quinta-feira, 30 de junho de 2022

QUANDO O INFERNO É AQUI...


Santa Catarina, Brasil. Uma criança de 11 anos, vítima de estupro e grávida de sete meses, estava sendo mantida pela justiça de Santa Catarina em um abrigo longe da família para evitar que fizesse o aborto. Diante dessa situação, o Ministério Público Federal (MPF) fez uma intervenção brutal e recomendou (?) a remoção imediata do feto - independentemente do período gestacional. O caso virou manchete nacional da grande mídia, quase que integralmente no contexto de execração da juíza que mantinha suspensa a ação abortiva, de pressão sobre o hospital que havia negado inicialmente fazer o procedimento, dos defensores da manutenção da gravidez da criança e da tragédia representada pelo ato do famigerado estuprador diante da criança vulnerável. O procedimento foi então aplicado em regime de urgência e o aborto se consumou.

Fato consumado - e somente então - ficou-se sabendo que o 'famigerado estuprador' era uma outra criança, um adolescente de 13 anos, filho do padrasto da menina e residente na mesma casa, o que originou um relacionamento íntimo recorrente entre as duas crianças. O procedimento de recolhimento da menina em um abrigo pela justiça tinha, portanto, o propósito claro de se evitar a continuidade do abuso em casa. A mídia assumiu o abrigo como 'cárcere'. Nessa toada de insanidades e manipulações dos fatos, a solução adotada foi a mais previsível de todas: matou-se a terceira criança, a vítima mais inocente e vulnerável das três. Quando o mal se impõe sob o rugido diabólico de suas entranhas e o bem se curva sob o indiferentismo, o inferno é aqui...

quarta-feira, 29 de junho de 2022

29 DE JUNHO - FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

 

'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo' (Mt 16,16)

'Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé' (II Tm 4,7)

Excertos da Homilia do Papa João Paulo II, na Solenidade de São Pedro e São Paulo, em 29/06/2000

1.'E vós, quem dizeis que Eu sou?' (Mt 16, 15). Jesus dirige aos discípulos esta pergunta acerca da sua identidade, enquanto se encontra com eles na Alta Galileia. Muitas vezes acontecera que foram eles a interrogar Jesus; agora é Ele quem os interpela. A sua pergunta é específica e espera uma resposta. Simão Pedro toma a palavra em nome de todos: 'Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo' (Mt 16, 16). A resposta é extraordinariamente lúcida. Nela se reflete de modo perfeito a fé da Igreja. Nela nos refletimos também nós. De modo particular, reflete-se nas palavras de Pedro, o Bispo de Roma, por vontade divina o seu indigno sucessor.

2. 'Tu és o Cristo!'. À confissão de Pedro, Jesus replica: 'És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne nem o sangue quem to revelou, mas o Meu Pai que está nos céus' (Mt 16, 17).

És feliz, Pedro! Feliz, porque esta verdade, que é central na fé da Igreja, não podia emergir na tua consciência de homem, senão por obra de Deus. 'Ninguém', disse Jesus, 'conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar' (Mt 11, 27). Reflitamos sobre esta página evangélica particularmente densa: o Verbo encarnado revelara o Pai aos seus discípulos; agora é o momento em que o próprio Pai lhes revela o seu Filho unigênito. Pedro acolhe a iluminação interior e proclama com coragem: 'Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!'

Estas palavras nos lábios de Pedro provêm do profundo do mistério de Deus. Revelam a verdade íntima, a própria vida de Deus. E Pedro, sob a ação do Espírito divino, torna-se testemunha e confessor desta soberana verdadeA sua profissão de fé constitui assim a sólida base da fé da Igreja: 'Sobre ti edificarei a minha Igreja' (Mt 16, 18). Sobre a fé e a fidelidade de Pedro está edificada a Igreja de Cristo.

3. 'O Senhor assistiu-me e deu-me forças a fim de que a palavra fosse anunciada por mim e os gentios a ouvissem' (2 Tm 4, 17). São palavras de Paulo ao fiel discípulo Timóteo: escutamo-las na Segunda Leitura. Elas dão testemunho da obra nele realizada pelo Senhor, que o tinha escolhido como ministro do Evangelho, 'alcançando-o' na via de Damasco (Fl 3, 12). Envolvido numa luz fulgurante, o Senhor se lhe havia apresentado, dizendo:  'Saulo, Saulo, por que Me persegues?' (At 9,4), enquanto uma força misteriosa o lançava por terra.

'Quem és Tu, Senhor?', perguntara Saulo. 'Eu sou Jesus, a quem tu persegues!'. Foi esta a resposta de Cristo. Saulo perseguia os seguidores de Jesus e Jesus fez-lhe tomar consciência de que era Ele mesmo a ser perseguido neles. Ele, Jesus de Nazaré, o Crucificado, que os cristãos afirmavam ter ressuscitado. De Damasco, Paulo iniciará o seu itinerário apostólico, que o levará a defender o Evangelho em tantas partes do mundo então conhecido. O seu impulso missionário contribuirá assim para a realização do mandato de Cristo aos Apóstolos: 'Ide, pois, ensinai todas as nações...' (Mt 28, 19).

4. Caríssimos Irmãos no Episcopado vindos para receber o Pálio, a vossa presença põe em eloquente ressalto a dimensão universal da Igreja, que derivou do mandato do Senhor: 'Ide... ensinai a todas as nações' (Mt 28, 19). Todas as vezes que vestirdes estes pálios, recordai, irmãos caríssimos que, como pastores, somos chamados a salvaguardar a pureza do Evangelho e a unidade da Igreja de Cristo, fundada sobre a 'rocha' da fé de Pedro. A isto nos chama o Senhor; esta é a nossa irrenunciável missão de guias previdentes do rebanho que o Senhor nos confiou.

5. A plena unidade da Igreja! Sinto ressoar em mim a recomendação de Cristo. Deus nos conceda chegarmos quanto antes à plena unidade de todos os crentes em Cristo. Obtenhamos este dom dos Apóstolos Pedro e Paulo, que a Igreja de Roma recorda neste dia, no qual se faz memória do seu martírio e, por isso, do seu nascimento para a vida em Deus. Por causa do Evangelho, eles aceitaram sofrer e morrer e se tornaram partícipes da ressurreição do Senhor. A sua fé, confirmada pelo martírio, é a mesma fé de Maria, a Mãe dos crentes, dos Apóstolos,  dos Santos  e Santas de  todos  os séculos.

Hoje a Igreja proclama de novo a sua fé. É a nossa fé, a imutável fé da Igreja em Jesus, único Salvador do mundo; em Cristo, o Filho de Deus vivo, morto e ressuscitado por nós e para a humanidade inteira.

São Pedro e São Paulo, rogai por nós!

