376. COMO RECEBIA AS INJÚRIAS
Santa Joana de Orvieto suportava com indizível alegria todas as injúrias de que era alvo. Tinha o costume de rezar duzentas vezes a oração dominical por aqueles que lhe haviam feito mal. Suas amigas diziam: 'Se alguém deseja obter as orações de Joana, basta cobri-la de injúrias'.
377. ULTRAJE CASTIGADO
O doutor Favas narrou a Luís Veuillot o seguinte: 'Um dia apresentou-se a mim um indivíduo com uma chaga na perna direita, causada por uma bala de fuzil. A ferida era de um caráter todo especial. Depois de deixar-se examinar, disse-me o paciente em tom resoluto e seguro:
➖ Senhor doutor, todo o remédio será inútil: esta chaga me acompanhará até à sepultura.
➖ Por que? - perguntei-lhe.
➖ Pela seguinte razão: 'Em 1793, o meu regimento recebeu ordem de participar da campanha da Espanha. Tendo transposto os Pirineus, encontramo-nos numa pequena aldeia. Eu estava em companhia de outros dois soldados, Francisco e Tomás; tínhamos as idéias daqueles tempos, isto é, éramos incrédulos, ou melhor, ímpios, como era a moda então. Tomás, vendo uma estátua de Nossa Senhora sobre a porta de uma casa, disse: 'Vejamos quem acerta primeiro aquele infame objeto de superstição'. Disparou então e a bala atingiu a estátua na fronte. Francisco, por sua vez, apontou o fuzil e atingiu a estátua no peito. Eu não queria seguir o exemplo dos companheiros: lembrava-me de minha mãe, que era muito religiosa; não pude, porém, resistir às zombarias dos companheiros: tremendo, encostei o fuzil ao ombro, fechei os olhos quase involuntariamente e atingi a estátua...
➖ Na perna? indaguei.
➖ Sim, exatamente onde recebi esta ferida. Uma senhora idosa que nos observava exclamou: 'Os senhores vão à guerra, e o que acabam de fazer não lhes trará felicidade!' E a profecia realizou-se. Tomás foi o primeiro ferido, e precisamente na testa, como ele ferira a estátua.
Reconhecemos logo que era uma lição do céu. No outro dia bem cedo, Francisco, prevendo o que ia acontecer, apertou-me a mão e disse-me: 'Hoje é a minha vez!' E não se enganou. Meu Deus! Não me esquecerei nunca do que vi. Uma bala atravessou-lhe o peito de um lado ao outro. Ele rolava no pó, chamando um padre que, naquele momento, era impossível encontrar.
Eu não tinha mais dúvida, e esperava o que ia me acontecer. Realmente: fui ferido na perna; aí está o meu caso. Não sararei nunca, mas dou graças a Deus e a Nossa Senhora que me concederam tempo para reparar o mal que fiz.
378. O CASTIGO NÃO SE FEZ ESPERAR
Em 1931, na festa de Corpus Christi, o bispo de Nantes (França), por causa do mau tempo, suspendeu a procissão do Santíssimo Sacramento. No dia seguinte, os jornais socialistas e maçônicos de Nantes zombavam da decisão do prelado. 'O que faz o vosso Deus?' (escrevia um deles em tom de desprezo). 'Nós nos rimos dele. No próximo domingo, 7 de junho, organizamos uma excursão a Saint-Nazaire pelo vapor Saint Philibert. Vereis como tudo correrá bem, apesar de que todos os excursionistas perderão a missa para participar do cruzeiro'.
Chegou o domingo 7 de junho. Eram 600 os passageiros que bem cedo embarcaram no vapor. O Saint Phiiibert desceu bem o Loire, chegou a Saint-Nazaire e depois saiu do estuário e entrou no Atlântico para um breve giro ao largo. De repente formou-se um denso nevoeiro; não se via nem se ouvia nada a dez metros de distância. Não demorou muito a catástrofe: um choque tremendo com um poderoso transatlântico, que partiu ao meio o pequeno vapor francês. Após dois minutos de gritos de terror, um silêncio de morte. O Saint Philibert submergiu no oceano para sempre. 499 excursionistas desapareceram nas ondas; quatro enlouqueceram; os outros foram salvos com dificuldade por outro vapor; o capitão, desesperado, deixou-se afundar com seu navio. Assim respondia Deus à provocação dos míseros homenzinhos da seita.
379. HEROÍNA CHINESA
Maria Lute, presidente da Congregação Mariana das moças de Wu-hu, na China, apesar de recebida na religião há apenas dois anos, distinguia-se por sua modéstia e fervor. Todos os professores de certa escola católica bandearam-se para a igreja cismática, organizada pelos comunistas, exceto Maria. No dia 12 de maio, véspera de Pentecostes, enfrentou o tribunal popular, permanecendo firme na fé, sem que a pudessem de modo algum seduzir ou amedrontar. Até os professores, seus colegas, a injuriavam. Antes que lhe atassem as mãos, escreveu em um bilhetinho: 'Eu sou chinesa e, como tal, amo a minha pátria. Eu sou cristã e, assim sendo, amo a Deus, a lgreja, o Santo Padre e os missionários'. Enquanto o povo estendia o punho, exclamando: 'Matem-na! Matem-na!' - Maria olhava para todos com grande serenidade até que a arremessaram na prisão.
380. RESPEITO HUMANO CASTIGADO
O respeito humano é uma vileza e uma escravidão. Eusébio, pai de Constantino Magno, passava em revista os seus soldados. Parado no meio do campo, exclamou:
➖ Os que forem cristãos venham para a minha direita.
Alguns tremeram, pois sabiam que Eusébio era idólatra. Eusébio por sua vez sabia que muitos dos seus soldados eram cristãos. Alguns valentes, com passo resoluto, puseram-se à sua direita, exclamando:
➖ Nós somos cristãos.
O imperador olhou para eles com firmeza e disse:
➖ Sois vós e mais ninguém?
Nenhum dos outros se moveu do lugar. Então dirigindo-se aos que estavam à sua direita, disse Eusébio:
➖ Vós formareis a minha legião de honra e todos os outros serão expulsos de minhas fileiras, porque da mesma maneira com que hoje se envergonharam de seu Deus diante do imperador, amanhã, terão vergonha do imperador diante do inimigo.
(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)