'A alegria, que não se perturba nunca, somente é encontrada no Céu'
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
FRASES DE SENDARIUM (XLII)
(Santa Teresa de Ávila)
Nas tuas pequenas e grandes alegrias, louva o Pai pela graça de perceber que és capaz de alcançar objetivos e metas; nos teus pequenos ou grandes fracassos, louva o Pai ainda mais por te mostrar que sem Ele tu és nada...
segunda-feira, 9 de dezembro de 2024
SEGUNDA SEMANA DO ADVENTO
AS GRANDES FIGURAS DO ADVENTO
O Tempo do Advento assinala o começo de um novo ano litúrgico e nos propõe uma atitude de espera vigilante, preparando-nos para a celebração do Natal de Jesus Cristo. Este tempo de vigilância, conversão e alegria é regido pela presença e exemplos de três figuras singulares: Isaías, João Batista e Maria. Isaías é o profeta da esperança, João Batista é o arauto da revelação divina, Maria é a bendita entre todas as mulheres porque é a Mãe de Deus.
ISAÍAS
Isaías é o profeta messiânico por excelência, o precursor dos evangelistas. É Isaías quem declara que Jesus será da estirpe de Davi, é Isaías quem profetiza o nascimento de Cristo através de uma virgem, são de Isaías as profecias sobre a Paixão e Morte do Senhor, sobre a Santa Igreja de Deus e sobre a pregação de João Batista. É Isaías que anuncia a libertação dos judeus do exílio na Babilônia: 'Consolai o meu povo, consolai-o, diz o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém e dizei em alta voz que sua servidão acabou e a expiação de suas culpas foi cumprida' (Is 40, 1-2). Esta manifestação profética, entretanto, extrapola os limites da Antiga Aliança e assume um caráter messiânico: pela conversão, o homem do pecado há de se tornar digno de contemplar a própria glória de Deus.
JOÃO BATISTA
E eis que surge então outro profeta, o maior de todos, maior que Isaías, Moisés ou Abraão, aquele que foi aclamado pelo próprio Cristo como 'o maior dentre os nascidos de mulher' (Mt 11,11), que vai fazer o anúncio definitivo da chegada do Messias ao mundo: 'Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias' (Mc 1, 7). Como precursor imediato e direto do Messias e arauto desta revelação divina ao povo judeu, João vai se autoproclamar como 'a voz que clamava no deserto', símbolo dos terrenos estéreis e calcinados das almas tíbias e vazias dos homens daquele tempo. E, nesse sentido, João Batista é tão atual quando da época de sua profecia e sua mensagem ressoa pelos séculos para ser ouvida e vivida, agora como arauto do Senhor da Segunda Vinda: 'Eu vos batizei com água, mas Ele vos batizará com o Espírito Santo' (Mc 1, 8).
MARIA
Maria é a obra prima de Deus, cheia de graça desde a sua concepção, cheia de graça em cada ação ou pensamento que teve nesta terra. Atenta e silenciosa ao planos de Deus, é o modelo perfeito para a nossa vivência do advento e preparação para o Natal - 'Fazei tudo o que Ele vos disser' (Jo 2, 5). E a Virgem de Nazaré, antes de ser a Mãe, oferece-se como serva e escrava do seu Senhor e do seu Deus: 'Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!' (Lc 1, 38). O Céu e a terra, as miríades dos anjos e dos homens de todos os tempos, hão de bendizer e louvar a glória daquele dia e a consumação daquele 'Fiat!' Sim, porque naquele momento, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro se fez, então, carne na carne de Maria e se fez carne a Nossa Salvação.
domingo, 8 de dezembro de 2024
EVANGELHO DO DOMINGO
'Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque Ele fez prodígios!' (Sl 97)
Primeira Leitura (Gn 3,9-15.20) - Segunda Leitura (Ef 1,3-6.11-12) - Evangelho (Lc 1,26-38)
08/12/2024 - SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA VIRGEM MARIA
IMACULADA CONCEIÇÃO DA VIRGEM MARIA
'Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina de que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus Onipotente, em atenção aos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de culpa original; essa doutrina foi revelada por Deus, e deve ser, portanto, firme e constantemente crida por todos os fiéis'.
(Beato Papa Pio IX, na proclamação do dogma da Imaculada Conceição, em 08 de dezembro de 1854)
O Segundo Domingo do Advento de 2024 coincide com a festa da solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora e, por uma exceção única do rito litúrgico da Igreja, o Evangelho deste domingo é comumente transferido para a solenidade (pela vinculação desta festa com o Natal próximo e pela enorme devoção popular da solenidade) em vez do evangelho correspondente ao Segundo Domingo do Advento, que tem precedência no rito litúrgico. Nossa Senhora, criatura superior a tudo quanto já foi criado, e inferior somente à humanidade santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo, recebeu de Deus o privilégio incomparável da Imaculada Conceição.
Desta forma, Maria foi preservada de qualquer pecado desde que foi concebida, porque recebeu naquele instante o Espírito Santo de Deus. O 'sim' de sua entrega incondicional à vontade de Deus, 'Eis aqui a serva do senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!' (Lc 1, 38), não teria sido possível se, mesmo livre de qualquer pecado durante toda a sua vida, Maria tivesse, a exemplo de toda a humanidade, a mancha do pecado original. Deus, ao cumular Maria de tantas graças extraordinárias, não permitiu que ela estivesse separada dele em nenhum segundo de sua existência e, assim, Maria não conheceu o pecado desde a sua concepção.
A Santa Igreja ensina que Maria Santíssima foi preservada do pecado original, em previsão aos futuros méritos da Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo que, assim, a pré-redimiu desde o primeiro instante da sua existência. Sendo concebida sem pecado original, Maria ficou também preservada de qualquer tendência para o mal decorrente do pecado original. Não é crível que Deus Pai onipotente, podendo criar um ser em perfeita santidade e na plenitude de inocência, não fizesse uso de seu poder a favor da Mãe de seu Divino Filho. Como explicitou, de forma definitiva, o beato franciscano João Duns Scoto (1265-1308), em sua exposição quando da defesa da Imaculada Conceição na Universidade de Paris: 'Potuit, decuit, ergo fecit' - Deus podia fazê-lo, convinha que o fizesse, logo o fez.