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XXI)

MÃE DO CRIADOR, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

segunda-feira, 27 de junho de 2022

A VIDA OCULTA EM DEUS: A ALMA SE REJUBILA


O amor de Deus tem um calor que faz dilatar o íntimo da alma e a enche de alegria. Sob sua influência, a alma sente-se crescer, aumenta os limites de sua felicidade, à medida que se regozija. E assim, sempre sob a ação do fogo deste amor, ela se expande e se realimenta de alegria. E isso se repete sem cessar. A alma nutrida pelo Vosso amor, ó meu Deus, experimenta a sensação de que nela subsiste e se manifesta cada vez mais uma vida totalmente interior. Em certos momentos, o fluxo de calor é tão intenso que a alma não parece suportar. É quando até o coração físico se dilata - a exemplo do coração de São Filipe Neri - ou como que é transpassado de lado a lado por uma flecha - como aconteceu com o coração de Santa Teresa de Ávila. É o tempo da plenitude da graça.

A alma experimenta uma emoção indescritível quando se sente completamente unida a Deus pela primeira vez, quando Deus a enlaça espiritualmente nas profundezas de si mesma, quando recebe aquele maravilhoso hálito divino; quando, em suma, percebe que é parte de Deus e que Deus a envolve por completo. A percepção que faz dessa felicidade é a de se comparar a uma a uma esponja em alto mar, embebida por um oceano de pura felicidade, conhecida e ansiada por todo o seu ser. É tal a sua felicidade, que chora de alegria. Como é bom sentir-se unida a Deus e ser tão amada por Ele! É tão nova essa experiência, tão diferente de tudo que imaginava, que ela se sente dominada por um santo temor. 

Se fosse possível dizer de forma humana, seria como que uma felicidade que se impregna na alma até os ossos. Sim, às vezes, até o corpo participa dessa experiência à sua maneira, mas o que pressente não é, nem de longe, o essencial, e nem o melhor. A alma tem os seus próprios deleites e são estes que valem verdadeiramente. A cada visita de Deus esse deleite aumenta. É o mesmo, mas ainda mantém o gosto de novo. É a graça de Deus que se infiltra completamente na alma e, com ela, a alma se deleita e se regozija em Deus.

Aumenta ainda mais esse deleite da alma a sua percepção de que outras almas são igualmente participantes da plena felicidade em Deus. A felicidade dessas almas aumenta a sua. O mundo espiritual nos oferece um grandioso espetáculo: o das almas que são verdadeiramente arrebatadas do amor por Jesus. Todos os corações puros que o conhecem são conquistados pelo Senhor porque Ele exerce sobre eles uma atração irresistível. Há flores que perscrutam o sol em seu curso diário de leste a oeste. Jesus é o sol das almas. Elas são iluminadas pela sua luz e aquecidas pelos raios do seu amor. Ele as atrai, as sublima, as eleva até Ele. E elas, como as flores em busca do sol, o perscrutam com um olhar de regozijo e graça, porque o amam muito, sem limites. Quanto mais puros os corações, mais unidos estão com Ele. Tudo o que há de mais nobre, mais generoso e mais puro nesta terra pertencem a Ele, porque são almas capazes de amar Jesus com um amor sem medidas. Isso é realmente grandioso de compreender e divino de contemplar.

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte III - A União com Deus; tradução do autor do blog)

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XX)

 

MÃE ADMIRÁVEL, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

domingo, 26 de junho de 2022

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'Ó Senhor, sois minha herança para sempre!' (Sl 15)

 26/06/2022 - Décimo Terceiro Domingo do Tempo Comum 

31. TRÊS CONDIÇÕES E UMA REJEIÇÃO 

O evangelho deste domingo nos apresenta diferentes cenários e caminhos para seguir Jesus. Há um cenário inicial de terríveis consequências, embora válido sob o domínio do nosso livre arbítrio que é a rejeição a Cristo: 'os samaritanos não o receberam' (Lc 9, 53). Sobre eles não descerá por consequência um fogo dos Céus; a vida é um dom de Deus dado aos que creem e aos que não creem, e a estes pode ser longo e muito penoso o caminho da verdadeira conversão. Há, entretanto, uma segunda opção, clara e muito mais luminosa: seguir Jesus agora, sem delongas! E o Senhor vai ponderar os frutos desta escolha, em três diferentes situações, para três diferentes discípulos imbuídos dos mistérios da graça.

O primeiro que se propõe a seguir Jesus não impõe quaisquer condicionantes neste propósito: 'Enquanto estavam caminhando, alguém na estrada disse a Jesus: Eu te seguirei para onde quer que fores' (Lc 9,57). Mas Jesus vai alertá-lo sobre o real significado de sua decisão: 'As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça' (Lc 9,58). Ou seja, seguir Jesus implica uma decisão que terá consequências imediatas e contundentes porque este propósito não constitui uma missão fácil e nem para os indolentes: seguir Jesus implica por princípio afrontar cotidianamente as coisas do mundo. 

O segundo apresenta uma condição preliminar: 'Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai' (Lc 9, 59). 'Enterrar o pai' não significava que o pai já estava morto, mas que ele condicionava seguir Jesus somente após a morte do pai, ou seja, primeiro ele iria se dedicar às coisas do mundo e da sua família e depois, somente depois, assumiria incondicionalmente seguir Jesus. O terceiro tem o mesmo pensamento condicionado: 'Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares' (Lc 9, 61). É o mesma indefinição, é a mesma desculpa: as coisas do mundo precisam ser resolvidas em primeiro lugar. A resposta de Jesus é taxativa a ambos: quem se coloca a serviço do mundo, apenas serve ao mundo e não está apto a servir a Deus: 'Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus' (Lc 9, 62).

Deus nos legou o livre arbítrio para ouvir de nós, como filhos e filhas de Deus, um sim incondicional às coisas do Alto. Sem maneirismos, sem desculpas, sem meios termos. Seguir Jesus é viver como Jesus vivia, é tornar viva e manifesta a Palavra de Deus em tudo e para com todos, é praticar a caridade sem reservas, é amar o próximo como a nós mesmos. Seguir Jesus é crer e viver como herdeiros do Céu ainda neste mundo, sem apego às coisas mundanas. E, para vencer o mundo, não se pode impor condicionantes ou desculpas prévias, porque o Reino dos Céus não é feito de cristãos cansados, descansados ou cansativos, mas de cristãos atuantes e incansáveis no firme propósito de seguir Jesus, sempre e com todos, no mundo ou fora do mundo.

sábado, 25 de junho de 2022

A FÉ EXPLICADA: A MORTE DE NOSSA SENHORA


O dogma da Assunção de Nossa Senhora, 'assunta em corpo e alma à glória do céu', foi proclamado pelo Papa Pio XII, por meio da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, publicada em 1º de novembro de 1950, nos seguintes termos: 'com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória do céu'.

A premissa fundamental da chamada 'Assunção' de Nossa Senhora (festa litúrgica a 15 de agosto) pressupõe que a Mãe de Deus não poderia subir ao Céu por seu próprio poder antes de sua morte e ressurreição - salvo por um milagre da intervenção do próprio Deus. Jesus Cristo, ao contrário, poderia ascender ao Céu por seu próprio poder mesmo antes de sua morte e gloriosa ressurreição - o que caracteriza esta subida ao Céu como a 'Ascensão' do Senhor (festa litúrgica no Sétimo Domingo da Páscoa). Neste contexto, portanto, Nossa Senhora morreu e ressuscitou.

