Mostrando postagens com marcador Santos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Santos. Mostrar todas as postagens

sábado, 30 de agosto de 2025

A GLÓRIA DAS GLÓRIAS É A CRUZ!

Toda ação de Cristo é glória da Igreja católica. Contudo, a glória das glórias é a cruz. Paulo, muito bem instruído, disse: 'Longe de mim gloriar-me a não ser na cruz de Cristo'.

Foi uma coisa digna de admiração que ele tenha recuperado a vista àquele cego de nascença em Siloé. Mas o que é isto em vista dos cegos do mundo inteiro? Foi estupendo e acima das forças da natureza ressuscitar Lázaro após quatro dias de morto. Mas a um só foi dada essa graça; e os outros todos, em toda a terra, mortos pelo pecado? Foi maravilhoso alimentar com cinco pães, qual fonte, a cinco mil homens. Mas e aqueles que em toda a parte sofrem a fome da ignorância? Foi magnífico libertar a mulher ligada há dezoito anos por Satanás; mas que é isto se considerarmos a todos nós, presos pelas cadeias de nossos pecados?

Pois bem; a glória da cruz encheu de luz os que estavam cegos pela ignorância, libertou os cativos do pecado, remiu o universo inteiro. Não nos envergonhemos da cruz do Salvador. Muito pelo contrário, dela tiremos glória. Pois a palavra da cruz é escândalo para os judeus e loucura para os gentios, para nós, no entanto, é salvação. Para aqueles que se perdem é loucura; para nós, que fomos salvos, é força de Deus. Não era um simples homem quem por nós morria; era o Filho de Deus feito homem.

Outrora o cordeiro, morto segundo a instituição mosaica, afastava para longe o devastador. Porém, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, não poderá muito mais libertar dos pecados? O sangue de um cordeiro irracional manifestava a salvação. Sendo assim, não trará muito maior salvação o sangue do Unigênito?

O Cordeiro não entregou a vida coagido, nem foi imolado à força, mas por sua plena vontade. Ouve o que ele disse: 'Tenho o poder de entregar minha vida; e tenho o poder de retomá-la'. Chegou, portanto, com toda a liberdade à paixão, alegre com a excelente obra, jubiloso pela coroa, felicitando-se com a salvação do homem. Não se envergonhou da cruz pois trazia a salvação para o mundo. Não era um homem qualquer aquele que padecia, era o Deus encarnado a combater pelo prêmio da obediência.

Por conseguinte, não te seja a cruz um gozo apenas em tempo de paz. Também em tempo de perseguição guarda a mesma fidelidade, não aconteça seres tu amigo de Jesus durante a paz e inimigo durante a guerra. Agora recebes a remissão dos pecados e és enriquecido com os generosos dons espirituais de teu rei. Rebentando a guerra, luta por ele valorosamente.

Jesus foi crucificado em teu favor, ele não tinha pecado. Tu, por tua vez, não te deixarás crucificar por aquele que em teu benefício foi pregado na cruz? Não estarás fazendo nenhum favor porque primeiro recebeste. Entretanto, mostras tua gratidão pagando a dívida a quem por ti foi crucificado no Gólgota.

(Das Catequeses de São Cirilo)

terça-feira, 26 de agosto de 2025

'SOU DEVORADO PELO AMOR DE DEUS!'


O 'santo' é aquele que ama. O que transforma um homem em 'santo' é o amor. Mas não o amor humano. Não o amor terreno. Não o amor carnal. Não o amor natural. Não, nenhum desses amores jamais pode transformar um homem em um 'santo'.

Se pensarmos em São Pedro e São Paulo, os Apóstolos, por exemplo, se pensarmos em Santa Maria Madalena e São João Evangelista, se pensarmos em São Francisco de Assis e Santa Clara, imediatamente entendemos que eles foram transformados em 'santos' somente pelo amor divino:

Foi somente o amor divino, de fato, que fez de São Pedro e São Paulo dois 'mártires' intrépidos , que fez de Santa Maria Madalena e São João Evangelista dois santos 'amados' por Jesus, que fez de São Francisco e Santa Clara de Assis dois santos 'seráficos'.

Os santos, todos os santos, são as obras-primas do amor divino, isto é, do amor a Deus e ao próximo, levado às alturas ardentes do amor heróico que procura sacrificar-se e consumir-se total e plenamente, sem medida, à imitação de Jesus crucificado que se sacrificou inteiramente, deixando-se esgotar por amor ao Pai e por amor a todo o homem.

A expressão do Padre Pio – 'sou devorado pelo amor de Deus e pelo amor ao próximo' – revela, precisamente, a dinâmica do amor divino que 'devora' e consome o homem, transformando-o num 'santo', isto é, numa 'sarça ardente' de amor que arde cada vez mais intensamente sem nunca se consumir (cf Ex 3,2).

Se refletirmos sobre a vida do Padre Pio, podemos ver que é exatamente assim que as coisas são. Desde criança, aos cinco anos de idade, ele foi inspirado a amar Jesus, já tentando imitá-lo, batendo-se com correntes, dormindo no chão, desejando compartilhar o seu sofrimento pelos pecadores. E, em sua vida religiosa como capuchinho e em seu apostolado sacerdotal, durante cinquenta anos sangrando estigmas, ele se ofereceu verdadeira e heroicamente à imolação diária em seu ministério como confessor para regenerar as almas dos homens para que fossem salvas e conduzidas ao Céu.

Este é o amor divino do 'santo'. Não um amor divino comedido ou medíocre, mas um amor 'devorador', sem medida. Não um amor divino de água e açúcar - como o nosso! - mas um amor divino inteiramente de 'sangue'.

(Excertos da obra 'O Pensamento do Padre Pio', do Pe. Stefano Manelli)

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

ORAÇÃO PARA PEDIR A SALVAÇÃO


Socorrei-me, Senhor e vida minha, afim de que não venha a morrer na minha maldade. Se não me criásseis, não existiria; criastes-me, passei a existir; se não me dirigirdes, cessarei de existir.

Não foram encantos ou méritos meus que vos compeliram a dar-me o ser, senão a vossa infinita munificência.

Suplico-vos, pois, que aquele mesmo amor que vos compeliu à minha criação possa igualmente compelir-vos a reger-me; porquanto que aproveita haver-vos o vosso amor compelido a criar-me, se eu morrer na minha miséria, privado da direção de vossa destra?

