19. JESUS NÃO FICARÁ SÓ
Robertinho é Cruzado do Santíssimo. Ouvira a Missa, rezara a sua ação de graças e queria voltar para casa, quando ouviu o pároco dizer ao sacristão:
➖ Este ano não haverá exposição do Santíssimo nas Quarenta Horas, durante o carnaval.
➖ Mas por que, senhor vigário?
➖ Porque o Santíssimo ficará sozinho, como no ano passado.. .
➖ Só, o Santíssimo? - diz Robertinho pesaroso - não pode ser, não será!
De um salto, põe-se à porta da igreja por onde está o pároco a sair.
➖ O que está acontecendo Robertinho?
➖ Ouvi que o senhor não pretende fazer a exposição do Santíssimo...
➖ Sim, pois temo que deixem Jesus exposto sozinho.
➖ Padre, faça a exposição; eles virão...
➖ Eles, quem?
➖ Os cruzadinhos.
➖ Todos?
➖ Sim, senhor vigário, todos; eu os trarei.
➖ Mas a exposição deve durar o dia inteiro...
➖ Sim, estaremos aqui durante todo o dia.
Em vista da firme resolução do menino, o pároco prometeu fazer a exposição. No dia seguinte, às sete da manhã, todos os Cruzados estavam prontos para a Missa e, depois fariam meia hora de guarda ao Santíssimo, revezando-se em turnos. Preparou-lhes o pároco uns lindos genuflexórios forrados de vermelho.
Revezaram-se os Cruzados até o meio dia, voltando alguns ao seu posto por até três vezes. Robertinho dissera: 'Trarei todos os Cruzados'; mas consigo dizia: 'Virão também as mães, os irmãos maiores e até os pais'. E assim foi realmente. Foi uma beleza!
E' que Robertinho percorrera as casas dos Cruzadinhos convidando-os com ardor para a guarda ao Santíssimo e pedindo-lhes que rezassem, fizessem sacrifícios e pedissem aos seus pais e irmãos que não faltassem. Eis o que pode fazer um Cruzadinho fervoroso.
20. QUE É QUE PEDES A JESUS?
Joei era uma menina que as Irmãs de Caridade encontraram abandonada pelos pais às margens do Rio Amarelo da Grande China. Estava a criancinha a morrer de fome de frio, quando as Irmãs a levaram para o hospital. Logo que a vestiram e a alimentaram, dando-lhe leite quente, começou a pequenina a recuperar a vida e a saúde.
Foi batizada e logo brilhou a inteligência em seus olhinhos vivos e começou a conhecera Deus e a aprender as coisas do Céu. Andava já pelos oito anos e gostava de assistir à doutrina com as crianças que se preparavam para a primeira comunhão. Mas a sua memória não acompanhava o seu coração e, quando o missionário foi examiná-la, teve que dar-lhe a triste notícia de que não seria admitida à primeira comunhão enquanto não soubesse melhor a doutrina.
Julgava o padre que essa determinação a deixaria indiferente. Mas não foi assim. Daquele dia em diante, notou-se uma mudança extraordinária no comportamento da menina. Em lugar de brincar, como antes, com as crianças de sua idade, Joei começou a passar seus recreios na capela aos pés de Jesus! Um dia, estando Joei diante do Santíssimo, o padre acercou-se dela devagarinho e ouviu que ela repetia com frequência o nome de Jesus.
➖ Que é que estás fazendo aí?
➖ Estou visitando o Santíssimo Sacramento.
➖ Visitando o Santíssimo? Mas tu nem sabes quem é o Santíssimo...
➖ E' o meu Jesus, respondeu Joei.
➖ Bem; e o que pedes a Jesus?
Então, com as mãos postas e sem levantar a cabeça, com lágrimas nos olhos, a menina respondeu com indizível doçura:
➖ Peço a Jesus que me dê Jesus.
E a pequena Joei teve então a licença para fazer a sua primeira comunhão.
21. QUERO SER PADRE!
Aquele que havia de ser o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, Pe. Julião Eymard, parecia predestinado desde pequenino a ser um grande devoto da Eucaristia. Quando a sua mãe,l levando-o nos braços, ia à bênção do Santíssimo, o menino não se cansava de olhar para Jesus na custódia.
Ele ia com a mãe em todas as visitas à igreja e não se cansava e nem pedia para sair antes dela. A sua irmã Mariana, que tinha dez anos mais e era como sua segunda mãe, costumava comungar com frequência. O irmãozinho, invejando-a, dizia:
➖ Oh! como você é teliz, podendo comungar tantas vezes; faça-o alguma vez por mim.
➖ E o que pedirei a Jesus por você?
➖ Peça-lhe que eu seja muito mansinho e puro e me dê a graça de ser padre.
As vezes, desaparecia durante horas inteiras. Procuravam-no então e iam encontrá-lo ajoelhado num banquinho perto do altar, rezando com as mãos juntas e os olhos pregados no sacrário. Antes mesmo do uso da razão, ansiava por confessar-se; mas não o admitiam. Quando tinha nove anos, quis aproveitar a festa do Natal para 'converter-se', como dizia. Apresentou-se ao vigário e depois ao coadjutor mas, como estavam muito ocupados, não o atenderam.
Partiu, pois, com um companheiro, em jejum e, fazendo uma caminhada de oito quilômetros sobre a neve, foi a uma paróquia vizinha e lá conseguiu confessar-se. 'Como sou feliz' - dizia - 'como estou contente; agora estou puro'! Mas, que grandes pecados havia cometido? 'Ai! cometi muitos pecados em minha infância: roubei um boné numa loja e, depois, arrependido, voltei e deixei-o em cima do balcão...'
Para preparar-se para a primeira comunhão, começou a lazer penitências: colocava uma tábua em baixo do lençol, jejuava e, quando a fome apertava, corria a fazer uma visita ao Santíssimo para esquecê-la. Enfim, a 16 de março de 1823, chegou para ele o grande dia. Que se passou neste seu primeiro abraço com Jesus? Quando apertava Jesus ao coração, fez esta promessa e esse pedido: 'Quero ser padre!'
(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)
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