sábado, 13 de março de 2021

5 VIAS PRÁTICAS PARA UM BOM EXAME DE CONSCIÊNCIA

I. Exame pelos pensamentos, palavras e ações

Pensamentos: consenti em pensamentos contrários à fé ou à Providência de Deus? Tive ódio a alguém? Desejei ou me deleitei em alguma coisa impura?

Palavras: falei palavras más? Jurei falso? Tive conversações desonestas? Atribuí ao próximo algum crime, ou revelei, sem motivo, aquilo que devia estar oculto? Tenho mentido?

Ações: trabalhei ou fiz trabalhar nos dias santificados? Deixei de ouvir Missa em dia de preceito? Respeitei meus pais e superiores? Desobedeci-lhes? Tenho cometido algum excesso nas comidas, bebidas, jogos e divertimentos? Olhei, com mau fim ou detidamente, objetos perigosos? Fiz alguma coisa indecente? Tirei alguma coisa alheia ou defraudei o próximo?

II. Exame pelos mandamentos e obrigações do próprio estado

Primeiro Mandamento: neguei ou pus em dúvida alguma coisa das que Deus revelou e a Igreja nos ensina? Tenho dito palavras contra a fé? Tenho guardado ou lido livros proibidos, romances obscenos, ou jornais contrários à religião ou aos seus ministros? Desconfiei de Deus? Queixei-me da sua Providência? Ignoro a doutrina cristã? Falei mal da religião ou de seus ministros? Consenti em usar alguma coisa supersticiosa como benzeduras, feitiços, orações extravagantes etc.? Acreditei em sonhos, dias felizes, cartas, leituras da mão, etc.?

Segundo Mandamento: pronunciei com pouco respeito o nome de Deus, de Maria Santíssima, ou dos santos? Jurei falso? Cumpri os votos e promessas?

Terceiro Mandamento: trabalhei ou fiz trabalhar nos dias santos, sem causa justa? Ouvi a Santa Missa? Cometi alguma irreverência na Igreja?

Quarto Mandamento: honrei aos meus pais e superiores? Murmurei deles, tendo-lhes respondido mal, ou dito palavras injuriosas? Obedeci-lhes? Prestei-lhes auxílio quando se achavam em necessidade?

Quinto Mandamento: perdoei a quem me ofendeu? Tive ódio a alguém? Desejei algum mal? Disse palavras ofensivas? Briguei? Excedi-me nas comidas e bebidas prejudicando a minha saúde?

Sexto e nono Mandamentos: tenho consentido deliberadamente em algum mau pensamento? Desejei fazer alguma coisa impura? Estive entretendo em algum prazer indevido? Tive conversações desonestas? Tenho lido ou guardado algum livro ou estampa indecente? Tive olhares perigosos? Pratiquei comigo ou com outrem alguma ação impura? Dei algum escândalo?

Sétimo e décimo Mandamentos: cobicei os bens do próximo? Roubei, defraudei ou retive o alheio? Tenho pagado no prazo marcado as minhas dívidas? Tenho causado algum dano ou prejuízo? Enganei ao próximo nas compras ou vendas?

Oitavo Mandamento: fiz juízo temerário? Descobri, sem causa, algum pecado grave e oculto do próximo? Levantei falso testemunho? Menti?

Em relação aos mandamentos da Igreja:

Ouvi Missa inteira e com atenção todos os dias de preceito? Fui causa que outros a não ouvissem ou a ouvissem mal? Cumpri os preceitos da confissão e comunhão? Fiz o jejum e a abstinência?