Obrigai-vos, Senhor, a salvar-me com a mesma clemência que vos levou a tirar do nada o que jazia no nada; movei-vos em libertar-me com a mesma caridade que vos moveu em criar-me, pois não é hoje menor este vosso atributo do que era então.

A caridade sois vós mesmos, que sempre sois e não mudais. Não se vos encurtou a mão, que não possais salvar-me; nem se vos endureceu o ouvido, que não mais vos seja dado ouvir-me.

(Santo Agostinho)

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

O ECUMENISMO SEGUNDO OS SANTOS

1. 'Em nome do Se­nhor Jesus – reunidos vós e o meu espírito, com o poder de nosso Senhor Jesus – seja esse homem entregue a Satanás, para mortificação do seu corpo, a fim de que a sua alma seja salva no dia do Senhor Jesus' (ICor 5,4-5).

2. 'O castigo os atingirá por duplo motivo: porque eles desconheceram a Deus, afeiçoando-se aos ídolos, e porque são culpados, por desprezo à santidade da religião, de ter feito juramentos enganadores' (Sb 14,30).

3. 'Pensai no que há originado todas as heresias: não encontrareis outra fonte que não a soberba' (Santo Agostinho).

4. 'Não te admires dos hereges que citam as Escrituras, pois o diabo também se serve delas, não para ensinar, mas para enganar' (Santo Ambrósio).

5. 'Lançai fora a ímpia e funesta opinião de que, em qualquer religião, é possível chegar ao caminho da salvação eterna' (Pio XI).

6. 'Aqueles que corrompem famílias não herdarão o Reino de Deus. Se, pois, aqueles que fazem isso com respeito à carne sofreram a morte, quanto mais será o caso daquele que corrompe a fé em Deus, pela qual Jesus Cristo foi crucificado, com doutrinas perversas!' (Santo Inácio de Antioquia).

7. 'Não há pecados mortais mais graves do que os dos hereges que negam Cristo depois de o terem conhecido' (São Beda).

8. 'O verdadeiro ecumenismo, a verdadeira caridade com os que estão no erro, é mostrar-lhes a verdade plena, e rezar por eles – e não com eles – para que se convertam à verdadeira fé' (São Pio X).

9. 'Tenham coragem diante de sua fé e suas convicções. São os maus que devem temer diante dos bons, e não os bons diante dos maus' (São João Bosco).

10. 'Se, para salvar uma vida terrena, é louvável usar a força para impedir um homem de cometer suicídio, não nos seria permitido usar a mesma força — a santa coerção — para salvar a Vida (com maiúscula) de muitos que estão estupidamente empenhados em matar as suas almas?' (São José Maria Escrivá).

terça-feira, 19 de agosto de 2025

SOBRE A CONFIANÇA EM DEUS

Desperte, eu lhe digo, levante-se e fique acordado, você que foi vencido pelo sono do pecado; volte à vida finalmente, você que caiu diante da espada mortal de seus inimigos. O apóstolo Paulo está aqui. Ouça-o enquanto ele exige vigorosamente ser ouvido, batendo à sua porta e lhe chamando com palavras claras: 'Acorda do teu sono e levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará!' (Ef 5,14).

Se você ouve Cristo, que restaura a vida, por que se sente inseguro quanto à sua restauração? Ouça as suas próprias palavras: 'Se alguém crer em mim, ainda que morra, viverá' (Jo 11,25) Se a própria Vida, que dá vida, procura ressuscitar você, por que você continua tolerando ficar morto?

Seu coração deve bater com confiança no amor de Deus e não endurecer e se tornar impenitente diante do seu grande crime. Não são os pecadores, mas os ímpios que devem se desesperar; não é a magnitude do crime de alguém, mas o desprezo por Deus que destrói as esperanças de alguém. Se, de fato, o diabo é tão poderoso que é capaz de lançá-lo nas profundezas desse vício, quão mais eficaz é a força de Cristo para restaurá-lo à posição elevada da qual você caiu? 'Aquele que caiu nunca mais se levantará?' (Sl 40,9). 'Se o jumento do teu inimigo cair sob o peso da sua carga' (cf Ex 23,5) é o aguilhão da penitência que o impele e a mão do espírito que o liberta com coragem.

Se a sua carne impura o enganou... se roubou os sete dons do Espírito Santo, se extinguiu não apenas a luz do seu rosto, mas também a do seu espírito, não fique deprimido e não se desespere completamente. Mais uma vez, reúna suas forças, anime-se como um homem, ouse realizar grandes feitos e, ao agir assim, você terá a força, pela misericórdia de Deus, para triunfar sobre seus inimigos.

(São Pedro Damião)

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

SOBRE A NECESSIDADE DA ORAÇÃO CONSTANTE

Eu, enquanto tiver alento, não cessarei de pregar a necessidade primordial de ser alma de oração – sempre! – em qualquer ocasião e nas circunstâncias mais díspares, porque Deus nunca nos abandona. Não é cristão pensar na amizade divina exclusivamente como um recurso extremo. Pode parecer-nos normal ignorar ou desprezar as pessoas que amamos? Evidentemente que não. Para os que amamos dirigimos constantemente as palavras, os desejos, os pensamentos: há como que uma presença contínua. Pois, o mesmo com Deus.

Com esta busca do Senhor, toda a nossa jornada se converte numa única conversa, íntima e confiada. Afirmei-o e escrevi-o tantas vezes, mas não me importo de o repetir, porque Nosso Senhor faz-nos ver – com o seu exemplo – que este é o comportamento certo: oração constante, de manhã à noite e da noite até de manhã. Quando tudo sai com facilidade: obrigado, meu Deus! Quando chega um momento difícil: Senhor, não me abandones! E esse Deus, manso e humilde de coração, não esquecerá os nossos rogos nem permanecerá indiferente, porque Ele afirmou: pedi e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. 

(Excertos da obra 'Amigos de Deus', de São Josemaria Escrivá)

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

JESUS É A PONTE PARA O CÉU

Por não estar em mim, o pecado não merece amor. Quem o faz, ofende toda criação e me odeia. O homem tem obrigações de me querer bem. Sou imensamente bom, dei-lhe o ser, numa chama de caridade. Todavia, os maus fogem de mim. Mas, por justiça ou misericórdia, ninguém escapa das minhas mãos.