O fundamento deste privilégio mariano está na absoluta oposição existente entre Deus e o pecado. Ao homem concebido no pecado, contrapõe-se Maria, concebida sem pecado. Santa e imaculada conforme a saudação do Anjo da Anunciação: 'Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!' (Lc 1, 28). E, assim, a primeira a se regozijar das infinitas graças da redenção de Cristo, primícias de nossa fé cristã.
sábado, 7 de dezembro de 2024
TRATADO SOBRE A HUMILDADE (XIV)
63. Os mistérios da graça e da predestinação deixariam de ser mistérios se fôssemos capazes de os compreender com o nosso entendimento. Deter-nos a considerar se Deus perdoou ou não os nossos pecados, se vivemos em estado de graça, se estamos predestinados... é, em si mesmo, um ato de temeridade e de orgulho, na medida em que procuramos conhecer os juízos ocultos de Deus, que não quer que os conheçamos para que permaneçamos na humildade. 'Não sejais soberbos, mas temei', nos diz São Paulo [Rm 11,20].
Devo ser muito grato a quem me ajuda a manter a humildade, submetendo-me a humilhações de palavra e de ação, porque está a cooperar com a misericórdia divina para realizar a obra da minha salvação eterna. E, embora não pense na minha salvação quando me ofende é, no entanto, um instrumento dela, e todo o mal vem de mim, se eu não fizer bom uso dele. Santo Ambrósio diz de Davi, quando foi insultado por Semei com vitupérios e apedrejamentos, que ele 'se calou e se humilhou' [Lib. 1, Offic., cap. xviii], mantendo a mente fixa neste único pensamento: 'O Senhor mandou que ele me amaldiçoasse' [2Sm 16,10]. Estamos gratos ao cirurgião que nos faz sangrar, mesmo que ele não esteja a pensar na nossa saúde, mas no ofício particular da sua profissão. Portanto, se o entendêssemos, não como filósofos estóicos mas como bons cristãos, deveríamos ser gratos àqueles que nos humilham, pois, embora não tenham a intenção de nos tornar humildes, mas apenas a de nos humilhar, na realidade essa humilhação ajuda-nos a adquirir a humildade, se for esse o nosso desejo.
O benefício é um benefício real, embora aquele que o confere não tenha intenção de que assim seja. O insulto só é insulto na intenção de quem o profere, e a humilhação só pertence a quem a recebe; e é um meio muito seguro de adquirir e praticar a humildade, se soubermos recebê-la com espírito cristão. Para este fim, Deus permite que sejamos humilhados em certas ocasiões, para que possamos dar uma prova de nossa virtude 'no cadinho da humilhação' [Eclo 2,5], e o professor desta sábia regra continua a dizer: 'Humilha o teu coração e suporta' [Eclo2,2].
64. Tudo depende da maneira pela qual encaramos as coisas. A vida, se nos regermos pelas máximas do mundo, é certo que nos inspirará orgulho; e é igualmente certo que, se nos regermos pelas máximas do Evangelho, nos inspirará humildade. De acordo com o mundo, devemos repelir um insulto com raiva e ressentimento mas, de acordo com o Evangelho, devemos aceitá-lo com uma paciência humilde, prudente e mansa. 'Esta palavra é dura' [Jo 6,61]. Mas quanta paciência não exercitamos para agradar ao mundo! Paciência que muitas vezes é amarga e dura! E será, portanto, uma 'palavra dura' o fato de termos de ter paciência e humildade para agradar a Deus? Diremos então: 'Ah, minha alma miserável, ocupemo-nos das coisas deste mundo, dos pensamentos, das ideias e dos escrúpulos deste mundo, das suas obrigações e opiniões, das suas políticas, amores e caprichos?' Eu bem sei que a humildade só pode ser trabalhosa e fatigante numa atmosfera assim, tão cheia de mundanismo, pois como diz a Sagrada Escritura: 'A humildade é uma abominação para os orgulhosos' [Eclo 13,24].
Mas elevemo-nos acima do mundo e de suas opiniões e, à luz da verdade eterna da fé, descobriremos que essa virtude não é apenas fácil, mas doce e agradável, porque tudo o que o Cristo nos disse é verdade, e depois de nos ter exortado a aprender a humildade com Ele: 'Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração', Ele imediatamente acrescentou: 'Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve'. A verdade não pode mentir; nós é que nos recusamos a ouvi-la. Somos governados pelo mundo e, por isso, ouvimos falar da humildade como uma 'palavra difícil'. Mas lembremo-nos de um outro ditado verdadeiro que nos diz que, se não formos humildes, não podemos ser salvos. Grande é o reino a que aspiramos, diz Santo Agostinho; mas humilde é o caminho que conduz a ele - Excelsa est patria, humilis est via. De que serve o nosso anseio pelo Paraíso, se não percorrermos o caminho da humildade, que é o único que conduz a ele? 'Por que procura a sua terra natal aquele que se recusa a seguir o caminho que conduz a ela?' [Tract. 78].
('A Humildade de Coração', de Fr. Cajetan (Gaetano) Maria de Bergamo, 1791, tradução do autor do blog)
sexta-feira, 6 de dezembro de 2024
50 ATOS PARA AMAR JESUS DE TODO O CORAÇÃO
1. Desejar incessantemente crescer no amor a Jesus Cristo.
2. Fazer muitas vezes atos de amor a Jesus Cristo, desde o acordar até o adormecer, e procurar sempre unir a sua vontade com a de Jesus.