Em relação às obrigações do próprio estado:

Um casado examinará: se ama sua mulher. Se a tem injuriado com palavras. Se a tem ofendido com ações. Se lhe tem sido fiel.
Uma casada: se ama seu marido. Se o tem ofendido com palavras ou obras. Se lhe tem sido fiel e obediente.
Os pais: se têm educado religiosamente seus filhos. Se os vigiam, procurando saber o que fazer, onde vão e como se comportam. Se os têm corrigido. Se lhes dão bom exemplo. Se os tratam com dureza excessiva, amaldiçoam ou rogam pragas contra eles. Se procuram que assistam às Missas e rezas da Igreja e recebam os santos sacramentos amiúde.
Os superiores, de qualquer classe que sejam, poderão fazer a si mesmos idênticas interrogações a respeito dos seus súditos: examinarão também se os fazem trabalhar além do que é justo e se lhes pagam os ordenados.
Um moço examinará: se fugiu ou se se afastou das companhias, diversões e convivências perigosas. Se se ocupa no estudo ou trabalho. Se obedece os conselhos e avisos de seus superiores.
Uma moça examinará: se faltou à modéstia ou escandalizou pelo modo de vestir, brincar ou outros movimentos do corpo. Se procura ou conserva amizades que a põem em perigo de ofender a Deus. Se tem cuidado das coisas da sua casa.
Um empregado: se murmurou de seus patrões ou os desrespeitou. Se cumpriu suas ordens. Se os defraudou nalguma coisa. Se cuidou bem de seus interesses.
Um negociante: se falsificou os gêneros. Se cometeu alguma fraude nas compras e vendas. Se fez algum contrato usurário, ilícito etc.
Um fabricante: se impediu que os operários fossem à missa nos dias santos. Se os fez trabalhar nos dias santos. Se os fez trabalhar mais do que era justo ou além do contrato. Se permitiu na fábrica conversas indecentes. Se consentiu nalguma desordem.
Um médico: se visitou os doentes com a frequência necessária. Se, nos casos difíceis, descurou o estudo e as consultas. Se procurou que os doentes recebessem os sacramentos, quando os julgava em perigo de vida.

III. Exame pelos sete vícios capitais

Soberba:  é um apetite desordenado de ser preferido aos outros. São filhas deste vício a jactância, vanglória, as brigas, a discórdia, desobediência. Julguei eu ser mais do que realmente sou, pelos dons da natureza ou da graça? Pretendi ser mais do que os outros? Tratei com atenção e respeito aos mais velhos e superiores? Tratei com doçura aos meus iguais? Procurei a minha honra, gabando-me de alguma coisa? Tive complacência ou vanglória da pessoa, sangue, qualidades, empregos ou riquezas? Cobicei honras ou empregos elevados? Deixei-me levar da vaidade? Apeguei-me ao meu próprio juízo, preferi o meu parecer ao alheio, ou não cedi nas disputas? Desprezei os outros? Fiz zombaria de alguma pessoa? Obedeci a meus superiores?

Avareza: é um apetite desordenado das riquezas. Cobicei o alheio? Retive o alheio contra a vontade do dono? Usei mal das riquezas, ou não dei esmola quando o exigia a caridade? Procurei os bens da terra com demasiado afã, ou pus neles o meu coração? Por causa do dinheiro, disse mentiras nos negócios, ou cometi fraudes, enganos, perjúrios, violências? Fiz boas obras por interesse temporal? Deixei alguma obra do divino serviço por cobiça ou para acrescentar riquezas?

Luxúria: é um apetite desordenado dos prazeres sensuais. Consenti em algum pensamento contra a castidade? Pensei com prazer nos pecados passados, ou desejei cometê-los outra vez? Disse alguma palavra ou tive alguma conversa contra a virtude angélica? Como me comportei nos olhares? Faltei à modéstia? Estive em alguma ocasião, baile, teatro ou reunião, em que pudesse manchar a minha alma com algum pensamento, palavra ou ação má?

Ira: é um apetite desordenado de vingança. Tive ódio a meu próximo, propósito de vingar-me, desejo de que lhe acontecesse algum mal? Entristeci-me com o bem alheio, e consenti em desejos de vingança? Disse alguma injúria a meu próximo, ou murmurei dele? Roguei pragas, proferi maldições? Tive contendas ou disputas? Perdoei as injúrias? Em minhas doenças, tive impaciência ou desejei ver-me livre delas contra a vontade de Deus? Desejei a mim ou a outros a morte? Maltratei os animais?