Eis o meu plano: criar o homem à minha imagem e semelhança para que alcançasse a vida eterna, participasse do meu Ser, experimentasse a minha suma, eterna e doce bondade. O pecado veio impedir-lhe de atingir essa meta. O homem deixava de realizar o meu plano, pois a culpa lhe fechara o Céu e a porta da minha misericórdia. O pecado fez germinar na humanidade espinhos e sofrimentos, tribulações numerosas, rebelião interna.

Ao revoltar-se contra mim, o homem criou a rebelião dentro de si. Em conseqüência da perda do estado de inocência, a carne se revoltou contra o espírito. Imediatamente brotou um rio tempestuoso, cujas ondas continuam a açoitar a humanidade. São as misérias e males provenientes do próprio homem, do demônio e do mundo. Nele todos se afogavam; ninguém mais, graças a virtudes pessoais, atingia a vida eterna. Para remediar tantos males, construí a ponte no Meu Filho, que permitiria a travessia do rio sem perigo de afogar-se. O rio é o tempestuoso mar desta tenebrosa vida.

Quero que contemples a ponte que é o meu Filho, que vejas sua grandiosidade. Ela se estende do céu à terra, pois nela a terra da vossa natureza humana está unida à divindade sublime, graças à encarnação que realizei no homem. Todos vós deveis passar por esta ponte, louvando-me através do trabalho pela salvação dos homens e tolerando muitas dificuldades, a exemplo do meu doce e amoroso Verbo Encarnado. Não há outro modo de chegar até mim.

Dizia o Meu Filho: 'Eu sou a videira verdadeira e vós os ramos; Meu Pai é o agricultor' (Jo 15,5). Sim, Eu sou o agricultor, de mim se originam todos os seres. Tenho um poder incalculável, pelo qual governo o universo; nada me escapa. Fui eu o agricultor que plantou a verdadeira vinha, Cristo, no chão da humanidade, para que vós, unidos a Ele, possais frutificar. Quem não produzir ações santas e boas, será cortado da videira; e secará. Separado, perderá a vida da graça e irá para o fogo eterno.

Sabes que os mandamentos da Lei se reduzem a dois sem eles, nenhum outro é observado. São eles: amar-me sobre todas as coisas e amar o próximo como a ti mesmo. Eis o começo, o meio e o fim dos mandamentos da lei.  Todavia esses dois não se reúnem em mim sem os três, ou seja, sem a unificação das três faculdades da alma:  memória, inteligência e vontade. A memória há de recordar-se dos meus beneficios e da minha bondade; a inteligência pensará no amor inefável revelado em Cristo, pois Ele se oferece como objeto de reflexão, para manifestar a chama do meu amor; a vontade, unindo-se às faculdades anteriores, me amará e desejará como seu fim.

O coração humano, ao ser atraído pelo amor, leva consigo todas as faculdades da alma: Quando são harmonizadas e reunidas tais faculdades, todas as ações humanas - corporais ou espirituais - ficam-me agradáveis, pois unem-se a mim na caridade. Foi exatamente para isso que meu Filho se elevou na cruz, trilhando o caminho do amor cruciante. Ao dizer, 'Quando Eu for elevado, atrairei a mim todas as coisas', ele queria significar: quando o coração humano e as faculdades forem atraídas, todas as demais faculdades e suas ações também o serão.

Ninguém pode vir a mim, senão por meio de Cristo. Esta a razão pela qual fiz d'Ele uma ponte de três degraus. Esses três degraus representam os três estados espirituais do homem. O pavimento desta ponte é feito de pedras, a fim de que a chuva (da justiça divina) não retenha o caminhante. As pedras são as virtudes verdadeiras e reais. Antes da Paixão do meu Filho, elas ainda não tinham sido assentadas, motivo pelo qual os antigos não atingiam o céu, mesmo que vivessem piedosamente. O Paraíso ainda não fora aberto com a chave do Sangue e a chuva da justiça divina impedia a caminhada.

Quando aquelas pedras foram assentadas no Corpo do Meu Filho - por mim comparado a uma ponte - foram embebidas, amalgamadas e assentadas com sangue. Em outras palavras: o sangue (humano) foi misturado com a cal da divindade e fortemente queimado no calor da caridade. Tais pedras foram postas em Cristo por mim, mas é n'Ele que toda virtude é comprovada e vivificada. Fora de Jesus ninguém possui a vida da graça. Ocorre estar n'Ele, trilhar suas estradas, viver a sua mensagem. Somente Ele faz crescer as virtudes, somente Ele as constrói como pedras vivas, cimentando-as com o próprio Sangue. Nele, todos os fiéis caminham na liberdade, sem o medo da justiça divina, pois vão cobertos pela misericórdia, descida do céu no dia da encarnação. 

Foi a chave do Sangue de Cristo que abriu o céu. Portanto, esta ponte é ladrilhada; e seu telhado é a misericórdia. Possui também uma despensa, constituída pela hierarquia da Santa Igreja, que conserva e distribui o Pão da Vida e o Sangue. Assim, as minhas criaturas, viandantes e peregrinas, não fraquejam de cansaço na viagem. Para isto ordenei que vos fosse dado o Corpo e o Sangue do Meu Filho, Homem Deus.

Disse Jesus: 'Eu sou o caminho, a verdade, e a vida; quem vai por mim não caminha nas trevas, mas na luz' (Jo, 8,12). Quem vai por tal caminho é filho da verdade, atravessa a ponte e chega até mim, verdade eterna, oceano de paz. Quem não trilha esse caminho, vai pela estrada inferior, no rio do pecado. É uma estrada sem pedras, feita somente de água, inconsistente; por sobre ela ninguém vai sem afundar. É o caminho dos prazeres e das altas posições, daqueles cujo amor não repousa em mim e nas virtudes, mas no apego desordenado ao que é humano e passageiro. Tais pessoas são como a água sempre a escorrer. À semelhança daquelas realidades, vão passando.

