segunda-feira, 30 de novembro de 2020

TESOURO DE EXEMPLOS (34/36)

 

34. O VALOR DA COMUNHÃO

A. Lê-se na biografia do Cardeal Newman um episódio edificante. Ele, antes de se tornar católico, era protestante e alto dignitário da Igreja Anglicana, com um vultoso estipêndio anual, pago pelo governo inglês. Mesmo nessa condição, quis estudar as razões e os fundamentos da Igreja Católica e, conhecida a verdade, abraçou-a prontamente.

Como se sabe, tornou-se um católico fervorosíssimo; preparou-se, fez-se sacerdote e foi um apóstolo d  Eucaristia. Antes da conversão, procurou-o um amigo que lhe disse: 'Pense seriamente no passo que vai dar; saiba que, fazendo-se católico, o governo não vai lhe dar mais nada e vai retirar a sua prebenda (subsídio)'

Newman pôs-se em pé e exclamou com ar de desprezo:

O que é um punhado de ouro, em relação a uma comunhão?

E, a seguir, fez-se católico. Suas palavras merecem ser bem meditadas.

B. Luísa compreendeu bem o valor da comunhão. Tem apenas nove anos e não pode ir comungar senão aos domingos na missa, às dez horas. Sua mãe, temendo que ela adoeça por ter de ficar tanto tempo em jejum, proíbe-lhe a comunhão. Luísa, usando de esperteza, finge quebrar o jejum mas, durante a semana inteira, não come e nem bebe qualquer coisa antes do almoço.

➖ Mamãe, a senhora deixa eu comungar amanhã?

➖ Não, filhinha; a comunhão é muito tarde... você pode ficar doente.

 Mas, mamãe, eu passei toda a semana em jejum até a hora do almoço e não fiquei mal...

35. AS CRIANÇAS DÃO BELOS EXEMPLOS

A. Um menino se aproximou do sacerdote e perguntou:

➖ Senhor Padre, é verdade que só as mulheres podem comungar todos os dias?

➖ Quem lhe disse isso?

➖ Ninguém; eu é que pensei que nós não poderíamos comungar sempre.

Quando soube que também os meninos podiam fazer o mesmo, apresentou-se todas as manhãs à sagrada mesa. E não ficou nisso: tornou-se um apóstolo, pois a ele deveu o avô, um pobre varredor de rua, a graça do batismo e da comunhão antes da morte.

B. Uma menina se preparava para fazer a sua primeira comunhão. Ela já sabia toda a doutrina e quase todas as orações. Um dia perguntou:

➖ Mamãe, eu queria fazer a minha primeira comunhão na Páscoa.

➖ Não, não pode ser! - respondeu a mãe.

➖ Mas por que, mamãe, eu queria tanto...

➖ Não; não pode, você é muito desobediente.

➖ Ah! é por isso, mamãe? A senhora vai ver como eu não a desobedecerei mais. 

Passaram-se quinze dias; a menina parecia transformada. Foi então falar de novo com a mãe:

➖ Então, mamãe, não tenho obedecido bem?

➖ Sim; você tem-se comportado bem.

➖ Bem, mamãe; agora a senhora me deixa comungar?

Este exemplo foi imitado por outras crianças e, na Páscoa, pela primeira vez, houve primeiras comunhões de crianças precoces, acompanhadas de seus pais que também comungaram.

36. O PASTORZINHO QUE VEIO A SER PAPA

Um dia, lá pelos idos do ano de 1530, um frade de Ascoli, na Marca de Ancona (ltália), perdera o caminho. Encontrando por acaso um pastorzinho, aproximou-se do pequeno e lhe perguntou:

➖ Por onde é que se vai para Ascoli?

➖ Ascoli? Sei, sim, senhor. Caminhemos devagar, a passo de meus cordeirinhos, e e eu o levarei até lá - disse o menino.

Pelo caminho, iam conversando. O frade notou que o pequeno era vivo, amável e de boa prosa. Foi interrogando-o e soube, então, que ele era filho de um trabalhador muito pobre, que morava em um casebre ali perto, e mal ganhava para se sustentar. Em vista disso, havia posto o filho a cuidar das ovelhas e porcos de um vizinho mais abastado. O menino não sabia ler. Entretinha-se a cantar alguns cânticos religiosos que tinha aprendido de sua boa mamãe. Era tudo.

O frade ficou encantado com o rapazinho e, depois que este lhe mostrou o caminho e a cidade não muito longe, convidou-o a visitá-lo em seu convento em Ascoli. O pastorzinho não se fez de rogado. foi até o convento e, daí em diante, o seu passeio favorito, quando tinha tempo, era ir conversar com o frade, seu conhecido. Um dia, tendo apresentado o menino ao superior do convento, o frade lhe perguntou se não era uma pena deixar sem instrução um rapazinho tão desembaraçado e inteligente.

O superior foi da mesma opinião. Era preciso fazer estudar aquele pastorzinho. Dirigiram-se aos pais, prometendo-lhes que se encarregariam da educação de seu filho. A proposta foi aceita com gosto. O pastorzinho passou a morar no convento e, em seguida, foi admitido na comunidade, onde estudou e ordenou-se sacerdote, chegando a ser professor de teologia. Confiaram-lhe cargos importantes, de que se desempenhou tão bem que o papa o fez cardeal. Em 1585, após a morte de Gregório XIII, o antigo pastorzinho foi eleito papa com o nome de Sixto V, tornando-se um dos maiores pontífices da Igreja.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

ver PÁGINA: TESOURO DE EXEMPLOS

domingo, 29 de novembro de 2020

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Iluminai a vossa face sobre nós, convertei-nos, para que sejamos salvos!' (Sl 79)

 29/11/2020 - Primeiro Domingo do Advento

1. O QUE VOS DIGO, DIGO A TODOS: VIGIAI!


Hoje começa um novo ano litúrgico da Santa Igreja com o Tempo do Advento, período que os cristãos são conclamados a viver em plenitude as graças da expectativa, da conversão e da esperança, à espera do Senhor Que Vem. O Ano Litúrgico 2020-2021 é o Ano B, no qual os exemplos e ensinamentos de Jesus Cristo são proclamados a cada domingo pelas leituras do Evangelho de São Marcos.

