(adaptação de imagem publicada originalmente em https://fradescarmelitas.org)
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quinta-feira, 24 de julho de 2025
quarta-feira, 23 de julho de 2025
SOBRE SOFRER OS DEFEITOS DOS OUTROS
1. Aquilo que o homem não pode emendar em si mesmo ou nos demais, deve-o tolerar com paciência, até que Deus disponha de outro modo. Considera que talvez seja melhor assim, para provar tua paciência, sem a qual não têm grande valor nossos méritos. Todavia, convém, nesses embaraços, pedir a Deus que te auxilie, para que os possas levar com seriedade.
2. Se alguém, com uma ou duas advertências, não se emendar, não contendas com ele; mas encomenda tudo a Deus para que seja feita a sua vontade, e seja ele honrado em todos os seus servos, pois sabe tirar bem do mal. Procura sofrer com paciência os defeitos e quaisquer imperfeições dos outros, pois tens também muitas que os outros têm de aturar. Se não te podes modificar como desejas, como pretendes ajeitar os outros à medida de teus desejos? Muito desejamos que os outros sejam perfeitos, e nem por isso emendamos as nossas faltas.
3. Queremos que os outros sejam corrigidos com rigor e nós não queremos ser repreendidos. Estranhamos a larga liberdade dos outros e não queremos sofrer recusa alguma. Queremos que os outros sejam apertados por estatutos e não toleramos nenhum constrangimento que nos coíba. Donde claramente se vê quão raras vezes tratamos o próximo como a nós mesmos. Se todos fossem perfeitos, que teríamos então de sofrer nós mesmos por amor de Deus?
4. Ora, Deus assim o dispôs para que aprendamos a carregar uns o fardo dos outros; porque ninguém há sem defeito; ninguém sem carga; ninguém com força e juízo bastante para si; mas cumpre que uns aos outros nos suportemos, consolemos, auxiliemos, instruamos e aconselhemos. Quanta virtude cada um possui, melhor se manifesta na ocasião da adversidade; pois as ocasiões não fazem o homem fraco, mas revelam o que ele é.
(Da Imitação de Cristo, de Thomas de Kempis)
sábado, 12 de julho de 2025
BREVIÁRIO DIGITAL - ICONOLOGIA CRISTÃ (VII)
A imagem de Nossa Senhora em Czestochowa*, Polônia, conhecida como Nossa Senhora de Jasna Gora [Colina Brilhante], nome do mosteiro onde foi mantida por seis séculos, está incluída no pequeno grupo de Madonas Negras reconhecidas em todo o mundo.
De origem desconhecida, a lenda atribui a sua criação ao evangelista São Lucas, que teria pintado um retrato da 'Virgem diante a mesa de cedro onde fazia as suas refeições'. Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, tendo contato com a imagem durante a sua visita à Terra Santa, a teria levado para Constantinopla no século IV, onde permaneceu por vários séculos, até chegar, muito mais tarde, à Polônia e à posse de São Ladislau no século XV.
São Ladislau, com o propósito de proteger a imagem das repetidas invasões dos tártaros, conduziu-a, então, até Czestochowa. Ainda assim, a imagem foi vandalizada em várias ocasiões por flechas e golpes de espada, e aparentemente foi então pintada praticamente de novo, num formato clássico de um ícone bizantino dos séculos XIII-XIV e preservando a imagem original, incluindo as próprias marcas e danos causados pelos vandalismos ocorridos.
Os milagres atribuídos a Nossa Senhora de Czestochowa são numerosos e espetaculares e registrados nos arquivos de Jasna Gora. A repercussão internacional da imagem foi consideravelmente ampliada pela devoção pessoal do papa João Paulo II, que rezou diante desta imagem da Virgem Maria durante as suas visitas à Polônia. A cor negra da imagem é polêmica e tem sido atribuída desde à pigmentação típica da arte bizantina à época ou até mesmo devido a danos causados pela fuligem e fumaça de incêndio ocorrido num dos templos onde esteve localizada. Outras variantes da imagem apresentam a imagem com tez mais clara ou ainda bem mais escura que a imagem de Czestochowa.
O ícone propriamente dito, com dimensões aproximadas de 122cm x 82 cm, apresenta Nossa Senhora e o Menino Jesus, com tez negra, numa composição clássica bizantina conhecida como odegetria [aquela que mostra o caminho]: Nossa Senhora, revestida com uma vestimenta azul coberta de flores-de-liz, aponta para Jesus com a mão direita como nossa fonte de salvação. O Menino Jesus, por sua vez, estende a mão direita para a frente em uma atitude de bênção, enquanto segura um Livro dos Evangelhos com a mão esquerda. A imagem preserva as marcas e os sinais de vandalismos passados, particularmente na face de Nossa Senhora. O Ícone de Nossa Senhora de Czestochowa, reconhecida como 'peregrina da esperança', está sendo levada na peregrinação 'Do oceano ao Oceano' pelo mundo inteiro em defesa da vida, percorrendo atualmente inúmeras cidades e comunidades católicas de todo o Brasil.