Com o retorno de Meu Filho ao céu, enviei o Mestre, o Espírito Santo. Ele veio no meu poder, na sabedoria do Filho, e na própria clemência. É uma só coisa comigo e o Filho. Por sua vinda, fortaleceu o caminho - mensagem deixado no mundo por Jesus. O Espírito Santo é qual mãe a nutrir no Divino Amor. Ele liberta o homem, torna-o dono de si, isento da escravidão e do egoísmo. A chama da minha caridade (o Espírito Santo) não sobrevive junto ao egoísmo. Assim, todos os homens, recebem luzes para conhecer a verdade. Basta que cada um o queira, que não destrua a luz da razão, pelo egoísmo desordenado.

A mensagem de Jesus é verdadeira e ficou no mundo qual pequena barca para retirar os pecadores do rio do pecado e conduzi-os ao porto da salvação. Primeiro, coloquei o meu Filho como ponte - pessoa, a conviver com os homens; após a sua morte, ficou a ponte - mensagem, possuindoo meu poder, a sabedoria do Filho e o amor do Espírito. O poder fortifica os caminhantes, a sabedoria ilumina e ajuda a reconhecer a Verdade, o Espírito Santo infunde o amor que aperfeiçoa, que destrói o egoísmo e conserva no homem o apego ao bem.

O Verbo encarnado, meu Filho único e ponte de glória, deu aos homens vida e grandeza. Eram escravos do demônio e Ele os libertou. Para que cumprisse tal missão, tornei-o servo; para cobrir a desobediência de Adão exigi que obedecesse; para confundir o orgulho, humilhou-se até a morte na cruz. Por sua morte, destruiu o pecado. No intuito de livrar a humanidade da morte eterna, fez do seu Corpo uma bigorna. No entanto os pecadores desprezam p seu Sangue, pisoteiam-no com um amor desordenado. Esta é a injustiça, este o julgamento falso a respeito do qual o mundo é e será repreendido até o dia do juízo final. Tal repreensão começou quando enviei o Espírito Santo sobre os apóstolos. São três estas repreensões: a voz da Igreja, o Juízo Particular e o Juízo Final.

(Excertos do Livro 'Revelações de Santa Catarina de Sena')

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

ORAÇÃO A MARIA, RAINHA DA MISERICÓRDIA

 ORAÇÃO A MARIA, RAINHA DA MISERICÓRDIA

(Santo Afonso Maria de Ligório)

Mãe de Deus e senhora minha, Maria.
Como se apresenta diante de uma grande rainha
um pobre maltrapilho e chagado,
assim me apresento diante de Vós, rainha do céu e da terra.
De vosso trono sublime, dignai-vos
volver vossos olhos para mim, pobre pecador.
Deus vos tornou tão rica
para que possais socorrer os pobres,
e vos fez rainha da misericórdia
para que possais aliviar os miseráveis.
Olhai e tende misericórdia de mim.
Olhai por mim e não me abandoneis,
tornai-me de pobre pecador em santo.
Vejo que eu nada mereço e, por minha ingratidão,
deveria ser privado de todas as graças
que, por vós, me teria dado meu Senhor.
Porém, vós, que sois rainha da misericórdia,
não procurais por méritos,
mas misérias e necessidades por socorrer.
E quem poderia ser mais pobre e necessitado do que eu?
Virgem excelsa, eu sei que vós,
que sois a rainha do universo,
sois também a minha rainha.
Por isso, de maneira muito especial,
quero dedicar-me ao vosso serviço,
para que disponhais de mim de bom agrado.
Como São Boaventura, queria vos dizer: Senhora,
estou ao vosso serviço,
para que possais me moldar e me dirigir.
Não me abandoneis a mim mesmo,
mas sede minha guia,
colocai-me sob vosso arbítrio
e corrigi-me, se não vos obedecer,
porque serão para mim mais salutares
as reprimendas que vierem por vossas mãos.
Estimo mais ser vosso servo
do que senhor da terra inteira.
"Sou todo vosso, salvai-me" (Sl 118, 94).
Tomai-me para vós e protegei-me.
Não quero ser de mim mesmo, a vós me entrego.
E se, no passado, vos servi mal,
perdendo belas ocasiões de vos honrar,
agora em diante quero tornar-me um dos vossos servos
mais amorosos e leais.
Não quero que ninguém venha a me superar
em vos honrar e amar, minha doce rainha.
Assim vos prometo,
com vossa ajuda, assim hei de cumprir. 
Amém.

01 DE AGOSTO - SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO

ROGAI POR NÓS!

PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS

quinta-feira, 24 de julho de 2025

sexta-feira, 11 de julho de 2025

ORAÇÃO DAS TRÊS HORAS DA TARDE


Senhor Jesus,
estamos agora espiritualmente aos pés da cruz
junto à vossa Mãe e o discípulo que amastes.
Pedimos-vos perdão pelos nossos pecados
que são a causa da vossa morte.

Agradecemos-vos por lembrardes de nós
naquela hora da salvação
e por nos ter legado Maria como nossa Mãe.

Virgem Santa, acolhei-nos sob a vossa proteção
e abri-nos à ação do Espírito Santo.

São João, alcançai-nos
a graça de acolher Maria em nossas vidas, como vós o fizestes,
e de auxiliá-la em sua missão. Amém.

(oração de tradição carmelita)

segunda-feira, 9 de junho de 2025

ÓDIO AO PECADO E AMOR AO PECADOR

O que há então aqui? É o amor? É o ódio? Nem uma coisa e nem outra? Sim, há aqui, ao mesmo tempo, ódio e amor. Ódio contra o que vem de você e amor por você. O que quer dizer: ódio contra o que vem de você e amor por você? Isto quer dizer que há ódio contra as suas obras e amor pela obra de Deus.

O que são suas obras, se não são seus pecados? Qual é a obra de Deus, se não é você mesmo, formado por ele à imagem dele e à semelhança dele? Infelizmente, você despreza a obra de Deus e tem afeto pelas suas! Você ama, fora de você, o que você fez e negligencia, em você, a obra de Deus. Assim, você merece se desgarrar, cair, correr para longe de você mesmo e ouvir ser chamado de um sopro que vai e não volta (Sl 77,39).

Volte seu olhar para Aquele que chama você e que grita para você: 'Voltai a mim e eu voltarei a vós' (Zc 1,3). Deus não se afasta quando é olhado. Ele fica e é imutável, tanto para repreender quanto para corrigir. Se ele está longe de você foi porque você se afastou dele. Foi você que se separou; não foi Ele que se escondeu. Desta forma então, preste atenção à sua voz: 'Voltai a mim e eu voltarei a vós'. Em outros termos: 'Quando eu volto a você, é você que volta a mim'. 

