quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

ORAÇÃO PARA O ÚLTIMO DIA DO ANO

Obrigado, Senhor,
pelo ano que termina,
porque estou aqui, junto Convosco e com minha família (com meus amigos),
vivendo a alegria de ter vivido um ano mais
em Vossa Santa Presença.

Obrigado, Senhor,
por mais um ano de vida,
por ter tido ainda este tempo para viver 
as santas alegrias do Natal e deste Ano Novo.
Por estar com pessoas que amo
e que compartilham comigo
a mesma fé e o sincero propósito
de viver o Evangelho a cada dia.

Obrigado, Senhor,
por tantas graças recebidas neste ano que passa;
eu Vos ofereço hoje o meu nada
e, dentro do meu nada, todo o meu amor humano possível,
como herança de Vossa Ressurreição.
No meio das luzes do mundo nesse dia de festa,
eu me recolho à sombra da Vossa Misericórdia;
e Vos honro e Vos dou glória nesse tempo
pelos tempos que estarei Convosco para sempre.

Obrigado, Senhor,
por estar aqui na Vossa Presença,
no tempo que conta mais um ano que se vai,
na gratidão da alma confiante
que aprendeu o caminho do Pai.
Das coisas boas que fiz, dou-Vos tudo,
porque as recebi de Vosso Santo Espírito.
E Vos suplico curar com Vosso Corpo e Sangue
as cicatrizes dos meus pecados.

Obrigado, Senhor,
pela caminhada diária com Maria, 
que nos ensina no cotidiano de nossa vidas
a ir ao Vosso encontro todos os dias.
Pelo meu Santo Anjo da Guarda,
pelos meus santos de devoção, 
pelo papa, e pela Vossa Igreja,
eu Vos agradeço, Senhor, e Vos louvo, 
neste último dia do ano.

Obrigado, Senhor,
pelo ano que termina.
Que eu não me lembre nesse tempo
das dores e sofrimentos que passei,
das tristezas e angústias que vivi:
que todo mal seja olvidado agora
na alegria de eu estar aqui Convosco,
e pela resignação à Santa Vontade de Deus.

E que nesta última hora do tempo que se vai,
do ano que chega ao fim:
mais uma vez, não seja eu que viva,
mas o Cristo que vive em mim.
Amém.

(Arcos de Pilares)

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O MENINO JESUS DE SANTA TERESA


Andava pelo mosteiro, procurando umas chaves que havia perdido,
em cada cantinho, atrás de cada vaso, ao lado de cada flor
e, na minha busca, pedia ajuda ao meu meu Anjo da Guarda
e a São José,  a Nossa Senhora e ao Nosso Senhor...

Já cansada, parei para respirar junto a uma escada
quando vi saindo uma luz brilhante do teto, do chão, dos cantos,
e, envolto nela, um menino lindo me deu as chaves que buscava
me sorrindo com o mais doce dos encantos... 

Em êxtase, eu O ouvi indagar pelo meu nome:
'Teresa de Jesus, a mais indigna serva de vossa realeza'
E perguntei, então, o nome dEle, imersa do mais puro espanto.
E Ele me disse: 'É o seu invertido: sou Jesus de Teresa'.

(Arcos de Pilares, texto adaptado)

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

TRÊS APARIÇÕES DO MENINO JESUS AO PADRE PIO


Primeira Aparição: Novembro de 1911

Desde o final de outubro de 1911 até 07 de dezembro do mesmo ano, o Padre Pio residiu no convento de Venafro (Isernia). Foi neste local, em data não precisa, que ocorreu a primeira aparição do Menino Jesus ao Padre Pio. Nesta aparição, o Menino se apresentou com as feridas da paixão de Cristo nas mãos, nos pés e no lado. A visão de Jesus assim ferido representava uma janela para a contemplação do verdadeiro mistério do Natal. Para o Padre Pio, com efeito, o Menino Jesus devia ser visto à luz do Crucificado mostrando, assim, a singular relação do Natal com os eventos da Páscoa.

Segunda Aparição: 20 de Setembro de 1919 

(Aparição testemunhada e documentada em um manuscrito pelo Pe. Raffaele de Sant'Elia que, então estudante de teologia e se preparando para a sua ordenação sacerdotal, ocupava uma cela vizinha à do Padre Pio nesta data) 

'Na noite do dia 19 para 20 de setembro de 1919, não conseguindo dormir, levantei-me assustado. O corredor estava mergulhado na escuridão, quebrada apenas pela débil luz de uma lâmpada a óleo. Assim que abri a porta, vi passar por mim o Padre Pio, todo envolto em luz, trazendo o Menino Jesus nos braços. Ele se movia lentamente murmurando orações. Passou adiante de mim, radiante de luz e sem se dar pela minha presença. Somente alguns anos depois, fiquei sabendo que aquele dia 20 de setembro era o aniversário de um ano do aparecimento dos estigmas do Padre Pio e, portanto, a aparição do Menino Jesus constituía uma referência direta à Paixão de Cristo'.

Terceira Aparição: 24 de dezembro de 1922 

(Aparição testemunhada por Lucia Iadanza, filha espiritual do Padre Pio)

Em 24 de dezembro de 1922, Lucia queria passar a Vigília do Natal junto ao Padre Pio. A noite estava muito fria e os frades tinham levado à sacristia um braseiro com fogo. Junto ao braseiro, Lucia e outras três  mulheres esperavam a meia-noite para assistir a missa a ser celebrada pelo Padre Pio. As três mulheres começaram a cochilar enquanto ela seguia rezando o terço. Padre Pio surgiu então pela escadaria interna da sacristia quando se deteve diante de uma janela. Neste momento, envolto em um halo de luz, apareceu o Menino Jesus e se pôs nos braços do Padre Pio, cujo rosto tornou-se radiante de luz. Quando a visão desapareceu, o padre percebeu a presença de Lucia, que o fitava atônita e lhe disse: 'Lucia, o que você viu?' Lucia respondeu: 'Padre, eu vi tudo'. Padre Pio, em seguida, a advertiu com firmeza: 'Então não diga nada a ninguém'.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

TEMPO DE NATAL - SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ

Nasceu o Senhor!

Hoje brilhará sobre nós a luz, porque nos nasceu o Senhor! Eis a grande novidade que comove os cristãos e que, através deles, se dirige à Humanidade inteira. Deus está aqui!
(Cristo que passa, 12)

Deus quis precisar de nós

O Natal também está rodeado de uma simplicidade admirável: o Senhor vem sem aparato, desconhecido de todos. Na Terra, só Maria e José participam na divina aventura. Depois, os pastores, avisados pelos Anjos. E mais tarde os sábios do Oriente. Assim acontece o fato transcendente que une o Céu à Terra, Deus ao homem!
(Cristo que passa, 18)

Nascer de novo

Natal. Escreves-me: 'Unindo-me à santa espera de Maria e de José, também eu espero, com impaciência, o Menino. Que contente hei de ficar em Belém! Pressinto que vou rebentar numa alegria sem limites. Ah! e, com Ele, também eu quero nascer de novo...' Oxalá se torne verdade esse teu querer!
(Sulco, 62)

Sagrada Família

Estamos no Natal. Acodem-nos à memória os diversos fatos e circunstâncias que rodearam o nascimento do Filho de Deus e o olhar detém-se na gruta de Belém, no lar de Nazaré. Maria, José, Jesus Menino ocupam de modo muito especial o centro do nosso coração. Que diz, que nos ensina a vida, simples e admirável ao mesmo tempo, dessa Sagrada Família?
(Cristo que passa, 22)