Gula: é um apetite desordenado de comer e beber. Comi carne nos dias proibidos? Guardei os jejuns da Igreja ou aqueles a que sou obrigado por voto? Comi ou bebi demais? Comi ou bebi só por gulodice?
Inveja: é uma tristeza desordenada do bem de outrem. Alegrei-me com o mal alheio, ou dei lugar à tristeza, quando vi a outrem na prosperidade? Senti e mostrei desgosto de ouvir os louvores do próximo, ou diminuí os louvores que outros lhe teciam? Odeio aos outros, porque me igualam ou avantajam em prosperidade e estimação? Tive inveja dos bens do próximo, ou de suas honras, dignidades, amizades, formosura, ciência ou virtudes?

Preguiça: é uma tristeza, tédio ou aborrecimento dos exercícios de piedade. Fugi da virtude por temor dos trabalhos e dificuldades? Deixei-me levar da negligência em praticar coisas árduas no serviço divino? Deixei-me vencer pela tibieza na observância dos mandamentos ou dos deveres do meu estado? Fui inconstante nas boas obras, ou as não acabei, podendo? Desconfiei nas tentações? Tive rancor ou ódio contra as pessoas boas, porque a sua virtude era para mim uma exprobação? Perdi o tempo? Empreguei-o em distrações, conversações inúteis, jogos, etc.?

IV. Exame pelos cinco sentidos

Visão: olhei para coisas formosas, vãs ou perigosas, só por vaidade, sensualidade e curiosidade? Olhei com imodéstia, liberdade ou desedificação dos outros? Fitei os olhos nalgum objeto mau ou perigoso? Olhei com leviandade de uma para outra parte?

Ouvido: apliquei os meus ouvidos a escutar conversas vãs ou curiosas, procurei notícias inconvenientes, lisonjas, louvores próprios ou murmurações? Deixei de ouvir conversações boas, sermões etc., ou os ouvi de má vontade? Recebi bom os avisos ou correções?

Língua: falei de Deus com pouco respeito? Falei da vida alheia? Descobri os defeitos do próximo? Falei alguma palavra grosseira ou não conforme ao meu estado e profissão? Fui sincero e claro com o meu diretor e confessor?

Examinem-se também os pecados cometidos com o gosto, o olfato o tato.

V. Exame pelas potências da alma

Entendimento: fui negligente em aprender a doutrina e as coisas necessárias para salvar-me? Penso frequentemente em Deus e no bem da minha alma? Afasto a minha imaginação de representações inconvenientes ou de ideias perigosas? Procurei saber alguma coisa má, inútil ou superior às minhas forças? Detive-me, propositalmente, em maus pensamentos? Sou contumaz, teimoso em minhas opiniões, ou desprezador das alheias? Julguei ou suspeitei temerariamente dos defeitos ou ditos dos outros? Segui as máximas ou ditames do mundo e da carne? Fui inconstante nos meus bons propósitos?

Memória: lembro-me com frequência dos benefícios de Deus, de seus preceitos, avisos e inspirações?  Tenho presentes os propósitos e os deveres para com Deus, para com o próximo e para comigo mesmo? Esqueci os meios de me santificar?

Vontade:  sujeitei a minha vontade cumprindo com prontidão e alegria os mandamentos de Deus, da Igreja e as ordens dos superiores? Procurei fazer a vontade alheia, desde que nisso não houvesse pecado? Tive má intenção nas boas obras, buscando-me a mim nelas, bem como fazer o meu gosto e vontade? Acaso me apropriei dos talentos, obras e coisas como se as não houvesse recebido de Deus?

(texto publicado originalmente em http://www.saopiov.org/)