O Senhor, efetivamente, busca os fugitivos e se eles retornam para ele, eles se veem iluminados. Para onde fugirá você, infeliz, ao fugir para longe de Deus? Para onde fugirá você, ao se afastar daquele que não está restrito a nenhum lugar e que não se ausenta de nenhum lugar? Ao se unir a ele encontra-se a liberdade e ao se afastar dele encontra-se o castigo. Para quem se afasta ele é um juiz e, para quem retorna, ele é um pai.

(Santo Agostinho, Sermão 42)

quarta-feira, 28 de maio de 2025

ORAÇÃO A JESUS NO TABERNÁCULO


Ó Jesus, como eu seria feliz se tivesse sido muito fiel, mas, infelizmente, muitas vezes fico triste à noite porque sinto que poderia ter respondido melhor às vossas graças. Se eu fosse mais unida a Vós, mais caridosa com as minhas irmãs, mais humilde e mais mortificada, teria menos dificuldade em falar convoso na oração. Mas, ó meu Deus, longe de desanimar à vista das minhas misérias, dirijo-me a Vós com confiança, lembrando-me que 'não são os que estão bem de saúde que precisam de médico, mas sim os doentes'. 

Por isso, peço-vos que me cureis, que me perdoeis, e lembrar-me-ei, Senhor, que a alma a quem destes mais deve também amar-vos mais do que as outras! Ofereço-vos cada batida do meu coração como atos de amor e reparação e uno-os aos vossos méritos infinitos. Peço-vos, ó meu Divino Esposo, que sejais Vós mesmo o Reparador da minha alma, agindo dentro de mim sem levar em conta a minha resistência, pois não quero ter outra vontade que não a vossa e, amanhã, com a ajuda da vossa graça, poder começar uma vida nova em que cada momento será um ato de amor e de renúncia.

Depois de vir todas as noites aos pés do vosso altar, chegarei finalmente à última noite da minha vida e começarei então o dia eterno em que repousarei no vosso Divino Coração depois das lutas do exílio! Assim seja.

(Santa Teresa de Lisieux)

terça-feira, 27 de maio de 2025

SOBRE A MANSIDÃO E A SIMPLICIDADE DE CORAÇÃO

Antes do sol sai a luz da manhã e à humildade precede a mansidão, como nos declarou a mesma luz, que é o Senhor, quando disse: 'Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração'. Justo é, pois, e conforme a ordem natural, gozar da luz antes do sol, pois a este ninguém pode ver, se primeiro não vê esta luz.

Mansidão é conservar a alma em um mesmo estado sem perturbação alguma, quer nas honras, quer nos desgostos. Mansidão é, nas perturbações e aflições do próximo, fazer oração por ele com suma compaixão. Mansidão é firmeza da paciência, porta da caridade, ministra do perdão, confiança na oração, argumento de discrição. Porque o Senhor, como diz o profeta, ensinará aos mansos os seus caminhos.

Mansidão é aposento do Espírito Santo, segundo aquilo que está escrito: 'Sobre quem repousará meu espírito senão sobre o humilde e manso e que trema sob minhas palavras?' Mansidão é auxiliadora da obediência, guia dos irmãos, freio dos furiosos, vínculo dos irados, ministra de gozo, imitação de Jesus Cristo, condição de anjos, prisão de demônios e escudo contra as amarguras do coração.

O Senhor repousa nos corações dos mansos, mas a alma do furioso é aposento do inimigo. Os mansos herdarão a terra, ou melhor dizendo, serão senhores dela. Mas os homens loucos e furiosos serão destruídos e desprezados dela. A alma mansa é filha da simplicidade, mas a alma irada é casa e aposento de malícias. A alma do manso receberá as palavras da sabedoria, porque o Senhor guiará no juízo os mansos, ou melhor dizendo, na virtude da discrição. A causa disto é que a alma quieta e tranquila está muito disposta e aparelhada para ser dirigida e iluminada pelo Espírito Santo. A alma reta é familiar companheira e esposa da humildade.

Mas a má é filha moça e louca da soberba. As almas dos mansos serão cheias de sabedoria mas, nas almas dos irados, moram as trevas e a ignorância. O irado e o dissimulado se encontram e não se acha palavra reta entre eles. Se abrires o coração do primeiro, acharás loucura. Se abrires o do segundo, acharás maldade.

A simplicidade é um hábito e disposição da alma, que carece de variedade e não sabe que coisa é perversa intenção, nem é movido com algum mau pensamento. Malícia é astúcia, ou melhor dizendo, maldade e mentira de demônios, porque pecar por malícia é pecar não por fraqueza ou ignorância, mas por opção e vontade deliberada, como pecam os demônios, que toda a sua astúcia empregam em buscar como fazer maior mal.

Hipocrisia é estado contrário à disposição do corpo e da alma, cheio de suspeitas e más intenções, porque o hipócrita em tudo se contrafaz, querendo parecer outro, suspeitando que os outros sejam como ele. Inocência é disposição e estado da alma, alegre e seguro e livre de toda a suspeita e astúcia porque o verdadeiro inocente, assim como não faz mal a ninguém, assim também não suspeita mal de ninguém.

Fujamos, pois, do despenhadeiro do fingimento e do lago da malícia e astúcia, ouvindo a sentença daquele que disse: 'os que maliciosamente vivem serão destruídos'. Estes, como a verdura das ervas, desfalecerão logo, e serão pasto dos demônios. Assim como Deus é caridade, assim é retidão e igualdade. E por isso, disse o sábio, nos Cânticos, falando com ele: 'os retos são os que te amam'. E o pai deste mesmo sábio disse em um salmo: 'Bom e reto é o Senhor'. E assim diz Aquele que salva aos retos de coração. 

(Excertos da obra 'A Escada do Céu'. de São João Clímaco)

terça-feira, 20 de maio de 2025

'COMO EU VOS AMEI'

O Senhor Jesus manifesta um novo mandamento aos seus discípulos, que se amem mutuamente: 'Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros' (Jo 13,34). Mas este mandamento já não estava escrito na antiga lei de Deus, onde se lê: 'Amarás o teu próximo como a ti mesmo' (Lv 19,18)? Por que então o Senhor chama novo o que é evidentemente tão antigo? Será um novo mandamento pelo fato de nos revestir do homem novo, depois de nos ter despojado do velho? Na verdade, ele renova o homem que o ouve, ou melhor, aquele que lhe obedece; não se trata, porém, de um amor puramente humano, mas daquele que o Senhor quis distinguir,acrescentando: 'Como eu vos amei' (Jo 13,34).