3. Meditar muitas vezes na Paixão de Jesus Cristo.
4. Pedir continuamente a Jesus o seu amor.
5. Comungar frequentemente, e fazer a comunhão espiritual muitas vezes ao dia.
6. Visitar muitas vezes nosso Senhor Sacramentado.
7. Receber cada dia da mão de Jesus a cruz que deve ser levada.
8. Desejar o paraíso e a morte, para amar perfeita e eternamente a Jesus Cristo.
9. Falar muitas vezes do amor de Jesus Cristo.
10. Aceitar as contrariedades diárias por Jesus Cristo.
11. Regozijar-se da felicidade de Deus.
12. Praticar o que é mais do agrado de Jesus Cristo, e nada lhe recusar do que lhe é agradável.
13. Desejar que todos amem a Jesus Cristo e trabalhar para isto pelos meios ao alcance de cada um.
14. Orar sempre pelos pecadores e pelas almas do purgatório.
15. Remover do coração todo o afeto que não seja para Jesus Cristo.
16. Recorrer frequentemente a Maria para obter, pela sua intercessão, o amor a Jesus Cristo.
17. Honrar Maria para agradar a Jesus.
18. Colocar em todas as ações o fim de agradar a Jesus.
19. Oferecer-se a Jesus Cristo para sofrer toda a sorte de penas pelo seu amor.
20. Estar decidido a antes morrer do que cometer um pecado venial de propósito deliberado.
21. Levar com paciência as cruzes, dizendo: 'Assim o quer Jesus Cristo'.
22. Negar-se a si mesmo, renunciando a própria vontade pelo amor de Jesus Cristo.
23. Dar-se à oração o mais que puder.
24. Praticar todas as mortificações que a obediência permitir.
25. Fazer cada uma das nossas ações como se fosse pela última vez.
26. Perseverar nas boas obras no tempo de aridez.
27. Nada fazer e nada omitir pelo amor do respeito humano.
28. Não se queixar das enfermidades.
29. Amar a solidão para estar somente com Jesus Cristo.
30. Banir a melancolia.
31. Recomendar-se muitas vezes às pessoas que amam a Jesus Cristo.
32. Nas tentações, recorrer a Jesus crucificado e a Maria, Mãe de dores.
33. Ter grande confiança na paixão de Jesus Cristo.
34. Não se esmorecer depois de uma falta; arrepender-se e tomar a resolução de se emendar.
35. Pagar o mal com o bem.
36. Falar bem de todos; desculpar a intenção, quando não se pode justificar o ato.
37. Socorrer o próximo em proporção das suas posses.
38. Nada fazer e nem dizer que cause desgosto ao próximo; e se faltou à caridade, pedir perdão ou falar com doçura.
39. Falar sempre com mansidão e voz submissa.
40. Oferecer a Jesus Cristo todas as humilhações ou perseguições recebidas.
41. Considerar nos seus superiores a pessoa de Jesus Cristo.
42. Obedecer sem réplica e sem repugnância.
43. Amar os serviços mais simples e baixos.
44. Amar as coisas pobres.
45. Não falar de si mesmo nem bem e nem mal.
46. Gostar de se humilhar.
47. Não se desculpar quando se é repreendido.
48. Não se defender quando o culpam.
49. Não falar quando estiver agitado.
50. Renovar continuamente a resolução de santificar-se.
(Excertos da obra 'As mais Belas Orações', de Santo Afonso de Ligório)
quinta-feira, 5 de dezembro de 2024
GALERIA DE ARTE SACRA (XL)
'A ALEGORIA DO HOMEM' é uma obra religiosa inglesa, provavelmente do final do século XVI, cuja origem e autor são desconhecidos. Mas, por outro lado, possui um simbolismo óbvio que reflete a luta contínua do homem na busca da sua santificação e do Céu, enfrentando os perigos e as tentações do mundo. Diante dele - e ao seu redor - a morte e os sete pecados capitais o desafiam a cada instante e, como escudo e carapaça, as sete virtudes o protegem e o conservam no caminho para Deus.
A donzela à esquerda, bela e nobre, empunha um arco retesado e pronto a disparar três flechas contra o homem escolhido como alvo. As flechas estão assinaladas com os pecados capitais que representam: Gula, Preguiça e Luxúria (todas as inscrições em inglês arcaico). Logo abaixo dela, um nobre empunha uma besta [uma arma contendo um arco de flechas, adaptado a uma das extremidades, para disparar dardos ou flechas] mirada em direção ao homem, com o significado de Avareza.
No canto inferior direito da pintura, tem-se a figura de um demônio com chifres, asas de morcego e uma serpente no dorso que, por sua vez, tem também três fechas direcionadas contra o homem, gravadas como Orgulho, Inveja e Ira. Acima dele, um esqueleto com escudo e espada afronta o homem como o aguilhão da morte. A frase no escudo estampa o simbolismo da morte como um furtivo ladrão: 'atrás de ti... roubar como um ladrão.. a vida devorar'.
A figura central do homem encontra-se envolvido por um escudo de Virtudes Cristãs (cujos nomes estão inscritos no pergaminho branco [eventualmente com outros termos à época], que forma uma espiral em torno de sua figura), sustentado por um anjo e terminada com a seguinte inscrição: 'Sede sóbrios, portanto, e vigiai, pois não sabeis nem o dia e nem a hora'. O homem utiliza um traje militar da época (muitos adereços da pintura têm igualmente uma natureza similar), indicando que a pintura possa ter sido provavelmente destinada a uma pessoa de formação militar.
Entre nuvens espessas, acima do homem, pequenos anjos alados centram os seus olhares na figura do Cristo Ressuscitado, que está segurando uma grande cruz de madeira. As feições do homem são muito parecidas com as do próprio Cristo, como a indicar que a santificação é alcançada na medida em que o homem progride na observância estrita ao exemplo de Jesus Cristo. A inscrição ao lado de Cristo está em latim: Gratia me svficit tibie (2Cor 12,9) - Basta-te a minha graça.
A moldura inferior possui a seguinte inscrição (de tradução livre pelo autor do blog): 'Ó homem, qual miserável criatura ansiosa por riquezas, poder ou quaisquer outras coisas mundanas, guarda lembrança dos teus inimigos que, continuamente, buscam te destruir e reduzir a nada, sem dignidade e sem os bens eternos. Assim, jejua, vigia e reza continuamente com especial fervor ao vosso Senhor ['capitão', numa tradução mais literal], que é o único capaz de te defender dos seus terríveis ataques'.
quarta-feira, 4 de dezembro de 2024
O PENSAMENTO VIVO DO CARDEAL PIE DE POITIERS
'Ouvi esta máxima, ó católicos cheios de temeridade, que tão rapidamente adotais as idéias e a linguagem do vosso tempo, vós que falais de reconciliar a fé e de reconciliar a Igreja com o espírito moderno e com a nova lei. E vós que aceitais com tanta confiança as mais perigosas perseguições daquilo a que a nossa época tão orgulhosamente chama 'Ciência', vede até que ponto vos afastais do programa traçado pelo grande Apóstolo: 'Ó Timóteo, guarda o que te foi confiado, evitando as novidades profanas das palavras e as oposições da ciência falsamente chamada' (ITm 6,20).
