segunda-feira, 14 de outubro de 2024

O ROSÁRIO NOSSO DE CADA DIA (XI)

  

PRIMEIRO MISTÉRIO GLORIOSO: A RESSURREIÇÃO DE JESUS

E no primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, mal o sol havia despontado... Levantando os olhos, elas viram removida a pedra... Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se. Ele lhes falou: 'Não tenhais medo. Buscais Jesus de Naza­ré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui.... ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galileia' (Mc 16,2.4-7)... Eram elas Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago e outras suas amigas, que relataram aos apóstolos a mesma coisa (Lc 24,10).

Nós vos oferecemos, Senhor Jesus, este mistério em honra da vossa gloriosa Ressurreição e vos pedimos, pela intercessão da vossa Mãe Santíssima, a graça de uma fé viva.

Pai Nosso, 10 Ave Marias, Glória ao Pai, Ó meu Jesus...

FRASES DE SENDARIUM (XXXIX)

 

'Todo mal é ausência do amor' 

(Santa Catarina de Sena)

Quem dera aos homens ter na fé uma pequena chama deste incêndio de Amor chamado Maria! Ama a Mãe de Deus com toda a gigantesca força de tua fragilidade!

domingo, 13 de outubro de 2024

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Saciai-nos, ó Senhor, com vosso amor, 
e exultaremos de alegria!' (Sl 89)

Primeira Leitura (Sb 7,7-11) - Segunda Leitura (Hb 4,12-13) -  Evangelho (Mc 10,17-30)

  13/10/2024 - VIGÉSIMO OITAVO DOMINGO DO TEMPO COMUM

45. O JOVEM RICO E AS CONTINGÊNCIAS DA GRAÇA


'Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?' (Mc 10, 17). Eis a pergunta do jovem rico, ao correr ao encontro de Jesus e lhe atirar aos pés, cheio da iniciativa da graça. Eivado das riquezas do mundo, encontrara tempo e discernimento para buscar valores mais altos e definitivos, que pavimentam caminhos de heranças eternas. Tal santa predisposição, ainda que bela, entretanto, é movida apenas pela natureza humana.

O jovem rico vê em Jesus um santo, um sábio, um mestre, mas não como Deus. Ciente dessa visão, ao vislumbrar o coração do moço cheio de bons propósitos, Jesus vai questioná-lo sobre ser chamado por ele de 'bom', sob uma mera conduta da concessão humana da admiração, quando Ele, por ser Deus, é a própria Bondade Infinita. Em seguida, Jesus o conclama a ir muito mais longe nos mistérios da graça, ciente de suas virtudes em praticar os mandamentos que acabara de enumerar. Consumado de amor, Jesus o invoca aos cumes da vida espiritual: 'Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!' Ao ouvir isso, porém, o jovem 'ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico' (Mc 10, 22).

'Vem e segue-me!' Jesus convidou aquele jovem rico para ser um outro Apóstolo, para herdar desde já a sua herança eterna nos caminhos poeirentos da terra, para tomar posse da verdadeira riqueza, aquela que se guarda no próprio Coração de Deus. E recebeu um não como resposta, cujo eco de insensatez e de vicissitude há de perpassar por todos os tempos e gerações. Um não nascido da tibieza e do orgulho, das mazelas de uma alma enriquecida apenas dos valores humanos na prática dos mandamentos, mas pobre na sabedoria da graça, daquela sabedoria em relação à qual 'todo o ouro do mundo é um punhado de areia e, diante dela, a prata será como a lama' (Sb 7, 9).

A verdadeira riqueza está em Deus. Os valores do mundo, todos os valores do mundo, incluindo a posse de mais ou de menos bens materiais, são efêmeros e incertos. O Reino de Deus é um tesouro impossível de ser encontrado por aqueles que, como o jovem rico, são apegados aos bens e dons desta vida e uma porta aberta, quando trilhado por aqueles que se fazem pobres de espírito para compartilharem as suas misérias com a infinita misericórdia de Deus. Dispor o que se recebe, repartir o que se tem, abandonar todos os apegos terrenos por causa do Evangelho: eis a regra de ouro para se almejar as heranças eternas e acumular tesouros sem limites nos Céus: 'Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida — casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições — e, no mundo futuro, a vida eterna' (Mc 10, 29 - 30).

sábado, 12 de outubro de 2024

GLÓRIAS DE MARIA: NOSSA SENHORA APARECIDA

A história é bem conhecida: em 1717, Dom Pedro de Almeida Portugal e Vasconcelos (Conde de Assumar), efetivado como governador das Capitanias de São Paulo e Minas Gerais, viajou de navio de Portugal a Santos, com grande comitiva. Tomando posse do governo em São Paulo, seguiu rumo às minas de ouro em Minas Gerais, fazendo uma longa parada em Guaratinguetá, no período de 17 a 30 de outubro. Para a recepção do ilustre viajante, foram-lhe servidos os melhores pratos da culinária local, incluindo os saborosos pescados do Rio Paraíba do Sul.

Para a nobre tarefa de pescar uma grande quantidade de peixes, foram convocados os pescadores Domingos Alves Garcia, seu filho João Alves e Felipe Pedroso, cunhado de Domingos, entre outros. Entretanto, mesmo com o conhecimento enorme que tinham dos melhores pontos de pesca, não conseguiam nada. Mas algo extraordinário estava para ocorrer. Na rede lançada, surgiu primeiro uma pequena imagem em terracota de Nossa Senhora da Conceição, sem a cabeça, que foi recolhida e guardada com zelo pelos pescadores no fundo do barco. E eis que, numa nova investida, mais abaixo no rio, sem nada de peixe, veio a cabeça da imagem. Um objeto de dimensões tão reduzidas coletado do leito largo e vigoroso do Paraíba do Sul! E, surpresa ainda maior, novas investidas da rede trouxeram agora cardumes de peixes, em tão grande quantidade, repetindo-se, no largo do Porto de Itaguaçu, o milagre de Cristo no Mar da Galileia.