É este amor que nos renova, transformando-nos em homens novos, herdeiros da nova Aliança, cantores do canto novo. Foi este amor, caríssimos irmãos, que renovou outrora os antigos justos, os patriarcas e os profetas e, posteriormente, os santos apóstolos. Ainda hoje é ele que renova as nações e reúne todo o gênero humano espalhado pelo mundo inteiro, formando um só povo novo, o corpo da nova esposa do Filho Unigênito de Deus. É dela que se diz no Cântico dos Cânticos: 'Quem é esta que sobe vestida de branco?' (cf Ct 8,5). Vestida de branco, sim, porque renovada; e renovada de que modo, senão pelo mandamento novo?

Por isso os membros desta esposa sentem uma solicitude mútua. Se um membro sofre, todos sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele. Pois ouvem e praticam a palavra do Senhor: 'Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros'. Não como se amam aqueles que vivem na corrupção da carne; nem como se amam os seres humanos apenas como seres humanos; mas como se amam aqueles que são filhos do Altíssimo. Deste modo, tornam-se irmãos do Filho unigênito de Deus, amando-se uns aos outros com aquele mesmo amor com que ele os amou, e por ele serão conduzidos à plenitude final, onde os seus desejos serão completamente saciados de bens. Então nada faltará à sua felicidade, quando Deus for tudo em todos.

Quem nos dá este amor é o mesmo que diz: 'Amai-vos uns aos outros como eu vos amei'. Foi para isto que ele nos amou, para que nos amássemos mutuamente. E com o seu amor, deu-nos a graça, para que, vivendo unidos em recíproco amor, como membros ligados por tão suave vínculo, formemos o Corpo de tão sublime Cabeça.

(Santo Agostinho, em 'Dos Tratados sobre o Evangelho de São João')

sábado, 17 de maio de 2025

100 ANOS DA CANONIZAÇÃO DE SANTA TERESA DE LISIEUX

Há 100 anos, no dia 17 de maio de 1925, o Papa Pio XI celebrou a Canonização Solene de Teresa de Lisieux, como 'Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face'.


'... Damos graças a Deus por hoje nos ser permitido, como Vigário do Seu Filho Unigênito, repetir e inculcar em todos vós, a partir desta Sede da Verdade e durante este rito solene, uma recordação muito salutar dos ensinamentos do Divino Mestre. Depois de os discípulos o terem interrogado sobre quem era o maior no Reino dos Céus, Ele, chamando uma criança, colocou-a no meio deles e pronunciou estas memoráveis palavras: 'Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus' (Mt 18,2).

Teresa, a nova santa, tendo absorvido vivamente esta doutrina evangélica, traduziu-a na prática da vida cotidiana; de fato, com a palavra e com o exemplo, ensinou às noviças do seu mosteiro este caminho da Infância Espiritual, e a todos através dos seus escritos, escritos que se espalharam pelo mundo e que, depois de lidos, continuam a ser lidos uma e outra vez pelo máximo benefício e alegria que dão à alma. De fato, esta jovem que desabrochou na clausura do Carmelo, e que juntou ao seu nome o do Menino Jesus, fez sobre si a sua imagem; então deve dizer-se que quem venera Teresa, venera e louva o exemplo divino que ela copiou em si mesma.

Hoje, portanto, esperamos que nas mentes dos fiéis surja o desejo de praticar esta Infância Espiritual, que consiste nisto: que tudo o que a criança pensa e faz por natureza, nós o façamos no exercício da virtude. As criancinhas não são perturbadas pelos pecados e cegas pelas paixões e gozam de paz na posse da sua inocência (e sem meios de engano ou hipocrisia exprimem sinceramente os seus pensamentos e ações, de modo que se mostram como realmente são), de modo que Teresa mostrou uma natureza mais angélica do que humana, e conquistou a simplicidade da criança, segundo a Lei da Verdade e da Justiça.

A Menina de Lisieux guardou sempre na memória o convite e as promessas do seu Divino Esposo: 'Quem for pequeno (Pv 9,4) venha a Mim. Será acolhido no meu regaço e, carregados no colo, como uma criança que a mãe consola, sereis consolados' (Is 66,12-13), de modo que Teresa, consciente da sua fraqueza, se confiava à Divina Providência para que, contando unicamente com a sua ajuda, pudesse alcançar a perfeita santidade de vida, mesmo quando passava por dificuldades, e de uma absoluta, mas alegre, abdicação da própria vontade...'

(Excertos do Sermão de Canonização de Santa Teresa de Lisieux, pelo Papa Pio XI, em 17 de maio de 1925) 

quarta-feira, 14 de maio de 2025

ORAÇÃO DE SÚPLICA A JESUS EUCARÍSTICO

PREPARAÇÃO E PROPÓSITOS DA ORAÇÃO

O' minha alma, o que fazes?
Se há um momento precioso, um momento que não deves perder nenhum segundo de distração é este, no qual podes obter quantas graças pedires.
Não sabes que o Pai eterno te olha com amor, vendo em ti o seu Filho muito amado, o objeto mais caro à sua ternura?

Expulsa, pois, os outros pensamentos, reaviva a tua fé, dilata o teu coração pela confiança, e pede tudo o que desejas. 
Não ouves que o próprio Jesus te diz: 'Alma querida, fala: que quereis de mim?' (Mc 10,51). 
Ele vem para enriquecer-te com os seus dons e tornar-te feliz; pede com confiança e alcançarás tudo. 

ORAÇÃO DE SÚPLICA APÓS A COMUNHÃO

Ó meu dulcíssimo Salvador, que a mim viestes para enriquecer-me com favores, e desejais que eu os peça a Vós; não solicito nenhum dos bens terrenos, nem riquezas, nem honras, nem prazeres: concedei-me, é o que suplico, verdadeira dor dos desgostos que vos causei; fazei-me conhecer claramente a vaidade deste mundo e os direitos que tendes ao nosso amor. 