Mas tende cuidado. Com tais temeridades, logo somos levados mais longe do que pensávamos. E ao colocarem-se na ladeira das novidades profanas - ao obedecerem às correntes da chamada ciência - muitos perderam a Fé. Não vos entristecestes muitas vezes e não vos assustastes, meus veneráveis irmãos, ao ouvir a linguagem de certos homens que se julgam ainda filhos da Igreja, homens que ainda se dizem católicos e que se aproximam muitas vezes da Mesa do Senhor? Acreditais ainda que são filhos, acreditais ainda que são membros da Igreja, aqueles que, envolvendo-se em frases tão vagas como as aspirações modernas e a força do progresso e da civilização, proclamam a existência de uma consciência laica e política oposta à consciência da Igreja, contra a qual se arrogam o direito de reagir, para a sua correção e renovação? São passageiros que, acreditando estar ainda na barca, e brincando com as novidades profanas e a ciência mentirosa do seu tempo, já afundaram e estão no abismo'.
'Nem em sua Pessoa, nem no exercício dos seus direitos, Jesus Cristo pode ser dividido, dissolvido, cindido; nele a distinção de naturezas e operações nunca pode ser separada ou oposta; o divino não pode ser incompatível com o humano, nem o humano com o divino. Pelo contrário, é a paz, a aproximação, a reconciliação; é o próprio caráter de união que fez das duas coisas uma só: 'Ele é a nossa paz, que fez de ambos uma só coisa...' (Ef 2,14). É por isso que São João nos diz: 'todo o espírito que dissolve Jesus não é de Deus. E este é o Anticristo, do qual ouvistes que vem, e já está no mundo' (1Jo 4,3). Quando ouço certos discursos que se espalham por aí, certas afirmações pomposas, tal como 'separação da Igreja e do Estado' ou 'Uma Igreja livre num Estado livre' - ambos bocas maçônicas, prevalecendo de dia para dia, e que estão a ser introduzidas no coração das sociedades, o dissolvente pelo qual o mundo deve perecer, eu dou este grito de alarme: 'Cuidado com o Anticristo!'
'Não será a nossa época uma época de vidas mal vividas, de homens sem homem? Por que? Porque Jesus Cristo desapareceu. Onde quer que o povo seja verdadeiramente cristão, há homens em grande número, mas em todo o lado e sempre, se o cristianismo murchar, os homens murcham. Se olharmos bem, já não são homens, mas sombras de homens. O mundo diminui por falta de homens; as nações perecem por escassez de homens, por raridade de homens. Eu creio: não há homens onde não há caráter; não há caráter onde não há princípios, doutrinas, tomadas de posição; não há tomadas de posição, nem doutrinas, nem princípios, onde não há fé religiosa e, por conseguinte, não há religião da sociedade. Fazei o que quiserdes: só de Deus obtereis verdadeiramente homens'.
terça-feira, 3 de dezembro de 2024
ANO LITÚRGICO 2024 - 2025
O Ano Litúrgico 2024-2025, de acordo com o rito católico romano, vai desde o primeiro domingo do Advento (01/12/2024) até a solenidade de Cristo Rei do Universo (23/11/2025), durante o qual a Igreja celebra todo o mistério de Cristo, desde o nascimento até a sua segunda vinda. O Ano Litúrgico 2024-2025 é o Ano C, no qual os exemplos e os ensinamentos de Jesus Cristo são proclamados a cada domingo pelas leituras principais, retiradas do Evangelho de São Lucas, com exceção de ocasiões especiais (as chamadas Festas e Solenidades do rito litúrgico), quando são utilizadas leituras específicas do Evangelho de São João.
O ano litúrgico compreende dois tempos distintos: os chamados tempos fortes que incluem Advento, Natal, Quaresma e Páscoa, durante os quais certos mistérios particulares da obra redentora e salvífica de Cristo são celebrados e o chamado Tempo Comum, no qual celebramos o Mistério de Cristo em sua totalidade, ou seja, encarnação, vida, morte, ressurreição e ascensão do Senhor.
O Tempo Comum é subdividido em duas partes. A primeira parte começa no dia seguinte à festa do Batismo de Jesus (12/01/2025) e vai até a terça-feira antes da Quarta-feira de Cinzas (05/03/2025), quando tem início a Quaresma. A segunda parte do Tempo Comum recomeça na segunda-feira depois de Pentecostes (08/06/2025) e se estende até o sábado que antecede o primeiro domingo do Advento (30/11/2025), quando tem início um novo Ano Litúrgico, compreendendo sempre um período de 33 ou 34 semanas.
segunda-feira, 2 de dezembro de 2024
PRIMEIRA SEMANA DO ADVENTO
Anunciamos a vinda de Cristo: não apenas a primeira mas também a segunda, muito mais gloriosa. Pois a primeira revestiu um aspecto de sofrimento, mas a Segunda manifestará a coroa da realeza divina.
Aliás tudo o que concerne a nosso Senhor Jesus Cristo tem quase sempre uma dupla dimensão. Houve um duplo nascimento: primeiro, ele nasceu de Deus, antes dos séculos; depois nasceu da Virgem, na plenitude dos tempos. Dupla descida: uma discreta como a chuva sobre a relva; outra, no esplendor, que se realizará no futuro.
Na primeira vinda, ele foi envolto em faixas e reclinado num presépio; na segunda, será revestido num manto de luz. Na primeira, ele suportou a cruz, sem recusar a sua ignomínia; na segunda, virá cheio de glória, cercado de uma multidão de anjos.
Não nos detemos, portanto, somente na primeira vinda mas esperamos ainda, ansiosamente, a segunda. E assim como dissemos na primeira: 'Bendito o que vem em nome do Senhor' (Mt 19,9), aclamaremos de novo, no momento de sua segunda vinda, quando formos com os anjos ao seu encontro para adorá-lo: 'Bendito o que vem em nome do Senhor'.