A paz de Cristo

Ao pensar nos lares cristãos, gosto de imaginá-los luminosos e alegres, como foi o da Sagrada Família. A mensagem de Natal ressoa com toda a força: Glória a Deus no mais alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade. Que a Paz de Cristo triunfe nos vossos corações, escreve o Apóstolo.
(Cristo que passa, 22)

Na pousada do teu coração

Jesus nasceu numa gruta em Belém, diz a Escritura, 'porque não havia lugar para eles na estalagem'. Não me afasto da verdade teológica, se te disser que Jesus ainda está à procura de pousada no teu coração.
(Forja,274)

Na intimidade da tua alma

Vai até Belém, aproxima-te do Menino, baila com Ele, diz-lhe muitas coisas vibrantes, aperta-o contra o coração... Não estou a falar de infantilidades: falo de amor! E o amor manifesta-se com fatos: na intimidade da tua alma, bem o podes abraçar!
(Forja, 345)

Ouvir a voz de Deus

Nosso Senhor dirige-se a todos os homens, para que venham ao seu encontro, para que sejam santos. Não chama só os Reis Magos, que eram sábios e poderosos; antes disso tinha enviado aos pastores de Belém, não simplesmente uma estrela, mas um dos seus anjos. Mas tanto uns como outros - os pobres e os ricos, os sábios e os menos sábios - têm de fomentar na sua alma a disposição de humildade que permite ouvir a voz de Deus.
(Cristo que passa, 33)

'Chamei-te pelo teu nome...'

Considerai a delicadeza com que o Senhor nos dirige este convite. Exprime-se com palavras humanas, como um apaixonado: 'Eu chamei-te pelo teu nome...Tu és meu'. Deus - que é a Beleza, a Sabedoria, a Grandeza - anuncia-nos que somos seus, que fomos escolhidos como objecto do seu amor infinito. É precisa uma vida forte de fé para não desvirtuar esta maravilha que a Providência depõe nas nossas mãos, uma fé como a dos Reis Magos, que nos leva a ter a certeza de que nem o deserto, nem a tormenta, nem a tranquilidade do oásis nos impedirão de chegar à meta do presépio eterno: a vida definitiva com Deus.
(Cristo que passa, 32)

28 DE DEZEMBRO - SANTOS INOCENTES


Santos Inocentes de Deus,
almas cristalinas,
pousai vossos ternos anelos
nas sombras das colinas;
não inquieteis com vosso pranto
as feras sibilinas,
fitai o esgar dos carrascos
com doces retinas;
que a vida que foge breve,
em  adagas repentinas,
renasça em eternos louvores
nas glórias divinas.
(Arcos de Pilares)

Santos Inocentes de Deus, rogai por nós

domingo, 27 de dezembro de 2015

SAGRADA FAMÍLIA

Páginas do Evangelho - Festa da Sagrada Família


Neste último domingo do ano, o Evangelho evoca o culto à Sagrada Família, síntese da vida cristã autêntica e primeira igreja na terra. Deus veio ao mundo por meio da família; eis porque a família é a fonte primária da sociedade, síntese da vida cristã autêntica e a primeira igreja. E que modelo de família cristã Deus legou ao mundo: Jesus, Maria e José: Jesus é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade; Maria, a Virgem Mãe de Deus, e São José, esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus. Família sagrada que viveu em plenitude a submissão à perfeição do amor; submissão que se expressa pelos sentimentos de entrega e renúncia em tudo e não pelo servilismo complacente.

Na humilde casa de Nazaré, três pessoas: pai, mãe e filho viviam em natureza sobrenatural exatamente inversa à ordem natural: São José, patriarca e pai de família devotado, com direitos naturais legítimos sobre a esposa e o filho, era o menor em perfeição; Nossa Senhora, esposa e mãe, era Mãe de Deus e de todos os homens; Jesus, a criança indefesa e submissa aos pais, é o Deus feito homem para a salvação do mundo. Portentoso mistério que revela a singular santidade da família humana, moldada sobre clara hierarquia divina, moldada por Deus para ser escola de santificação, amor, renúncia e salvação. 

Neste modelo de submissão perfeita ao amor de Deus e à lei mosaica, certa ocasião, quando Jesus contava 12 anos, os seus pais subiram com ele até Jerusalém, para participarem das festas da Páscoa, conforme os preceitos vigentes. Vieram com muitos outros, parentes e conhecidos, em grupos numerosos de caravanas. Uma vez concluídos os eventos da Páscoa, tomando o caminho de volta, perceberam que o menino não voltara com eles. Perplexos e angustiados, buscaram o menino entre os parentes, entre os conhecidos, em peregrinações difusas pelas ruas de Jerusalém para, finalmente, o encontrarem no Templo, em meio aos sábios e doutores da lei, manifestando a todos a glória do Pai na casa do Pai: 'Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?' (Lc 2, 49). Jesus submetia sua missão no mundo à Santa Vontade do Pai, acima de quaisquer preceitos humanos ou terrenos. A sua hora não havia chegado, mas o anúncio de sua missão havia sido dado. E, no recolhimento do lar de Nazaré, obediente em tudo e na plenitude da vida em família, 'Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens' (Lc 2, 52).

Eis o legado da Sagrada Família às famílias cristãs: a oração cotidiana santifica os pais e os filhos numa obra incomensurável do amor de Deus e a fortalece contra todos as tribulações. Sim, que os maridos amem profundamente suas esposas, que as esposas sejam solícitas a seus maridos, que os pais não intimidem os seus filhos, que os filhos sejam obedientes em tudo a seus pais. Mas que rezem juntos, que louvem a Deus juntos, que se santifiquem juntos, como família de Deus. Em Nazaré, Deus tornou a família modelo e instrumento de santificação; que em nossas casas e em nossas famílias, a Sagrada Família seja o modelo e instrumento para a nossa vida e para nossa santificação de todos os dias!

sábado, 26 de dezembro de 2015

ATÉ A CONSUMAÇÃO DOS SÉCULOS

O Divino Salvador está conosco, não já como uma sombra fugaz da fama e do nome que fica sobre o túmulo e sobre os monumentos dos grandes homens que passam, mas como Deus presente em sua divindade e humanidade. Deus escondido na sombra dos pães multiplicados, sombra que Nos parece divisar nas trevas do Lago de Tiberíades, naquela noite em que Cristo caminhava sobre as ondas, e aos discípulos que estavam remando com fadiga, pareceu um fantasma. Não, não é um fantasma o Deus dos tabernáculos, que adoramos. É o mesmo que então disse aos pávidos discípulos: 'Tende confiança; sou eu, não temais'. É aquele mesmo que disse: 'Eis-me convosco todos os dias até a consumação dos tempos'. É o mesmo que caminha sobre as ondas dos séculos, senhor dos ventos e das procelas humanas. Ele caminha sobre ondas tempestuosas ao lado e diante da Igreja; responde aos seus ministros que o chamam com voz sagrada, a eles por Ele concedida, e aos seus altares convida e reúne desde vinte séculos as nações e as gentes, os povos e os que reinam, os mártires e as virgens, os pontífices e os sacerdotes, prostrados a adorá-lo presente, e a amá-lo escondido, a invocá-lo companheiro na alegria e na dor, na vida e na morte.