Cientes dos fatos extraordinários ocorridos, os pescadores locais recuperaram a imagem e passaram a venerá-la em suas casas, como imagem peregrina, até que a mesma foi colocada em pequeno oratório na casa de Atanásio Pedroso, filho de Felipe, e depois, com o culto já generalizado na ‘Nossa Senhora Aparecida’, erigiu-se uma pequena capela de sua devoção em Itaguaçu, com o apoio do Padre José Alves Vilela, pároco da Igreja de Santo Antônio de Guaratinguetá. Sob a sua coordenação, a devoção recebeu a aprovação episcopal e foi construída, então, a Igreja de Nossa Senhora Aparecida, no chamado Morro dos Coqueiros, inaugurada em 1745, apenas 28 anos após o achado da imagem. Em torno da igreja, implantou-se rapidamente uma comunidade que constitui hoje a cidade de Aparecida. A igreja tornou-se de imediato centro de romarias e de devoções marianas de toda a natureza.


Com a intensa participação popular e, pela ausência de sacerdotes no Brasil, optou-se pela solicitação de auxílio junto a comunidades religiosas europeias. Em 1894, com a chegada dos padres redendoristas alemães, as atividades religiosas, os cultos e as romarias tornaram-se muito mais organizados, favorecendo muito a rápida difusão da evangelização e a consolidação da igreja como santuário de frequente peregrinação. Tais eventos culminaram com a solene coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida em 8 de setembro de 1904 (com manto azul e coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis, ofertados pela Princesa Isabel em visita ao santuário em 6 de novembro de 1888) e com a elevação do santuário à condição de Basílica Menor em 29 de abril de 1908. Em 16 de julho de 1930, o Papa Pio XI outorgou o título de Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do BrasilEm 1967, ano da comemoração do jubileu dos 250 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, o Papa Paulo VI ofertou ao Santuário Nacional da Padroeira do Brasil uma Rosa de Ouro, ato repetido pelo Papa Bento XVI em 2007. O dia da Padroeira do Brasil é celebrado em 12 de outubro, feriado nacional. 

As enormes e crescentes manifestações populares exigiram a construção de uma nova basílica, com dimensões e infraestrutura compatíveis com o maior centro de peregrinação espiritual do Brasil que se tornou Aparecida. Desta forma, entre 1955 e 1980, foi construída a atual Basílica, inaugurada a 04 de julho de 1980 pelo Papa João Paulo II e elevada a Santuário Nacional em 1984. Que continua a receber milhares de peregrinos, infindáveis romarias, em agradecimento, louvor e veneração à Virgem Padroeira do Brasil. Na Sala das Promessas, em meio a milhares de ex-votos, tem-se uma ideia da admirável senda de prodígios e milagres alcançados por tantos romeiros e fieis, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida.


Em Aparecida, ao contrário de tantos outros centros de peregrinação mariana, a Virgem fez-se aparecer apenas sob a forma de uma pobre e pequena imagem de terracota de 38cm de altura, sem quaisquer visões, mensagens ou prodígios sobrenaturais, para falar aos simples, aos humildes, aos fracos, aos desvalidos, que as almas simples, despojadas de valores intrinsecamente humanos e entregues somente à confiança e à misericórdia de Deus por Maria, são as glórias dos Céus.


ORAÇÃO A NOSSA SENHORA APARECIDA

Ó Senhora da Conceição Aparecida, que fizestes tantos milagres que comprovam vossa poderosa intercessão junto ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, obtende para nossas famílias as graças de que tanto necessitam. Defendei-nos da violência, das doenças, do desemprego e, sobretudo, do pecado, que nos afasta de Vós. Protegei nossos filhos de tantos fatores de deformação da juventude. E concedei a todos os membros de nossas famílias a graça de poderem trilhar o caminho de perfeição e de paz ensinado por Vosso Divino Filho, que afirmou: 'Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em Mim. Haveis de ter aflições no mundo; mas tende confiança, Eu venci o mundo!' Amém.

O ROSÁRIO NOSSO DE CADA DIA (X)

     

QUINTO MISTÉRIO DOLOROSO: A CRUCIFICAÇÃO E MORTE DE JESUS

Ali o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado ... Pilatos redigiu também uma inscrição e a fixou por cima da cruz. Nela estava escrito: 'Jesus de Nazaré, rei dos judeus' (Jo 19, 18,19)... Era quase à hora sexta e em toda a terra houve trevas até a hora nona. Escureceu-se o sol e o véu do templo rasgou-se pelo meio. Jesus deu então um grande brado e disse: 'Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito'. E, dizendo isso, expirou (Lc 23, 44-46).

Nós vos oferecemos, Senhor Jesus, este mistério em honra da vossa crucificação no Calvário e vos pedimos, pela intercessão da vossa Mãe Santíssima, as graças do horror ao pecado, do amor à vossa Cruz e de uma morte santa para nós e para todos que se encontram na sua última agonia.

Pai Nosso, 10 Ave Marias, Glória ao Pai, Ó meu Jesus...

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

O ROSÁRIO NOSSO DE CADA DIA (IX)

     

QUARTO MISTÉRIO DOLOROSO: JESUS CARREGA A CRUZ ATÉ O CALVÁRIO

Eles clamavam: 'Fora com ele! Fora com ele! Crucifica-o!'. Pilatos perguntou-lhes: 'Hei de crucificar o vosso rei?'. Os sumos sacerdotes responderam: 'Não temos outro rei senão César!'. Entregou-o então a eles para que fosse crucificado. Levaram então consigo Jesus. Ele próprio carregava a sua cruz para fora da cidade, em direção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota (Jo 19, 15-17).

Nós vos oferecemos, Senhor Jesus, este mistério em honra da vossa cruz e vos pedimos, pela intercessão da vossa Mãe Santíssima, a graça de uma grande paciência para carregarmos a nossa cruz e seguirmos os vossos passos por toda a nossa vida.

Pai Nosso, 10 Ave Marias, Glória ao Pai, Ó meu Jesus...

PROFECIAS CATÓLICAS (IV)

👉 São Vicente Ferrer (século XV): 'Exércitos do Ocidente, Oriente e do Norte combaterão juntos na Itália, e a Águia capturará o falso rei, e todas as coisas ser-lhe-ão obedecidas, e haverá uma nova reforma no mundo. Nos dias de paz que hão-de vir depois da desolação das revoluções e guerras - antes do fim do mundo - os cristãos recusarão o sacramento da Confirmação, dizendo que é desnecessário. E quando vier o falso profeta, o precursor do Anticristo, todos os que não forem confessados, apostatarão, enquanto os que se confessarem permanecerão firmes na sua fé, e só alguns deles renunciarão a Cristo'.