Por isso, o símbolo da fé que professamos nos é agora transmitido, convidando-nos a crer naquele que subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Nosso Senhor Jesus Cristo virá portanto dos céus, virá glorioso no fim do mundo, no último dia. Dar-se-á a consumação do mundo, e este mundo que foi criado será inteiramente renovado.
(Das Catequeses de São Cirilo de Jerusalém)
domingo, 1 de dezembro de 2024
EVANGELHO DO DOMINGO
'Senhor meu Deus, a Vós elevo a minha alma!' (Sl 24)
Primeira Leitura (Jr 33,14-16) - Segunda Leitura (1Ts 3,12-4,2) - Evangelho (Lc 21,25-28.34-36)
01/12/2024 - PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO
'FICAI ATENTOS PARA FICARDES DE PÉ'
Hoje começa um novo ano litúrgico da Santa Igreja com o Tempo do Advento, período que os cristãos são conclamados a viver em plenitude as graças da expectativa, da conversão e da esperança, à espera do Senhor Que Vem. O Ano Litúrgico 2024-2025 é o Ano C, no qual os exemplos e ensinamentos de Jesus Cristo são proclamados a cada domingo pelas leituras do Evangelho de São Lucas.
O Tempo do Advento compõe-se de um período de quatro semanas, representando os séculos de espera da humanidade pela vinda do Redentor. A primeira semana é dedicada aos Novíssimos do homem e à segunda vinda de Nosso Senhor. A segunda e a terceira semanas são dedicadas ao Precursor João Batista e a quarta semana, à preparação para o nascimento já próximo do Salvador (no Natal). Nesse período, a liturgia se reveste de austeridade, utilizando-se de paramentos roxos, retirando as flores de ornamentação das igrejas e omitindo-se o canto do Glória durante a Santa Missa.
Assim, o novo ano litúrgico começa com o anúncio por Jesus de sua Segunda Vinda gloriosa aos homens dos tempos finais: 'eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória' (Lc 21, 27), manifestação que será precedida por eventos portentosos: 'Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas' (Lc 21, 25 - 26). Jesus exorta, então, a todos os seus discípulos (os Apóstolos e os homens em geral) sobre a necessidade da estrita vigilância, na oração constante e na confiança de uma vida de plenitude cristã, diante das coisas do mundo, que passam e repassam no cotidiano de nossas vidas, mas que não têm valores de eternidade: 'Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra' (Lc 21, 34 - 35).
Vigiar significa essencialmente não pecar, não ofender a Santidade de Deus com as misérias e as fragilidades humanas, não conspurcar a Infinita Pureza da alma, que nos foi legada um dia, com a lama dos prazeres, frivolidades e maldades de uma vida profanada pelos valores do mundo. Porque haverá o dia do juízo, no qual os homens serão levados ou deixados para trás: ''ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem' (Lc 21, 36). Vigiar é viver na confiança absoluta aos ditames de Divina Providência: 'levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima' (Lc 21, 28). Vigiar é estar preparado para que sejam santos todos os dias de nossa vida para que Deus escolha, dentre eles, o mais belo, para receber de volta as almas vigilantes que Ele próprio desenhou para a eternidade.
sábado, 30 de novembro de 2024
O DOGMA DO PURGATÓRIO (XCII)
Capítulo XCII
Vantagens e Recompensas pela Devoção às Santas Almas - O Castigo para com os que Esquecem as Almas Sofredoras - Venerável Archangela Panigarola e a Alma do seu Pai
Se as almas são tão gratas para com os seus benfeitores, Nosso Senhor Jesus Cristo, que as ama, que recebe como feito a si mesmo todo o bem que lhes proporcionamos, dar-lhes-á uma recompensa abundante, muitas vezes ainda nesta vida, e sempre na outra. Ele considera os que fazem misericórdia e castiga os que se esquecem de a fazer para com as almas sofredoras.
Vejamos primeiro um exemplo de castigo. A Venerável Archangela Panigarola, religiosa dominicana e prioresa do Mosteiro de Santa Marta de Milão, tinha um zelo extraordinário pelo alívio das almas do Purgatório. Rezava e obtinha orações por todos os seus amigos falecidos, e até por aqueles que lhe eram desconhecidos, mas de cuja morte tinha sido avisada. Seu pai, Gothard, a quem ela amava ternamente, era um desses cristãos do mundo que raramente pensavam em rezar pelos mortos. Ele próprio morreu e, muito desconsolada, Archangela compreendeu que o seu querido pai precisava mais das suas orações do que das suas lágrimas. Por isso, tomou a resolução de o recomendar a Deus por sufrágios especiais. Mas, por estranho que pareça, esta resolução quase nunca foi posta em prática; esta rapariga, tão piedosa e devota do seu pai, fez muito pouco pela sua alma. Deus permitiu que, apesar das suas santas resoluções, ela o esquecesse continuamente e se interessasse por outros.
Por fim, um acontecimento inesperado explicou este esquecimento inusitado e despertou a sua devoção em favor do pai. No dia da festa de todos os santos, permaneceu isolada na sua cela, ocupada exclusivamente em exercícios de piedade e penitência para alívio das santas almas. De repente, o seu anjo apareceu-lhe, tomou-a pela mão e conduziu-a em espírito ao Purgatório. Entre as primeiras almas que viu, reconheceu a de seu pai, mergulhada numa lagoa de água gelada. Mal Gothard viu sua filha e, aproximando-se dela, censurou-a dolorosamente por tê-lo abandonado em seus sofrimentos, enquanto ela mostrava tanta caridade para com os outros, a quem constantemente socorria, e frequentemente livrava aqueles que, no entanto, lhe eram estranhos.
Archangela ficou durante algum tempo confusa diante estas censuras, que sabia merecer; em breve, porém, derramando uma torrente de lágrimas, respondeu: 'Farei, meu querido pai, tudo o que me pedes. Queira Deus dar ouvidos às minhas súplicas e livrar-te rapidamente'. Enquanto isso, ela não podia se recuperar de seu espanto, nem entender como ela poderia ter esquecido tanto o seu amado pai. Depois de a levar de volta, o seu anjo disse-lhe que esse esquecimento tinha acontecido por uma disposição da Justiça Divina. 'Deus' - disse ele - 'permitiu assim como castigo pelo pouco zelo que, durante a vida, o teu pai manifestou por Deus, pela sua própria alma e pela do seu próximo. Vistes como ele foi atormentado e entorpecido num lago de gelo; este foi o castigo da sua tepidez no serviço de Deus e da sua indiferença em relação à salvação das almas'.