* pronuncia-se tchɛ́z-to-kô-va
sexta-feira, 11 de julho de 2025
ORAÇÃO DAS TRÊS HORAS DA TARDE
Senhor Jesus,
estamos agora espiritualmente aos pés da cruz
junto à vossa Mãe e o discípulo que amastes.
Pedimos-vos perdão pelos nossos pecados
que são a causa da vossa morte.
Agradecemos-vos por lembrardes de nós
naquela hora da salvação
e por nos ter legado Maria como nossa Mãe.
Virgem Santa, acolhei-nos sob a vossa proteção
e abri-nos à ação do Espírito Santo.
São João, alcançai-nos
a graça de acolher Maria em nossas vidas, como vós o fizestes,
e de auxiliá-la em sua missão. Amém.
(oração de tradição carmelita)
quinta-feira, 3 de julho de 2025
quarta-feira, 2 de julho de 2025
SOBRE SER VIGILANTE E DILIGENTE NO SERVIÇO DE DEUS
1. Sê vigilante e diligente no serviço de Deus, e pergunta-te a miúdo: a que vieste, para que deixaste o mundo? Não será para viver por Deus e tornar-te homem espiritual? Trilha, pois, com fervor o caminho da perfeição, porque em breve receberás o prêmio dos teus trabalhos; nem te afligirão, daí por diante, temores nem dores. Agora, terás algum trabalho; mas depois acharás grande repouso e perpétua alegria. Se tu permaneceres fiel e diligente no seu serviço, Deus, sem dúvida, será fiel e generoso no prêmio. Conserva a firme esperança de alcançar a palma; não cries, porém segurança, para não caíres em tibieza ou presunção.
2. Certo homem que vacilava muitas vezes, ansioso, entre o temor e a esperança, estando um dia acabrunhado pela tristeza, entrou numa igreja, e diante dum altar, prostrado em oração, dizia consigo mesmo: Oh! se eu soubesse que havia de perseverar! E logo ouviu em si a divina respostas: Se tal soubesses, que farias? Faze já o que então fizeras, e estarás bem seguro. Consolado imediatamente, e confortado, abandonou-se à divina vontade, e cessou a ansiosa perplexidade. Desistiu da curiosa indagação acerca do seu futuro aplicando-se antes em conhecer qual fosse a vontade e o perfeito agrado de Deus para começar e acabar qualquer boa obra.
3. Espera no Senhor e faze boas obras, diz o profeta, habita na terra e serás apascentado com suas riquezas (Sl 37,3). Há uma coisa que esfria em muitos o fervor do progresso e zelo da emenda: o horror da dificuldade ou o trabalho da peleja. Certo é que, mais que os outros, aproveitam nas virtudes aqueles que com maior empenho se esmeram em vencer a si mesmos naquilo que lhes é mais penoso e contrariam mais suas inclinações. Porque tanto mais aproveita o homem, e mais copiosa graça merece, quanto mais se vence a si mesmo e se mortifica no espírito.
4. Não custa igualmente a todos se vencer e mortificar-se. Todavia, o homem diligente e porfioso fará mais progressos, ainda que seja combatido por muitas paixões, que outro de melhor índole, porém menos fervoroso em adquirir as virtudes. Dois meios, principalmente, ajudam muito a nossa emenda, e vêm a ser: apartar-se valorosamente das coisas às quais viciosamente se inclina a natureza, e porfiar em adquirir a virtude de que mais se há mister. Aplica-te também a evitar e vencer o que mais te desagrada nos outros.
5. Procura tirar proveito de tudo: se vês ou ouves relatar bons exemplos, anima-te logo a imitá-los; mas, se reparares em alguma coisa repreensível, guarda-te de fazê-la, e, se em igual falta caíste, procura emendar-te logo dela. Assim como tu observas os outros, também eles te observam a ti. Que alegria e gosto ver irmãos cheios de fervor e piedade, bem acostumados e morigerados! Que tristeza, porém, e aflição, vê-los andar desnorteados e descuidados dos exercícios de sua vocação! Que prejuízo descurar os deveres do estado e aplicar-se ao que Deus não exige!