Comentários: A partir de um estudo completo das profecias, é quase certo que haverá dois períodos distintos de guerras: um que virá em breve, que será seguido por um período de paz e prosperidade; e outro, que se seguirá ao período de paz, e que será o do Anticristo. Este último período, por sua vez, será seguido pelo triunfo da Igreja e por outro período de paz de duração desconhecida. O Evangelho também parece confirmar que haverá dois períodos diferentes: o princípio do fim e o fim propriamente dito, com um intervalo entre eles.

👉São Nicolau de Flue (século XV): 'A Igreja será castigada porque a maioria dos seus membros, em cargos mais elevados ou não, tornar-se-ão pervertidos. A Igreja afundar-se-á cada vez mais, até que, finalmente, pareça estar extinta a sucessão de Pedro e dos outros apóstolos. Mas, depois disso, ela será vitoriosamente exaltada aos olhos de todos os céticos'.

Comentários: De acordo com muitas profecias, a Igreja ficará sem um Papa durante algum tempo, e a maior parte da hierarquia terá sido martirizada. Dir-se-ia que a Igreja foi destruída. Mas ela milagrosamente ressuscitará e será mais poderosa do que nunca. A perversão a que se refere a frase inicial do trecho acima parece ser a perversão da mente - uma perversão intelectual, a do humanismo e do secularismo, que está a influenciar muito o pensamento da Igreja atual. A perversão moral existe atualmente na Igreja, o que não é de admirar, pois os conceitos filosóficos do nosso intelecto se refletirão, mais cedo ou mais tarde, nos seus padrões de comportamento. Este contexto propiciou que um grande número de sacerdotes solicitou afastamento da Igreja para contrair casamento e muitos outros nem acharam tal pedido necessário, por considerarem tal prática uma humilhação pública. 

👉Santa Margarida Maria (século XVII): 'Compreendo que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus é um último esforço do seu Amor para com os cristãos destes últimos dias, oferecendo-lhes um objeto e meios tão misericordiosos para os persuadir a amá-lo'.

Comentários: A salvação está na devoção ao Sagrado Coração, não em uma atualização pragmática ou em uma reformulação humanista da Santa Missa. Os esforços frenéticos dos progressistas são para nos fazer viver como o mundo moderno e aceitar o sacrilégio imperdoável de fazer da missa uma espécie de reunião social. Um resultado claro disso, porém, é o declínio das práticas devocionais em geral e, particularmente, da devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

👉Beata Maria de Ágreda (século XVII): 'Foi-me revelado que, por intercessão da Mãe de Deus, todas as heresias desaparecerão. A vitória sobre as heresias foi reservada por Cristo para a sua Mãe Santíssima. Nos últimos dias, o Senhor difundirá de modo especial a devoção à sua Mãe. Maria começou a salvação e, por sua intercessão, ela será completada. Antes da segunda vinda de Cristo, Maria, mais do que nunca, deverá brilhar em misericórdia, poder e graça para trazer os incrédulos à fé católica. O poder de Maria nos últimos dias será muito visível. Maria extenderá o reinado de Cristo sobre os pagãos e os muçulmanos, e será um tempo de grande alegria quando Maria for entronizada como Senhora e Rainha dos Corações'.

Comentários: Muitas profecias falam do papel especial de Maria nos últimos tempos. A sua misericórdia, o seu poder e a sua graça têm, de fato, brilhado com intensidade cada vez maior desde 1830 em muitas aparições: Rue du Bac, La Salette. Lourdes, Pontmain, Knock, Fátima, Banneux, Beauraing, Heede, Marienfried, Garabandal, San Damiano... Apesar disso, os Padres Conciliares consideraram 'inoportuna' a proclamação de Maria como Medianeira e Co-Redentora.

👉São Luís Maria Grignion de Montfort (séc. XVIII): 'O poder de Maria sobre todos os demônios será particularmente notável no último período dos tempos. Ela estenderá o Reino de Cristo até os idólatras e os muçulmanos, e virá uma época gloriosa em que Maria será a soberana e a rainha dos corações'.

Comentários: Aqui temos novamente a confirmação de que os muçulmanos se converterão. Isso ocorrerá sob o reinado do Grande Rei Cristão (conforme mostrado em profecias anteriores), após a invasão da Europa Ocidental e a derrota dos árabes diante o Grande Rei Cristão.

(Excertos da obra 'Catholic Prophecy: The Coming Chastisement', de Yves Durant)

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

O ROSÁRIO NOSSO DE CADA DIA (VIII)

     

TERCEIRO MISTÉRIO DOLOROSO: A COROAÇÃO DE ESPINHOS

Arrancaram-lhe as vestes e colocaram-lhe um manto escarlate. Depois, trançaram uma coroa de espinhos, meteram-lha na cabeça e puseram-lhe na mão uma vara. Dobrando os joelhos diante dele, diziam com escárnio: 'Salve, rei dos judeus!'. Cuspiam-lhe no rosto e, tomando da vara, davam-lhe golpes na cabeça. Depois de escarnecerem dele, tiraram-lhe o manto e entregaram-lhe as vestes. Em seguida, levaram-no para o crucificar (Mt 27,28-31).

Nós vos oferecemos, Senhor Jesus, este mistério em honra da vossa cruel coroação de espinhos e vos pedimos, pela intercessão da vossa Mãe Santíssima, a graça de um grande desprezo pelas coisas do mundo. 

Pai Nosso, 10 Ave Marias, Glória ao Pai, Ó meu Jesus...

A CRUZ É A MAIOR PROVA DO AMOR INFINITO DE DEUS

Os judeus escolheram para Jesus Cristo a morte da cruz, que era a mais ignominiosa, para que seu nome ficasse para sempre aviltado e não fosse mais relembrado, segundo um outro testemunho de Jeremias: 'Destruamos a árvore em seu vigor. Arranquemo-la da terra dos vivos, e que seu nome caia no esquecimento' (Jr 11,19). Ora, como podem os judeus de hoje dizer ser falso que Jesus fosse o Messias prometido, por ter sido arrebatado deste mundo por uma morte tão torpe, quando seus próprios  profetas haviam predito que ele deveria ter uma morte tão vil? 