Mas sendo a morte uma consequência direta do pecado, como Aquela isenta de pecado poderia então morrer? A imortalidade de Maria derivaria assim, como um preceito lógico, do privilégio de sua imaculada conceição. Mas uma vez que Nossa Senhora foi a primeira e a mais fiel e perfeita discípula de Jesus e porque assumiu e encerra a maternidade espiritual de todos os homens, não seria óbvio que ela  participasse igualmente dos mistérios da morte e ressurreição? Se a encarnação a privilegia para garantir a origem divina do Redentor (por meio da sua Imaculada Conceição), sua participação na obra salvífica de Cristo a consubstancia em seu sofrimento e morte (por meio da sua própria morte), para assim exprimir a sua plena realização humana. 

Esta é a concepção aceita e assumida pela Tradição da Igreja em relação à morte de Maria, mesmo diante a falta de evidências dos textos sagrados e das manifestações algo reticentes dos Padres da Igreja sobre este assunto. Nossa Senhora experimentou a morte e a ressurreição a exemplo do seu filho Jesus. A sua morte, porém, foi tão suave e serena como a imersão aconchegante do corpo em um sono calmo e reparador, tão extraordinária que a Igreja concebeu simplesmente por chamá-la 'dormição' da Virgem Maria.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

TESOURO DE EXEMPLOS (155/157)

 

155. CORTEM-LHE A CABEÇA!

Conta-se que Teodorico, famoso príncipe ariano, tinha a seu serviço um católico, a quem estimava muito, a ponto de nomeá-lo seu ministro. Esse indivíduo, querendo merecer ainda mais as graças do príncipe, renunciou à religião católica e abraçou a ariana, o que era uma perigosa heresia.

Ao ter notícia dessa resolução do seu ministro, dirigindo-se aos seus dois guardas, disse-lhes o príncipe:
➖ Cortem-lhe a cabeça!
Estranhando os guardas aquela ordem, acrescentou Teodorico:
➖ Cortem-lhe a cabeça porque, se este homem é infiel a Deus, não deixará de ser infiel a mim, que não passo de um simples homem.
E o ministro, que esperava grandes favores à custa de sua religião, foi imediatamente decapitado.

156. OS SANTOS E A CARIDADE

A. São Pedro Nolasco, filho de uma nobre família da Provença, era devotíssimo de Nossa Senhora. Em consequência de uma visão que tivera, ele, São Raimundo e o rei Jaime I, fundaram uma Ordem (de Nossa Senhora das Mercês) para remir os cristãos cativos dos mouros. Os religiosos comprometer-se-iam, se necessário fosse, a resgatar os cristãos à custa da própria liberdade.

São Pedro foi o primeiro a dar o exemplo. Vendeu tudo quanto possuía, viveu paupérrimo, como bom religioso, e certa vez, que pregava na África, ficou como refém para libertar alguns cativos. Sofreu inúmeros e indizíveis martírios dos mouros naquelas terras de bárbaros. Recuperou, por fim, a liberdade, vindo a falecer aos sessenta e nove anos de idade, numa noite de Natal. O seu corpo exalava um suave odor que encheu todo o convento e seu rosto apresentava um resplendor celeste: eram o odor e o resplendor da santidade.

B. São Pedro Claver foi, como todos os santos, um perfeito imitador de Jesus Cristo. Não se dedicou, como São Pedro Nolasco, a remir os cativos, mas passou toda a sua vida no meio dos escravos negros. Nascido em Verdu, perto de Lérida, fez a sua carreira eclesiástica em Barcelona. Aos vinte e um anos entrou na Companhia de Jesus, e logo embarcou para a América, onde aguardava a chegada das naus carregadas de escravos negros.  

Explicava a doutrina cristã àqueles pobrezinhos, curava os enfermos e purgava-lhes as chagas, chegando a beijá-las por mortificação e amor de Jesus Cristo. Conseguiu desta forma converter a muitos milhares de escravos. E como se lhe mostravam gratos todos aqueles que, por seu ministério, se viam livres das enfermidades do corpo e da ignorância religiosa! Assim entendiam e praticavam os santos o verdadeiro amor ao próximo.

157. ... SAIU TOSQUIADO!

Um senhor, que gostava de festas familiares, convidou os seus parentes e amigos para uma festa em família. No meio dos convidados apareceu também um moço desses que querem, nessas ocasiões, passar por engraçados. Quando o dono da casa se pôs a fazer as orações da mesa, o rapaz negou-se a rezar alegando ser ateu, isto é, não crer em Deus.

Todos reprovaram tal procedimento. Vendo-se contrariado e meio envergonhado, disse:
➖ De maneira que o único que nesta casa não crê em Deus sou eu? E deu uma grande gargalhada.

Uma senhora, que estava assentada ao lado dele, replicou:
➖ Não se ria tanto, moço: nesta casa, além do senhor, há dois gatos e um cachorro que também não creem em Deus. Mas, como não têm entendimento e nem sabem falar, não podem dizer o que pensam como o senhor!
Foi buscar lã e... saiu tosquiado!

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XIX)

 
MÃE AMÁVEL, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

quinta-feira, 23 de junho de 2022

'COM MINHA MÃE ESTAREI...'

'Com Minha Mãe Estarei...' é um hino religioso bastante antigo e de autoria desconhecida. A versão original mais completa constava aparentemente de treze estrofes, sempre seguidas pelo refrão - 'No céu, no céu, com minha Mãe estarei!' - repetido duas vezes. Em versões mais recentes, o hino foi restruturado com a inserção de outras e novas estrofes, pela facilidade da composição ditada pelo padrão rítmico bastante simples das estrofes originais.

01. Com minha mãe estarei / na santa glória um dia / junto a Virgem Maria / no céu triunfarei!
 
No céu, no céu, com minha Mãe estarei! (2x)

02. Com minha Mãe estarei / mas já que hei ofendido / a seu Jesus querido / as culpas chorarei.

03. Com minha Mãe estarei / é a fé viva ardente / com que firme, valente  / o mal evitarei.

04. Com minha mãe estarei / longe falsas carícias / prazer, torpes delícias / sempre vos fugirei.

05. Com minha Mãe estarei / firme nesta certeza / à falsa e vã riqueza / nunca me apegarei.

06. Com minha Mãe estarei / desta vida a mor pena / em minha alma serena / constante sofrerei.

07. Com minha Mãe estarei / é segura esperança  / com que larga tardança / forte suportarei.

08. Com minha Mãe estarei / palavras deliciosas / que em horas trabalhosas / fiel recordarei.

09. Com minha Mãe estarei / enquanto neste exílio / do seu piedoso auxílio / com fé me valerei.

10. Com minha Mãe estarei / e sempre nesta vida / de mestra tão querida / as lições ouvirei.

11. Com minha Mãe estarei / mãe de toda pureza / nesta vida inteireza / fiel lhe guardarei.

12. Com minha Mãe estarei / pois sei que assim vivendo / fiel permanecendo / em graça morrerei.

13. Com minha Mãe estarei / ó viver deleitoso / ó sempiterno gozo / em que me embeberei.

Algumas das inserções complementares envolvem alterações de termos originais ou mesmo a inclusão de novas estrofes como as seguintes:

14. Com minha Mãe estarei / aos anjos me ajuntando / e hinos entoando / louvores lhe darei.

15. Com minha mãe estarei / aos anjos me ajuntando / do Onipotente ao mando / hosanas lhe darei.

16. Com minha Mãe estarei / então coroa digna / de sua mão benigna / feliz receberei.

17. Com minha mãe estarei / e que bela coroa / de mãe tão terna e boa / feliz receberei.

18. Com minha mãe estarei / em seu coração terno / em seu colo materno / sem fim descansarei.

E, como intervenções adicionais possíveis, aqui estão mais duas outras, propostas pelo autor do blog:

19. Com minha mãe estarei / Maria cheia de graça / da vida que não passa / eternamente viverei.

20. Com minha mãe estarei / entre doces encantos / e santo entre santos / me santificarei.

No vídeo a seguir, o hino é cantado com algumas poucas estrofes, incluindo estrofes do texto original e outras de proposições mais recentes.

terça-feira, 21 de junho de 2022

OS 5 PASSOS DA APOSTASIA UNIVERSAL

1. O nascimento da apostasia universal: cisma protestante de Lutero em detrimento à unidade da Igreja. 
Frutos da apostasia de Lutero: centenas ou milhares de denominações e seitas protestantes atuais.

2. A confrontação inicial à apostasia universal: a iniquidade exposta até a raiz, quando o Papa São Pio X definiu o modernismo, no final do século XIX, como a síntese de todas as heresias (Encíclica Pascendi Dominici Gregis).
Fruto da oposição à apostasia: promulgação do Manifesto Antimodernista (que deveria ser proferido e comungado por todos os padres e bispos da Igreja).

3. O renascimento da apostasia universal: Concílio Vaticano II (mudança de rota da Igreja, confrontação à Igreja Tradicional, renovação do modernismo)
Frutos da renovação modernista: Teologia da Libertação, culto ao ecumenismo, busca da adaptação da doutrina da Igreja às coisas e humores do mundo.

4. A imposição da apostasia universal: a infiltração demoníaca da Igreja pelo topo (a Igreja combatida e combalida por dentro)
Frutos da imposição da apostasia universal: perda da unidade doutrinária, abusos da liturgia, escândalos da Igreja, indiferentismo religioso, clérigos e leigos vistos como homens iguais e comuns.

5. O triunfo da apostasia universal: a consumação de uma falsa Igreja - a Igreja do Anticristo (abominação da desolação, negação de Deus, nulidade dos dogmas, triunfo das heresias, domínio e reinado absoluto da iniquidade).

Este triunfo (efêmero) da iniquidade, que abarca um período de provação singular para a Igreja de Cristo, como fruto dantesco de uma apostasia universal, tem sido confirmado reiteradamente em muitos acontecimentos da história recente da Igreja, particularmente pelas revelações da Santíssima Virgem em Fátima:

1. A Visão do Papa Leão XIII sobre um diálogo entre Jesus Cristo e Satanás, no qual o diabo alegou que poderia destruir a Igreja Católica, se tivesse mais poder e mais tempo, o que lhe teria sido concedido por um tempo de 100 anos. 

2. 'Seu conteúdo diz respeito à fé. Caracterizar o [Terceiro] Segredo com anúncios catastróficos ou com um holocausto nuclear é distorcer o significado da mensagem. A perda da fé de um continente é pior que a aniquilação de uma nação; e é verdade que a fé está diminuindo continuamente na Europa'
(Dom Alberto Amaral, terceiro bispo de Fátima, numa conferência em Viena, Áustria, a 10 de setembro de 1984).

3. 'No Terceiro Segredo está previsto, entre outras coisas, que a grande apostasia na Igreja começa no topo' (Luigi Ciappi, teólogo pessoal de quatro papas).

4. 'Sabe, Gabriele? Satanás entrou no seio da Igreja e em muito pouco tempo governará uma falsa Igreja'
(Palavras do Santo Padre Pio de Pietrelcina à Gabriele Amorth, famoso exorcista do Vaticano, como reveladas por ele).

5. 'Através de alguma rachadura a fumaça de Satanás entrou no Templo de Deus' (Paulo VI, pouco tempo depois do fim do Concílio Vaticano II).

Quando tudo parecer perdido, quem ficará de pé? 'O Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?' (Lc 18,8).

segunda-feira, 20 de junho de 2022

A ROSA DE OURO


A 'Rosa de Ouro' constitui uma honraria papal concedida a pessoas ou lugares, particularmente notáveis pela sua nobreza, carisma ou referências da autêntica fé cristã. Trata-se de uma tradição católica de mais de 1000 anos, cujo simbolismo perpassa os séculos como expressão da presença viva de Jesus Cristo no mundo.

A rosa representa a caridade pela fragrância, a alegria pela cor e a substância espiritual pelo sabor, essências da pessoa do próprio Cristo. É o símbolo vivo da eterna primavera, fruto da Paixão e Ressurreição do Senhor, após a penumbra e os sofrimentos da vida terrena. Tradicionalmente, a Rosa de Ouro é abençoada no Quarto domingo da Quaresma - Domingo Lætare - quando as vestes litúrgicas cor-de-rosa substituem a púrpura penitencial, como símbolos da esperança e da alegria em meio ao tempo quaresmal. Bálsamo, misturado com almíscar, é derramado sobre a Rosa de Ouro para explicitar o caráter do santo odor das virtudes, como curativo de todos os pecados e fortaleza contra todos os males.

A concessão do presente tem sido uma prerrogativa dos papas ao longo de séculos, especialmente distribuído a rainhas, princesas e damas de requintada nobreza (o símbolo correspondente concedido a imperadores, reis e príncipes tem sido mais comumente uma espada). Muito mais comum tem sido a concessão da honraria a Igrejas ou Santuários Marianos: a Basílica de São Pedro, por exemplo, já foi contemplada com cinco Rosas de Ouro e a Basílica de Latrão com outras quatro - duas para a basílica propriamente dita e duas para a Capela Sancta Sanctorum anexa à mesma.