Dai-me um coração novo, isento de toda a afeição terrena, conformado inteiramente à vossa santa vontade, um coração que não busque coisa alguma além do que vos dá prazer e que aspire somente ao vosso santo amor: 'Criai em mim um coração puro, ó meu Deus' (Sl 50,12). 

De modo algum mereço estes favores, mas Vós, ó meu Jesus, os mereceis no meu lugar, pois que viestes residir na minha alma; eu vo-los peço pelos vossos méritos e pelos de vossa Mãe Santíssima e em nome do vosso amor ao vosso Pai eterno. 

[Rogai agora a Jesus alguma graça particular para vós e o vosso próximo; não vos esqueçais de recomendar a salvação dos pecadores, bem como pelas almas do Purgatório]. 

Pai eterno, Jesus Cristo, o vosso divino Filho, nos fez esta bela promessa: 'Em verdade, em verdade vos digo: o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dará' (]o 16, 23). Em nome e pelo amor deste Jesus, o vosso Filho único, que atualmente repousa no meu peito, atendei-me e dai-me as graças que vos peço. O' Jesus e Maria, doces objetos da minha ternura, que eu sofra e morra por vós; que eu seja todo vosso e de modo algum de mim mesmo.

('As Mais Belas Orações de Santo Afonso', Pe. Saint-Omer, 1961)

segunda-feira, 12 de maio de 2025

OS DOIS AMORES E AS TRÊS FACULDADES DA ALMA

Volto a falar dos degraus gerais que deveis percorrer a fim de sair do rio do pecado, atingir a água viva e inserir-me na vossa caminhada.

Pela graça eu repouso em vossas almas. Querendo progredir, é necessário que tenhais sede. Somente os sedentos acolhem aquele convite: 'quem tem sede, venha a mim e beba' (Jo 7,37). Quem não está com sede desanima de caminhar, pára por cansaço ou em prazeres, vai de mãos vazias, sem se preocupar em levar consigo um recipiente para coletar a água. Mas sozinho ninguém progride. Ao apresentar-se o ferrão das contradições, olha-o como a um inimigo e retrocede. O homem solitário teme o encontro do inimigo; quem vai acompanhado, não sente medo. Pois bem, o cristão que ainda não percorreu os três degraus gerais, caminha solitário.

Ocorre, pois, ter sede e reunir dois, três ou mais, na maneira explicada. Por que eu disse 'dois e três'? Porque não existe dois sem três e três sem dois. O homem que está só não possibilita minha presença 'no meio' por falta de companheiro que me permita estar 'entre' eles. O solitário é um vazio, bem como aquele que só possui o egoísmo e vive sem amor pela minha graça e pelo próximo. Um nada, eis o que é a pessoa em quem estou ausente, por causa do pecado. Somente eu 'sou aquele que sou' (Ex 3,14). O egoísta, solitário, não conta diante de mim, não me agrada. Eis por que meu Filho diz: 'Se dois ou três estão reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles' (Mt 18,20). Afirmei antes que não existe dois sem três ou três sem dois. Explico-me.

Sabes que os mandamentos da lei se reduzem a dois; sem eles, nenhum outro é observado. São: amar-me sobre todas as coisas e amar ao próximo como a ti mesma. Eis o começo, o meio e o fim dos mandamentos da lei. Todavia esses 'dois' não se 'reúnem' em mim sem os 'três', isto é, sem a unificação das três faculdades da alma: a memória, a inteligência e a vontade. A memória há de recordar-se dos meus benefícios e da minha bondade; a inteligência pensará no amor inefável revelado em Cristo, pois ele se oferece como objeto de reflexão para manifestar a chama do meu amor; a vontade, unindo-se às duas faculdades anteriores, me amará e desejará como seu fim. Quando essas três faculdades estão assim reunidas, acho-me presente entre elas pela graça. E, como consequência, a pessoa vê-se repleta de amor por mim e pelo próximo, na companhia de verdadeiras e múltiplas virtudes.

Em primeiro lugar, a vontade se dispõe a ter sede. Sede das virtudes, sede da minha glória, sede das almas. As demais sedes se apagam e morrem. Tendo subido o primeiro degrau, da afeição, o homem caminha seguro de si, sem temor servil. Livre do egoísmo, a vontade põe-se acima de si mesma e acima dos bens passageiros. Se a pessoa quer possuir tais bens, ama-os e deles se serve em mim, com temor santo e verdadeiro, virtuosamente. Em seguida, passa-se ao segundo degrau, o da inteligência, no qual a pessoa, em cordial amor por mim, medita sobre Cristo crucificado, enquanto mediador. Por fim, a memória enche-se da minha caridade e alcança paz e a tranquilidade.

Um recipiente vazio, ao ser tocado, faz rumor; o recipiente cheio, nenhum som produz. Da mesma forma, quando a memória está tomada pela luz da inteligência e pelo amor, a pessoa já não se perturba diante das adversidades ou atrativos do mundo; está repleta da minha presença, como sumo bem; não sente falsas alegrias, nem impaciência. Quando o homem sobe os três degraus comuns, suas faculdades unificam-se, colocam-se sob domínio da razão e congregam-se em meu nome. Uma vez reunidos os dois amores – por Deus e pelo próximo – com as três faculdades – a memória para reter, a inteligência para refletir e a vontade para amar – encontra-se o homem na minha companhia, forte e seguro; está na companhia das virtudes; caminha seguro de si. Estou presente nele!

Parte, então, o cristão, inflamado de desejo santo, sequioso de ir pelo caminho da verdade, à procura da fonte da água viva. É o desejo da minha glória, da salvação pessoal e da santificação alheia que incentiva a caminhar, pois é o único meio que possibilita alcançar a meta final. Na saída, o coração está vazio de apegos terrenos. Mas enche-se logo! Nenhum recipiente permanece com vácuo; se não contiver objetos materiais, enche-se de ar. O mesmo acontece com o coração humano. Ao se retirar dele o apego dos bens materiais, enche-se com o ar celeste do amor divino e com a água da graça. Em posse deste dom, o caminhante entra pela porta de Cristo e bebe a água viva em mim, oceano de paz.

(Excertos da obra 'O Diálogo', de Santa Catarina de Sena)

quarta-feira, 30 de abril de 2025

ORAÇÃO EFICAZ AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


I. Ó meu Jesus, que dissestes: 'Em verdade vos digo: Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto': eis que eu bato, procuro e vos peço a graça de...