Jesus aceitou, porém, semelhante morte porque morria para pagar os nossos pecados: também por esse motivo quis qual pecador ser circuncidado, ser resgatado quando foi apresentado ao templo, receber o batismo de penitência de São João. Na sua paixão finalmente, quis ser pregado na cruz para pagar por nossos licenciosas liberdades; com a sua nudez reparar a nossa avareza; com os opróbrios, a nossa soberba; com a sujeição aos carniceiros, a nossa ambição de dominar; com os espinhos, os nossos maus pensamentos; com o fel, a nossa intemperança e com as dores do corpo, os nossos prazeres sensuais.

Deveríamos por isso continuamente agradecer com lágrimas de ternura ao eterno Pai por ter entregue seu Filho inocente à morte para livrar-nos da morte eterna. 'O qual não poupou seu próprio Filho, mas entregou-o por todos nós: como não nos deu também com Ele todas as coisas? (Rm 8,32). Assim fala São Paulo e o próprio Jesus diz, segundo São João (Jo 3,16): 'Assim Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho unigênito'. Daí exclamar a santa Igreja no sábado santo: 'Ó admirável dignação de vossa piedade para conosco! Ó inestimável excesso de vossa caridade! Para resgatar o escravo, entregastes o vosso Filho'. 

Ó misericórdia infinita, ó amor infinito de nosso Deus, ó santa fé! Quem isto crê e confessa, como poderá viver sem arder em santo amor para com esse Deus tão amante e tão amável? Ó Deus eterno, não olheis para mim, carregado de pecados, olhai para o vosso Filho inocente, pregado numa cruz e que vos oferece tantas dores e suporta tantos sofrimentos para que tenhais piedade de mim. Ó Deus amabilíssimo e meu verdadeiro amigo, por amor, pois, desse Filho que vos é tão caro, tende piedade de mim. A piedade que desejo é que me concedais o vosso santo amor. Ah, atraí-me inteiramente a vós do meio do lodo de minhas torpezas. Consumi, ó fogo devorador, tudo o que vedes de impuro na minha alma e que a possa impedir de ser inteiramente vossa!

(Excertos da obra 'A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo', de Santo Afonso Maria de Ligório)

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

O ROSÁRIO NOSSO DE CADA DIA (VII)

    

SEGUNDO MISTÉRIO DOLOROSO: A FLAGELAÇÃO

Pilatos mandou então flagelar Jesus (Jo 19,1)... Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas (Is 53,5).

Nós vos oferecemos, Senhor Jesus, este mistério em honra da vossa flagelação sangrenta e vos pedimos, pela intercessão da vossa Mãe Santíssima, a graça da mortificação perfeita dos nossos sentidos.

Pai Nosso, 10 Ave Marias, Glória ao Pai, Ó meu Jesus...

DA COMPUNÇÃO DO CORAÇÃO


1. Se queres fazer algum progresso, conserva-te no temor de Deus e não busques demasiada liberdade; refreia, antes, todos os teus sentidos com a disciplina e não te entregues à vã alegria. Procura a compunção do coração e acharás a devoção. A compunção descobre tesouros, que a dissipação bem depressa costuma desperdiçar. É de estranhar que o homem jamais possa, nesta vida, gozar perfeita alegria, se considera seu exílio e pondera os muitos perigos de sua alma.

2. Pela leviandade do coração e pelo descuido dos nossos defeitos, não percebemos os males de nossa alma; e muitas vezes, rimo-nos frivolamente, quando, com razão, devíamos chorar. Não há verdadeira liberdade nem perfeita alegria, sem o temor de Deus e uma boa consciência. Ditoso aquele que pode apartar de si todo estorvo das distrações e recolher-se com santa compunção. Ditoso aquele que rejeita tudo que lhe possa manchar ou agravar a consciência. Peleja varonilmente: um costume com outro se vence.

3. Se souberes deixar os homens, eles te deixarão fazer tuas boas obras. Não te metas em coisas alheias, nem te impliques nos negócios dos grandes. Olha sempre primeiro para ti e admoesta-te com mais particularidade que a todos os teus amigos. Não te entristeça a falta dos humanos favores, mas penalize-te o não viveres com tanta cautela e prudência como convém a um servo de Deus e devoto religioso. Mais útil e mais seguro é para o homem não ter nesta vida muitas consolações, mormente sensíveis. Todavia, se não temos, ou raramente sentimos o consolo divino, a culpa é nossa, porque não procuramos a compunção do coração, nem rejeitamos de todo as vãs consolações exteriores.

4. Reconhece que és indigno da consolação divina, mas antes merecedor de muitas aflições. Quando um homem está perfeitamente compungido, logo se lhe torna enfadonho e amargo o mundo todo. O homem justo sempre acha bastante matéria para afligir-se e chorar. Pois, quer olhe para si, quer para o próximo, sabe que ninguém passa esta vida sem tribulações. E quanto mais atentamente se considera, tanto mais profunda é a sua dor. Matéria de justa mágoa e profundo pesar são nossos pecados e vícios, aos quais de tal sorte estamos presos, que raras vezes podemos contemplar as coisas do céu.

5. Se mais amiúdo pensasses na morte que numa vida de muitos anos, não há dúvida que tua emenda seria mais fervorosa. Se também meditasses seriamente nas penas futuras do inferno ou do purgatório, creio que sofrerias de bom grado trabalhos e dores, sem recear nenhuma austeridade. Mas, como estas coisas não nos penetram o coração e amamos ainda os regalos, ficamos frios e muito tíbios.

6. É muitas vezes pela fraqueza do espírito que este miserável corpo se queixa tão facilmente. Pede, pois, humildemente ao Senhor que te dê o espírito de compunção, e dize, com o profeta: 'Sustenta-me, Senhor, com o pão das lágrimas e a bebida copiosa do pranto' (Sl 75,5).

(Da Imitação de Cristo, de Thomas de Kempis)

terça-feira, 8 de outubro de 2024

O ROSÁRIO NOSSO DE CADA DIA (VI)

   

PRIMEIRO MISTÉRIO DOLOROSO: A AGONIA DE JESUS NO HORTO DAS OLIVEIRAS

Conforme o seu costume, Jesus saiu dali e dirigiu-se para o monte das Oliveiras, seguido dos seus discípulos. Depois se afastou deles... e, ajoelhando-se, orava... e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra...  um dos Doze, que se chamava Judas, achegou-se de Jesus para o beijar. Jesus perguntou-lhe: 'Judas, com um beijo trais o Filho do Homem!' (Lc 22,39.41.44.47-48).