O Deus dos altares está no meio de nós, invisível mas testemunho fiel primogênito entre os mortos, príncipe dos reis da terra, que nos amou e nos lavou de nossos pecados, com o próprio sangue e nos fez reino e sacerdotes a Deus Pai; o primeiro e o último, o vivente que esteve morto e está vivo nos séculos dos séculos. Mas é ao mesmo tempo em nosso meio, o Deus do arcano. É o mistério da fé, centro do incruento divino sacrifício, cioso segredo da Esposa de Cristo, a qual nos primeiros séculos de sua imutável juventude amou esconder sob o véu do arcano também seus tenros filhos; arcano feito mistério de um mistério, escondido desde séculos eternos em Deus. Diante deste mistério se inclinaram no pó os apóstolos e os mártires; nas basílicas, os pontífices; nos desertos e nos cenóbios, os monges e os anacoretas; nos claustros, as virgens, nos campos de luta, os esquadrões; nas catedrais, os doutores, nas estradas, os povos; Cristo estava em meio a eles; mas quem o viu? quem o divisou? Bem-aventurados aqueles que não o viram e acreditaram: Beati qui non viderunt et crediderunt.

A fé passa além de todo véu, penetra todo arcano; e quanto mais vivo prossegue, tanto mais luz adquire, reinflama-se e exalta-se em si mesma, faz do próprio mistério o farol e o fogo de sua vida e de sua obra. Cristo, porém, não está presente apenas em meio ao mundo, mas também se avizinha do homem, está com ele, com seus apóstolos, com seus fiéis, com todas as gentes, conquista de seu sangue. Dúplice é sua presença. Há uma presença divina, com a qual sustém o universo por Ele criado, segue os passos dos homens pelos caminhos do bem e do mal e é dele testemunha e juiz que inclina ao bem e pune pelo mal. Há outra presença humana e ao mesmo tempo divina, pela qual eleva os seus estandartes nas catacumbas, entre as densas casas do povo, pelos campos, pelas selvas, em meio ao gelo perpétuo, onde quer que um sacerdote com a onipotente palavra, eleve bem alto um pão e um cálice, repetindo o que foi feito em memória de Cristo. Lá está Ele com seu ministro, com ele caminha, torna-se alimento, viático dos moribundos e dos infelizes, irmão e esposo, pai, médico, conforto e vida das almas, pão dos anjos, penhor de alegria imortal.

Até quando sobre algum campo de nosso globo despontar uma espiga de trigo e pender um cacho de uvas, e um sacerdote subir compenetrado ao sacrifício do altar, o Hóspede divino estará conosco; e o crente curvará na fé a mente e o joelho diante de uma hóstia consagrada, como na última ceia os apóstolos no pão e no vinho consagrados que o Salvador lhes dava dizendo: 'Isto é o meu corpo; Isto é o meu sangue', adoraram Cristo, o Mestre Divino, com aquela pura e alta fé que crê nos portentos de sua palavra, e da qual se deduz a interna adoração, fé sem a qual é vão o sinal de dobrar um joelho. Daquela hora do cenáculo começaram os séculos do Deus da Eucaristia; o giro do sol iluminou os passos com suas auroras e os seus ocasos; as vísceras da terra escavadas, acorreram salmodiando; nos ermos, nos cenóbios, nas basílicas, sob os aéreos pináculos inclinaram-se a Ele, Pastor e povos, príncipes e exércitos. Em suas conquistas avançava com seus arautos e sacerdotes além dos mares e dos oceanos e do Oriente ao Ocidente, de um a outro polo; o Redentor já planta, todos os dias, seus tabernáculos, perseverando contra a ingratidão dos homens, em encontrar as delícias próprias, em estar com eles, só procurando difundir a salvação, os tesouros de suas graças e de suas magnificências.

(Papa Pio XII, Discursos, 1939)

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

FELIZ E SANTO NATAL EM CRISTO!


Desejo a todos os nossos amigos visitantes um Santo e Feliz Natal. 
Deseo a todos los amigos y visitantes Felices Navidades. 
I wish to our friends' visitors an happy and Holy Christmas. 
Je désire à tous nos amis un heureux et joyeux Noel. 
Auguro a tutti gli amici uno Santo ed Felice Natale. 
Ich wunshe to unsere Freude eine Wundabar und Stille Nacht.


IGREJA CATÓLICA: ALMA DO NATAL

(clicar para o vídeo)

AS MAIS BELAS CANÇÕES DE NATAL


(clicar para o vídeo)

NATAL

Jesus nasceu! e na pequena estrebaria
José apressa-se em fazer a manjedoura
ajunta palha e feno, mudo de alegria,
enquanto a Mãe em êxtase se entesoura

Os animais se aproximam cautelosos
inebriados diante a luz que transfigura
e os pastores de joelhos, jubilosos,
louvam o Criador agora criatura!

Há uma paz imensa nesta noite fria
todos os anjos cantam a doce melodia
que une céu e terra em amor profundo;

É Natal, a Mãe embala seu pequeno filho
e a luz que inunda a gruta tem o brilho
da salvação que libertou o mundo!

                                                                              (Arcos de Pilares)

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O DEUS VISÍVEL QUE PODEMOS SER

Em Nazaré, Jesus era visível, e Jesus era Deus. Entretanto, há outras lições neste mistério de um Deus que se tornou visível a todos. Jesus é um modelo, e um modelo que permanece sempre! E teria sido esta presença da divindade um privilegio reservado unicamente ao século de Augusto, ao alcance somente dos habitantes de Nazaré ou da Palestina? E nós que vivemos vinte séculos depois desta divina aparição, e cuja alma ardente tem sede de ver e de ouvir Aquele que tem as palavras de vida, estaríamos condenados a nada ver e a nada ouvir? 

Ó Jesus, nosso modelo, que mistério é este? Hoje Deus não seria mais visível? Não o poderíamos ver mais? Sim, há um meio de tornar visível o bom Deus. Basta por-se em suas mãos, deixar-se formar por Ele. Nós, pobres criaturas faremos o bem, mas é Deus quem nos impelirá. É Deus quem nos sustentará, quem se servirá de nós, e quem, de certo modo, não podendo amar materialmente a sua criatura, nos escolherá para substituí-lo. E nós seremos então 'o bom Deus feito visível'.

Ó bom e confortador pensamento! Ele foi ingenuamente expresso por uma mulher do povo, da qual cuidava um membro das conferências de São Vicente de Paulo. No auge do seu reconhecimento, em face das atenções, dos cuidados e da bondade de que este a cercava, e não sabendo como exprimir o que sentia, disse ela: 'Ó meu Senhor, se existissem dois bons deuses, vós seríeis um deles!' Ó esforcemo-nos por ser um pouco 'um bom Deus' para com aqueles que nos cercam. É com a Sagrada Família que devemos aprender este segredo.

O amor é o característico de Deus. Deus caritas est. E que é o amor senão o dom de si mesmo? Amar é se por à disposição dos outros, para seu alívio, sua instrução, sua felicidade e sua santificação, tudo o que Deus nos emprestou. E não era isto o que fazia a Sagrada Família? Jesus punha-se à disposição de seus queridos pais, dos que o cercavam ou frequentavam, e sobre todos espargia o seu sorriso e a sua benevolência. Ele os consolava nos sofrimentos e os reconfortava nas horas de acabrunhamento.

Não julguemos que Ele tenha feito milagres continuamente, para ganhar os corações, para prestar-lhes serviços, para fazer-lhes prazer e para levá-los a Deus. Não foram anjos que cumpriram junto a Maria e a José estes pequeninos deveres de um filho submisso e laborioso, os quais exigem fadiga material; foi o próprio Jesus quem se fatigou realmente. A união da natureza humana à natureza divina não impedia que o coração de Jesus se sentisse magoado pela falta de atenção, que sofresse por causa de uma palavra pouco respeitosa, que se sentisse ferido por um ato de ingratidão. Entretanto nem a grosseria dos seus companheiros, nem a falta de atenção dos que abusavam da sua bondade, nem o ódio dos que não podiam suportar uma virtude que lhes condenava as desordens, arrefeciam um só instante o seu amor.