E o novo ano litúrgico começa com Jesus exortando a vigilância aos filhos de Deus: 'O que vos digo, digo a todos: Vigiai!' (Mc 13, 37). Do alto do Monte das Oliveiras e à vista de Jerusalém, Jesus vai alertar os seus discípulos sobre a necessidade de se permanecer vigilantes, na oração e na confiança de uma vida de plenitude cristã, diante das coisas do mundo, que passam e repassam no cotidiano de nossas vidas. Vigilância que se impõe naqueles tempos, na vida futura da Igreja, nos remotos tempos da história: 'Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo' (Mc 13, 35 - 36).

São palavras de salvação, porque a única coisa realmente importante para o homem é a salvação eterna de sua alma. Tudo o mais é efêmero e sem sentido. No fim dos tempos ou no fim de nossa vida, o Juízo Final ou o Juízo Particular vai nos pedir contas essencialmente da nossa vigilância filial à Santa Vontade de Deus, no cumprimento de nossas ações cristãs, no acervo das graças recebidas, na inquietude do coração humano ao encontro do Pai.

Vigiar significa essencialmente não pecar, não ofender a Santidade de Deus com as misérias e as fragilidades humanas, não conspurcar a Infinita Pureza da alma que nos foi legada um dia com a lama dos prazeres, frivolidades e maldades de uma vida profanada pelos valores do mundo. Porque haverá o dia do juízo, no qual os homens serão levados ou deixados para trás: 'Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento' (Mc 13, 33). Vigiar é estar preparado para que sejam santos todos os dias de nossa vida e para que Deus escolha, dentre eles, o mais belo, para receber de volta as almas vigilantes que Ele próprio desenhou para a eternidade. 

sábado, 28 de novembro de 2020

A VIDA OCULTA EM DEUS: A CARIDADE PARA COM O PRÓXIMO


Sem a bondade que a caridade nos dá, não pode haver consolo. Se vamos visitar alguém que não sofre, essa pessoa não entenderá as nossas aflições, nossas confidências serão maçantes e sentiremos que os nossos sofrimentos não foram compartilhados. Se visitarmos, porém, alguém que está sofrendo, essa pessoa nos ouvirá pela sua própria experiência; somente as almas verdadeiramente caridosas podem compreender e, assim, compartilhar as dores dos outros. Não buscam coisas que consolam mas, como diz São Paulo, fazem-se tudo por todos.

Apesar da nossa boa vontade, temos a tendência de nos fazer sofrer mutuamente, nos confrontando e nos magoando ainda que sem querer, mas de uma forma muito efetiva: in multis offendimus omnes [em muitas coisas penamos todos]. Devemos ser fortes para nos imolar pela salvação dos nossos irmãos, para carregar a nossa cruz e a cruz dos outros. Temos que ser fortes para sempre amar com todo o nosso coração os nossos irmãos e o nosso Deus. Se nos empenharmos em adquirir, por múltiplos atos de caridade, uma maior pureza e uma maior simpatia e aquela generosidade, que não se paga com palavras e nem se alimenta de ilusões mas de imolações e sacrifícios, nossos corações serão cada vez mais semelhantes ao coração da Bem-aventurada Virgem Maria.

Nós valemos, sobretudo e acima de tudo, pelo coração. 'Ao entardecer da vida, seremos examinados no amor' [São João da Cruz]. Deus nos perguntará como usamos o nosso poder para amar. Seremos medidos não pela inteligência, mas pelo amor. Se, ao longo de nossa existência, procuramos tornar o nosso coração acolhedor, preenchendo-o de mansidão e compreensão, o nosso poder de amar tornar-se-á cada vez mais forte, vigoroso e capaz de suportar as cruzes mais pesadas.

Anseie agradar a todos o tempo todo. Faça valer todas as suas pequenas obras. Reflita sempre antes de falar e aja de forma a evitar o que se chama de projeção do seu ego sobre o ego alheio, o que distorce os pontos de vista. Minimiza as fragilidades do outro, reais ou aparentes, e realce as suas qualidades. Desta forma, você vai ver tudo sob a verdade, tal como Deus vê: 'Senhor, fazei-me ver como Vós para que eu ame como Vós amais'.

Coloque nos olhos o olhar da caridade. Não se importe se, às vezes, ocorrer um pequeno erro objetivo; o dano nunca irá muito longe. Imponha sempre atentar para as boas intenções dos outros. Se errar nisso, é melhor errar assim. Toda comparação, quando sacrifica uma das partes, tende a ser odiosa. Não faça tais comparações. Coloque-se sempre numa posição inferior, sem se preocupar em medir a posição e o valor do outro.

Não discuta sabendo que nada de bom poderá resultar disso. Entenda-se com os outros sob a ótica da generosidade e do sobrenatural. As pequenas concessões podem fazer um grande bem, principalmente quando se trata de almas que tendem a um grande ideal sem ver a todas da mesma maneira. Dilatentur spatia caritatis (a caridade expande os corações) e os liberta. Busque colocar a coerência no seu pensamento e, depois, em sua vida. Quanto a se colocar na mente de X ou Y... isso não é da sua conta, só Deus pode atuar assim. Deixe isso para Ele e conserve a paz.