6. Lembra-te da resolução que tomaste, e põe diante de ti a imagem de Jesus crucificado. Com razão te envergonharás, considerando a vida de Jesus Cristo, pois até agora tão pouco procuraste conformar-te com ela, estando há tanto tempo no caminho de Deus. O religioso que, com solicitude e fervor, se exercita na santíssima vida e paixão do Senhor, achará nela com abundância tudo quanto lhe é útil e necessário, e escusará buscar coisa melhor fora de Jesus. Oh! se entrasse em nosso coração Jesus crucificado, quão depressa e perfeitamente seríamos instruídos!
7. O religioso cheio de fervor tudo suporta de boa vontade e executa o que lhe mandam. O relaxado e tíbio, porém, encontra tribulação sobre tribulação, sofrendo de toda parte angústias: é que ele carece da consolação interior e lhe é vedado buscar a exterior. O religioso que transgride a regra anda exposto a grande ruína. Quem busca a vida cômoda e menos austera, sempre estará em angústias, porque uma ou outra coisa sempre lhe desagrada.
8. Que fazem tantos outros religiosos que guardam a austera disciplina do claustro? Raro saem, vivem retirados, sua comida é parca, seu hábito grosseiro, trabalham muito, falam pouco, vigiam até tarde, levantam-se cedo, rezam muito, lêem com freqüencia e conservam-se em toda a observância. Olha como os cartuxos, os cistercienses, e os monges e monjas das diversas ordens se levantam todas as noites para louvar o Senhor. Vergonha, pois, seria, se tu fosses preguiçoso em obra tão santa, quando tamanha multidão de religiosos entoa a divina salmodia.
9. Oh! se nada mais tivesses que fazer senão louvar a Deus Nosso Senhor de coração e boca! Oh! se nunca precisares comer, nem beber, nem dormir, mas sempre pudesses atender aos louvores de Deus e aos exercícios espirituais! Então serias muito mais ditoso do que agora, sujeito a tantas exigências do corpo! Oxalá não existissem tais necessidades, mas houvesse só aquelas refeições que - ai! - tão raro gozamos!
10. Quando o homem chega ao ponto de não buscar sua consolação em nenhuma criatura, só então começa a gostar perfeitamente de Deus, e anda contente, aconteça o que acontecer. Então não se alegra pela abundância, nem se entristece pela penúria, mas confia inteira e fielmente em Deus, que lhe é tudo em todas as coisas, para quem nada perece nem morre, mas por quem vivem todas as coisas e a cujo aceno, com prontidão, obedecem.
11. Lembra-te sempre do fim, e que o tempo perdido não volta. Sem empenho e diligência, jamais alcançarás as virtudes. Se começares a ser tíbio, logo te inquietarás. Se, porém, procurares afervorar-te, acharás grande paz e sentirás mais leve o trabalho com a graça de Deus e o amor da virtude. O homem fervoroso e diligente está preparado para tudo. Mais penoso é resistir aos vícios e às paixões que afadigar-se em trabalhos corporais. Quem não evita os pequenos defeitos pouco a pouco cai nos grandes. Alegrar-te-ás sempre à noite, se tiveres empregado bem o dia. Vigia sobre ti, anima-te e admoesta-te e, vivam os outros como vivem, não te descuides de ti mesmo. Tanto mais aproveitarás, quanto maior for a violência que te fizeres. Amém.
(Da Imitação de Cristo, de Thomas de Kempis)
quinta-feira, 19 de junho de 2025
CORPUS CHRISTI 2025
Corpus Christi, expressão latina que significa Corpo de Cristo, é uma festa litúrgica da Igreja sempre celebrada na quinta–feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa.
O pão é pão e o vinho é vinho
como frutos do homem em oração;
é o que trazemos, é tudo o que temos,
como oferendas da nossa devoção.
Não é mais pão, nem é mais vinho
quando espécies na consagração;
alma e divindade que se reconciliam
a cada missa, em cada comunhão.
Aparente pão, aparente vinho,
é mais que vinho, muito mais que pão;
o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo
é o alimento da nossa salvação.
(Arcos de Pilares)
quinta-feira, 12 de junho de 2025
ORAÇÃO PARA ANTES DE UMA CIRURGIA
Senhor, eu busco alívio e conforto nesta cirurgia que estou prestes a fazer, para cura do corpo e maior bem da minha saúde. Tornai, ó meu Jesus, esta experiência pessoal num ato de graça e misericórdia de Deus para comigo, para os médicos responsáveis e por todos os profissionais de saúde envolvidos, como uma celebração conjunta do vosso infinito amor pelos homens. Dai-me a paz interior, serenidade de espírito e confiança absoluta para entregar, em vossas santas mãos, hoje, durante a cirurgia e sempre, tudo o que tenho e tudo que sou. Amém.
sexta-feira, 30 de maio de 2025
BREVIÁRIO DIGITAL - ICONOLOGIA CRISTÃ (VI)
Theophanis Strelitzas ou Theophanes Bathas ou ainda Teófanes, o Cretense (1490? - 1559) foi um artista grego bizantino e um dos maiores pintores de ícones da chamada Escola Cretense de Pintura.