'Vosso pai não era um homem imoral, é verdade, mas mostrava pouca inclinação para a aquisição da virtude e para a prática das obras de piedade e caridade a que a Igreja exorta os fiéis. É por isso que Deus permitiu que ele fosse esquecido, mesmo por vós, que lhe teríeis dado demasiado alívio. Este é o castigo que a Justiça Divina costuma infligir àqueles que faltam com o fervor e a caridade. Ele permite que os outros se comportem em relação a eles como agiram para com Deus e para com seus irmãos. Aliás, esta é a regra de Justiça que nosso Salvador estabeleceu no Evangelho: com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos' (Mt 7,2).
Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog.
MEDITAÇÕES PARA CADA DIA DA SEMANA (VII)
SÁBADO - SOBRE O PARAÍSO
Meu Deus, eu me arrependo de todo o coração por vos ter ofendido; peço-vos a graça de compreender as verdades que vou meditar e de inflamar-me de amor por Vós. Virgem Santíssima, Mãe de Jesus, rogai por mim.
I. Quanto mais espanta a consideração do Inferno, tanto mais consola a do Paraíso, que foi preparado por Deus para todos os que o amam e servem na vida presente. Para fazeres uma idéia dele, imagina uma noite serena. Que belo é o céu, com tanta multidão e variedade de estrelas! Umas são maiores que outras; enquanto algumas delas aparecem pelo Oriente, outras desaparecem no Ocidente, sendo muito variadas no que diz respeito ao tamanho, cor, etc. Mas todas elas se movem, na imensidão do espaço, com admirável harmonia e segundo a vontade de Deus, seu Criador.
Imagina ademais que a luz do sol te deixe ver durante um belo dia a lua e as estrelas que há no firmamento; imagina também tudo o que há de precioso no mar, na terra, nos diversos países, nas cidades e nos palácios dos reis e monarcas de todo o mundo; acrescenta a isto as mais finas bebidas, os alimentos mais saborosos, a música mais doce, a harmonia mais suave. Pois tudo isso é nada, comparado com a excelência dos bens e dos gozos do Paraíso! Quanto devemos desejar a posse daquele lugar, onde se gozam todos os bens, sem mescla alguma de mal! A alma bem-aventurada só poderá exclamar: 'Eu me saciarei com a visão da vossa glória' (Sl 16,15).
II. Considera, ademais, a alegria que tua alma sentirá ao entrar no Paraíso. Sairão a recebê-la teus parentes e amigos, e ali verás a nobreza e beleza dos querubins e serafins, de todos nos anjos e de todos os santos, que em multidão louvam ao seu Criador. Verás também os Apóstolos, o imenso número de Mártires, Confessores e Virgens, e ademais uma grande multidão de jovens que se conservaram puros e por isso cantam a Deus um hino de glória inefável. Ó quanto gozam naquele Reino os bem aventurados! Estão sempre alegres, pois não padecem o menor sofrimento, nem penas que venham turbar sua paz e contentamento.
III. Observa ademais, meu filho, que tudo isso não é nada em comparação com o grande consolo que sentirá a alma ao ver a Deus. Ele consola os bem aventurados com seu olhar amoroso e derrama em seu coração torrentes de delícias. Assim como o sol ilumina e embeleza todos os objetos onde chega sua luz, assim Deus ilumina com sua presença todo o Paraíso e cumula seus felizes habitantes com prazeres inexprimíveis.
Nele, como num espelho, verás todas as coisas, gozarás de todos os prazeres da mente e do coração. Quanto, no Monte Tabor, São Pedro viu uma única vez o rosto de Jesus radiante de luz, foi cumulado de tanta doçura, que fora de si exclamou: 'É bom para nós estar aqui!' (Lc 9,33). Que alegria será então o contemplar, não por um instante, mas para sempre, a vista daquela face divina que apaixona os anjos e os santos, e que embeleza todo o Paraíso!
E a formosura e a amabilidade de Maria, de quanto gozo inundará o coração dos bem aventurados! 'Como são amáveis as tuas moradas, Senhor Deus dos Exércitos!' (Sl 83,2). Por isso, todos os coros de anjos e todos os bem aventurados cantarão a sua glória, dizendo: 'Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos! A Ele toda a honra e toda a glória, por todos os séculos dos séculos'.
Coragem, pois, meu filho! Algo terás que sofrer neste mundo, mas não importa! O prêmio que te espera no Paraíso compensará infinitamente todos os males que tenhas padecido na vida presente. Que consolo será o teu quando te encontrares no Céu em companhia de parentes e amigos, dos santos e dos bem aventurados, e puderes exclamar: 'Estou salvo e estarei para sempre com o Senhor!' Então bendirás o momento em que deixaste o pecado, em que fizeste uma boa confissão e começaste e frequentar os sacramentos. Bendirás o dia em que, deixando as más companhias, te entregaste à virtude. E, cheio de gratidão, te voltarás ao teu Deus e lhe cantarás louvores e glórias por todos os séculos dos séculos. Assim seja.
(São João Bosco)
sexta-feira, 29 de novembro de 2024
VERSUS: ORAÇÃO PARA DEUS X PERSEVERANÇA POR DEUS
'Pedis e não recebeis, porque pedis mal, com o fim de satisfazerdes as vossas paixões' (Tg 4,3)
Pedimos mal porque rezamos mal. Rezamos e pedimos por bênçãos temporais que nos sejam atraentes e vantajosas. Queremos isso e aquilo para nosso agrado e interesse. No espelho das nossas miragens, Deus perscruta a nossa alma. Todo bem e toda graça provêm de Deus e nos é dada, na magnitude dos desígnios divinos, para o bem da nossa alma e para maior glória de Deus. Nada além disso. 'Pedis e não recebeis' porque pedis apenas para vós. A nossa oração de súplica pode ter qualquer boa intenção temporal, mas implica pedi-la sempre com o complemento: ... 'desde que seja para o bem da minha alma e para maior glória de Deus!'