Os juízos da caridade são, muitas vezes, os mais próximos da verdade. O melhor seria não julgar de forma alguma, nem mesmo interiormente, ou julgar com verdadeira indulgência. Tente ver a verdade nas declarações dos outros antes de fazer qualquer reserva! Faça tão somente as críticas e observações que sejam necessárias e oportunas. E mesmo assim, certifique-se de que, com elas, tem-se a esperança de colher algum fruto, pelo menos no futuro e, caso contrário, abstenha-se de fazê-lo.

Deixe em todos a impressão de que você possui um elevado conceito sobre a pessoa. Recolha-se diante o outro, mas sem parecer assim. Coloque o outro à frente; dê espaço para o outro falar, interesse realmente pelo que diz. Nosso zelo deve ser ardente, mas iluminado. Se acharmos que ele se torna por demais emocionado, devemos moderá-lo, porque tenderá a ser cego. Esse é o conselho da razão e da experiência. Não se atenha a causas secundárias, nos atos ou nas intenções dos outros, mas atente a tudo sob o olhar de Deus, que lhe pede humildade, paciência e caridade.

Devemos sempre distinguir o objetivo do subjetivo, o exterior do interior, pois somos tentados a querer e a ver cada coisa sob o nosso ponto de vista, quando só Deus conhece a verdade que existe em tudo. O julgamento pertence somente a Deus. É isso que temos que repetir continuamente para nós mesmos a fim de compreender, ou pelo menos suportar, o que, às vezes, nos parece tão contraditório na vida cotidiana.

A alma interior nunca faz pouco caso de nada e nem de ninguém. Ela não se prende aos defeitos dos homens ou às minúcias das coisas ou, se os veem, não os expõem com uma risada irônica e perversa. Sem dúvida sorri às vezes, mas sempre com um sorriso cheio de mansidão, benevolência e graça. Normalmente se expressa com palavras calmas e ponderadas. Sentimos que está resguardada pelo olhar e pela intimidade com Deus. Assim ela atua efetivamente em todas as suas ações e conversas, em todos os seus pensamentos, em toda a sua vida. É muito importante nos libertar do que nos afasta do outro, para corrigir o nosso modo de ser. Que ressonância tem as nossa palavras e as nossas ações na alma dos outros? Essa é a grande questão que devemos responder. 

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte I -  O Esforço da Alma; tradução do autor do blog)

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

GLÓRIAS DE MARIA - NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS

 

'Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós'


'Este globo que vês representa o mundo inteiro e, em especial, a França e cada pessoa em particular. Eis o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que as pedem'


'Estes raios são o símbolo das graças que a Santíssima Virgem alcança para as pessoas que lhe pedem...'.

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS

Ó Imaculada Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe, ao contemplar-vos de braços abertos derramando graças sobre os que vo-las pedem, cheios de confiança na vossa poderosa intercessão, inúmeras vezes manifestada pela Medalha Milagrosa, embora reconhecendo a nossa indignidade por causa de nossas inúmeras culpas, acercamo-nos de vossos pés para vos expor, durante esta oração, as nossas mais prementes necessidades (em silêncio e devoção, pedir a graça desejada).

Concedei, pois, ó Virgem da Medalha Milagrosa, este favor que confiantes vos solicitamos, para maior glória de Deus, engrandecimento do vosso nome, e o bem de nossas almas. E para melhor servirmos ao vosso Divino Filho, inspirai-nos profundo ódio ao pecado e dai-nos coragem de nos afirmar sempre verdadeiros cristãos. Amém.

Rezar 3 Ave-Marias e, após cada ave-maria, a jaculatória: 'Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós'.

Oração Final - Santíssima Virgem, eu creio e confesso vossa Santa e Imaculada Conceição, pura e sem mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por vossa Conceição Imaculada e gloriosa prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso amado Filho a humildade, a caridade, a obediência, a castidade, a santa pureza de coração, de corpo e espírito, a perseverança na prática do bem, uma santa vida e uma boa morte. Amém.


'Faça cunhar uma medalha por este modelo; todas as pessoas que a trouxerem receberão grandes graças, sobretudo se a trouxerem ao pescoço; as graças serão abundantes, especialmente para aqueles que a usarem com confiança'


SÍMBOLOS DAS FACES DA MEDALHA MILAGROSA


Uma mulher Vestida de Luz:
Nossa Senhora resplandecente, envolvida por luz e graças, significando a glória total. 

A inscrição: 
Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós. 


Mãos abertas: 
Gesto de distribuição de inúmeras Graças para o mundo, Maria, medianeira e co-redentora. 

Raios:
'Os raios que vês são símbolos das Graças que derramo sobre quem as pede'.

Globo branco sobre os pés que pisam a serpente:
Maria é a antítese e o refúgio aos pecados do mundo.


Letra M:
A letra M, que sustém uma Cruz sobre uma barra horizontal entrelaçada nos braços do M , provém de Maria, Mãe de Deus, altar da encarnação divina e participante das dores de Jesus na cruz; Mãe de todos nós. 

A Cruz sobre a barra:
Altar da redenção, sinal da Salvação.


Dois corações:
O coração de Jesus, coroado de espinhos; O coração de Maria atravessado por uma espada, pela sua participação ativa e eminente na obra da Redenção. 

Doze estrelas: 
Recordam o texto do Apocalipse: ... e na sua cabeça uma coroa de doze estrelas que simbolizam as doze tribos de Israel, os doze apóstolos, os doze pilares da Fé.