Os quinze ícones abaixo, pintados no Monastério de Stavronikita (localizado no Monte Athos, na Grécia e dedicado a São Nicolau), é um dos trabalhos finais de Teófanes e representa um ápice na história da iconografia eclesiástica. Os personagens são retratados como figuras altas e magras, com vestimentas simples e semblantes severos, distribuídos de forma harmônica e equilibrada nos ícones, que representam a sequência cronológica de eventos da vida pública de Jesus Cristo.
quarta-feira, 28 de maio de 2025
ORAÇÃO A JESUS NO TABERNÁCULO
Ó Jesus, como eu seria feliz se tivesse sido muito fiel, mas, infelizmente, muitas vezes fico triste à noite porque sinto que poderia ter respondido melhor às vossas graças. Se eu fosse mais unida a Vós, mais caridosa com as minhas irmãs, mais humilde e mais mortificada, teria menos dificuldade em falar convoso na oração. Mas, ó meu Deus, longe de desanimar à vista das minhas misérias, dirijo-me a Vós com confiança, lembrando-me que 'não são os que estão bem de saúde que precisam de médico, mas sim os doentes'.
Por isso, peço-vos que me cureis, que me perdoeis, e lembrar-me-ei, Senhor, que a alma a quem destes mais deve também amar-vos mais do que as outras! Ofereço-vos cada batida do meu coração como atos de amor e reparação e uno-os aos vossos méritos infinitos. Peço-vos, ó meu Divino Esposo, que sejais Vós mesmo o Reparador da minha alma, agindo dentro de mim sem levar em conta a minha resistência, pois não quero ter outra vontade que não a vossa e, amanhã, com a ajuda da vossa graça, poder começar uma vida nova em que cada momento será um ato de amor e de renúncia.
Depois de vir todas as noites aos pés do vosso altar, chegarei finalmente à última noite da minha vida e começarei então o dia eterno em que repousarei no vosso Divino Coração depois das lutas do exílio! Assim seja.
(Santa Teresa de Lisieux)
quarta-feira, 14 de maio de 2025
ORAÇÃO DE SÚPLICA A JESUS EUCARÍSTICO
PREPARAÇÃO E PROPÓSITOS DA ORAÇÃO
O' minha alma, o que fazes?
Se há um momento precioso, um momento que não deves perder nenhum segundo de distração é este, no qual podes obter quantas graças pedires.
Não sabes que o Pai eterno te olha com amor, vendo em ti o seu Filho muito amado, o objeto mais caro à sua ternura?
Expulsa, pois, os outros pensamentos, reaviva a tua fé, dilata o teu coração pela confiança, e pede tudo o que desejas.
Não ouves que o próprio Jesus te diz: 'Alma querida, fala: que quereis de mim?' (Mc 10,51).
Ele vem para enriquecer-te com os seus dons e tornar-te feliz; pede com confiança e alcançarás tudo.
ORAÇÃO DE SÚPLICA APÓS A COMUNHÃO
Ó meu dulcíssimo Salvador, que a mim viestes para enriquecer-me com favores, e desejais que eu os peça a Vós; não solicito nenhum dos bens terrenos, nem riquezas, nem honras, nem prazeres: concedei-me, é o que suplico, verdadeira dor dos desgostos que vos causei; fazei-me conhecer claramente a vaidade deste mundo e os direitos que tendes ao nosso amor.
Dai-me um coração novo, isento de toda a afeição terrena, conformado inteiramente à vossa santa vontade, um coração que não busque coisa alguma além do que vos dá prazer e que aspire somente ao vosso santo amor: 'Criai em mim um coração puro, ó meu Deus' (Sl 50,12).
De modo algum mereço estes favores, mas Vós, ó meu Jesus, os mereceis no meu lugar, pois que viestes residir na minha alma; eu vo-los peço pelos vossos méritos e pelos de vossa Mãe Santíssima e em nome do vosso amor ao vosso Pai eterno.
[Rogai agora a Jesus alguma graça particular para vós e o vosso próximo; não vos esqueçais de recomendar a salvação dos pecadores, bem como pelas almas do Purgatório].