'Até agora não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja perfeita' (Jo 16,24)
'Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração (Rm 12,12)
De todas as graças espirituais possíveis, pedi insistentemente a graça da perseverança final pois é, por meio dela, que se pode alcançar a vida eterna em Deus. A preservação do estado de graça até o último suspiro do homem nessa terra é um milagre de amor divino porque tal graça só é possível por uma especial concessão divina às almas eleitas, que se alimentam o tempo inteiro com os frutos de uma oração contínua. Oração feita pela mente, pelos lábios, pelas mãos, no descanso ou na labuta diária, em cada gesto concreto da criatura que se molda à santa vontade do Criador.
'pois vos é necessária a perseverança para fazerdes a vontade de Deus e alcançardes os bens prometidos' (Hb 10,36)
MEDITAÇÕES PARA CADA DIA DA SEMANA (VI)
SEXTA FEIRA - SOBRE A ETERNIDADE DAS PENAS
Meu Deus, eu me arrependo de todo o coração por vos ter ofendido; peço-vos a graça de compreender as verdades que vou meditar e de inflamar-me de amor por Vós. Virgem Santíssima, Mãe de Jesus, rogai por mim.
I. Considera, meu filho, que se caíres no Inferno, dele jamais sairás. Nele se padecem todas as penas, e todas elas para sempre. Passarão cem anos, mil anos, e o Inferno estará apenas começando; passarão cem mil anos, cem milhões de anos, milhões de milhões de anos e de séculos...e o Inferno estará ainda apenas começando.
Se um anjo anunciasse a um condenado que Deus haveria de livrá-lo do Inferno depois de passar tantos milhões de séculos como gotas de água que há no mar, ou folhas de árvores e grãos de areia no mundo, essa notícia lhe causaria logo um consolo indizível. 'É certo' - exclamaria - 'que é imenso o número de séculos que sofrerei, afinal, haverá um dia em que eles acabarão'. Mas, ai, passarão esses milhões de séculos e uma infinidade de outros, e o Inferno estará sempre apenas começando.
Cada condenado quereria poder dizer a Deus: 'Senhor, aumentai quanto quiserdes minhas penas, e fazei-me permanecer aqui o tempo que quiserdes, contanto que me deis a esperança de ver este suplício acabar um dia!' Mas não!Esse término e essa esperança jamais chegarão.
II. Se ao menos o condenado pudesse iludir-se a si mesmo, pensando consigo: 'Quem sabe se Deus algum dia terá piedade de mim e me tirará deste abismo!' Mas, não! Jamais abrigará esta esperança! O condenado terá sempre presente a sentença de sua condenação eterna: 'Este tormentos, este fogo, estes horríveis gritos, eu os terei para sempre'.
'Sempre' verá escrito nas chamas que o devoram. 'Sempre' na ponta das espadas que o transpassam; 'Sempre' nas horríveis fisionomias dos demônios que o atormentam; 'Sempre' naquelas portas fechadas que jamais se abrirão para ele!
Ó eternidade, ó abismo sem fundo! Ó mar sem limites! Ó caverna sem saída! Quem não tremerá pensando em ti? Ó maldito pecado, que tremendos suplícios preparas para quem os comete! Ah!Basta de pecados, basta de pecados em toda a minha vida!
III. O que deve encher-te de espanto é pensar que essa horrível fornalha está sempre aberta debaixo de teus pés e que basta um único pecado mortal para cair nela. Compreendes, meu filho, isto que lês? Um pecado que cometes com tanta facilidade merece uma pena eterna. Uma blasfêmia, uma profanação dos dias festivos, um furto, um ódio, uma palavra, um ato, um pensamento obsceno, bastam para condenar-te às penas do Inferno.
Ah, meu filho, ouve atentamente o meu conselho; se a consciência te censura de algum pecado, vai imediatamente confessar-te para principiar logo uma boa vida; põe em prática todos os conselhos do teu confessor e, se for necessário, faz uma confissão geral; promete fugir das ocasiões perigosas, das más companhias, e se Deus te chamar a deixar o mundo, obedece-lhe com prontidão.
Tudo o que se faz para evitar uma eternidade de tormentos é pouco, é nada: 'nenhuma segurança é excessiva quando está em jogo a eternidade', escreveu São Bernardo. Ó quantos jovens na flor da idade abandonaram o mundo, a pátria, a família e foram sepultar-se nas grutas e desertos, não vivendo senão de pão e água, às vezes só de algumas raízes! E tudo isso para evitarem o Inferno!
E tu, o que fazes, depois de merecer tantas vezes o Inferno pelo pecado? Lança-te aos pés de teu Deus e diz a Ele: 'Senhor, vede-me pronto a fazer tudo o que quiserdes; já vos ofendi demais até agora; de hoje em diante não quero mais vos ofender; enviai-me, se preciso, todos os males nesta vida, desde que eu possa salvar a minha alma!'
(São João Bosco)
quinta-feira, 28 de novembro de 2024
A SIMBOLOGIA DA MEDALHA MILAGROSA
Hoje, 28 de novembro, a Igreja celebra a santidade de Catarina Labouré, a vidente das aparições de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris, 1830), cuja simbologia é destacada na figura abaixo.
(figura ampliada: clicar sobre a figura)
MEDITAÇÕES PARA CADA DIA DA SEMANA (V)
QUINTA FEIRA - SOBRE O INFERNO
Meu Deus, eu me arrependo de todo o coração por vos ter ofendido; peço-vos a graça de compreender as verdades que vou meditar e de inflamar-me de amor por Vós. Virgem Santíssima, Mãe de Jesus, rogai por mim.
I. O Inferno é um local destinado pela Justiça divina para castigar com suplícios eternos os que morrem em pecado mortal. A primeira pena que os condenados padecem no Inferno é a dos sentidos, por ser todo o seu corpo atormentado por um fogo que arde horrivelmente sem jamais diminuir.