10 COISAS QUE VOCÊ DEVE SABER SOBRE O ADVENTO

1. A palavra Advento significa vinda ou chegada (do latim 'ad-venio' - 'chegar') e constitui um tempo litúrgico que só existe nas Igrejas do Ocidente, desde o século VI, quando era celebrado como um tempo de seis semanas, que foram então reduzidas para quatro semanas por São Gregório Magno (590-604).

2. O Advento é um tempo de celebração de dois adventos do Senhor: tempo de esperança, conversão, penitência e júbilo pela celebração do aniversário da primeira vinda de Jesus Cristo ao mundo como a encarnação de Deus e de preparação e feliz expectativa pela sua vinda final como juiz, na nossa morte e no fim do mundo.

3. O Advento é o tempo litúrgico que começa no domingo mais próximo à festa de Santo André Apóstolo (30 de novembro) e compreende, portanto, quatro domingos.

4. O primeiro domingo do Advento pode ser adiantado até 27 de novembro (período máximo do Advento com vinte e oito dias) ou ser atrasado até o dia 3 de dezembro (período mínimo do Advento com vinte e dois dias).

5. O tempo do Advento pode ser subdividido em três períodos distintos por ordem de relevância: (i) os quatro domingos do Advento (domingos tão especiais que nenhuma solenidade tem precedência sobre eles); (ii) a semana entre 17 a 24 de dezembro, por corresponder ao período mais imediato de preparação do Natal; (iii) os demais dias do tempo do Advento.

6. O primeiro domingo do Advento nos exorta a praticar a vigilância; o segundo, a conversão; no terceiro celebramos a alegria da vinda do Senhor (o chamado 'Domingo Gaudete') e no quarto domingo, a Anunciação e o Fiat de Nossa Senhora.

7. Com o Advento, tem início um novo Ano Litúrgico nas Igrejas do Ocidente, que são divididos em Anos A, B e C, sendo narrados nestes anos os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, respectivamente (2020-2021 é o Ano B, com os Evangelhos de São Marcos).

8. Nas missas do Advento, omite-se o 'Glória', cântico associado diretamente ao nascimento de Jesus e que somente volta a ser entoado na Noite de Natal; canta-se, porém, o 'Aleluia', como referência a um tempo que é também de piedosa e alegre expectativa e não exatamente de penitência quaresmal. 

9. No tempo do Advento, os paramentos são roxos para assinalarem o caráter penitencial deste período, com uma breve mudança no terceiro domingo, no qual é utilizada a cor rosa, símbolo da nossa expectativa alegre e confiante como pausa nos tempos penitenciais do Advento. 

10. Por ser um tempo de penitência e conversão, a confissão é altamente recomendável neste período e as palavras de ordem são sobriedade e moderação. Não são realmente indicados elementos como luzes coloridas, enfeites natalinos ou decoração festiva, porque estes não são os verdadeiros símbolos do Advento cristão.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

IMAGEM DA SEMANA

'Quem crê em mim tem a vida eterna' (Jo 6,47)

ANO LITÚRGICO 2020 - 2021

O Ano Litúrgico 2020-2021, de acordo com o rito católico romano, vai desde o primeiro domingo do Advento (29/11/2020) até a última semana do Tempo Comum, iniciada no domingo da Festa de Cristo Rei (21/11/2021), durante o qual a Igreja celebra todo o mistério de Cristo, desde o nascimento até a sua segunda vinda. O Ano Litúrgico 2010-2021 é o Ano B, no qual os exemplos e ensinamentos de Jesus Cristo são proclamados a cada domingo pelas leituras principais retiradas do Evangelho de São Marcos, com exceção de ocasiões especiais (as chamadas Festas e Solenidades do rito litúrgico) quando são utilizadas leituras específicas do Evangelho de São João. 

O ano litúrgico compreende dois tempos distintos: os chamados tempos fortes que incluem Advento, Natal, Quaresma e Páscoa, durante os quais certos mistérios particulares da obra redentora e salvífica de Cristo são celebrados e o chamado Tempo Comum, no qual celebramos o Mistério de Cristo em sua totalidade, ou seja, encarnação, vida, morte, ressurreição e ascensão do Senhor. 

O Tempo Comum é subdividido em duas partes. A primeira parte começa no dia seguinte à festa do Batismo de Jesus e vai até a terça-feira antes da Quarta-feira de Cinzas, quando tem início a Quaresma. A segunda parte do Tempo Comum recomeça na segunda-feira depois de Pentecostes e se estende até o sábado que antecede o primeiro domingo do Advento, quando tem início um novo Ano Litúrgico, compreendendo sempre um período de 33 ou 34 semanas.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

BREVIÁRIO DIGITAL - ILUSTRAÇÕES DE DORÉ (XIX)

  PARTE XIX (Jo 1 - Jo 21)

[O batismo de Jesus (Jo 1,33)]

[O milagre de Jesus nas Bodas de Caná (Jo 2, 2-8)]

[Jesus e a samaritana no poço de Jacó (Jo 4,7)]

[Jesus andando sobre as águas (Jo 6,19)]

[Jesus e a mulher adúltera (Jo 8,4)]

[A ressurreição de Lázaro (Jo 11, 43)]

[Jesus - Mestre e Senhor - com os Apóstolos na Última Ceia (Jo  13, 13)]

[A primeira negação de Pedro (Jo 18, 25)]

['Eis o homem' (Jo 19,5)]

[A crucificação de Jesus (Jo 19,18)]

[A retirada do corpo de Jesus da cruz (Jo 19,38)]

[O corpo de Jesus é levado a um sepulcro novo (Jo 19,42)]