Pai eterno, Jesus Cristo, o vosso divino Filho, nos fez esta bela promessa: 'Em verdade, em verdade vos digo: o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dará' (]o 16, 23). Em nome e pelo amor deste Jesus, o vosso Filho único, que atualmente repousa no meu peito, atendei-me e dai-me as graças que vos peço. O' Jesus e Maria, doces objetos da minha ternura, que eu sofra e morra por vós; que eu seja todo vosso e de modo algum de mim mesmo.
('As Mais Belas Orações de Santo Afonso', Pe. Saint-Omer, 1961)
sábado, 3 de maio de 2025
BREVIÁRIO DIGITAL - ICONOLOGIA CRISTÃ (V)
O Papa Francisco foi sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, perto de uma imagem de Nossa Senhora, Saúde do Povo Romano - Salus Populi Romani - considerada padroeira de Roma. Esta imagem foi mostrada de forma recorrente em muitas transmissões do funeral do pontífice. A tradição manifesta que este ícone foi pintado por São Lucas e levado a Roma no século VI.
A contextualização da imagem sugere que não se trata de uma abordagem medieval, mas de um conceito muito mais próximo do cristianismo primitivo que data da antiguidade, por não inserir composições típicas da interação entre Mãe e Filho de ícones medievais. A rigor, entretanto, há uma transição óbvia destes diferentes estilos de pintura entre a imagem atual (fruto de restaurações diversas) e a peça original, que passaram a inserir elementos da iconologia medieval como, por exemplo, o formato dos rostos, alterações do contorno da vestimenta azul que envolve o corpo da Virgem e os halos matizados em torno das cabeças dos personagens representados.
A composição apresenta a Virgem, com um manto azul escuro em detalhes dourados sobre uma túnica vermelha, olhando diretamente para a frente, com uma pose ereta e imponente de uma rainha. As letras em grego no topo da imagem (ΜHΤHΡ ΘΕΟΥ em maiúsculas) identificam Maria como 'Mãe de Deus'. A posição imperial da Virgem é simbolizada também pela sua mão esquerda segurando um lenço cerimonial bordado (conhecido como mappula), símbolo de poder e realeza.
A Virgem envolve em seus braços o Menino Jesus, que mantém a mão direita levantada como um sinal de bênção, enquanto a mão esquerda segura um livro (representação da sua doutrina, manifestada nos Evangelhos das Sagradas Escrituras). Maria olha diretamente para os seus filhos e Jesus abençoa aqueles que detêm em si o olhar de Maria. No abraço afetuoso da Mãe, Maria nos ensina a abraçar plenamente o seu Filho, como nosso único Caminho, Verdade e Vida.
quarta-feira, 30 de abril de 2025
ORAÇÃO EFICAZ AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
I. Ó meu Jesus, que dissestes: 'Em verdade vos digo: Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto': eis que eu bato, procuro e vos peço a graça de...
Pai Nosso... Ave Maria... Glória ao Pai...
Sagrado Coração de Jesus, eu deposito a minha confiança em Vós!
II. Ó meu Jesus, que dissestes: 'Em verdade vos digo que, se pedirdes alguma coisa ao Pai em meu nome, Ele vo-la concederá': eis que, em Vosso nome, peço ao Pai a graça de...
Pai Nosso... Ave Maria... Glória ao Pai...
Sagrado Coração de Jesus, eu deposito a minha confiança em Vós!
III. Ó meu Jesus, que dissestes: 'Em verdade vos digo que o céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão': eis que, encorajado pelas vossas palavras infalíveis, peço-vos agora a graça de...
Pai Nosso... Ave Maria... Glória ao Pai...
Sagrado Coração de Jesus, eu deposito a minha confiança em Vós!
Ó Sagrado Coração de Jesus, para quem é impossível não ter compaixão dos aflitos, tende piedade de nós, pobres pecadores, e concedei-nos a graça que vos pedimos, pelo Coração Doloroso e Imaculado de Maria, vossa terna Mãe e nossa.
Salve Rainha...
São José, pai adotivo de Jesus, rogai por nós!
(Oração recitada pelo Santo Padre Pio todos os dias, por intercessão daqueles que lhe pediam suas orações)
terça-feira, 15 de abril de 2025
O SENHOR DOS PASSOS DO ÚLTIMO ENCONTRO
A Procissão do Encontro, em muitas regiões, acontece na Quarta-feira Santa à noite; em outras, é comumente realizada na tarde do Domingo de Ramos.
Neste momento em que o Senhor de todos os passos e caminhos encontra a Senhora de todas as dores, a Terra inteira se detém e os Céus esperam... Potestades e coortes angélicas se calam, os santos e santas de Deus se emudecem, o Purgatório congela, os infernos são calcinados e a humanidade hiberna... neste momento extremo, tudo o mais se retém no mais íntimo dos recolhimentos.