Esta natureza da honraria a santuários marianos, em homenagem à Santíssima Virgem, tornou-se a prática corrente na segunda metade do século XX, com poucas concessões. O Papa Paulo VI, por exemplo, concedeu apenas cinco Rosas de Ouro durante o seu pontificado, todos dados a igrejas ou santuários. A Rosa de Ouro foi concedida no Pontificado de João Paulo II apenas duas vezes, ao Santuário de Nossa Senhora de Lourdes (França) e ao Oratório de São José (Canadá). No pontificado do Papa Francisco, foram concedidas quatro Rosas de Ouro até agora, todos distribuídos a santuários marianos, entre os quais o de Nossa Senhora de Fátima e o de Nossa Senhora de Guadalupe. O Santuário de Aparecida no Brasil foi agraciado três vezes com a Rosa de Ouro: a primeira em 1967, pelo Papa Paulo VI, na celebração dos 250 anos do encontro da imagem; a segunda, em 2007, durante a visita do papa Bento XVI à cidade de Aparecida e a terceira, em 2017, pelo Papa Francisco, em homenagem aos 300 anos do encontro da imagem da santa no Rio Paraíba.

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XVII)

MÃE SEMPRE VIRGEM, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

domingo, 19 de junho de 2022

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'A minha alma tem sede de Vós, como a terra sedenta, ó meu Deus!' 
(Sl 62)

 19/06/2022 - Décimo Segundo Domingo do Tempo Comum 

30. 'E VÓS, QUEM DIZEIS QUE EU SOU?'


Jesus encontra-se em oração em um lugar retirado. O Filho de Deus, em sua condição humana, suplicando graças à Trindade Santa, da qual constitui a Segunda Pessoa, constitui um mistério insondável. E Jesus reza sozinho, em profunda meditação, como a indicar, com soberana clareza, que a revelação extraordinária que será dada a seguir - a identidade do Cristo - perpassa pela oração profunda e pelos mistérios da graça. E, neste espírito de profundo recolhimento interior, que antecede grandes revelações, Jesus indaga aos seus discípulos: 'Quem diz o povo que eu sou?' (Lc 9, 18).

Neste 'certo dia', as mensagens e as pregações públicas de Jesus estavam consolidadas; os milagres e os poderes sobrenaturais do Senhor eram de conhecimento generalizado no mundo hebraico; multidões acorriam para ver e ouvir o Mestre, dominados pela falsa expectativa de encontrar um personagem mítico e um Messias dominador do mundo. Na oração profunda, Jesus afasta-se do júbilo fácil do mundo e das multidões errantes, que o tomam por João Batista, por Elias, por um dos antigos profetas. E se aproxima intimamente daqueles que haverão de ser os primeiros apóstolos da Igreja nascente, compartilhando-lhes na pergunta do juízo de fé: 'E vós, quem dizeis que eu sou?' (Lc 9, 20), a resposta à sua identidade salvífica, saída da boca de Pedro: 'O Cristo de Deus' (Lc 9, 20).

Sim, Jesus é o Cristo de Deus e o seu reino não é deste mundo. Ante a confissão de Pedro, Jesus revela a sua origem e a sua missão e faz o primeiro anúncio de sua Paixão, Morte e Ressurreição: 'O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia' (Lc 9, 22). E, um passo além, faz o testemunho da cruz, pela privação do mundo: 'Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará (Lc 9, 33-24).

Eis aí o legado definitivo de Jesus aos homens de sempre: a Cruz de Cristo é o caminho da salvação e da vida eterna. Tomar esta cruz, não apenas hoje ou em momentos específicos de grandes sofrimentos em nossas vidas, mas sim, todos os dias, a cada passo, em cada caminho, é a certeza de encontrá-lo na glória e na plenitude das bem-aventuranças. A Cruz de Cristo é a Porta do Céu.

sábado, 18 de junho de 2022

O DOGMA DO PURGATÓRIO (XXXIV)

 

Capítulo XXXIV

Razões da Expiação no Purgatório - Negligência na Sagrada Comunhão - Relato do Venerável Luís de Blois - Santa Madalena de Pazzi e os Tormentos da Alma em Adoração

À tibieza está associada a negligência na preparação para o Banquete Eucarístico. Se a Igreja chama incessantemente os seus filhos à Santa Mesa, se deseja que comunguem com frequência, quer sempre que o façam com aquele fervor e piedade que tão grande mistério exige. Toda negligência voluntária em uma ação tão santa é uma ofensa à Santidade de Jesus Cristo, uma ofensa que deve ser reparada por uma justa expiação. O Venerável Luís de Blois, em sua obra Miroir Spirituel, fala de uma grande serva de Deus que aprendera de maneira sobrenatural quão severamente essas faltas são punidas na outra vida. Ela recebeu a visita de uma alma do Purgatório implorando a sua ajuda em nome da amizade pela qual nutriram outrora. Ela havia suportado - revelou a alma - tormentos horríveis devido à negligência com que se preparava para a Sagrada Comunhão, durante os dias de sua peregrinação terrena. Ela não poderia ser libertada senão por uma fervorosa comunhão que compensaria a sua antiga tibieza. A amiga apressou-se a satisfazer o seu desejo, recebendo a Sagrada Comunhão com grande pureza de consciência e com toda a fé e devoção possível; e então ela pôde ver a santa alma aparecer, brilhante e com um esplendor incomparável, e então subir para o céu.

No ano de 1589, no mosteiro de Santa Maria dos Anjos, em Florença, morreu uma religiosa muito estimada por suas irmãs na religião, mas que logo apareceu a Santa Madalena de Pazzi para implorar a sua assistência no rigoroso Purgatório ao qual estava condenada. A santa estava em oração diante do Santíssimo Sacramento quando percebeu a alma da falecida ajoelhada no meio da igreja e em atitude de profunda adoração. Ela tinha ao seu redor um manto de chamas que parecia consumi-la, mas uma túnica branca que recobria o seu corpo a protegia parcialmente da ação do fogo. Muito espantada, Madalena quis saber o que isso significava, e teve como resposta que esta alma sofria assim por ter tido pouca devoção ao Augusto Sacramento do Altar. Não obstante as regras e costumes sagrados de sua Ordem, ela comungava poucas vezes e quase sempre com indiferença. Por isso, a Justiça Divina a havia condenado a vir todos os dias adorar o Santíssimo Sacramento e submeter-se ao suplício de fogo, aos pés de Jesus Cristo. No entanto, em recompensa por sua pureza virginal, representada pelo manto branco, o seu Esposo Divino havia mitigado muito os seus sofrimentos.

Tal foi a revelação que Deus fez à sua serva. Ela ficou profundamente sensibilizada e fez todos os esforços possíveis para ajudar a pobre alma por meio dos sufrágios ao seu alcance. Muitas vezes relatou esta aparição e dela fez referência constante para exortar as suas filhas espirituais ao zelo pela Sagrada Comunhão.