[A pesca milagrosa no Lago de Tiberíades (Jo 21,6)]

terça-feira, 24 de novembro de 2020

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

Há dois caminhos, um de vida e outro de morte, mas há uma grande diferença entre os dois. O caminho da vida é o seguinte: primeiro que tudo, amarás a Deus que te criou; em segundo lugar, amarás o teu próximo como a ti mesmo, e aquilo que não queres que ele te faça não o faças tu a outrem. Eis o ensinamento contido nestas palavras: Bendizei aqueles que vos maldizem, rezai pelos vossos inimigos, jejuai pelos que vos perseguem. Com efeito, que mérito tendes em amar os que vos amam? Não o fazem também os pagãos? Quanto a vós, amai os que vos odeiam e não tereis inimigos. Abstende-vos dos desejos carnais e corporais. Segundo mandamento da doutrina: não matarás, não cometerás adultério, não seduzirás ninguém, não cometerás fornicação, nem roubo, nem magia, nem envenenamento; não matarás nenhuma criança, por aborto ou depois do nascimento; não desejarás os bens do teu próximo. Não cometerás perjúrio, não levantarás falsos testemunhos, não terás intenções de maledicência e não guardarás rancor. Não terás duas maneiras de pensar nem duas palavras: porque a duplicidade de linguagem é uma armadilha de morte. A tua palavra não será mentirosa nem vã, mas plena de sentido. Não serás avarento, nem ganancioso, nem hipócrita, nem maldoso, nem orgulhoso; não terás má vontade com o teu próximo. Não deves odiar ninguém: deves corrigir uns e rezar por eles e amar os outros mais do que a própria vida. Meu filho, foge de tudo o que é mal e de tudo o que te parece mal. Vigia para que ninguém te desvie da doutrina, porque esse estará a guiar-te para longe de Deus. Se puderes suportar todo o jugo do Senhor, serás perfeito; se não, faz ao menos o que te for possível.

Da Didaqué (catequese cristã do primeiro século)

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

PALAVRAS ETERNAS (VII)

'A verdadeira paz consiste em não se afastar da vontade de Deus e só se comprazer naquilo que Deus ama'
(São Leão Magno)

domingo, 22 de novembro de 2020

EVANGELHO DO DOMINGO

   

'O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma' (Sl 22)

 22/11/2020 - Trigésimo Quarto Domingo do Tempo Comum 
Solenidade de Cristo Rei

52. JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO


Jesus Cristo é o Rei do Universo. Como Filho Unigênito de Deus, Ele é o herdeiro universal de toda a criação, senhor supremo e absoluto de toda criatura e de toda a existência de qualquer criatura, no céu, na terra e abaixo da terra. A realeza de Cristo abrange, portanto, a totalidade do gênero humano, como expresso nas palavras do Papa Leão XIII: 'Seu império não abrange tão só as nações católicas ou os cristãos batizados, que juridicamente pertencem à Igreja, ainda quando dela separados por opiniões errôneas ou pelo cisma: estende-se igualmente e sem exceções aos homens todos, mesmo alheios à fé cristã, de modo que o império de Cristo Jesus abarca, em todo rigor da verdade, o gênero humano inteiro' (Encíclica Annum Sacrum, 1899).

E, neste sentido, o domínio do seu reinado é universal e sua autoridade é suprema e absoluta. Cristo é, pois, a fonte única de salvação tanto para as nações como para todos os indivíduos. 'Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do Céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual nós devamos ser salvos' (At 4, 12). O livre arbítrio permite ao ser humano optar pela rebeldia e soberba de elevar a criatura sobre o Criador, mas os frutos de tal loucura é a condenação eterna.

A realeza de Cristo é, entretanto, principalmente interna e de natureza espiritual. Provam-no com toda evidência as palavras da Escritura acima referidas e, em muitas circunstâncias, o proceder do próprio Salvador. Quando os judeus e até os Apóstolos erradamente imaginavam que o Messias libertaria seu povo para restaurar o reino de Israel, Jesus desfez o erro e dissipou a ilusória esperança. Quando, tomada de entusiasmo, a turba que o cerca quer proclamá-lo rei, com a fuga furta-se o Senhor a estas honras, e oculta-se. Mais tarde, perante o governador romano, declara que seu reino 'não é deste mundo'. Neste reino, tal como nos descreve o Evangelho, os homens devem entrar pela penitência. 'Ninguém, com efeito, pode nele ser admitido sem a fé e o batismo; mas o batismo, conquanto seja um rito exterior, figura e realiza uma regeneração interna. Este reino opõe-se ao reino de Satanás e ao poder das trevas; de seus adeptos exige o desprendimento não só das riquezas e dos bens terrestres, como ainda a mansidão, a fome e sede da justiça, a abnegação de si mesmo, para carregar a cruz. Foi para adquirir a Igreja que Cristo, enquanto 'Redentor', verteu o seu sangue; para isto é, que, enquanto 'Sacerdote', se ofereceu e de contínuo se oferece como vítima. Quem não vê, em consequência, que sua realeza deve ser de índole toda espiritual?' (Encíclica Quas Primas de Pio XI, 1925).

