

(Cinco vezes)

Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso reino! 


Fórmula de consagração individual ao Sagrado Coração de Jesus, composta por Santa Margarida Maria 

Eu (nome) Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto do meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte. 

Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém. 

(Hora Santa de Ano Novo, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey)

domingo, 11 de janeiro de 2015

O BATISMO DE JESUS

Páginas do Evangelho - Batismo do Senhor

O Batismo de Cristo - Bartolomé Murillo (1618 - 1682)

No Batismo do Senhor, encerra-se na liturgia o tempo do Natal e manifesta-se em plenitude a divindade de Cristo. Nas águas do Jordão, João Batista realizava um batismo de penitência, de caráter muito mais relativo que o Batismo Sacramental a ser instituído mais tarde por Jesus, como o próprio profeta externava: 'Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo' (Mc 1, 8).

O Batismo de Jesus constitui, ao contrário, um ato litúrgico por excelência, pois o Senhor se manifesta publicamente em sua missão salvífica. Chega ao fim o tempo dos Profetas: o Messias tão anunciado torna-se realidade diante o Precursor nas águas do Jordão. O batismo de Jesus é um ato de extrema humildade e de misericórdia de Deus: assumindo plenamente a condição humana, Jesus quis ser batizado por João não para se purificar, pois o Cordeiro sem mácula alguma não necessitava do batismo, mas para purificar a humanidade pecadora sob a herança dos pecados de Adão. Ao santificar as águas do Jordão e nelas submergir os nossos pecados, Jesus santificou todas as águas do Batismo Sacramental de todos os homens assim batizados.

Após ter recebido o batismo de João, Jesus 'viu o céu se abrindo e o Espírito, como pomba, descer sobre ele.' (Mc 1, 10). Nas margens do Jordão, no mistério insondável do Filho na intimidade com o Pai, manifesta-se pela primeira vez a Santíssima Trindade, ratificada pela pomba e pela voz que vem do Céu: 'Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer' (Mc 1, 11). Amado por Deus, Jesus se submeteu ao batismo de João para nos tornar também herdeiros da graça santificante, limpos de toda mácula do pecado e filhos amados por Deus: 'Quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus' (Jo 3, 5).

No Jordão, igualmente, manifestou-se por inteiro o perdão e a misericórdia de Deus e a graça da salvação humana por meio do batismo. Com o batismo de Jesus, e a partir do batismo de Jesus, tem início a vida pública do Messias preanunciado por gerações. Esta liturgia marca o início do Tempo Comum, período em que a Igreja acompanha, a cada domingo, a cada semana, as pregações, ensinamentos e milagres de Jesus sobre a terra, o tempo em que o próprio amor de Deus habitou em nós.

sábado, 10 de janeiro de 2015

ORAÇÃO: 'PANGE LINGUA'

Hino Eucarístico composto por São Tomás de Aquino (1225 - 1274) para a Festa de Corpus Christi, sendo considerado um dos sete grandes hinos da Igreja Católica. As duas últimas estrofes do hino, consideradas isoladamente, compõem a oração Tantum Ergo, comumente recitada durante a Bênção do Santíssimo Sacramento. A quarta estrofe do hino, particularmente, constitui um desafio enorme de tradução, que tende a ser, por isso, muito aquém da precisão formal e dogmática dos versos originais.

PANGE LINGUA

Pange lingua, gloriosi 
Corporis mysterium, 
Sanguinis que pretiosi, 
Quem em mundi pretium 
fructus ventris Generosi 
Rex effudit Gentium.

Nobis datus, nobis natus 
ex intacta Virgine, 
et em Mundo conversatus, 
Sparso verbi semine, 
sui moras incolatus 
miro clausit ordem.

Em supremae nocte Cenae 
recumbens cum fratribus 
observata lege Plene 
cibis em legalibus, 
cibum turbae duodenae 
se dat suis manibus.

Verbum caro, panem verum 
verbo carnem efficit: 
fitque sanguis Christi Merum, 
et si sensus deficit, 
ad firmandum cor sincerum 
sola fides sufficit.

Tantum ergo Sacramentum 
veneremur cernui: 
et antiquum documentum 
novo cedat ritui: 
praestet fides Supplementum 
sensuum defectui.

Genitori, Genitoque 
laus et iubilatio, 
salus, honor, virtus quoque
sit et benedictio: 
procedenti ab utroque 
compar sit laudatio. 
Amen. 




Canta, ó língua, o mistério
do Corpo glorioso,
e do Sangue precioso
que derramou, para a redenção do mundo,
o fruto do ventre bendito,
o rei de todas as nações.

Dado a nós, nascido para nós, 
de uma Virgem Imaculada
passou sua vida neste mundo   
semeando a Palavra (Boa Nova)
e selou o tempo deste exílio
com entrega admirável.

Na noite da Última Ceia,
reunido aos seus escolhidos,
cumprindo toda a Lei,
conforme o que foi prescrito,
deu-se, por suas próprias mãos,
como alimento para todos eles.

O Verbo é feito Carne no pão verdadeiro,
convertido pela Palavra,
e o vinho puro se faz Sangue de Cristo.
E se falha a razão (para reconhecer este mistério)
basta apenas a fé
para confirmar (este mistério) num coração sincero. 

Tão sublime Sacramento
Veneramos prostrados:
E que a antiga lei
ceda lugar ao novo rito:
a fé venha suprir 
à fraqueza dos sentidos.

Ao Pai e ao Filho
louvor e glória,
saudação, honra, virtude
assim como a bênção. 
Ao que de ambos procede (Espírito Santo),
sejam dados os mesmos louvores.
Amém.

(tradução do autor do blog)