Pai Nosso... Ave Maria... Glória ao Pai... 

Sagrado Coração de Jesus, eu deposito a minha confiança em Vós!

II. Ó meu Jesus, que dissestes: 'Em verdade vos digo que, se pedirdes alguma coisa ao Pai em meu nome, Ele vo-la concederá': eis que, em Vosso nome, peço ao Pai a graça de...

Pai Nosso... Ave Maria... Glória ao Pai... 

Sagrado Coração de Jesus, eu deposito a minha confiança em Vós!

III. Ó meu Jesus, que dissestes: 'Em verdade vos digo que o céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão': eis que, encorajado pelas vossas palavras infalíveis, peço-vos agora a graça de...

Pai Nosso... Ave Maria... Glória ao Pai... 

Sagrado Coração de Jesus, eu deposito a minha confiança em Vós!

Ó Sagrado Coração de Jesus, para quem é impossível não ter compaixão dos aflitos, tende piedade de nós, pobres pecadores, e concedei-nos a graça que vos pedimos, pelo Coração Doloroso e Imaculado de Maria, vossa terna Mãe e nossa.

Salve Rainha... 

São José, pai adotivo de Jesus, rogai por nós!

(Oração recitada pelo Santo Padre Pio todos os dias, por intercessão daqueles que lhe pediam suas orações)

terça-feira, 29 de abril de 2025

O PRIMEIRO MILAGRE DE SANTA TERESA DE LISIEUX

(Reine Fauquet)

Em 26 de maio de 1908, Reine Fauquet, uma menina de quatro anos, dada como irreversivelmente cega pela medicina, visitou com sua família o primeiro túmulo de Teresa, no Cemitério de Lisieux. Ao retornar da peregrinação, a menina inesperadamente recuperou a visão. Marie, sua irmã mais velha, perguntou-lhe quando ela havia recuperado a visão e a menina revelou então em detalhes a visita celestial de Teresa.

Marie lembrou-se então de ter visto Reine, na manhã de 26 de maio, acalmar-se de repente após um forte ataque de dor e permanecer sorrindo e olhando fixamente numa dada direção, antes de adormecer pacificamente. O testemunho de Reine, apesar da sua tenra idade, nunca mudou, declarando perante as Carmelitas de Lisieux: 'Eu vi Teresa muito perto da minha cama, ela pegou na minha mão, ela riu comigo e era linda, tinha um véu e tudo estava iluminado ao redor da sua cabeça'. Uma das freiras lhe perguntou: 'E como ela estava vestida? Ao que a menina respondeu: 'Como você está vestida'.

Os médicos que a tratavam da cegueira emitiram um certificado em 6 de julho de 1908, atestando a recuperação completa da visão de Reine Fauquet. Este foi o milagre que resultou na abertura do processo de reconhecimento da santidade de Teresa de Lisieux. No ano seguinte, já seria aberta uma investigação para reconhecer as virtudes heroicas da Venerável Serva de Deus. Teresa foi beatificada em 29 de abril de 1923 (102 anos atrás) e canonizada em 17 de maio de 1925 pelo Papa Pio XI, apenas 27 anos depois de sua morte.

quinta-feira, 24 de abril de 2025

A VONTADE DE DEUS É A NOSSA SANTIFICAÇÃO!

Peço ao Senhor que, durante a nossa permanência neste chão que pisamos, não nos afastemos nunca do Caminhante Divino. Para tanto, aumentemos também a nossa amizade com os Santos Anjos da Guarda. Todos necessitamos de muita companhia; companhia do Céu e da terra. Sejamos devotos dos Santos Anjos! É muito humana a amizade, mas é também muito divina; tal como a nossa vida, que é divina e humana. Lembramo-nos do que diz o Senhor? 'Já não vos chamo servos, mas amigos' (Jo 15,15). Ensina-nos a ter confiança com os amigos de Deus, que já moram no Céu, e com as criaturas que convivem conosco, incluídas as que parecem afastadas do Senhor, para as atrairmos ao bom caminho. 

E vou terminar, repetindo com São Paulo aos Colossenses: 'Não cessamos de orar por vós e de pedir a Deus que alcanceis pleno conhecimento da sua vontade, com toda a sabedoria e inteligência espiritual' (Cl 1,9). Sabedoria que nos proporcionam a oração, a contemplação, a efusão do Paráclito na alma, a fim de que tenhais uma conduta digna de Deus, agradando-o em tudo, produzindo frutos de toda a espécie de obras boas e progredindo na ciência de Deus; corroborados em toda a sorte de fortaleza pelo poder da sua graça, para terdes sempre uma perfeita paciência e longanimidade acompanhada de alegria; dando graças a Deus-Pai, que nos fez dignos de participar na sorte dos santos, iluminando-nos com a sua luz; que nos arrebatou ao poder das trevas e nos transferiu para o reino de seu Filho muito amado (Cl 1,10-13).

Que a Mãe de Deus e Mãe nossa nos proteja,  de que cada um de nós possa servir a Igreja na plenitude da fé, com os dons do Espírito Santo e com a vida contemplativa. Realizando cada um os deveres que lhe são próprios, cada um no seu ofício e profissão, e no cumprimento das obrigações do seu estado, honre gozosamente o Senhor. Amai a Igreja, servi-a com a alegria consciente de quem soube decidir-se a esse serviço por Amor. E se virmos que alguns andam sem esperança, como os dois de Emaús, aproximemo-nos deles com fé - não em nome próprio, mas em nome de Cristo - para lhes garantir que a promessa de Jesus não pode falhar, que Ele vela por sua Esposa sempre; que não a abandona; que passarão as trevas, porque somos filhos da luz (cf Ef 5,8) e fomos chamados a uma vida eterna.

E Deus lhes enxugará todas as lágrimas dos olhos, já não haverá morte, nem pranto nem clamor; não mais haverá dor, porque as coisas de antes passaram. E disse Aquele que estava sentado no trono: 'Eis que renovo todas as coisas. E ordenou-me: Escreve, porque todas estas palavras são digníssimas de fé e verdadeiras. E acrescentou: É um fato. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. Ao sedento, eu darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida. Aquele que vencer possuirá todas estas coisas, e eu serei o seu Deus e ele será meu filho' (Ap 21,4-7).

(São Josemaria Escrivá)