Tradução da obra: 'Le Dogme du Purgatoire illustré par des Faits et des Révélations Particulières', do teólogo francês François-Xavier Schouppe, sj (1823-1904), 342 p., tradução pelo autor do blog)

sexta-feira, 17 de junho de 2022

OS GRANDES DOCUMENTOS DA IGREJA (IX)

Carta Apostólica QUANTA CURA [8 de dezembro de 1864]

Papa Pio IX (1846 - 1878)

sobre os principais erros da época
 

1. Com quanto cuidado e pastoral vigilância cumpriram em todo tempo os Romanos Pontífices, nossos predecessores, a missão a eles confiada pelo próprio Cristo Nosso Senhor, na pessoa de São Pedro, Príncipe dos Apóstolos - com o encargo de apascentar as ovelhas e os cordeiros, já nutrindo a toda a grei do Senhor com os ensinamentos da fé, imbuindo-a com doutrinas sadias e apartando-a dos pastos envenenados - de todos, mas muito especialmente de vós, Veneráveis Irmãos, é perfeitamente conhecido e sabido. Porque, na verdade, os nossos predecessores, defensores e vindicadores da sacrossanta religião católica, da verdade e da justiça, plenos de solicitude pelo bem das almas de modo extraordinário, nada cuidaram tanto como descobrir e condenar com suas Cartas e Constituições, plenas de sabedoria, todas as heresias e erros que, contrários a nossa fé divina, à doutrina da Igreja Católica, à honestidade dos costumes e à eterna salvação dos homens, levantaram com frequência graves tormentas, e trouxeram lamentáveis ruínas sobre a Igreja como também sobre a própria sociedade civil. Por isso, nossos predecessores, com apostólica fortaleza, resistiram sem cessar às iníquas maquinações dos malvados que, lançando como as ondas do feroz mar a espuma de suas conclusões, e prometendo liberdade, quando na realidade eram escravos do mal, trataram com suas enganosas opiniões e com seus escritos perniciosos de destruir os fundamentos da ordem religiosa e da ordem social, de retirar do meio toda virtude e justiça, de perverter todas as almas, de separar os incautos - e, sobretudo, a inexperiente juventude - da reta norma dos costumes sadios, corrompendo-a miseravelmente, para enredá-la nas armadilhas do erro e, por último, arrancá-la do seio da Igreja Católica.

2. Por isso, como bem o sabeis, Veneráveis Irmãos, apenas nós, por um secreto desígnio da Divina Providência, mas sem mérito nenhum nosso, fomos elevados a esta Cátedra de Pedro; ao ver, com profunda dor de nosso coração, a horrorosa tormenta levantada por tantas opiniões perversas, assim como ao examinar os danos tão graves como dignos de lamentar com que tais erros afligiam o povo cristão; por dever do nosso apostólico ministério, e seguindo os passos ilustres de nossos predecessores, levantamos a nossa voz, e por meio de várias Cartas Encíclicas divulgadas pela imprensa e com as Alocuções contidas no Consistório, assim como por outros Documentos Apostólicos, condenamos os erros principais de nossa época tão desgraçada, excitamos vossa exímia vigilância episcopal, e com todo nosso poder avisamos e exortamos aos nossos caríssimos filhos para que abominassem tão horrendas doutrinas e não se contagiassem delas. E especialmente em nossa primeira Encíclica, de 9 de novembro de 1846 a vós dirigida, e nas Alocuções Consistoriais, de 9 de dezembro de 1854 e de 9 de junho de 1862, condenamos as monstruosas opiniões que, com grande dano das almas e detrimento da própria sociedade civil, hoje em dia imperam; erros que não só tratam de arruinar a Igreja Católica, com sua saudável doutrina e seus direitos sacrossantos, mas também a própria eterna lei natural gravada por Deus em todos os corações e ainda a reta razão. São esses os erros, dos quais se derivam quase todos os demais.

3. Mas, embora nós não temos deixado de proscrever e condenar estes tão importantes erros, sem embargo, a causa da Igreja Católica e a salvação das almas de Deus nos há confiado, e até o próprio bem comum exigem imperiosos que, de novo, excitemos vossa pastoral solicitude para combater outras depravadas opiniões que também se derivam daqueles erros como de sua fonte. Opiniões falsas e perversas, que tanto mais se hão de detestar quanto que tendem a impedir e ainda suprimir o poder saudável que até o final dos séculos deve exercer livremente a Igreja Católica como instituição e por mandato de seu divino Fundador, sobre os homens em particular e também sobre as nações, povos e governantes supremos; erros que tratam, igualmente, de destruir a união e a mútua concórdia entre o Sacerdócio e o Império, que sempre foi tão proveitosa para a Igreja, como para o próprio Estado.

Sabeis muito bem, Veneráveis Irmãos, que em nosso tempo há não poucos que, aplicando à sociedade civil o ímpio e absurdo princípio chamado de naturalismo, atrevem-se a ensinar 'que a perfeição dos governos e o progresso civil exigem imperiosamente que a sociedade humana se constitua e se governe sem preocupar-se em nada com a religião, como se esta não existisse, ou, pelo menos, sem fazer distinção nenhuma entre a verdadeira religião e as falsas'. E, contra a doutrina da Sagrada Escritura, da Igreja e dos Santos Padres, não duvidam em afirmar que 'a melhor forma de governo é aquela em que não se reconheça ao poder civil a obrigação de castigar, mediante determinadas penas, os violadores da religião católica, senão quando a paz pública o exija'. E com esta ideia do governo social, absolutamente falsa, não hesitam em consagrar aquela opinião errônea, em extremo perniciosa à Igreja católica e à saúde das almas, chamada por Gregório XVI, Nosso Predecessor, de feliz memória., loucura, isto é, que 'a liberdade de consciências e de cultos é um direito próprio de cada homem, que todo Estado bem constituído deve proclamar e garantir como lei fundamental, e que os cidadãos têm direito à plena liberdade de manifestar suas ideias com a máxima publicidade - seja de palavra, seja por escrito, seja de outro modo qualquer -, sem que autoridade civil nem eclesiástica alguma possam reprimir em nenhuma forma'. Ao sustentar afirmação tão temerária, não pensam nem consideram que com isso pregam a liberdade de perdição, e que, se se dá plena liberdade para a disputa dos homens, nunca faltará quem se atreva a resistir à Verdade, confiado na loquacidade da sabedoria humana; mas Nosso Senhor Jesus Cristo mesmo ensina como a fé e a prudência cristã hão de evitar esta vaidade tão danosa.

4. E, quando na sociedade civil, é desterrada a religião e ainda repudiada a doutrina e autoridade da mesma revelação, também se obscurece e até se perde a verdadeira ideia da justiça e do direito e em qual lugar triunfam a força e a violência, claramente se vê por que certos homens, depreciando em absoluto e desejando a um lado os princípios mais firmes da sã razão, se atrevem a proclamar que 'a vontade do povo, manifestada pela chamada opinião pública ou de outro modo, constitui uma suprema lei, livre de todo direito divino ou humano; e que na ordem política os fatos consumados, pelo mesmo que são consumados, têm já valor de direito'. Mas, quem não vê e não sente claramente que uma sociedade, subtraída as leis da religião e da verdadeira justiça, não pode ter outro ideal que acumular riquezas, nem seguir mais lei, em todos seus atos, que um insaciável desejo de satisfazer a concupiscência indomável do espírito servindo tão somente aos seus próprios prazeres e interesses? Por isso, esses homens, com ódio verdadeiramente cruel, perseguem as ordens religiosas, tão beneméritas da sociedade cristã, civil e até literária, e gritam blasfêmias que aquelas não têm razão alguma de existir, fazendo assim eco aos erros dos hereges. Como sabiamente ensinou Nosso Predecessor de feliz e recente memória Pio VI, 'a abolição regular dos conselhos evangélicos prejudica o estado da profissão pública, prejudica o modo de vida recomendado pela Igreja conforme o ensinamento apostólico, prejudica os ilustres fundadores que honramos nos altares, e que constituíam sociedades que eram apenas inspiradas por Deus'. Levam sua impiedade a proclamar que se deve retirar à Igreja e aos fiéis a faculdade de 'distribuir caritativamente esmola em público' e que deve 'abolir-se a lei proibitiva, em determinados dias, das obras servis, para dar culto a Deus': com suma falácia pretendem que aquela faculdade e esta lei 'estão em oposição aos postulados de uma verdadeira economia política'. E, não contentes com que a religião seja afastada da sociedade, querem também arrancá-la da própria vida familiar.