Depois, Maria e José, nutridos por tais exemplos, penetrados do amor que se irradiava em torno do divino Filho, tinham um só desejo: aproximar-se d’Ele tanto quanto possível. Se porventura a divindade já se deixou transparecer através duma criatura, fê-lo, sem dúvida, em Maria e José. De fato, não se aproximavam ambos da divindade tanto quanto o pode um mortal? Eles sentiam a necessidade de dedicar-se; e Jesus queria tornar-se visível por eles. 

Se vinha alguém pedir um serviço a José, ele deixava logo o trabalho mais urgente, para voar em auxílio dos que a ele haviam recorrido. Se havia um trabalho urgente, ele labutava dia e noite para agradar ao seu cliente. Aconteceu-lhe talvez, como aos outros trabalhadores, ser repreendido por causa do seu trabalho. Mas para todos José tinha o seu sorriso e o seu bom coração; a todos oferecia os seus serviços, para todos teria sacrificado o seu repouso e a sua vida. É que amava com o amor de Jesus, e, pela virtude, Jesus fazia-se visível nele, por assim dizer.

E Maria! A igreja a chama o espelho de Jesus – Speculum justitiae! Muitas vezes vinham interrompê-la a pedir-lhe um conselho ou qualquer serviço. Ela nunca hesitava... dava, dava-se a si mesma... e chegará a dar o seu Jesus para a salvação do mundo! Em Nazaré havia doentes, havia pobres e órfãos. Maria era para eles a providência visível. De pé, ao romper do dia, depois de ter acabado os trabalhos domésticos, à meia obscuridade ainda, tomava uma cesta, e ia com diligência dividir a sua pobreza com outros mais pobres do que ela.

Sentava-se à cabeceira dos doentes e, consolando-os, falando-lhes do céu e do mérito do sofrimento generosamente aceito, prestava-lhes todos os serviços materiais que lhe estavam ao alcance. Lavava as chagas, curava as feridas de que outros fugiam e não queriam cuidar. Suavizava pela sua presença, e curava os corpos e as almas. Os pobres também estavam certos da sua visita. Cada manhã levava-lhes o seu meigo sorriso e sua palavra mais meiga ainda; dividia com eles o fruto dos suores de seu esposo, e fruto também das suas vigílias e das suas fadigas.

E, quando na estação invernosa, quando o frio enregelava os doentes e os pobres, a compassiva visitante achava sempre, apesar da sua pobreza, que tinha mais do que os outros e que em casa havia supérfluo, objetos de luxo de que em rigor podia privar-se. Aproveitando as trevas, depressa tomavam estes objetos o caminho das pobres mansardas, para ali levarem um pouco de alegria, um pouco de alívio e um pouco de amor.

Os órfãos de Nazaré não estavam sem mãe. A Mãe de Jesus velava por eles. Não podendo dar a si mesma, ou abrigá-los sob o próprio teto, intercedia por eles junto às famílias mais afortunadas. Abrigava-lhes o corpo, e sobretudo fornecia-lhes os meios de cumprirem os seus deveres para com Deus. Ó seria exagero dizer que às vezes, a horas impróprias, pobres e enfermos vinham bater à porta do carpinteiro José, para ali encontrar com que saciar a fome que os devorava e com que aquecer um instante os membros enregelados, sofredores ou fatigados?

A Sagrada Família, sem dúvida, recebia-os, consolava-os, e deles cuidava. Certamente, nunca julgava fazer demais para alívio destes infelizes. Quantas vezes, depois de cenas deste gênero, os doentes, os pobres, os órfãos tiveram que repetir, senão com os lábios, ao menos com o coração, o brado desta mulher que citamos ao começar: ' Ó mulher, se houvesse dois bons Deus, vós seríeis um deles!'

Sim, ela era um bom Deus. Deus se refletia na vida de cada um dos membros da Sagrada Família. Vê-los, era ver Deus, que operava neles e por eles. E mesmo quando não se via Jesus, bastava ver Maria e José, que eram como Deus feito visível aos homens! Ó meu Deus, concedei-me a graça de mostrar-vos aos homens – Vós em mim e eu em Vós. Fazei, entretanto, com que só Vós sejais visto! Experimentemos, experimentemos, sejamos um pouco, para aqueles que nos cercam, ou que de nós se aproximam, o bom Deus feito visível. 

Que suave, que sublime missão! Procurai amar como a Sagrada Família amava e como ela amaria se estivesse em nosso lugar, cercada das mesmas pessoas, dispondo dos mesmos meios de que dispomos. Não há perto de nós alguém que sofra e que tenha necessidade de um sorriso ou de uma boa palavra? Não conheceis algum pobre ao qual o vosso supérfluo levaria um pouco de alegria, um pouco de felicidade, um pouco de bem estar? Não há em vossa aldeia algum órfão, que chora sua mãe ou seu pai, que procura em vão algum consolo ou um pouco de ternura? Não conheceis alguma alma dilacerada, que vegeta tristemente abandonada, rejeitada talvez, e a quem uma boa palavra aproximaria do bom Deus, e a salvaria talvez?

Ó jovens, ó homens de coração, hoje, hoje mesmo, sede um pouco São José. Ó vós, moças cristãs, hoje, hoje mesmo, sede um pouco a Santíssima Virgem. E vós, queridas crianças, hoje, hoje mesmo, sede um pouco o pequeno Jesus. Vós todas, ó almas generosas, por vosso procedimento e por vossa dedicação tornai visível o bom Deus. Sim, meu Deus, eu quero que possam dizer também de mim: 'se houvesse dois Deuses, tu serias um'. Por nossa benevolência e dedicação, sejamos um pouco 'um Deus visível' para aqueles que nos cercam, para aqueles sobretudo que não nos são simpáticos.

(Padre Júlio Maria de Lombaerde)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

O QUE JESUS BUSCOU NESTA TERRA? (IV)

A ESTIMAÇÃO DE SUA GRAÇA

Mais um dos quatro interesses de Jesus. O mundo teria uma feição inteiramente diferente se os homens estimassem a graça no seu justo valor. Existe em todo o universo algum objeto que tenha valor intrínseco, a não ser a graça? E não obstante, com que fraqueza vamos atrás das futilidades, que nada têm de comum com os interesses de Jesus! Que cegueira! Que tempo perdido! Quanto mal fazemos! Quanto bem deixamos de fazer!

E todavia, apesar disto, com que carinho, com que paciência nos trata Jesus! Se todos soubessem apreciar dignamente a graça, todos os outros interesses de Jesus medrariam. Quando estes sofrem, é precisamente por que não se dá a graça a estimação que ela merece. As graças veem incessantemente, e os merecimentos a adquirir multiplicam-se tão rapidamente como as pulsações do Sagrado Coração de Jesus.

Enquanto este coração se abrasa por nós no amor mais ardente, nós dizemos: 'Não tenho obrigação de fazer isto; não preciso de me privar deste prazer; deve-se moderar o entusiasmo religioso'. Ó Jesus Cristo! Ó Caríssimo Jesus Cristo! Vede ao que chegam os que não sabem dignamente apreciar a graça. Mais valeria morrer, que desprezar uma só inspiração da graça. Acreditamo-lo todos? Não, mais julgamos crê-lo.

Se os fundos públicos baixassem a metade do seu valor, este fato seria menos importante que se um pobre irlandês, doente em qualquer lugarejo obscuro, deixasse de adquirir, por falta de paciência, o menor grau de graça. Eis o que dizem a este respeito os teólogos: 'Se se recebessem todos os dons da natureza e todas as perfeições naturais dos anjos, estas vantagens nada seriam, comparadas com a adição de um grau de graça, como Deus no-lo dá quando resistimos durante um quarto de hora a um sentimento de ira; pois a graça é uma participação da natureza divina'.