Nós vos oferecemos, Senhor Jesus, este mistério em honra da vossa agonia no Jardim das Oliveiras e vos pedimos, pela intercessão da vossa Mãe Santíssima, a graça da contrição perfeita pelos nossos pecados e a virtude da perfeita obediência à Vossa Santa Vontade.

Pai Nosso, 10 Ave Marias, Glória ao Pai, Ó meu Jesus...

A BÍBLIA EXPLICADA (XXVIII) - O DILÚVIO FOI UNIVERSAL?


O autor inspirado apresenta repetidamente o dilúvio como universal: ele leva de roldão a humanidade (Gn 6,7), todos os viventes (Gn 6, 13) e tudo que há sôbre a terra (Gn 6,17), todos os seres (Gn7,4), tudo que respira hálito vital (Gn 7,22), e as águas cobriram todos os montes altos que estão abaixo de todo céu (Gn 7,19).

Estas expressões não são realmente tão categóricas assim, como podem parecer à primeira vista. Há exemplos na linguagem bíblica, em que a palavra 'todo' refere-se a uma parte que o autor considera no seu conjunto. Referindo-se ao próximo ingresso dos hebreus na Palestina, Deus promete ao seu povo: 'hoje principio a esparramar o terror e o medo de ti entre os povos debaixo de todo o céu' (Dt 2,25). Aqui se trata evidentemente apenas dos povos das várias regiões da Palestina. A escassez, ao tempo de José, 'era grande em toda a terra e de todos os países vinham para comprar trigo' (Gn 41,57). Aqui o horizonte é mais amplo que no exemplo anterior, mas não muito mais. A luta entre os fiéis a Davi e os partidários de Absalão alastrou-se 'pela face da terra' (2Sm 18,8). Aqui o horizonte é muitíssimo restrito: trata-se de uma parte da Palestina. Não faltam outros exemplos; e uma tal elasticidade de linguagem aparece também no Novo Testamento, no episódio do Pentecostes, do qual participavam pessoas pertencentes de 'todas as nações que existem sob o céu' (At 2,5), evidentemente no âmbito do Império Romano, como decorre da enumeração que segue (At 9-11).

Afirmar que o autor sagrado, quando diz 'toda a terra' dá a êstes termos o sentido mais óbvio para nós, é abusar de suas palavras: em primeiro lugar porque apreende-se, como se viu, a elasticidade de tal expressão na linguagem bíblica; em segundo lugar porque as palavras 'toda a terra' têm para nós um significado concreto correspondente às nossas adiantadas noções geográficas, que o autor sagrado nem ao menos suspeitava nem podia por isso exprimir por suas palavras. Não há pois que pensar num dilúvio que cobrisse de água todo o globo até o Everest, desde o Alasca até a Nova Zelândia! O Gênesis não conhece nem o Everest nem a Nova Zelândia e nem mesmo o globo. Cabe por isso excluir a universalidade geográfica, não tanto pelos inúmeros e retumbantes milagres que seriam necessários, como porque, realmente, isto não corresponde à intenção do autor sagrado. Mas, qual é então o alcance das palavras bíblicas? Até onde se estende o horizonte dessa universalidade?

Há duas correntes entre os estudiosos católicos. Alguns afirmam: todos os homens (universalidade antropológica) e, portanto, toda a terra então habitada pelos homens e todos os animais que se encontravam naquela região. Realmente o autor apresenta o dilúvio como castigo por causa da conduta dos homens: os animais perecem por se encontrarem na mesma zona e sua ruína é repetidamente lembrada porque acrescenta algo de trágico à grandiosidade do castigo divino. Paralela a essa menção encontra-se, além disso, a dos animais salvos na arca, evidentemente para um rápido repovoamento daquelas terras.

Outros julgam que o autor não pretendia sequer falar da destruição de todos os homens, mas apenas daquela porção de que provém a família de Noé e, portanto, os antepassados do povo eleito (universalidade antropológica relativa), observando que: 

(i) o autor sagrado em todo Gênesis adota o sistema de restringir pouco a pouco o âmbito de sua conjectura. Isto é claro do dilúvio em diante. Depois de ter enumerado os povos descendentes de Jafé, Cam, Sem (Gn 10), abandonando todos os outros ao próprio destino, interessa-se apenas por uma linhagem, aquela que de Sem, através de Arfaxad, conduz a Tare ou Terá (Gn 11). Dos filhos de Tare considera Abraão, e abandona os outros totalmente depois de algumas indicações (Gn 11,27-32; 2,1-5). Abraão tem dois filhos, Ismael e Isaac. Depois de recordar apenas com uma genealogia (Gn 25,12-18) a posteridade de Ismael, o autor prossegue com Isaac (Gn 25,19); Isaac tem dois filhos, Esaú e Jacó; após referir alguns episódios interessantes relativos ao dois patriarcas, o autor apresenta uma longa descendência de Esaú (Gn 36), que assim sai do campo de seu interesse, para prosseguir depois com a história de Jacó e dos seus doze filhos. Assim o horizonte vai aos poucos restringindo-se até abranger somente o povo de Israel. Este plano é maravilhoso e não tem paralelo em nenhuma outra obra do antigo Oriente. Ele mostra que o autor inspirado, antes de se interessar por seu povo, tem em mira a humanidade toda, e que é o mesmo Deus de Israel - Aquele que dirige os destinos do Universo. 

Porém, tal processo eliminatório inicia-se apenas depois da narrativa do dilúvio, ou já antes? Segundo estes estudiosos católicos o autor sagrado, ao dar a descendência de Caim, já elimina um ramo da humanidade; pode-se imaginar que os cainitas não voltarão mais ao horizonte dele. Depois menciona-se Set e outros filhos e filhas de Adão (Gn 5,3-4). Os outros filhos e filhas são abandonados e é tomado em consideração apenas Set. Set gera Enós, e outros filhos e filhas; estes também são desprezados e prossegue-se com Enós. Assim vai até Lamec e Noé. Teremos então, por ocasião do dilúvio, uma humanidade já subdividida em ramos, dos quais o autor sagrado considera apenas a descendência de Set ou suas últimas ramificações em cujo meio vivem os 'filhos de Deus' (Gn 6,2).