5. Apoiando-se no funestíssimo erro do comunismo e do socialismo, asseguram que 'a sociedade doméstica deve toda sua razão de ser somente ao direito civil e que, portanto, somente da lei civil se derivam e dependem todos os direitos dos pais sobre os filhos e, sobretudo, do direito da instrução e da educação'. Com essas máximas tão ímpias como suas tentativas, não intentam esses homens tão falazes senão subtrair, por completo, a saudável doutrina e influência da Igreja à instrução e educação da juventude, para assim infeccionar e depravar miseravelmente as ternas e inconstantes almas dos jovens com os erros mais perniciosos e com toda sorte de vícios. Com efeito; todos quantos maquinavam perturbar a Igreja ou o Estado, destruir a reta ordem da sociedade, e assim suprimir todos os direitos divinos e humanos, dirigiram seu empenho e esforços no intuito e enganar e depravar, como já fizemos anotar, a juventude, em cuja corrupção depuseram toda a sua esperança. Esta é a razão por que o clero - secular e regular - apesar dos incensados elogios que um e outro tem merecido em todos os tempos, como o testemunham os mais antigos documentos históricos, assim na ordem religiosa como no civil e literário, é objeto de suas mais nefandas perseguições; e andam dizendo que esse clero 'por ser inimigo da verdade, da ciência e do progresso deve ser apartado de toda ingerência na instrução da juventude'.

6. Por outro lado, renovando os erros, tantas vezes condenados dos protestantes, atrevem-se a dizer, sem vergonha nenhuma, que a suprema autoridade da Igreja e desta Sé Apostólica, que outorgou Nosso Senhor Jesus Cristo, depende em absoluto da autoridade civil; negam à própria Sé Apostólica e à Igreja todos os direitos que tem nas coisas que se referem à ordem exterior. Nem se pejam de afirmar que 'as leis da Igreja não obrigam a consciência, senão se promulgada pela autoridade civil; que os documentos e os decretos dos Romanos Pontífices, até os tocantes à Igreja, necessitam da sanção e aprovação - ou pelo menos do assentimento- do poder civil; que as Constituições apostólicas - pelos que se condenam as sociedades clandestinas ou aquelas em que se exige o juramento de manter o secreto, e que se excomungam seus adeptos e fautores - não têm força nenhuma naqueles países onde vivem toleradas pela autoridade civil; que a excomunhão lançada pelo Concílio de Trento e pelos Romanos Pontífices contra os invasores e usurpadores dos direitos e bens da Igreja, apoia-se numa confusão da ordem espiritual com o civil e político, e que não tem outra finalidade que promover interesses mundanos; que a Igreja nada deve mandar que obrigue as consciências dos fiéis na ordem do uso das coisas temporais; que a Igreja não tem direito de castigar com penas temporais os que violam as suas leis; que é conforme a Sagrada Teologia e aos princípios do Direito público que a propriedade dos bens possuídos pelas Igrejas, ordens religiosas e outros lugares piedosos, há de atribuir-se e vindicar-se para a autoridade civil'. Não se pejam de confessar aberta e publicamente o herético princípio, de que nascem tão perversos erros e opiniões, isto é, 'que o poder da Igreja não é por direito divino distinta e independente do poder civil, e que tal distinção e independência não se podem guardar sem que sejam invadidos e usurpados pela Igreja os direitos essenciais do poder civil'. Nem podemos passar em silêncio a audácia de quem, não podendo tolerar os princípios da sã doutrina, pretendem 'que aos juízos e decretos da Sé Apostólica, que têm por objeto o bem geral da Igreja, e seus direitos e sua disciplina, enquanto não toquem os dogmas da fé e dos costumes, se pode negar assentimento e obediência, sem pecado e sem nenhuma violação da fé católica'. Esta pretensão é tão contrária ao dogma católico do pleno poder divinamente dado pelo próprio Cristo Nosso Senhor ao Romano Pontífice para apascentar, reger e governar a Igreja, que não há quem não o veja e entenda clara e abertamente.

7. Em meio de esta tão grande perversidade de opiniões depravadas, nós, com plena consciência de nossa missão apostólica, e com grande solicitude pela religião, pela sã doutrina e pela saúde das almas a nós divinamente confiadas, assim como até pelo próprio bem da sociedade humana, temos julgado necessário levantar de novo a nossa voz apostólica. Portanto, todas e cada uma das perversas opiniões e doutrinas determinadamente especificadas nesta Carta, com nossa autoridade apostólica as reprovamos, proscrevemos e condenamos; e queremos e mandamos que todas elas sejam tidas pelos filhos da Igreja como reprovadas, proscritas e condenadas.

8. A par disso, bem sabeis, Veneráveis Irmãos, como hoje esses inimigos de toda verdade e de toda justiça, adversários encarniçados de nossa santíssima Religião, por meio de venenosos livros, libelos e periódicos, espalhados por todo o mundo, enganam os povos, mentem maliciosamente e propagam outras doutrinas ímpias, das mais variadas espécies.

9. Não ignorais que também se encontram em nosso tempo aqueles que, movidos pelo espírito de satanás e incitados por ele, chegam a tal impiedade que não temem atacar o próprio Rei Nosso Senhor Jesus Cristo, negando a sua divindade com frases insolentes e criminosas. E aqui não podemos deixar de louvar, Veneráveis Irmãos, vosso zelo, pois contínua e esforçadamente haveis alçado vossa voz contra tanta impiedade.