Oh! E não poremos nós isto em prática, nós que tentamos persuadi-lo aos outros! Mostrai-me na Igreja um abuso, um mal qualquer, e estou pronto a demonstrar-Vos o que se não teria dado, se os Seus filhos houvessem correspondido dignamente à graça, e ainda mais, que tudo amanhã reentrará na ordem, se os fiéis quiserem começar a apreciar a graça no seu justo valor.

Não é verdade que de nada serviria a um homem ganhar o mundo inteiro, se por esse motivo devesse sofrer o menor dano na sua alma imortal? Ide propagar esta doutrina entre os vossos amigos; mostrai-lhes os tesouros que podem juntar com o auxílio da graça, mostrai-lhes como uma graça chama outra, como ela se converte num merecimento, finalmente como os merecimentos conduzem a glória eterna dos céus. Ah! Servirei realmente os interesses de Nosso Senhor, se assim obrardes, e servi-lO-eis muito melhor do que pensais.

Pedi somente que os homens concebam uma ideia mais elevada e mais verdadeira da graça, e tornar-vos-eis ignotos apóstolos de Jesus. Todas as graças estão n’Ele: é a fonte e a plenitude delas; consome-O o desejo de as espalhar abundantemente sobre as almas que Lhe são caras, e pelas quais morreu; e elas não lhe querem permitir, pois devem, para obter outras, corresponder às graças já obtidas. Ide ajudar Jesus. Por que há de perecer uma só dessas almas, pelas quais Ele deu a Sua vida? Digo uma só, pois é coisa horrorosa pensar na perda de uma alma. E por que se perderá ela? Por que?

O precioso sangue está à disposição daqueles que o querem pedir, e o sangue dá a graça. São Paulo consagrou toda a sua vida a pregar aos homens a doutrina da graça, a pedir a Deus que a enviasse, e que eficazmente os impulsionasse a fazerem bom uso dela quando a houvessem obtido. Após uma fervorosa comunhão, quando a fonte de todas as graças brota em nosso coração, como um manancial de água viva, peçamos-Lhe que abra os olhos dos homens à beleza da Sua graça; e a nossa oração sem dúvida obterá bom despacho.

Assim faremos prosperar os interesses de Jesus, pois a natureza deste bom senhor é tal, quanto mais dá, mais rico se torna. Ó muito amado rei da almas, como podemos nós gastar o nosso tempo com outro? Considerar que Ele nos permite ocuparmo-nos dos Seus interesses, não é um pensamento capaz de nos encher de admiração? Quanto a mim, espanto-me de que semelhante pensamento não nos faça cair em êxtase.

Mas nós não conhecemos os nossos privilégios; e por que? Por que não estudamos suficientemente o nosso amável Salvador. E por que não começaremos no tempo o que deve fazer a nossa felicidade em toda a eternidade? Estudemos Jesus. O céu não é céu senão por que Jesus lá está; e eu não compreendo porque a terra não é igualmente céu, pois Jesus também está na terra.

Ai! É porque nos deixou a miserável liberdade de O ofendermos. Eliminemos esta miséria e teremos neste mundo, se não o céu, pelo menos o purgatório, que é a porta do céu. Chegará finalmente o dia em que cessamos de pecar, em que não mais firamos o Sagrado Coração de Jesus? Ó Deus de amor, fazei nascer bem depressa o sol que não terá ocaso antes de ver realizar-se para nós esse glorioso privilégio! Para que nos afligirmos e perguntarmos temerosos se iremos para o céu logo que partamos deste mundo, ou se primeiro teremos de passar pelo purgatório? Que importa? A grande questão é perdermos a faculdade de ofender o Deus do nosso amor!

(Excertos da obra 'Tudo por Jesus', do Pe. Frederico William Faber) 

domingo, 20 de dezembro de 2015

JESUS, ENTRA NA MINHA CASA!

Páginas do Evangelho - Quarto Domingo do Advento


No Quarto Domingo do Advento, o Jesus Esperado chega, através de Maria, à casa de Zacarias e Isabel. Santa e desmedida alegria, que faz João Batista estremecer de júbilo no ventre de sua mãe. Santa e ditosa alegria que faz Isabel inundar-se do Espírito Santo. Santa e materna alegria de Maria em manifestar ao mundo o bendito fruto do seu ventre. Eis Maria na casa de Isabel, testemunhas privilegiadas da revelação do maior dos mistérios divinos: Jesus, o filho de Deus vivo, no meio dos homens!

Eis Maria, o portento da fé humana, obra prima da graça do Pai, tangida por um único pensamento: cumprir, com fidelidade absoluta, a vontade de Deus: feita escrava, serva do senhor, é a 'bem aventurada que acreditou' (Lc 1,45) e que, por isso, verá cumprir-se tudo 'o que o Senhor lhe prometeu' (Lc 1,45). Maria leva Jesus à casa de Isabel e revela aos dois anciãos a chegada do Salvador ao mundo; Maria acolhe Jesus em sacrário de tão pura humanidade que faz João Batista estremecer de alegria; na casa de Zacarias e Isabel, toda a humanidade que anseia por Deus, acolhe Jesus como Salvador com santa e ditosa alegria. 

Maria vai apressadamente ao encontro de Isabel, sob o impulso da graça, para cumprir a vontade de Deus, como serva para ajudar a gravidez avançada da parenta mais velha, como mensageira da esperança cristã, como mãe do Salvador e Redentor da humanidade, para cumprir a sua missão expressa no 'sim' da Anunciação. E é recebida com virtude filial, com alegria extrema, com devoção incontida, com zelo admirável por Isabel, pré-anunciadora dos corações incendidos da graça do Deus que está prestes a chegar ao mundo: 'Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?' (Lc 1, 42 - 43).

Jesus em Maria é o Jesus que vem, para libertar o mundo do pecado, para fazer novas todas as coisas, para a salvação de todos os que abrem as portas e janelas de suas casas ao Cristo que chega, que transformam seus corações em humildes manjedouras onde Ele possa renascer. Como na casa de Zacarias e Isabel, que Jesus possa entrar, com Maria, na minha e na sua casa, neste Santo Natal!

O QUE JESUS BUSCOU NESTA TERRA? (III)

HONRAR A SUA MÃE

Aqui está outro dos principais interesses de Jesus, e toda a história da Igreja nos mostra quanto é apreciado pelo Seu Sagrado Coração. Foi o Seu amor por Maria que, mais que tudo, o fez descer dos céus, e foram os merecimentos de Maria que determinaram a época da santíssima e indivisível Trindade; era Ela a filha predileta do Pai, a Mãe predestinada do Filho, e a Esposa eleita do Espírito Santo.

A verdadeira doutrina de Jesus tem estado, em todos os tempos, intimamente ligada com a devoção a Maria; e os golpes que ferem a Mãe devem passar pelo Filho. Assim, Maria é a herança do católico humilde e obediente. A santidade cresce na razão da devoção que por Ela se tem. Os santos formaram-se na escola do seu amor. O pecado não tem maior inimigo que Maria; basta pensar nela para o conjurar, e os demônios tremem ao ouvir o seu nome.

Ninguém pode amar o Filho sem que aumente também em si o amor da Mãe; ninguém pode amar Maria sem que ao mesmo tempo sinta inflamar-se-lhe o coração pelo Filho. Jesus a colocou à frente da Sua Igreja para ser a garantia das graças que por meio dela repartiria, e a pedra de escândalo para os seus inimigos. Que admira pois, que os interesses do Filho e a honra da Mãe sejam uma só e a mesma coisa?