(ii) um outro argumento seria oferecido pela listagem dos povos que se segue à narrativa do dilúvio (Gn 10). Aí, o autor sagrado enumera os povos da terra, colocando-os em relação aos três filhos de Noé! Dizemos colocando-os em relação, e não outra coisa, porque aqui, muito mais que em outro qualquer lugar nas genealogias, a palavra 'filho' tem significado muito vago. Realmente os descendentes de Sem, Cam e Jafé ora são indivíduos, mais frequentemente são povos e são, algumas vezes, até cidades. Em certos casos, tratar-se-á de pertinência racial; porém, em outros casos, a relação pode ser puramente extrínseca, como o assimilar da mesma civilização ou o continuar da mesma hegemonia (caso coletivo da descendência jurídica). De qualquer modo estes setenta nomes estranhos, muitos dos quais apenas recentemente foram trazidos à luz pelas escavações arqueológicas (basta pensar nos hititas, amorritas e cretenses), compreende apenas povos do Mediterrâneo, da Ásia Menor, Cáucaso, Mesopotâmia, Arábia e Egito. Todos povos de raça branca (Europóides). Os outros não se acham no horizonte do escritor sagrado* e, portanto, não estariam incluídos por ele no dilúvio. É realmente difícil aceitar que ignorasse a existência dos negros, frequentemente representados nos monumentos egípcios, onde eram também empregados como escravos.

Não é fácil decidir qual das duas hipóteses seja preferível, visto que o texto não fornece elementos suficientes para uma opinião correta. A idéia fundamental do autor sagrado manifesta-se entretanto preservada em ambas interpretações, se bem que, supondo a destruição total da humanidade, esteja-se mais em harmonia com a tonalidade universalística dos capítulos que precedem a história de Abraão.

* que os povos amarelos derivam de Sem, os negros de Cam e oa brancos de Jafé é uma suposição que não encontra qualquer apoio na Bíblia.

(Excertos adaptados da obra 'Páginas Difíceis da Bíblia - Antigo Testamento', de E. Galbiati e A. Piazza)

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

GLÓRIAS DE MARIA: NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

   

A palavra Rosário vem do latim Rosarium, que significa 'Coroa de Rosas'. Nossa Senhora é a Rosa das rosas, Rainha das rainhas, sendo chamada, então, Rosa Mística (como é invocada na Ladainha Lauretana), Rainha das Rosas de todas as devoções, Nossa Senhora do Rosário. Se, a cada Ave Maria, adorna-se a Mãe de Deus com uma rosa espiritual, o Rosário adorna Maria com uma Coroa de todas as Rosas.

O Santo Rosário é a oração mais perfeita e o instrumento mais poderoso que nos é concedido pela Divina Providência para vencer o pecado e as tentações diabólicas. Com o rosário, recordamos o memorial da Paixão de Jesus Cristo e meditamos os mistérios de gozo, dor e glória de Jesus e Maria. Pelo Rosário, a terra se une aos céus, e nós a Nossa Senhora, no louvor ao Senhor nosso Deus. Com o Rosário, alcançamos a paz de coração e a salvação eterna da alma. Pelo Rosário, obtemos a remissão pela culpa e pela pena dos nossos pecados, tornamo-nos herdeiros dos méritos infinitos da Paixão de Jesus e invocamos sobre nós e nossas famílias as graças extraordinárias da Misericórdia Divina. 

A origem do Rosário é antiga, mas se formalizou por meio de uma famosa aparição de Nossa Senhora a São Domingos de Gusmão. No seu ferrenho combate e conversão dos seguidores da seita herética dos albigenses, São Domingos defrontou-se com terríveis dificuldades e perseguições, devido à dureza espiritual daquelas almas. Retirou-se, então, em oração, para um lugar ermo situado nos arredores de Toulouse e suplicou a intercessão da Virgem Maria para os bons propósitos de tão dura missão. 

As suas preces extremadas foram atendidas e o santo recebeu uma aparição de Nossa Senhora que lhe entregou o Rosário (também chamado Saltério de Maria, em referência aos 150 salmos de Davi), ensinando-o como rezá-lo e assegurando ser esta a arma mais poderosa para se ganhar as almas para o Céu. Este evento, respaldado por numerosos documentos pontifícios, é narrado na obra 'Da Dignidade do Saltério', do Bem-Aventurado Alain de la Roche (1428 – 1475), célebre pregador da Ordem Dominicana. Com o Rosário em punho, São Domingos pregou incansavelmente na França, Itália e Espanha a devoção que a própria Senhora do Rosário lhe havia ensinado, convertendo os hereges e os tíbios, e erradicando por completo naqueles países a heresia albigense.


Graças, louvores e indulgências sem conta estão associadas à oração devota do Santo Rosário. Rezai-o sempre, rezai-o todos os dias! O maior milagre que o Rosário pode nos proporcionar é nos fazer plenamente dignos das promessas de Cristo e nos elevar de criaturas humanas na terra a herdeiros diretos do Céu ainda nesta vida.

domingo, 6 de outubro de 2024

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'O Senhor te abençoe de Sião, cada dia de tua vida' (Sl 127)

Primeira Leitura (Gn 2,18-24) - Segunda Leitura (Hb 2,9-11) -  Evangelho (Mc 10,2-16)

  06/10/2024 - VIGÉSIMO SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM

44. 'O QUE DEUS UNIU...' 


No Livro do Gênesis, Deus nos revelou a verdadeira dimensão do matrimônio, a criação do elo único e indissolúvel entre um homem e uma mulher: 'Depois, da costela tirada de Adão, o Senhor Deus formou a mulher e conduziu-a a Adão. E Adão exclamou: “Desta vez, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada ‘mulher’ porque foi tirada do homem”. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne' (Gn 2, 22- 24).