10. Assim, pois, com esta nossa carta de novo falamos a vós que, chamados a participar de nossa solicitude pastoral, nos servis - em meio de nossas grandes dores - de consolo, alegria e ânimo, pela excelsa religiosidade e piedade que os distinguem, assim como pelo admirável amor, fidelidade e devoção com que, em união íntima e cordial conosco e com esta Sé Apostólica, os consagrais a levar a pesada carga de vosso gravíssimo ministério episcopal. Na verdade que de vosso excelente zelo pastoral esperamos que, empunhando a espada do espírito - a palavra de Deus - e confortados com a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, redobrais os vossos esforços e cada dia trabalheis mais ainda para que todos os fiéis confiados ao vosso cuidado se abstenham das más ervas, que Jesus Cristo não cultiva porque não são plantação do Pai. E não deixeis de inculcar sempre aos próprios fiéis que toda a verdadeira felicidade humana provém da nossa augusta religião e de sua doutrina e exercício; que é feliz aquele povo, cujo Senhor é o seu Deus. Ensinai que os reinos subsistem apoiados no fundamento da fé católica, e que nada há tão mortífero e tão perto do precipício, tão exposto a todos os perigos, como pensar que, podendo bastar-nos a nós mesmos pelo livre arbítrio recebido ao nascer; por isso, nada mais temos de pedir a Deus: isto é, esquecemos de Nosso Criador e abjuramos do seu poderio, para assim nos mostrarmos plenamente livres. Tampouco omitais o ensinamento que a potestade real não se deu somente para o governo do mundo, senão também e sobretudo para a defesa da Igreja e que nada há que possa dar maior proveito e glória aos reis e príncipes como deixar que a Igreja Católica ponha em prática as suas próprias leis e não permitir que nada se oponha à sua liberdade, segundo ensinava outro sapientíssimo e fortíssimo Predecessor Nosso, São Félix quando intercedia junto ao imperador Zenão: 'pois certo é que, ao se tratar das causas de Deus, é bom que em tudo isso a vontade régia se esforce em submeter-se aos sacerdotes de Cristo e não antepor-se aos mesmos, segundo o que o próprio Deus há determinado'.

11. Mas, se sempre foi necessário, Veneráveis Irmãos, agora de modo especial, no meio de tão grandes calamidades para a Igreja e para a sociedade civil, no meio de tão grande conspiração de inimigos contra o catolicismo e esta Sé Apostólica, entre acúmulo tão grande de erros, é absolutamente indispensável que recorramos confiados ao Trono da Graça para conseguir misericórdia e encontrar a graça com o oportuno auxílio.

Por isso queremos excitar a devoção de todos os fiéis, para que, juntos conosco e convosco, no fervor e humildade das orações, roguem e supliquem incessantemente ao clementíssimo Pai das luzes e da misericórdia; e com plena fé recorram sempre a Nosso Senhor Jesus Cristo, que para Deus nos redimiu com seu Sangue; e com fervor peçam continuamente ao seu Coração dulcíssimo, vítima de sua ardente caridade conosco, para que com os motivos de seu amor todo nos atraia até si, de sorte que inflamados todos os homens em seu amor santíssimo caminhem retamente segundo o seu Coração, agradando a Deus em todo e frutificando em toda boa obra. E sendo, indubitavelmente, mais gratas a Deus as orações dos homens, quando esses recorrem a Ele com alma limpa de toda impureza, temos determinado abrir com apostólica liberalidade aos fiéis cristãos os celestiais tesouros da Igreja confiados ao nosso cuidado, a fim de que os próprios fiéis, mais fervorosamente abrasados na verdadeira piedade e purificados pelo sacramento da penitência das manchas de seus pecados, com maior confiança dirijam a Deus as suas orações e consigam sua graça e sua misericórdia.

12. Por meio, pois, desta Carta e com a nossa Autoridade Apostólica, a todos e a cada um dos fiéis do mundo católico, de um e de outro sexo, concedemos a Indulgência Plenária em forma de Jubileu, tão somente por espaço de um mês, até terminar o próximo ano de 1865, e não mais, na forma que determineis, Veneráveis Irmãos, e os demais legítimos Ordinários, segundo o mesmo preceitos pelo qual, no começo de Nosso Pontificado, o concedemos por outra Carta Apostólicas em forma de Breve, dada em 20 de novembro do ano de 1846 e enviadas a todos os bispos, que se inicia por Arcano Divinae Providentiae Consilio. E queremos que se guardem todas as prescrições dessa Carta, excluindo-se o que declaramos excluído. Isto estabelecemos, não obstante qualquer coisa em contrário, sejam elas quais forem, ainda que dignas de menção e derrogação especial e individual. E para que todas as dúvidas e dificuldades sejam eliminadas, providenciamos o envio de uma cópia desta Carta para todos vós.

Roguemos - Veneráveis Irmãos - do fundo do nosso coração e com toda a alma, a misericórdia de Deus, porque Ele mesmo disse: 'Não afastarei deles a minha misericórdia'. Peçamos e receberemos; e se o auxílio se fizer esperar, pensemos que temos pecado gravemente; chamemos, porque a porta será aberta ao que chamar, contanto que se bata a porta munido de orações, com gemidos e com lágrimas, insistindo e perseverando; e que seja unânime a nossa oração. Cada um rogue a Deus não somente por si mesmo, mas também por todos os Irmãos, 'como o Senhor nos ensinou a rezar' [São Cipriano]. E para que o Senhor atenda mais facilmente as nossas orações, as vossas e as de todos os fiéis, coloquemos por intercessora junto a Ele, com toda confiança, a Imaculada e Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, que aniquilou todas as heresias no mundo. 'Mãe amantíssima de todos nós, toda doce... e plena de misericórdia... a todos se oferece propícia e a todos clementíssima e, com singular amor amplíssimo, tem compaixão das necessidades de todos' [São Bernardo] e como Rainha, está à direita de seu Unigênito Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, com manto de ouro e adornada com todas as graças, nada há que Ela não possa obter dEle. Peçamos também o auxílio do beatíssimo Pedro, Príncipe dos Apóstolos e de seu co-apóstolo Paulo e de todos os Santos que, amigos de Deus, já chegaram ao reino celestial e coroados possuem a palma, e que, seguros de sua imortalidade, estão solícitos pela nossa salvação.

Finalmente, pedindo a Deus de todo coração para vós a abundância de suas graças celestiais, como prenda de nossa singular benevolência, com todo amor os damos, do íntimo do nosso coração, a nossa Apostólica Benção, a vós mesmos, Veneráveis Irmãos, e a todos os clérigos e fiéis confiados aos vossos cuidados.

BREVIÁRIO DIGITAL - LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XVI)

 

MÃE CASTÍSSIMA, rogai por nós.

(Ilustração da obra 'Litanies de la Très-Sainte Vierge', por M. L'Abbé Édouard Barthe, Paris, 1801)

quinta-feira, 16 de junho de 2022

CORPUS CHRISTI 2022

 

Corpus Christi, expressão latina que significa Corpo de Cristo, é uma festa litúrgica da Igreja sempre celebrada na quinta–feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa. 

O pão é pão e o vinho é vinho
como frutos do homem em oração;
é o que trazemos, é tudo o que temos,
como oferendas da nossa devoção. 

Não é mais pão, nem é mais vinho
quando espécies na consagração;
alma e divindade que se reconciliam
a cada missa, em cada comunhão.

Aparente pão, aparente vinho,
é mais que vinho, muito mais que pão;
o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo
 é o alimento da nossa salvação.

(Arcos de Pilares)