Se em reparação das blasfêmias com que os heréticos mancham a sua dignidade fizerdes vós um ato de amor ou de ação de graças, em honra da sua Imaculada Conceição e da sua perpétua Virgindade, de cada vez que o fizerdes, favorecereis os interesses de Jesus. Tudo quanto possais fazer para propagar o seu culto, e principalmente para inspirar aos católicos uma terna devoção para com ela, será uma obra meritória aos olhos de Jesus, que não deixará de vos recompensar generosamente.

Atrair os fiéis à sagrada mesa nos dias de festas de Maria, alistarem-se nas suas confrarias, conservarem alguma imagem dela, ganharem indulgências pelas almas do purgatório que na terra tiveram uma especial devoção por ela, rezar o rosário todos os dias; são coisas que todos podem fazer e todas elas concorrem para os interesses de Jesus.

Há uma devoção que eu quero sugerir, e oxalá possa inspirá-la a todos! Então faríamos prosperar os interesses de Jesus, e dela colheria Nosso Senhor em todo o universo uma duplicação de amor! É depositarmos mais confiança nas preces da nossa divina Mãe; descansarmos nela com menos hesitação; endereçar-lhe os nossos pedidos com mais afoiteza; em uma palavra, termos mais fé nela.

Haveria mais amor por Maria se houvesse mais fé em Maria; mas vivemos num país herético e é difícil permanecer no meio da neve sem arrefecer. Ó Jesus, reanimai a nossa confiança em Maria, não só para que trabalhemos nos Vossos amáveis interesses, mais para que o façamos do modo que vós desejais, não permitindo que nenhuma criatura ocupe no nosso coração mais lugar que aquela que tinha no Vosso maior quinhão, maior que o de todas as outras criaturas juntas!

(Excertos da obra 'Tudo por Jesus', do Pe. Frederico William Faber) 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

TEMPO DE ADVENTO - PADRE ANTÔNIO VIEIRA

Este nada, do qual dizemos que nada passa para a conta, é o que agora havemos de examinar. Pergunto: se nada passa para a conta, parece que também o nada pode ser chamado a Juízo? E se acaso for chamado, escapará da conta o nada por ser nada? Creio que todos estão dizendo que sim. Mas é certo, e de fé, que também o nada, por mais qualificado que seja, há de ser chamado a Juízo, e porque nada passa para a conta, nem o mesmo nada há de passar sem ela, e muito rigorosa. 

Ninguém foi mais qualificado na lei da natureza que Jó, e ninguém mais qualificado na lei da graça que São Paulo: e que dizia de si um e outro? Jó dizia que nada tinha feito contra Deus: Quia nihil impium fecerim. São Paulo dizia que nada havia na sua consciência, de que ela o acusasse: Nihil mihi conscius sum. E este nada de Jó, e este nada de São Paulo escaparam porventura da conta e do Juízo? Eles mesmos confessam, que de nenhum modo. Jó dizia que Deus o tinha posto a questão de tormento, como réu, para averiguar se o que ele tinha por nada, verdadeiramente era nada: Ut quoeras iniquitatem meam, ei peccatum meum scruteris, et scias, quia nihil impium fecerim. E São Paulo dizia, que ele se não dava por justificado do que na sua consciência reputava por nada, porque desse nada não havia ele de ser o juiz, senão Deus: Nihil mihi conscius sum, sed non in hoc justificatus sum; qui autem judicat me, Dominus est. Eis aqui quão manifesta e provada verdade é, que nada passa para a conta, pois até do mesmo nada a há de tomar Deus, e tão estreita. Mas qual é ou pode ser a razão por que onde dois homens tão grandes, tão qualificados e tão santos, como Jó e São Paulo, não reconhecem nada de culpa e para esta haja de arguir Deus e lhes pedir conta? 

A primeira razão é da parte de Deus (a qual só pode ignorar quem o não conhece), porque ainda nas coisas mais interiores nossas, conhece Deus muito mais de nós, do que nós de nós. Quando Cristo na mesa da última Ceia revelou aos apóstolos, que um deles o havia de entregar: Amen dico vobis, quia uns vestrum me traditurus est, diz o evangelista, que muito tristes todos com tal notícia, começou cada um a perguntar: Nunquid ego num, Domine? Porventura, Senhor, sou eu esse? Pedro, André, João e os demais, exceto Judas, bem sabia cada um de si, que não era o traidor, nem tal coisa lhe passara pelo pensamento; pois por que se não deixam estar muito seguros na boa fé da sua lealdade, mas pondo em dúvida o que não duvidavam, pergunta cada um a Cristo se é ele o traidor: Nunquid ego sum? 

Porque ainda que a própria consciência os não acusava, sabiam todos que sabia Cristo mais de cada um deles, do que eles de si. Eles conheciam-se, como homens, Cristo conhecia-os, como Deus. Esse foi o erro e engano de São Pedro, que estava à mesma mesa! Pedro disse, que se fosse necessário daria a vida por Cristo; Cristo pelo contrário disse, que três vezes o havia de negar naquela noite. E por que foi esta a verdade? Porque Pedro falou pelo que ignorava de si, e Cristo pelo que conhecia dele. Hoc illi Christus pracnuntiabat qued in se ipse ignorabat, diz Santo Agostinho. E como o juiz daquele dia conhece mais de nós, do que nós de nós, não é muito que ele nos condene pelo que nós ignoramos, e que no seu juízo seja culpa, o que no nosso parece inocência. 

A segunda razão é da parte nossa porque, assim como Deus sabe tanto de nós, assim nós sabemos muito pouco de Deus; e por isso as nossas razões não podem alcançar as suas. Um dia, depois de Cristo entrar triunfante em Jerusalém, vindo de Betânia para a mesma cidade, teve fome; e como visse ao longe uma figueira verde e copada, encaminhou as passos até ela, para ver se acaso tinha algum fruto: Si quid forte inveniret in ea. Mas porque não achou mais que folhas, lançou-lhe o Senhor maldição de que eternamente não desse fruta: Nunquam ex te fructus nascatur in sempiternum; e no mesmo momento se secou a árvore desde as folhas até as raízes. 

É porém muita de notar neste caso, coma nota São Marcos, que não era tempo de figos: Non enim erat tempus ficorum. Pois se não era tempo de aquela árvore ter fruto, por que a amaldiçoa Cristo, e a seca, não só para aquele ano, senão para sempre? Podia haver causa, ou desculpa mais natural de não ter fruto, que não ser tempo dele? Da árvore a que é comparado o justo, diz Davi, que dará o seu fruto no seu tempo: Et fructum suum dabit in tempore suo. Pois se é louvor nas melhores árvores darem a seu fruto, como foi culpa nesta não se achar nela fruto, quando não era tempo? O mesmo evangelista São Marcos diz que esta sentença de Cristo foi a resposta que o Senhor deu à árvore: Et respondens dixit ei: Jam non amplius in aeternum ex te fructum quisquam manducet

Se a sentença de Cristo foi resposta que deu à árvore, sinal é que a ouviu primeiro, e ela alegou de sua justiça. Reparem aqui os juízes, ou condenadores, que nem a um tronco irracional e insensível condena Deus sem o ouvir. Mas que é a que alegou a árvore? Alegou o mesmo texto do evangelista; e estava. como dizendo maduramente ao Senhor: Eu bem tomara estar carregada de frutos maduros e sazonados, para os oferecer a meu Criador; porém a causa e impedimento natural de me achar sem eles, é por não ser ainda chegado o tempo: Non erat tempus ficorum. E que sem embargo desta réplica, ao parecer tão justificada, a condenasse Cristo, e com condenação eterna: in sempiternum!