Eis o Homem! O Senhor dos Passos, desfalecido em dores, esmagado pelo horror ao pecado, incensado de misericórdia até a última gota de sangue, ergue os olhos ensanguentados à Mãe de Todas as Dores e estremece de angústia. O coração de Deus pulsa fragilmente dentro do corpo flagelado; o coração de Deus é flagelado pela visão da Mãe de todas as dores. Neste momento de agonia extrema, Jesus sabe que Maria tem que partilhar com Ele esse Calvário de dores. E, ainda assim, o Senhor dos Passos do Último Encontro levanta os olhos aos Céus, num murmúrio de misericórdia infinita pelos homens de todos os tempos: 'Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem' (Lc 23,34 a).
Os gritos, as imprecações, os sentidos nublados e a dor extrema, tudo conspira contra esse olhar entre a Mãe e o seu Filho amado. São agora dois corações dilacerados pelos flagelos humanos e divinos. A angústia física é superada pela miséria dos nossos pecados; as chagas do corpo não exprimem nem de longe as necroses da alma. O Senhor dos Passos do Último Encontro ainda se desvela com o filho resgatado de última hora: 'Hoje estarás comigo no paraíso' (Lc 23,43).
E segue a trilha da última caminhada com a mesma determinação dos tempos de Caná. E Jesus grita, dentro de nossas mentes e almas, que nada nos pode separar do amor de Deus: nem as mãos e os pés ensanguentados, nem as chagas, nem os cravos, nem a coroa de espinhos, nem o flanco aberto, nem a agonia de três horas na Cruz podem fazer Deus, o Senhor dos Passos do Último Encontro, afastar os olhos de sua Mãe e de uma misericórdia infinita pela humanidade pecadora: 'Mulher eis aí o teu filho, filho eis aí a tua mãe' (Jo 19,26-27).
Aos pés da Cruz, está a Mãe de todas as dores, o discípulo amado e as santas mulheres. Maria está de pé aos pés da Cruz para estar mais perto do Filho que lhe escapa ao último abraço. Sangue e lágrimas é o cenário derradeiro do Filho do Homem e daquela que Ele tornou a Mãe de Deus. No silêncio da Terra e do Céu, pasmos diante dos mistérios da graça, parece quebrada a unidade do universo e o Senhor dos Passos do Último Encontro invoca então ao Pai o seu lamento: 'Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes?!' (Mc 15,34).
E o silêncio do Céu permanece como uma cortina de chumbo sobre o Calvário. A natureza não ousa um estremecimento qualquer. Tudo se reveste de uma atmosfera estranha e perturbada, que não se pode explicar com palavras. E o tempo dos homens flui devagar entre as testemunhas da Paixão. O estertor da crucificação se molda à realidade dos fatos consumados. Enquanto o riso e o pranto se encolhem, subjugados pelo indiferentismo de homens moldados pela rotina do castigo, o Senhor dos Passos do Último Encontro é agora mortalmente açoitado pelos sentidos: 'Tenho sede' (Jo 19,28 b).
Jesus tem sede de água. Jesus tem sede de almas. Jesus tem sede de conversão e de salvação dos homens de todos os tempos. Por isso, morre pregado numa cruz, humilhado entre dois ladrões, objeto de escárnio e zombaria dos que o sacrificam. Jesus tem sede do amor de cada criatura de Deus, criada para a glória de Deus, criada para ser salva pelo mistério da Cruz! Jesus tem sede de mim, de você, dos homens de ontem e de hoje, Jesus tem sede de amar e de ser amado pela humanidade inteira. E, ciente desta ânsia de amar, o Senhor dos Passos do Último Encontro conclui então o seu mandato de amor: 'Tudo está consumado' (Jo 19,30 a).
Eis a hora extrema da Paixão e Morte do Senhor. Tudo está feito, tudo está consumado. O senhor de todas as coisas faz-se agora senhor de coisa alguma e apenas se deixa consumir numa morte de cruz para resgatar o homem como criatura eterna do Pai. O Senhor dos Passos do Último Encontro volve os seus olhos turvados pelas sombras da morte ao olhar angustiado de sua Mãe aos pés da Cruz. Na angústia tremenda dos corações despedaçados, a paz de Deus os retém num último abraço e, volvendo os olhos para o Céu, O Senhor dos Passos do Último Encontro exala finalmente o seu último suspiro: 'Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito' (Lc 23,46 b).
terça-feira, 25 de março de 2025
ORAÇÃO PARA ANTES DA COMUNHÃO
Deus eterno e todo-poderoso, eis que me aproximo do sacramento do vosso Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo. Impuro, venho à fonte da misericórdia; cego, à luz da eterna claridade; pobre e indigente, ao Senhor do céu e da terra. Imploro, pois, a abundância da vossa liberalidade, para que vos digneis curar a minha fraqueza, lavar as minhas manchas, iluminar a minha cegueira, enriquecer a minha pobreza, vestir a minha nudez.