Esta dimensão original havia se perdido no labirinto das paixões humanas. A criatura, recorrente na sua ânsia de saciar seus interesses e paixões mais comezinhas, tomara para si atributos de posse e domínio nas relações humanas, deturpando o caráter sagrado e de profunda harmonia e completude que deveriam existir entre um homem e uma mulher quando 'se tornam uma só carne'. E a carta de divórcio prescrita por Moisés era o prêmio à dissolução dos costumes e ao repúdio à Lei de Deus, para satisfazer os interesses puramente mundanos dos 'duros de coração'.

Jesus, então, ante a malícia dos fariseus, outros tantos 'duros de coração', vai ratificar a concepção original da sacralidade do sacramento do matrimônio: 'No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu o homem não separe!' (Mc 10, 6 - 9). O que Deus uniu, o homem não separe! Eivada em graça pelo sacramento, o matrimônio instaura uma união santa, definitiva, monogâmica, indissolúvel. A decisão de compartilhar a santidade a dois não admite ressalvas: 'Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra, cometerá adultério contra a primeira. E se a mulher se divorciar de seu marido e se casar com outro, cometerá adultério' (Mc 10, 11 - 12).

O matrimônio cristão pressupõe uma família cristã; os pais sendo 'uma só carne' geram os filhos para compartilharem com eles a mesma graça santificante, que se distribui entre todos igualmente no seio de uma família de Deus. Porque, mais do que pais e filhos, somos irmãos em Cristo e, no abandono completo tal como crianças inocentes que se entregam à Santa Vontade de Deus, tornamo-nos merecedores das heranças eternas: 'Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele' (Mc 10, 15).

sábado, 5 de outubro de 2024

FRASES DE SENDARIUM (XXXVIII)

'Um padre nunca entra sozinho no Céu ou no Inferno'

(Cura d'Ars)

Um sacerdote não é um homem comum: como pode alguém capaz de perdoar pecados e realizar o milagre da transubstanciação a cada missa ser um homem comum? Ama profundamente os sacerdotes e reza constantemente por aqueles que parecem homens comuns.

O ROSÁRIO NOSSO DE CADA DIA (V)

  

QUINTO MISTÉRIO GOZOSO: O ENCONTRO DE JESUS NO TEMPLO

Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas respostas. Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: 'Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição' (Lc 2, 46-48).

Nós vos oferecemos, Senhor Jesus, este mistério em honra do vosso Encontro no Templo e vos pedimos, pela intercessão da vossa Mãe Santíssima, a graça da nossa conversão e da conversão de todos os pecadores.

Pai Nosso, 10 Ave Marias, Glória ao Pai, Ó meu Jesus...

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

O ROSÁRIO NOSSO DE CADA DIA (IV)

 

QUARTO MISTÉRIO GOZOSO: A APRESENTAÇÃO

Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, conforme o que está escrito na Lei do Senhor: 'Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor' e para oferecerem o sacrifício prescrito pela Lei do Senhor... (Lc 2, 22-24).

Nós vos oferecemos, Senhor Jesus, este mistério em honra da vossa Apresentação no Templo e vos pedimos, pela intercessão da vossa Mãe Santíssima, a graça e o dom da sabedoria e da pureza de corpo, mente e coração.

Pai Nosso, 10 Ave Marias, Glória ao Pai, Ó meu Jesus...

04 DE OUTUBRO - SÃO FRANCISCO DE ASSIS

 


Filho de um bem sucedido comerciante, Giovanni di Pietro di Bernardone nasceu em 5 de julho de 1182 na cidade de Assis. Na juventude, teve intensa vida social e, interessado pela  cavalaria, chegou a participar de uma guerra na qual acabou sendo aprisionado. A natureza da sua conversão e a própria adoção do nome 'Francisco' são fatos pouco esclarecidos, mas o fato é que o jovem Francisco propôs um novo ideal de pobreza, obediência e castidade, baseado na vivência profunda do evangelho e no exemplo de Cristo.

Neste modelo, fundou a Ordem dos Frades Menores (Franciscanos), que se expandiu por todo o mundo e, juntamente com Santa Clara, fundou a Ordem das Clarissas. Compôs belos hinos religiosos como o chamado 'Cântico das Criaturas', que louva ao Deus da Criação por todos os seres, mesmo inanimados (mas não é de sua autoria a famosa oração da paz comumente atribuída ao santo). Cerca de dois anos antes de sua morte,  recebeu os estigmas da Paixão de Cristo com feridas nas mãos e nos pés e uma chaga no peito. São Francisco de Assis morreu em 3 de outubro de 1226, sendo canonizado menos de dois anos depois. Sua comemoração litúrgica ocorre em 4 de outubro.


Cântico das Criaturas

Altíssimo, onipotente e bom Senhor, a ti subam os louvores, a glória e a honra e todas as bênçãos!

A ti somente, Altíssimo, eles são devidos, e nenhum homem é sequer digno de dizer teu nome.
Louvado sejas, Senhor meu, junto com todas tuas criaturas, especialmente o senhor irmão sol, que é o dia e nos dá a luz em teu nome.
Pois ele é belo e radioso com grande esplendor, e é teu símbolo, Altíssimo.
Louvado sejas, Senhor meu, pela irmã lua e as estrelas, as quais formaste claras, preciosas e belas.
Louvado sejas, Senhor meu, pelo irmão vento, e pelo ar, pelas nuvens e o céu claro, e por todos os tempos, pelos quais dás às tuas criaturas sustento.
Louvado sejas, Senhor meu, pela irmã água, que é tão útil e humilde, e preciosa e casta.
Louvado sejas, Senhor meu, pelo irmão fogo, por cujo meio a noite alumias, ele que é formoso e alegre e robusto e forte.
Louvado sejas, Senhor meu, pela irmã, nossa mãe, a terra, que nos sustenta e nos governa, e dá tantos frutos e coloridas flores, e também as ervas.
Louvado sejas, Senhor meu, por aqueles que perdoam por amor a ti e suportam enfermidades e atribulações.
Benditos aqueles que sustentam a paz, pois serão por ti, Altíssimo, coroados.
Louvado sejas, Senhor meu, por nossa irmã, a morte corpórea, da qual nenhum homem vivo pode fugir.
Pobres dos que morrem em pecado mortal! e benditos quem a morte encontrar conformes à tua santíssima vontade, pois a segunda morte não lhes fará mal.
Louvai todos vós e bendizei o meu Senhor, e dai-lhe graças, e servi-O com grande humildade!