Assim foi. Mas com que fundamento, ou justiça? Entre todos os expositores da Escritura, mais letrados e de maior engenho, nenhum houve até agora que desse satisfação cabal a esta dúvida. E a razão de se lhe não achar razão, é porque as razões dos homens não alcançaram as de Deus, e onde não sabe descobrir culpa o juízo humano, a pode achar o divino. Por que não compreende o homem a Deus? Porque Deus é incompreensível. Pois também por isso os juízos humanos não compreendem os divinos, porque os divinos são incompreensíveis: Quam incomprehensibilia judicia ejus! 

Sobre estes dois princípios tão manifestos, um da ciência de Deus para conosco, outro da nossa ignorância para com Deus, fica satisfeita e emudecida toda a admiração de que Deus haja de julgar até o que reputamos por nada, e nesse mesmo nada haja de arguir e achar culpas de que pedir e tomar conta no dia do Juízo. Só resta um escrúpulo, que ainda não acaba de se aquietar, e não menos que acerca da justiça com que Deus nos haja de castigar pelo que não conhecemos. É verdade que Deus sabe de nós o que nós ignoramos de nós, mas essa mesma ignorância nossa não só parece que nos desculpa, mas nos livra de ser pecado o que não conhecemos como tal. Sem vontade não há culpa, sem conhecimento não há vontade; como logo pode ser pecado, e castigado como pecado o que eu não conheço? 

Bem tinha decifrado esta teologia o autor do nosso provérbio: 'Quem ignorantemente peca, ignorantemente vai ao inferno'. Uma só ignorância escusa do pecado, que é a invencível. Mas esta poucas vezes se acha. Os demais não só pecam no pecado, mas na ignorância com que o não conhecem. Não pecaram gravissimamente os judeus na morte de Cristo? E contudo diz São Pedro que eles e os seus príncipes o fizeram ignorantemente: Scio quia per ignorantiam fecistis, sicut et Principes vestri . E o mesmo Cristo quando disse: Pater, ignosce illis, non enim sciunt quid faciunt; justamente alegou por eles a ignorância, e pediu para eles o perdão. 

Se a ignorância os livrara do pecado, não tinham necessidade de perdão; mas pediu-lhes o Senhor o perdão, quando lhe confessou a ignorância, porque tão fora estiveram de ficar isentos do pecado, pela ignorância com que o cometeram, que antes a mesma ignorância lhes acrescentou um pecado sobre outro pecado. Um pecado, porque tiraram a vida. ao Messias não conhecido, e outro pecado, porque o não conheceram, tendo tanta obrigação como evidência para o conhecer. Isto mesmo é o que se vê hoje entre os que conhecem e adoram Cristo; e não por acontecimento raro, senão comumente; nem só nas vidas, serão também nas mortes. 

Quantos pecados vemos, e quão grandes, nem emendados na vida, nem confessados na morte, os quais não só Deus, mas todo o mundo está conhecendo, e só os mesmos que os cometem os não conhecem! Não os conhecem, porque a largueza e relaxação da vida escurece a consciência e cega a alma; não os conhecem, porque o amor-próprio sempre escusa e aligeira o que nos condena; não os conhecem, porque os interesses e conveniências deste mundo trazem consigo o esquecimento do outro; não os conhecem, porque os não querem examinar, nem consultar com quem deviam; não os conhecem, finalmente, porque com ignorância afetada os não querem conhecer para os não emendar: Noluit inteligere, ut bene ageret, vede agora se castigará Deus justamente no dia do Juízo os pecados não conhecidos, se por cometidos merecem um castigo, e por não conhecidos outro maior? 

Porém se até aquele dia estarão desconhecidos e sepultados nas trevas desta maliciosa e ignorante ignorância, então ressuscitarão, sairão à luz, porque o mesmo juiz universal, como diz São Paulo, com os resplendores de sua presença alumiará as consciências de todos os homens, e descobrirá manifestamente a cada um tudo o que nelas estava escondido e às escuras: Quoadusque veniat Domínus, qui et illuminabit abscondita tenebrarum. Por meio desta luz, desenganadas então, e assombradas as mesmas consciências do muito que verão sair debaixo do nada, que não viam ou não quiseram ver, nenhuma terá que estranhar, nem replicar à sentença, ainda que seja de eterna condenação, e todas dirão convencidas: Justus es, Domine, et rectum judicium tuum

(Excertos da obra 'Sermões', do Pe. Antônio Vieira)

O QUE JESUS BUSCOU NESTA TERRA? (II)

OS FRUTOS DE SUA PAIXÃO

Eis o segundo dos grandes interesses de Jesus. Sempre que possamos impedir que se cometa um pecado, por leve que seja, muito faremos pelos interesses de Jesus. Melhor poderemos apreciar a grandeza de um tal serviço, se fizermos esta reflexão: ainda que pudéssemos fechar para sempre o inferno, salvar todas as almas que lá estão sofrendo, despovoar o purgatório, e converter todos os homens do mundo em outros tantos santos como os bem aventurados apóstolos Pedro e Paulo, dizendo a mais leve mentira que fosse, não a deveríamos dizer; pois a glória de Deus sofreria mais com essa pequena mentira do que lucraria com tudo o mais.

Avaliai por isto quanto se faz pelos interesses de Jesus impedindo um pecado mortal! E todavia é isto tão fácil! Se todas as noites, antes de nos deitarmos, pedíssemos à Virgem Santa que oferecesse a Deus o precioso sangue de Seu querido Filho, a fim de se impedir um pecado mortal que ameaçasse ser cometido em qualquer parte do mundo durante a noite; e se renovássemos o mesmo pedido todas as manhãs, para o mesmo fim durante as horas do dia, não há dúvida que semelhante oferta, apresentada por tais mãos, não poderia deixar de obter a graça desejada; e assim cada um de nós poderia provavelmente impedir setecentos e trinta pecados mortais em cada ano.

Suponhamos agora que mil dentre nós querem fazer esta oferta e nela perseveram durante vinte anos; isto, que nenhum trabalho nos daria, seria bem meritório: teríamos impedido mais de quatorze milhões de pecados mortais. E se todos os membros da Confraria seguissem este exemplo, teríamos que multiplicar este número por dez. Ah! Deste modo, como os interesses de Jesus progrediriam no mundo, e que alegria, que felicidade nos não proporcionaríamos a nós mesmos!

Assim também todas as vezes que possamos resolver alguém, que o necessite, a confessar-se, ainda que não tenha a acusar senão pecados veniais, aumentamos o fruto da Paixão do nosso Redentor. Cada ato de contrição que qualquer pessoa faça, a instâncias nossas; cada oração que nós façamos com o fim de lhe alcançar esta graça, acrescenta os mesmos frutos. Cada nova austeridade, cada ligeira penitência que promovamos, dá o mesmo resultado. O mesmo aconteceria com os nossos esforços para fazermos apreciar a comunhão frequente.

Quando pudermos conseguir que alguém tome parte nas nossas devoções à Paixão de Nosso Senhor, que a leia ou a medite, daremos impulso aos interesses de Jesus. Disse algum santo (e, se me não falha a memória, foi Alberto o Grande) que uma só lágrima vertida pelos sofrimentos do nosso doce Salvador era mais preciosa aos Seus olhos, que um ano inteiro de jejum a pão e água. O que não seria, pois, se nós pudéssemos interessar os outros em juntarem as suas lágrimas às nossas, e unirem-se conosco no sentimento de uma terna piedade pela Paixão de Jesus! Oh! Quão grandes são os frutos de uma simples oração! Suavíssimo Jesus! Porque somos nós tão insensíveis, tão frios? Acendei em nós esse fogo que viestes trazer à terra!