Esse fogo penetrará pelos olhos, pela boca e por todo o corpo, e cada um do sentidos padecerá uma pena especial. Os olhos ficarão obscurecidos pelo fumo e pelas trevas, e aterrorizados ao ver os demônios e os demais condenados. Os ouvidos não ouvirão incessantemente senão gritos, uivos, prantos e blasfêmias. O olfato será atormentado com o mau cheiro do enxofre e betume ardentes, que o sufocará.
A boca sofrerá sede ardentíssima e padecerá uma fome canina: 'Sofrerão fome como cães' (Sl 58,7; 15). Deus permitiu que o rico Epulão, em meio aqueles tormentos, dirigisse um olhar a Lázaro, pedindo por misericórdia uma gota de água para aliviar o ardor que o consumia; mas até esta lhe foi negada.
Aqueles infelizes, em meio às chamas, devorados pela fome e sede, atormentados por um fogo que não cessa, bradam, uivam e se desesperam. Ah! Inferno, Inferno, como são desgraçados os que caem nos teus abismos! E tu, meu filho, que dizes? Se tivesses que morrer neste momento, para onde irias? Se não podes suportar agora, se gritar de dor, a ligeira chama de uma vela na mão, como poderás sofrer aquelas chamas por toda a eternidade?
II. Considera por outro lado, meu filho, o remorso que sentirá a consciência dos condenados. Sua memória, entendimento e vontade padecerão terrivelmente tormentos. Recordarão continuamente o motivo porque se perderam, isto é, por terem querido satisfazer uma paixão qualquer e esse pensamento será para eles um verme roedor que jamais morrerá.
Pensarão no tempo que Deus lhe tinha concedido para salvar-se da perdição; nos bons exemplos dos seus companheiros; nos propósitos formados e não postos em prática. Pensarão nas pregações ouvidas, nos conselhos de seus confessores, nas boas inspirações pra deixar o pecado. E, vendo que já não há remédio, lançarão uivos desesperados.
A vontade jamais terá nada do que deseja, sofrendo pelo contrário todos os males. O entendimento conhecerá o bem imenso que perdeu. A alma, separada do corpo e apresentada diante do divino tribunal, entreviu a beleza de Deus, conheceu sua bondade, contemplou por um instante o esplendor do Paraíso, terá ouvido talvez os dulcíssimos e harmoniosos cantos dos Anjos e Bem-aventurados. Que dor, vendo que tudo isso lhe é arrebatado para sempre! Que horrorosos tormentos! Quem poderá suportá-los?
III. Meu Filho, que agora não te preocupas em perder a Deus e o Paraíso! Esperas por acaso conhecer tua cegueira, quando tantos companheiros teus, mais ignorantes e mais pobres do que tu, estiverem gloriosos e triunfantes no reino dos céus, e tu estiveres maldito por Deus e arrojado fora daquela pátria bem-aventurada, do gozo de Deus, da companhia da Virgem Santíssima e dos Santos?
Decide-te, pois, a servir ao Senhor, e faz penitência. Não aguardes para quando não haja mais tempo. Entrega-te a Deus. Quem sabe se esta meditação não será o teu último chamado da graça! Se não correspondes a ele, tu te expõe a que Deus te abandone e te deixe cair nos eternos suplícios. Senhor, livrai-me das penas do inferno!
(São João Bosco)
quarta-feira, 27 de novembro de 2024
GLÓRIAS DE MARIA - NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS
'Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós'
'Este globo que vês representa o mundo inteiro e, em especial, a França e cada pessoa em particular. Eis o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que as pedem'
'Estes raios são o símbolo das graças que a Santíssima Virgem alcança para as pessoas que lhe pedem...'.
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS
Ó Imaculada Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe, ao contemplar-vos de braços abertos derramando graças sobre os que vo-las pedem, cheios de confiança na vossa poderosa intercessão, inúmeras vezes manifestada pela Medalha Milagrosa, embora reconhecendo a nossa indignidade por causa de nossas inúmeras culpas, acercamo-nos de vossos pés para vos expor, durante esta oração, as nossas mais prementes necessidades (em silêncio e devoção, pedir a graça desejada).
Concedei, pois, ó Virgem da Medalha Milagrosa, este favor que confiantes vos solicitamos, para maior glória de Deus, engrandecimento do vosso nome, e o bem de nossas almas. E para melhor servirmos ao vosso Divino Filho, inspirai-nos profundo ódio ao pecado e dai-nos coragem de nos afirmar sempre verdadeiros cristãos. Amém.
Rezar 3 Ave-Marias e, após cada ave-maria, a jaculatória: 'Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós'.
Oração Final - Santíssima Virgem, eu creio e confesso vossa Santa e Imaculada Conceição, pura e sem mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por vossa Conceição Imaculada e gloriosa prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso amado Filho a humildade, a caridade, a obediência, a castidade, a santa pureza de coração, de corpo e espírito, a perseverança na prática do bem, uma santa vida e uma boa morte. Amém.
'Faça cunhar uma medalha por este modelo; todas as pessoas que a trouxerem receberão grandes graças, sobretudo se a trouxerem ao pescoço; as graças serão abundantes, especialmente para aqueles que a usarem com confiança'
SÍMBOLOS DAS FACES DA MEDALHA MILAGROSA
Uma mulher Vestida de Luz:
Nossa Senhora resplandecente, envolvida por luz e graças, significando a glória total.
A inscrição:
Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.
Mãos abertas:
Gesto de distribuição de inúmeras Graças para o mundo, Maria, medianeira e co-redentora.
Raios:
'Os raios que vês são símbolos das Graças que derramo sobre quem as pede'.
Globo branco sobre os pés que pisam a serpente:
Maria é a antítese e o refúgio aos pecados do mundo.
Letra M:
A letra M, que sustém uma Cruz sobre uma barra horizontal entrelaçada nos braços do M , provém de Maria, Mãe de Deus, altar da encarnação divina e participante das dores de Jesus na cruz; Mãe de todos nós.
A Cruz sobre a barra:
Altar da redenção, sinal da Salvação.
Dois corações:
O coração de Jesus, coroado de espinhos; O coração de Maria atravessado por uma espada, pela sua participação ativa e eminente na obra da Redenção.
Doze estrelas:
Recordam o texto do Apocalipse: ... e na sua cabeça uma coroa de doze estrelas que simbolizam as doze tribos de Israel, os doze apóstolos, os doze pilares da Fé.
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