Que eu receba o Pão dos Anjos, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores, com o respeito e a humildade, a contrição e a devoção, a pureza e a fé, o propósito e a intenção que convêm à salvação da minha alma.
Dai-me que receba não só o sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor, mas também o seu efeito e a sua força. Ó Deus de mansidão, fazei-me acolher com tais disposições o Corpo que o vosso Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo, recebeu da Virgem Maria, que seja incorporado ao seu Corpo Místico e contado entre os seus membros.
Ó Pai cheio de amor, fazei que, recebendo agora o vosso Filho sob o véu do sacramento, possa na eternidade contemplá-la face a face. Vós, que viveis e reinais na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.
(São Tomás de Aquino)
quinta-feira, 13 de março de 2025
BREVIÁRIO DIGITAL - ICONOLOGIA CRISTÃ (IV)
CRISTO DA HUMILDADE PERFEITA
Quando exposto ao jugo do orgulho e da vanglória, responda com a nudez da imolação e da pobreza. Diante às perseguições injustas, recline a cabeça. Face às zombarias, infâmias e falsas acusações, cruze os braços sobre o coração e receba com humilde acolhimento o que é oferecido com despeito. E quando confrontado com a pergunta: 'Até onde devo tolerar tamanha vergonha e tanta injustiça?', lembre-se de que a resposta é 'até o túmulo'. O ícone nos direciona e nos incentiva buscar pela humildade a perfeita Imitação de Cristo.
terça-feira, 4 de março de 2025
FESTA VOTIVA DA SAGRADA FACE DE NOSSO SENHOR
Hoje é o último dia antes do grande e santo jejum da Quaresma. No rito litúrgico da Igreja, sempre representou um dia ímpar, chamado Marti Gras (ou Terça-feira Gorda), que delimita um tempo de separação radical entre um tempo de diversão, alegria e consumo de carne ao período austero de jejum e penitência da Quaresma. Ou seja, impõe ao cristão uma percepção clara de antagonismo entre o tempo de festa que termina e o tempo de penitência prestes a se iniciar. Infelizmente, e particularmente no Brasil, este dia da terça-feira de carnaval transformou-se apenas em um dia ímpar de zombarias, escândalo público e pecado para muita gente.
Exatamente por tais razões, a festa votiva em honra à Sagrada Face de Nosso Senhor (instituída pelo Papa Pio XII em 1958 e que não consta mais do calendário da liturgia atual) é especialmente celebrada na terça-feira que precede o tempo da Quaresma, como ato de desagravo e reparação aos pecados cometidos durante o carnaval. Este foi inclusive um pedido formal de Nosso Senhor Jesus Cristo à Madre Pierina em 1938:
'Veja como sofro. No entanto, sou compreendido por tão poucos. Que gratidão da parte daqueles que dizem que me amam. Eu dei o meu Coração como um objeto sensível do meu grande amor pelo homem e dou o meu rosto como um objeto sensível da minha tristeza pelos pecados do homem. Desejo que seja honrado por uma festa especial na terça-feira da Quinquagesima (a terça-feira antes da Quarta-feira de Cinzas). A festa será precedida por uma novena na qual os fiéis farão reparação comigo unindo-se à minha tristeza'.
O pedido de Nosso Senhor Jesus Cristo é muito claro: não é preciso esperar a Quarta-feira de Cinzas para nos colocarmos em espírito de penitência pelos nossos pecados e pelos pecados dos homens.
Deus onipotente e misericordioso, dignai-vos, nós vos suplicamos, conceder a todos aqueles que honram o rosto do vosso Cristo neste dia, desfigurado na sua Paixão e Morte de Cruz pelos nossos pecados, a graça de vê-lo e glorificá-lo por toda a eternidade. Amém.
sábado, 1 de março de 2025
DEVOÇÃO DAS 40 HORAS
Estamos a poucos dias do início da Quaresma, tempo singular de oração e penitência. E precedido por um tempo também singular de desvario e liberação total de escândalos públicos que arrastam as almas para os abismos do pecado. Há maneiras diversas de um católico viver livre destas amarras ou fazer atos de desagravo nestes tempos de carnaval e antecipar o tempo quaresmal de penitência, mas um, bastante especial, é a chamada Devoção das 40 Horas ao Santíssimo Sacramento nestes dias e antes da Quarta-Feira de Cinzas, que constitui um antigo rito litúrgico da Igreja quase relevado ao esquecimento nos dias atuais.