(Excertos da obra 'Tudo por Jesus', do Pe. Frederico William Faber) 

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O QUE JESUS BUSCOU NESTA TERRA? (I)

 A GLÓRIA DE DEUS

Estudando o nosso Divino Salvador, tal como nos é representado nos Santos Evangelhos, veremos que não há nada, se nos é permitido arriscar esta expressão, nada mais semelhante a uma paixão n’Ele dominante que o Seu tão vivo, tão ardente desejo da glória de Seu Pai. Desde o dia em que, na idade de doze anos, deixou Maria para ficar em Jerusalém, até à Sua última palavra na Cruz, essa dedicação à glória de Deus sobressai em cada página do livro sagrado. Assim como d’Ele se disse, numa ocasião, que o zelo da casa de Deus O devorava, assim nós podemos dizer que era devorado por uma fome e sede contínuas da glória de Seu Pai.

Era como se se houvesse perdido na terra a glória de Deus, e Ele houvesse vindo para a encontrar; e quão oprimido trouxe o coração enquanto a não encontrou! Foi este o exemplo que nos deu; e a Sua intenção, dando-nos a graça, é que a empreguemos em glorificar Seu Pai que está nos céus. Agora, lançando a vista pelo mundo e em volta de nós, poderemos deixar de ver quanto a glória de Deus está perdida na terra? O interesse de Jesus pede que a procuremos e que a encontremos. Sem falar desses escândalos públicos que dão os grandes pecadores, não será doloroso ver como Deus é esquecido, completamente esquecido pela maior parte dos homens?

Vivem como se Deus não existisse. Não se revoltam precisamente contra Ele, mas não pensam n’Ele, desconhecem-no, Deus é neste mundo, que Ele fez por Suas próprias mãos, como um objeto inoportuno. Foi posto de parte tão despreocupadamente como se faria a uma estátua antiga que se houvesse tornado caricata. Os sábios e os homens de estado estão de acordo neste ponto; a gente de negócios e os financeiros entenderam que era acertadíssimo nada dizerem a respeito de Deus, pois é difícil falar d’Ele ou mesmo ocupar n’Ele apenas o espirito, sem nos sentirmos dispostos o conceder-Lhe demasiado.

Ali está um obstáculo terrível, e poderíamos dizer um obstáculo insuperável, se não fosse a graça de Deus, para os interesses de Jesus. Oh! Quanto nos dilacera o coração semelhante espetáculo, e nos faz suspirar por uma outra vida! Pois, que fazer em tão desesperada situação? Mas alguma coisa devemos tentar. Quanto não poderão fazer os rosários devotamente rezados e as medalhas bentas? E não é infinito o poder de uma só missa? Depois, confessamo-lo com as lágrimas nos olhos, há um grande número de pessoas com reputação de piedosas, que estão longe de dispensarem à glória de Deus um quinhão suficientemente avultado: há muitas pessoas que manifestam devoção, e que aliás não lhe querem dar o primeiro lugar em todas as coisas.

Têm necessidade de luz para melhor conhecerem a glória de Deus; falta-lhes discernimento para descobrirem armadilhas do mundo e do demônio sob o véu da moderação e da prudência, por meio do qual estes dois inimigos de Deus se esforçam pelo privar da Sua glória; não têm coragem para afrontar a opinião do mundo, e firmeza para pôr sempre a sua vida em harmonia com a sua crença. Pobre gente! Convém sem dúvida aos interesses de Jesus, que essas pessoas se vejam a si mesmas e a tudo que as rodeia, tais quais são.

Aqui encontramos, pois, mais uma obra a executar. Oremos por todas as pessoas virtuosas, principalmente por aquelas que trabalham para o ser, a fim de que conheçam o que reverte em glória de Deus, e o que Lhe é oposto. Oh! Quantas perdas nos causa todos os dias esta falta de discernimento! Depois, existem ordens religiosas que, cada uma de sua maneira e conforme o fim da sua instituição, vão trabalhando com a benção da Igreja, na glória de Deus. Há bispos e padres que com uma singular perseverança e perfeição admirável dedicam os seus esforços a este único fim. Qual é também o alvo de uma infinidade de associações e confrarias que existem, senão a glória de Deus?

Temos de sofrer males, afrontar perigos e suportar escândalos; a sorte da Igreja é curvar hoje a cabeça ante o mundo e nele reinar amanhã. Ora, em tudo isto tem Jesus os Seus interesses, e é dever nosso tratar deles. Meia dúzia de homens que percorressem o mundo procurando somente a glória de Deus, poderiam transportar montanhas. É esta a promessa feita aos homens animados de fé viva. Por que não havemos de ser nós esses homens?

(Excertos da obra 'Tudo por Jesus', do Pe. Frederico William Faber)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

ANTÍFONAS DO Ó

As Antífonas do Ó são sete orações especialmente cantadas durante o tempo do Advento, particularmente ao longo da semana que antecede o Natal. A autoria das antífonas, que remontam aos séculos VII e VIII, tem sido comumente atribuída ao papa Gregório Magno. São sete orações extremamente curtas, sempre iniciadas pela interjeição Ó, correspondendo a sete diferentes súplicas manifestadas a Jesus Cristo, na expectativa do nascimento do Menino - Deus entre os homens, que é invocado sob sete diferentes títulos messiânicos tomados do Antigo Testamento. 

17 de dezembro

O Sapientia
quæ ex ore Altissimi prodisti,
attingens a fine usque ad finem,
fortiter suaviter disponens omnia:
Veni ad docendum nos viam prudentiae   


Ó Sabedoria
que saístes da boca do altíssimo
atingindo de uma a outra extremidade
e tudo dispondo com força e suavidade:
Vinde ensinar-nos o caminho da prudência 

18 de dezembro

O Adonai
et Dux domus Israel,
qui Moysi in igne flammæ rubi apparuisti
et ei in Sina legem dedisti:
Veni ad redimendum nos in brachio extento 


Ó Adonai
guia da casa de Israel,
que aparecestes a Moisés na chama do fogo
no meio da sarça ardente e lhe deste a lei no Sinai
Vinde resgatar-nos pelo poder do Vosso braço. 

19 de dezembro

O Radix Jesse
qui stas in signum populorum,
super quem continebunt reges os suum,
quem gentes deprecabuntur:
Veni ad liberandum nos; jam noli tardare 


Ó Raiz de Jessé
erguida como estandarte dos povos,
em cuja presença os reis se calarão
e a quem as nações invocarão,
Vinde libertar-nos; não tardeis jamais. 

20 de dezembro

O Clavis David
et sceptrum domus Israel:
qui aperis, et nemo claudit;
claudis et nemo aperit:
Veni, et educ vinctum de domo carceris,
sedentem in tenebris et umbra mortis 


Ó Chave de Davi
o cetro da casa de Israel
que abris e ninguém fecha;
fechais e ninguém abre:
Vinde e libertai da prisão o cativo
assentado nas trevas e à sombra da morte. 

21 de dezembro

O Oriens
splendor lucis æternæ, et sol justitiæ
Veni et illumina sedentes in tenebris
et umbra mortis. 


Ó Oriente
esplendor da luz eterna e sol da justiça
Vinde e iluminai os que estão sentados
nas trevas e à sombra da morte. 

22 de dezembro

O Rex gentium
et desideratus earum
lapisque angularis,
qui facis utraque unum:
Veni et salva hominem quem de limo formasti 


Ó Rei das nações
e objeto de seus desejos,
pedra angular
que reunis em vós judeus e gentios:
Vinde e salvai o homem que do limo formastes. 

23 de dezembro

O Emmanuel,
Rex et legifer noster,
exspectatio gentium,
et Salvador earum:
Veni ad salvandum nos, Domine Deus noster 


Ó Emanuel,
nosso rei e legislador,
esperança e salvador das nações,
Vinde salvar-nos,
Senhor nosso Deus.