Cristo Rei se manifesta por inteiro pela sua Santa Igreja e, por meio dela e por sua paixão, morte e ressurreição, atrai para si a humanidade inteira, libertada do pecado e da morte, que será o último adversário a ser vencido. E quando voltar, há de separar o joio do trigo, as ovelhas e o cabritos, uns para a glória eterna, outros para a danação eterna: 'Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda... estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna' (Mt 25, 31 - 33.46).

sábado, 21 de novembro de 2020

RELATOS DE UM PEREGRINO RUSSO

'Relatos de um Peregrino Russo' constitui uma das obras clássicas do espiritualidade cristã oriental, escrita por um monge russo anônimo no século XIX,  que conta a história de um peregrino em busca da oração perfeita. Nesta busca incessante, o peregrino leva consigo apenas uma sacola às costas, uma Bíblia e uma coletânea de textos patrísticos chamado Filocalia. Nessa caminhada, encontra um monge (staretz) que lhe ensina a Oração de Jesus – a simples e profundamente reverente repetição do nome de Jesus. Nela encontrou enfim a oração perfeita e de tal forma que, tomando-a por completo em sua mente e em seu coração, transformou a própria vida em oração.


'É preciso lembrar-se de Deus o tempo todo, em todo lugar e em todas as coisas. Se fazes alguma coisa, deves pensar no Criador de tudo o que existe; se vês a luz do dia, lembra-te dAquele que criou a luz para ti; se olhas o céu, a terra e o mar e tudo o que eles contêm, admira, glorifica Aquele que tudo criou; se te vestes com uma roupa, pensa nAquele de quem a recebeste e lhe agradece, a Ele que provê a tua existência. Em resumo, que todo movimento seja para ti um motivo para celebrar o Senhor: assim rezarás sem cessar e tua alma estará sempre alegre'.

'A oração interior incessante é um anseio contínuo do espírito humano por Deus... A oração de Jesus, interior e constante, é a invocação contínua e ininterrupta do nome de Jesus com os lábios, o coração, a inteligência, no sentimento da sua presença, em todo lugar, em todo tempo, até durante o sono. Ela é expressa por estas palavras: 'Senhor, Jesus Cristo, tende piedade de mim'. Todo meu desejo estava fixo sobre uma só coisa: dizer a oração de Jesus e, desde que me consagrei a isto, estive tomado de alegria e de consolo. Era como se meus lábios e minha língua pronunciassem por si mesmas as palavras, sem esforço de minha parte'.

'Todo desejo e todo pensamento de oração é obra do Espírito Santo e a voz de vosso Anjo da guarda. O nome de Jesus Cristo invocado na oração contém em si mesmo um poder salvífico que existe e age por si próprio; assim, pois, não vos perturbeis com a aridez de vossa oração, e esperai, com paciência, o fruto da invocação frequente do nome divino. Não ouçais as insinuações daqueles que, inexperientes e insensatos, alegam que a invocação tíbia é uma repetição inútil, até mesmo monótona. Não: o poder do nome divino e sua invocação frequente produzirão frutos a seu tempo'.

'Por que motivo, por exemplo, se desejais purificar vossa alma, começais por vos preocupar com o corpo, fazendo jejum, mortificações, privando-vos de alimentos estimulantes? É, sem dúvida, para que ele não possa ser um obstáculo ou, para melhor dizer, a fim de que se torne o meio de favorecer a pureza da alma e o discernimento do espírito, para que a sensação constante de fome corporal faça-vos lembrar de vossa resolução de buscar a perfeição interior e as coisas que agradam a Deus, e que tão facilmente esquecemos. E ficamos sabendo, por experiência, que, através do ato exterior do jejum corporal, realizamos o aprimoramento interior do espírito, a paz do coração, encontramos um instrumento para domar as paixões e um aguilhão do esforço espiritual. Assim, em meio a coisas exteriores e materiais, se recebe ajuda e proveito interior e espiritual'. 

'De tudo quanto foi dito, conclui-se que a salvação do homem depende da oração, e, por isso, ela é primordial e necessária, pois, através dela a fé é vivificada e as boas obras se realizam. Numa palavra, com a oração tudo se processa com êxito; sem a oração, não podemos praticar ato algum de piedade cristã. Desse modo, a exigência de que nossa vida seja incessantemente oferta, depende exclusivamente da oração. As outras virtudes têm seu tempo próprio, mas, no caso da oração, pedem-nos uma atitude ininterrupta: 'Orai sem cessar'. É justo e oportuno que rezemos sempre, por toda parte'. 

'Algumas vezes meu coração resplandecia de alegria, parecia leve, pleno de liberdade e de consolo. Às vezes, eu sentia um amor ardente por Jesus Cristo e por todas as criaturas de Deus... Às vezes, invocando o nome de Jesus, ficava repleto de felicidade e, depois disto, conhecia o sentido destas palavras: 'O reino de Deus está dentro de vós'.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

VERSUS: ESPÍRITO X CARNE

'Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne. Porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne; pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que quereríeis. Se, porém, vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sob a Lei. 

Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, liber­tinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus! 

Ao contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há Lei. Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências. 

Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito. Não sejamos ávidos da vanglória. Nada de provocações, nada de invejas entre nós'.

(Gl, 5, 16 - 26)


'Portanto, meus estimados ouvintes, para que possamos vencer todos os nossos inimigos, busquemos a ajuda divina por meio da observância dos mandamentos divinos, sabendo que de outra forma não podemos prevalecer sobre os nossos adversários, a menos que prevaleçamos primeiro sobre nós mesmos. Pois existem muitos embates dentro de nós: a carne deseja uma coisa contra o espírito, enquanto o espírito deseja outra contra a carne. Nessa disputa, se os desejos do corpo forem mais poderosos, a alma perderá a sua dignidade adequada e será extremamente perigoso servir àquilo que deveria ordenar. Se, por outro lado, a mente, estando sujeita à autoridade do seu governante e munida pelas dádivas do céu, pisoteará as seduções dos prazeres mundanos e impedirá o pecado de reinar em seu corpo mortal, a razão se impõe e, fortalecida, não sucumbirá a quaisquer males espirituais. Porque o homem só possui verdadeira paz e liberdade verdadeira quando a carne é governada pelo julgamento da mente e a mente é governada pela Vontade de Deus'.