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

O ROSÁRIO NOSSO DE CADA DIA (III)

 

TERCEIRO MISTÉRIO GOZOSO: A NATIVIDADE

E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria... O anjo disse-lhes: 'Não temais, eis que vos anuncio uma Boa-Nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor'. (Lc 2, 7.10-11).

Nós vos oferecemos, Senhor Jesus, este mistério em honra da vossa Santíssima Natividade e vos pedimos, pela intercessão da vossa Mãe Santíssima, a graça do desapego às coisas deste mundo e o amor aos pobres e à pobreza.

Pai Nosso, 10 Ave Marias, Glória ao Pai, Ó meu Jesus...

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'O tempo presente é um tempo para reconhecermos os nossos pecados. Reconhecei o mal que fizestes, por palavras ou por atos, de dia ou de noite. Reconhece-o agora, que é o tempo propício, e no dia da salvação receberás o tesouro celeste. Limpa o teu vaso, para que ele seja capaz de uma graça mais abundante, pois o perdão dos pecados é dado a todos por igual, mas o dom do Espírito Santo é concedido na proporção da fé de cada um. Se trabalhardes pouco, pouco recebereis; se trabalhardes muito, muito será a vossa recompensa. Correis para vosso próprio proveito; olhai, pois, para a vossa própria conveniência. Se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe. Se quereis o perdão dos pecados, deveis perdoar primeiro quem vos ofendeu'.

São Cirilo de Jerusalém

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

O ROSÁRIO NOSSO DE CADA DIA (II)

 

SEGUNDO MISTÉRIO GOZOSO: A VISITAÇÃO

Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? (Lc 1, 41-43).

Nós vos oferecemos, Senhor Jesus, este mistério em honra da Visitação de vossa Santa Mãe à sua prima Santa Isabel e vos pedimos, pela intercessão da vossa Mãe Santíssima, a graça de uma perfeita caridade para com o nosso próximo.

Pai Nosso, 10 Ave Marias, Glória ao Pai, Ó meu Jesus...

ORACÃO AOS NOVE COROS DOS ANJOS


Ó Santos Anjos, vigiai sobre nós em todos os momentos desta vida terrena. Ó Santos Arcanjos, sede nossos guias no caminho para o céu. Ó Coro dos Principados, governai-nos em corpo e alma. Ó Potestades Celestes, preservai-nos contra as ciladas dos demônios. Ó Virtudes Celestes, dai-nos força e coragem na batalha da vida. Ó Dominações Celestes, obtende-nos o domínio sobre a rebelião da nossa carne. Ó Tronos sagrados, concedei-nos a paz para com Deus e para com os homens. Ó Querubins gloriosos, iluminai as nossas mentes com o conhecimento celestial. Ó Serafins iluminados, acendei em nossos corações o fogo da caridade. Amém.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

O ROSÁRIO NOSSO DE CADA DIA (I)


PRIMEIRO MISTÉRIO GOZOSO: A ANUNCIAÇÃO

Entrando, o anjo disse-lhe: 'Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo'... O anjo disse-lhe: 'Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim' (Lc 1, 28.30-33).

Nós vos ofererecemos, Senhor Jesus, este mistério em honra da vossa Encarnação e vos pedimos, pela intercessão da vossa Mãe Santíssima, a graça de uma profunda humildade.

Pai Nosso, 10 Ave Marias, Glória ao Pai, Ó meu Jesus...

01 DE OUTUBRO - SANTA TERESA DE LISIEUX

  


Chamada de ‘maior santa dos tempos modernos’ e recentemente elevada à glória de doutora da Igreja Católica, Teresa de Lisieux transformou-se num dos personagens mais venerados no mundo católico como ‘Santa Teresinha do Menino Jesus’. Feitos extraordinários para uma simples carmelita, que viveu no mais absoluto ostracismo e morreu com apenas 24 anos de idade. Marie Françoise Thérèse Martin nasceu em Alençon, em 02/01/1873, e faleceu em Lisieux, em 30/09/1897. Foi canonizada em 17 de maio de 1925 pelo Papa Pio XI, que posteriormente a declarou ‘Patrona Universal das Missões Católicas’ em 1927. O Papa João Paulo II tornou-a Doutora da Igreja no dia 19 de outubro de 1997. 

Por desígnios divinos, Santa Teresinha foi a preceptora de um particular caminho de santificação: a chamada ‘pequena via’, a via de confiança absoluta à vontade de Deus. Na plena aceitação dos desígnios divinos sobre as almas de cada um de nós, no abandono de nossas vidas nos braços de Jesus Cristo, na entrega total de nossas ações e pensamentos à proteção da Santíssima Virgem: eis aí a pequena via, o caminho da infância espiritual, a gloriosa trilha de santificação para os homens comuns, o espantoso atalho ao Céu, proposto e vivido intensamente pela santa carmelita. Eis a sua pequena via maravilhosa de santificação: basta aceitar a nossa própria pequenez, a imensa fragilidade humana que nos domina, as enormes limitações de viver em plenitude os desígnios de Deus sobre as nossas almas; fazer de tantas imperfeições e fragilidades, não meros obstáculos, mas as próprias pedras do caminho, rejuntadas e consolidadas firmemente num imenso amor e numa confiança sem limites na bondade e misericórdia de Deus. 

Além de cartas e poesias (e outros documentos registrados por suas irmãs do Carmelo), o legado de Santa Teresinha está por inteiro em sua famosa obra ‘História de uma alma’ (publicado originalmente em 1898), que registra, além de seus manuscritos autobiográficos e de suas proposições espirituais, as premissas e os fundamentos do seu caminho da infância espiritual. 

Nesta pequena via, a santificação começa e termina pelo propósito de fazer, de cada dia, mais um passo na peregrinação ao Céu, transformando cada ação diária, cada ato da nossa vida mundana, por mais simples e despojado que seja, em obra de perfeição cristã, compartilhado e vivido para a plena glória do Pai (‘sede perfeitos como vosso Pai do Céu é perfeito’). Nesta pequena via, a santificação é caminho simples e fácil para todos os homens e mulheres dos nossos tempos, e precisa apenas da resolução tão claramente expressa na curta vida da carmelita de Lisieux: ‘nunca distanciar a minha alma do olhar de Jesus’.