A devoção teve origem na Idade Média (pelo menos desde o século X) como devoção ao Santo Sepulcro do Salvador, que era erigido desde a Adoração da Cruz, na Sexta-Feira Santa, até a Missa de Ressurreição do Domingo de Páscoa. Durante este tempo (cerca de 40 horas), os fiéis oravam diante dele, recitando ou cantando salmos e outras preces, em memória da morte e sepultura do Senhor, que esteve no Sepulcro por cerca também de 40 horas.
A Exposição do Santíssimo ─ visível ou velado no cálice ─ para sua adoração pelos fiéis, constitui uma das principais práticas de adoração a Jesus na Sagrada Eucaristia, particularmente por meio da Festa de Corpus Christi e da Devoção das 40 Horas. Estas práticas litúrgicas constituem, portanto, o termo feliz da evolução da devoção original ao Santo Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo. A celebração da Devoção das 40 Horas foi aprovada inicialmente pelo papa Paulo V em 1539 e Clemente XI ordenou definitivamente a sua prática litúrgica, em termos de Adoração Perpétua, mediante a famosa Instrução Clementina de 1705.
A devoção pode ser praticada em quaisquer datas, mas especialmente é indicada no Tempo Pascal, durante as quarenta horas que antecedem o dia de Corpus Christi e durante os três dias de carnaval que antecedem a Quarta-Feira de Cinzas (domingo, segunda-feira e terça-feira), como rito de reparação aos pecados cometidos nesta época. As comunidades dividem-se em grupos e horas alternadas, de modo a adorar Jesus Sacramentado por 40 horas ininterruptas. As práticas de Devoção das Quarenta Horas é comumente intercalada com celebrações de missas coram exposito (mediante exposição do Santíssimo Sacramento).
HOJE É O PRIMEIRO SÁBADO DO MÊS
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
BREVIÁRIO DIGITAL - ICONOLOGIA CRISTÃ (III)
A imagem da Sagrada Família, composta pela presença da Virgem Maria, São José e o menino Jesus é bastante conhecida e venerada pelos cristãos.
Embora esta imagem tenha sido pintada por grandes mestres tanto do Ocidente quanto na iconografia ortodoxa e bizantina, este ícone é ainda motivo de polêmica e questionamento. Tal polêmica busca confrontar a representatividade desta imagem familiar, no sentido de que a iconologia ortodoxa não entende São José como o chefe de uma 'Sagrada Família' (o que, nessa interpretação equivocada, implicaria diretamente em uma percepção enfraquecida da virgindade de Maria), mas apenas como o guardião providencial da Mãe de Deus e do seu Divino Filho. Neste contexto, o apequenamento de São José seria essencial para se compreender a dimensão maior da hierarquia divina da Sagrada Família. Tal visão distorcida confronta-se com a própria natureza e significado da iconografia cristã.
Com efeito, os ícones repreesentam imagens de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Nossa Senhora e Mãe de Deus, dos Santos Anjos e dos Homens Santos e Veneráveis. Por meio desta representação por imagens, somos incitados a contemplá-los, a lembrarmo-nos deles como modelos, como objetos de nosso amor e louvor e veneração, e não a verdadeira adoração que, segundo a nossa fé, convém apenas à natureza divina, porque a honra dada à imagem vai direta ao seu modelo e aquele que venera um ícone venera a pessoa que se encontra nele representada. Nestes termos, tem-se como óbvio que tal polêmica, mais do que infantil e distorcida, é absurdamente ímpia no sentido de se buscar impor, como premissa, o apequenamento de São José (a ponto de não se aceitar a sua inserção na representação na família de Nazaré) para a elevação (mais do que conhecida) do papel da Mãe de Deus e do seu Divino Filho no plano da salvação e redenção da humanidade.
sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
BREVIÁRIO DIGITAL - ICONOLOGIA CRISTÃ (I)
Ícone de Maria, a Theotokos ('Mãe de Deus' ou literalmente 'Portadora de Deus'). Maria é mostrada em trajes típicos das mulheres judias à época, em cor vermelha, a cor da divindade, segurando o Menino Jesus. A palavra em grego sobre seu ombro direito a identifica como 'guia'. Seu olhar é dirigido a nós, pobres pecadores, mas sua mão direita nos guia em direção ao seu Filho Jesus Cristo (identificado pelas letras IC XC), fonte de todas as graças, que nos abençoa com a mão direita e que, com a mão esquerda, segura um pergaminho, símbolo da sabedoria divina.
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