(São Leão Magno, Sermão XXXIX)

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (XVI)

 

PADRES DA IGREJA

Chamam-se assim os escritores da Igreja, cujas obras e doutrina formam aquela autoridade que constitui a Tradição. A Igreja dá este título aos Doutores que floresceram nos doze primeiros séculos do Cristianismo, isto é, desde os Apóstolos até São Bernardo, que se reconhece geralmente como último dos Santos Padres. Para que um Escritor seja considerado 'Padre da Igreja', são necessárias quatro condições: a) ortodoxia doutrinal; b) santidade de vida; c) antiguidade; d) aprovação da Igreja. Existem, todavia, alguns que embora não reúnam em si todas as condições antes indicadas, são, no entanto, chamados vulgarmente 'Padres da Igreja', como por exemplo, Tertuliano, Orígenes, Fausto de Riez e outros; estes são chamados 'Padres' pelos importantes serviços prestados à causa católica durante o tempo da sua ortodoxia. 

PADRINHOS

Segundo um antiquíssimo costume que remonta pelo menos ao século III, ninguém deve ser batizado sem ser apresentado por um padrinho. No Batismo, ainda que privado, deve haver um padrinho e uma madrinha, que sejam batizados, que hajam atingido o uso da razão, e tenham a intenção de assumir tal encargo; que no ato do Batismo sustentem ou toquem fisicamente, por si ou por procurador, o batizando, ou imediatamente após aquele ato o tirem ou recebam da pia batismal ou das mãos do batizante. Sejam afastados nominalmente do múnus de padrinho os concubinados públicos (quer ligados pelo contrato civil quer não) e os que proíbem que seus filhos se batizem ou recebam a primeira Comunhão. Pelo Batismo, o batizante e os padrinhos contraem parentesco espiritual com o batizado. Em virtude do encargo que assumiram, os padrinhos têm obrigação de velar perpetuamente pelo seu filho espiritual. Também na Confirmação deve haver um padrinho, que seja do mesmo sexo que o confirmando, que seja confirmado, que tenha 14 anos de idade e coloque a mão direita sobre o ombro direito do confirmando durante a imposição do crisma. Não podem ser padrinhos na Confirmação os que não o podem ser no Batismo.

PADROEIRO (Santo)

É o santo escolhido por uma nação, diocese, paróquia, comunidade religiosa ou quaisquer lugares ou pessoas morais, como seu protetor especial junto de Deus.

PAGANISMO

É o estado religioso era que vivem os povos que não conhecem o verdadeiro Deus. Adoram falsas divindades e seguem uma moral de harmonia com os erros grosseiros que às suas paixões agradam. Os homens tiveram sempre a ideia de um Deus; como não o conheciam, prestavam culto ao que eles julgavam ser Deus. Antes de Jesus Cristo, só os israelitas adoravam o verdadeiro Deus, porque só a eles Deus se tinha revelado. Os povos que não conhecem Jesus Cristo continuam a viver no paganismo.

PAIXÃO DE JESUS CRISTO

Chama-se assim ao conjunto dos sofrimentos do nosso Divino Salvador desde a sua prisão na noite de Quinta-feira Santa até à morte na Cruz; foi prognosticada pelos Profetas do Antigo Testamento, principalmente por Isaías (cap. LIII) e foi realizada sob o poder de Pôncio Pilatos, na cidade de Jerusalém, terminando com a crucifixão no Calvário. A natureza humana de Jesus Cristo, posto que unida à natureza divina, conservou o que tinha de passível e mortal; por isso Jesus foi sensível às dores e à morte. Pela Paixão de Jesus Cristo, foram tirados todos os impedimentos da nossa salvação e foram-nos dados todos os bens, quanto ao mérito. Na remissão dos pecados, ela é a causa universal que é preciso, todavia, aplicar a cada um por meio dos sacramentos, de sorte que nenhum pecado é perdoado, nem alguém obtém salvação sem que lhe sejam aplicados os méritos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

PALA

É um pequeno pano quadrado, de linho ou de cânhamo, que o sacerdote leva dentro do corporal quando vai celebrar a Santa Missa. Não admite bordados, mas pode ter uma renda à volta. A pala serve para cobrir a patena e a hóstia até ao ofertório, e o cálice desde o ofertório até à comunhão, e de novo a patena, depois da comunhão. É benzida com o corporal, dentro do qual se conserva. Depois de servir na Missa, não deve ser dada a lavar nem mesmo a religiosas, sem ter sido purificada por Clérigo de Ordens Maiores.

PÁLIO

É um dossel portátil, sustentado por varas, que obrigatoriamente serve nas procissões para cobrir o sacerdote que leva a custódia com o Santíssimo Sacramento. É tolerado também que vão debaixo do Pálio as Relíquias da Verdadeira Cruz do Senhor e os Instrumentos da Paixão, contanto que não estejam reunidas a relíquias de santos. É proibido levar nas procissões debaixo do pálio relíquias ou imagens dos santos, ainda que sejam da Santíssima Virgem. Se houver costume, também pode ir debaixo do pálio a imagem do Senhor morto, na sexta-feira santa. Também é recebido debaixo do pálio o bispo, em visita pastoral. Também se chama Pálio a um ornamento que o Arcebispo põe sobre os ombros depois de revestido de todos os outros ornamentos pontificais. O Pálio era insígnia do imperador que foi concedida ao Papa ou no século IV ou no século V. No princípio era sinal do poder e missão do pastor passando também a ter o significado de uma relíquia de São Pedro e de um instrumento do poder arquiepiscopal. 

