IX - NÃO PROFANAR OS SANTOS MISTÉRIOS
A Sagrada Eucaristia é a incorporação mística e espiritual da
nossa alma com Jesus, tornada possível através do nosso contato físico com
as sagradas espécies. Jesus Cristo, por inteiro, corpo, sangue, alma e
divindade, está presente na Sagrada Eucaristia, sob as aparências do pão e do
vinho, sob a reverberação das palavras do Mestre na sinagoga de Cafarnaum e na
última Ceia, diante de seus apóstolos: a minha carne é verdadeiramente
comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida. O ato eucarístico é,
pois, um ato de profunda adoração a Deus e é inadmissível que a adoção de
determinadas práticas abusivas e a negligência espiritual possam
comprometer e desfigurar a alma da Igreja de Cristo e o cerne de nossa vida
cristã.
Para muitos sacerdotes e leigos, as considerações prévias têm sido
objeto de uma descrédito generalizado, associado a um enorme ceticismo e uma
completa inconsciência diante dos fatos e das realidades dos tempos atuais,
quando não a um desdém puro e simples. Este impressionante estado
de letargia e relaxamento moral tem propiciado um ambiente de profunda
deterioração moral, que favorece em larga escala a perda da
verdadeira fé e a difusão de uma apostasia cada vez maior e mais profunda.
Por outro lado, embora em número bem mais reduzido, há igualmente sacerdotes
e leigos bastante preocupados com esta avalanche de concessões ilícitas que
ofendem direta e gravemente o Santíssimo Corpo de Jesus. Entretanto,
por desânimo ou comodismo, “tocam” o barco e a transposição das reflexões à
ação concreta dilui-se nas preocupações cotidianas e no bochorno do fácil
anonimato. Para estes, são especialmente dirigidas as palavras de perseverança
e de fidelidade, expressas pelo insistente pedido de São Paulo a
Timóteo (2Tm 4,2): “proclama a palavra, insiste oportuna e inoportunamente,
argumenta, repreende, aconselha, com toda a paciência e doutrina”.
O que não vem de Deus é obra de satanás e ele, mais do que os homens,
sabe e reconhece o manancial de graças e de misericórdias que se desprendem dos
céus sobre a Terra a cada santa e digna comunhão. Não é de estranhar, portanto,
a sua ação diabólica e concentrada sobre o mistério eucarístico, conspurcando
os santos costumes e minando drasticamente as práticas da sã
doutrina de Deus e usando para isso, o orgulho, a vaidade e a cegueira
impressionantes desta geração de homens tolos e insensatos.
E os céus esperam uma resposta e um “basta” do Corpo Místico de Cristo a
esse flagelo de dores e profanações. Em quantas igrejas, tem-se pedido
insistentemente pela paz, pela fraternidade e pela justiça? Quantos filhos de
Deus têm repetidamente invocado as graças e a misericórdia do Pai sobre o mundo
e toda a humanidade? Quanta oração, jejum, penitência são recolhidos
diariamente pelo tesouro espiritual da Igreja? Menos pelo mérito humano e muito
mais pela misericórdia do Pai, tudo se torna graça abundante, livre para
retornar aos filhos de Deus. Que responsabilidades pessoais e comunitárias nos
cabem para que a Santa Eucaristia seja uma porta aberta e generosa para
canalizar a miríade de graças e dádivas que os céus despejam sobre os homens a
cada dia?
Por fim, dois aspectos cruciais, relativos aos ritos da Última Ceia,
deveriam merecer de nossa parte absoluta reflexão e ponderação, quando
transplantados ao sacramento atual da Sagrada Eucaristia. O primeiro deles se
refere à passagem do aviso da traição de Judas. Embora expresso de
forma diferente no Evangelho de São João, é interessante observar e refletir
sobre a estranha e sintomática forma que Jesus utilizou para indicar o apóstolo
da traição, conforme os relatos dos Evangelhos de São Mateus, São Marcos e São
Lucas: “um de vós que come comigo há de me entregar ... (o)
que coloca a mão no mesmo prato comigo.” Na sagrada eucaristia,
milhares de homens e mulheres tomam também hoje o Santíssimo nas mãos e
reproduzem, com malícia diabólica, o gesto tresloucado e suicida da traição de
Judas.
O segundo aspecto é ainda mais perturbador para a Igreja atual. Por que
Nossa Senhora, presente a cada minuto da vida e da pregação pública de Jesus, das
bodas de Caná às dores do Calvário, da Anunciação do Anjo à Páscoa da
Ressurreição, como Medianeira Universal e Co-Redentora, poderia estar ausente
exatamente no momento crucial da instituição da eucaristia por Jesus? É uma
pergunta, como tantas outras, que extrapola a nossa condição humana e se
contextualiza nos desígnios do Pai. Mas uma certeza absoluta nós podemos ter,
isso não ocorreu por acaso e nem por esquecimento. Seria muito prudente que as
mulheres que estão hoje nos altares, tocando e distribuindo as sagradas
espécies, ainda que com as melhores intenções, refletissem profundamente sobre
este mistério e reavaliassem, no contexto do verdadeiro papel da mulher na
Igreja de Cristo, se não estão sendo causa apenas de juízo e condenação.
Eucaristia I: Primeira Parte (Primeiro Domingo de Agosto)
Eucaristia II: Segunda Parte (Segundo Domingo de Agosto)
Eucaristia III: Terceira Parte (Terceiro Domingo de Agosto)
Eucaristia IV: Quarta Parte (Quarto Domingo de Agosto)
Eucaristia V: Quinta Parte (Primeiro Domingo de Setembro)
Eucaristia VI: Sexta Parte (Segundo Domingo de Setembro)
Eucaristia VII: Sétima Parte (Terceiro Domingo de Setembro)
Eucaristia VIII: Oitava Parte (Quarto Domingo de Setembro)
Eucaristia VI: Sexta Parte (Segundo Domingo de Setembro)
Eucaristia VII: Sétima Parte (Terceiro Domingo de Setembro)
Eucaristia VIII: Oitava Parte (Quarto Domingo de Setembro)