PARAÍSO TERRESTRE

Dá-se este nome ao lugar onde Deus formou e colocou Adão e Eva. Conhecemos a sua existência pela narração da Sagrada Escritura, mas não sabemos em que lugar exato da Terra estava situado.

PARAMENTOS

São todos os ornamentos usados pelo clero nas funções sagradas. Devem ser benzidos pelo bispo ou por sacerdote que tenha as necessárias faculdades, exceto os sanguíneos, os véus de cálice e as bolsas de corporais. Não podem servir para usos profanos. Acerca da matéria e forma dos ornamentos e outros objetos sagrados, devem ser observadas as normas litúrgicas, a tradição da Igreja e, do melhor modo possível, também as leis da Arte Sagrada. As várias cores dos paramentos são a expressão de um simbolismo. A cor branca é símbolo de pureza e de alegria; a cor vermelha é símbolo de amor e de sacrifício; a verde é símbolo de esperança; a roxa é símbolo de penitência; a preta é símbolo de luto. Os paramentos não devem estar rasgados nem sujos. Quando já não podem ser remendados, queimam-se, assim como se queimam todas as vestes e utensílios litúrgicos benzidos, quando já não estão capazes de ser usados.

PÁROCO

É o sacerdote a quem foi conferida, em título, alguma paróquia para cura de almas, que há de exercer sob a autoridade do Ordinário do lugar. É da máxima importância na Igreja Católica o ofício dos párocos. Da sua ciência, prudência e zelo depende, em grande parte, a salvação das almas. São eles os melhores cooperadores dos bispos, aos quais compete o direito de nomeá-los em suas dioceses. Os direitos e as múltiplas obrigações dos párocos estão determinados no Código do Direito Canônico.

PATENA

É uma espécie de prato de ouro ou de prata dourada, onde se coloca a hóstia que vai ser consagrada na Missa. Deve ser sagrada pelo bispo.

PATRIARCA

Era o nome que se dava aos varões célebres de que a Sagrada Escritura faz menção e que viveram nos primeiros tempos do mundo e durante muitos séculos. Atualmente a palavra Patriarca, usada na Igreja, é apenas um título que, além da prerrogativa de honra e do direito de precedência sobre o Primaz e o Arcebispo, não tem jurisdição especial.

PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO

São os pecados nos quais, por uma obstinação no mal, se despreza a graça que o divino Espírito Santo nos oferece para a nossa santificação. Chamam-se pecados contra o Espírito Santo porque tudo o que emana da bondade de Deus se atribui particularmente ao Espírito Santo. Tais pecados são: desesperação da salvação, presunção de se salvar sem merecimentos, contradizer a verdade conhecida como tal, ter inveja das mercês que Deus faz aos outros, obstinação no pecado e impenitência final. Jesus disse que o pecado contra o Espírito Santo não será perdoado neste mundo nem no outro (Mt 12, 32), querendo significar que é muito difícil ao que comete tais pecados o arrepender-se e, sem o arrependimento, não se recebe o perdão.

PECADOS CONTRA A NATUREZA

Geralmente falando, são todos os pecados de impureza, cometidos contra a ordem da natureza estabelecida para a geração dos filhos.

PENA (castigo de Deus)

Tem natureza dupla, de sentido ou aflitiva, e de dano ou carência da visão de Deus. A primeira é devida ao pecador por causa da sua conversão desordenada às criaturas; a segunda por causa da aversão a Deus. Toda a pena, como pena, só se aplica ao culpado, mas como satisfação e medicina pode-se aplicar por culpa alheia. Com pena corporal se castiga o filho por culpa do pai e o servo por culpa do amo, enquanto que são alguma coisa deles; não porém com pena espiritual, a não ser que tenham sido participantes da sua culpa. Deus tarda em punir os pecadores, por duas razões: para que os predestinados se convertam, e para que os seus juízos sejam reconhecidos como justos. Os que morrem só com o pecado original não sofrem a pena de sentido. Ao pecado venial é devida a pena temporal; ao pecado mortal, a pena eterna. Perdoada a culpa do pecado mortal e a pena eterna, por vezes fica a pena temporal a sofrer ainda nesta vida ou no Purgatório.

PENA ECLESIÁSTICA

É a privação de algum bem, imposta pela autoridade legítima da Igreja, para correção do delinquente e punição do delito.

PEREGRINAÇÕES

São uma solene manifestação de Fé, um ato coletivo de religião, de piedade e de penitência, que os cristãos costumam fazer, ordenados em grupos, aos mais célebres Santuários. Não devem ser promovidas sem o consentimento da autoridade eclesiástica, a cuja aprovação há de ser submetido o respectivo programa. Convém que os fiéis sejam preparados para esse ato, por meio de pregação, e que se confessem e comunguem.

PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA

Deus a permite por vários motivos: a) para castigo dos pecadores; b) para fazer conhecer os verdadeiros cristãos e separar os lobos dos cordeiros; c) para provar a verdade da religião católica pela prática de virtudes heroicas, pela abnegação e martírio de uns, por atos de caridade e de reparação de outros; d) para ser mais glorificado pelas almas que lhe ficam fiéis.

PERSEVERANÇA FINAL

É a conservação da graça divina no momento da morte. Todos os dias devemos pedir a Deus esta graça, porque dela depende a nossa salvação. O momento da morte é decisivo, e o demônio não deixa de empregar todos os esforços por nos fazer pecar, para sermos condenados como ele foi. Só a graça da perseverança no amor de Deus nos pode livrar de cair em tentação.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)