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segunda-feira, 28 de julho de 2025

FRASES DE SENDARIUM (LVII)

 

'Todo o tempo que não usamos para Deus é tempo perdido' 

(São Bernardo)

Quem dera possamos ter sempre tempo de louvar ao Pai da Vida os dias que passam. E pedir, em meio às vertigens de nossas preocupações e afazeres cotidianos, que nossas ações, palavras e pensamentos estejam sempre regidos pela Vontade dos Céus!

domingo, 27 de julho de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Naquele dia em que gritei, Vós me escutastes, ó Senhor!' (Sl 137)

Primeira Leitura (Gn 18,20-32) - Segunda Leitura (Cl 2,12-14) -  Evangelho (Lc 11,1-13)

  27/07/2025 - DÉCIMO SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM

VIDA DE ORAÇÃO


Jesus em oração. Nos Evangelhos, são inúmeros os exemplos que mostram Jesus em silente oração na intimidade com o Pai. O Filho de Deus Vivo feito homem mostra e reafirma, em sua condição humana, a necessidade da oração contínua e suplicante a Deus. Nestas ocasiões, Jesus se afastava do burburinho dos homens, para rezar com piedade, recolhimento e devoção, no exemplo do modelo da oração perseverante que se eleva da terra e encontra acolhida e reflexos nos céus. É preciso rezar sempre, é preciso sempre rezar bem.

E Jesus ensina aos discípulos a Oração do Pai Nosso, síntese da perfeição da oração cristã. Em São Lucas, os Evangelhos transcrevem uma versão mais resumida da forma integral da oração como expressa por São Mateus (Mt 6, 9-13). Nas suas sete petições, suplicamos e louvamos de forma perfeita a glória e a misericórdia de Deus, assumimos a condição de criaturas necessitadas de alimento físico e espiritual para ascendermos à eternidade com Deus, definitivamente libertados do pecado e de todas as insustentáveis fragilidades da nossa natureza humana.

Rezar bem, com perseverança, insistentemente, oportuna e inoportunamente, como Abraão diante o perdão de Sodoma (Gn 18, 20-32), como Jesus ilustra com a parábola do pedido inoportuno do amigo insistente em plena madrugada: 'Amigo, empresta-me três pães...' (Lc 11,5). Deus não se cansa, Deus não se aflige, Deus não reclama de horários inapropriados ou da falta de cortesias humanas. Deus quer ouvir a nossa oração sempre, a qualquer hora, em qualquer lugar: 'Portanto, eu vos digo: pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá' (Lc 11, 9-10). A oração bem feita é a certeza concreta de que nossas súplicas tocaram o Coração de Deus.

A insistência e a perseverança da oração rendem frutos de graças. O poder da oração agradável a Deus é capaz de remover montanhas, obstáculos julgados intransponíveis, e de superar todos os limites conhecidos da condição humana; é capaz de realizar milagres: 'Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!' (Lc 11, 13). O tempo de Deus conosco é a nossa vida em oração.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

FRASES DE SENDARIUM (LVI)


'A inteligência, iluminada pela fé, encontra Cristo Crucificado na cela do coração, no qual a alma vê o seu próprio nada' 

(Santa Catarina de Sena)

Jesus, quando o meu nada se extinguir de vez, que seja no abismo de Vossa Misericórdia...

domingo, 20 de julho de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Senhor, quem morará em vossa casa?' (Sl 14)

Primeira Leitura (Gn 18,1-10a) - Segunda Leitura (Cl 1,24-28) -  Evangelho (Lc 10,38-42)

  20/07/2025 - DÉCIMO SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

SÓ UMA COISA É NECESSÁRIA


Em meio às suas muitas viagens e peregrinações, em certa ocasião, Jesus parou para descansar na pequena comunidade de Betânia e ali se hospedou numa casa de propriedade de Marta. Marta era irmã de Maria e Lázaro, família religiosa e de posses, pela qual Jesus nutria grande apreço e amizade. Desta feita, aparentemente já se passara algum tempo sem Jesus ter estado com eles, pois, diante de sua chegada, Maria não arredava pé de sua Santa Presença, ouvindo com admiração e profunda alegria as palavras do Mestre.

Tão absorta e tão entretida estava Maria com a chegada do Senhor, que relegara ao completo esquecimento quaisquer outras tarefas ou atribuições, ainda que motivadas pela chegada de visitante de tal honra. Honra maior do que servi-lo ou preparar-lhe a refeição, era amá-lo, era estar envolvida pela sua presença, era encher o coração de graça e de se deleitar na graça do Senhor. Atitude diversa tivera a sua irmã Marta. Na praticidade e nas exigências das ações humanas, movia-se de esforços concentrados em dar ao Mestre a refeição mais ligeira e mais substanciosa. E, nesse intuito, estava imersa por completo em mil afazeres e preparativos, moldada pelo intento de oferecer uma generosa hospitalidade e propiciar uma acolhida calorosa ao Senhor em sua casa. Santas e gratas intenções do coração humano!

Foi, pois, movida por tais preocupações imediatas, que Marta abordou Jesus, buscando a sua intervenção em induzir Maria a ajudá-la nas tarefas a cumprir: 'Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!' (Lc 10, 40). A hospitalidade e a docilidade da acolhida são afligidas pelas queixas e uma certa admoestação a Jesus no pedido de Marta: 'não importas?'; 'manda'... Diante de Deus, Maria se alimenta do Verbo Encarnado; diante de Deus, Marta se apequena nas suas próprias tribulações humanas.

Jesus vai conduzi-las ambas a si. Com Maria, mediante as palavras e os ensinamentos que o Evangelho não transcreveu. Com Marta, com as palavras que ressoam para todos nós: 'Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária' (Lc 10, 41-42). Todas as ações humanas podem ser belas e santas, desde que comecem no espírito da Santa Presença de Deus. Por Cristo, com Cristo, em Cristo: tudo em Cristo para a glória de Deus! Maria escolheu a melhor parte porque fez a acolhida do Senhor Que Vem primeiro na alma. E esta escolha, ratificada por Jesus, é outra verdade que ressoa para cada um de nós, no agora da vida humana e no depois da eternidade: a melhor parte definitivamente 'não lhe será tirada' (Lc 10, 42).

segunda-feira, 14 de julho de 2025

A CIÊNCIA DE DEUS (III)

Se, na figura do ímã, N representa um homem e S representa uma mulher, qual das afirmações abaixo é falsa, confrontando e distorcendo os princípios da lei da imantação dos seres humanos sob a luz da ciência divina? 

A - Os polos N e S nunca podem ser separados, ainda que o ímã seja quebrado (lei da inseparabilidade dos polos magnéticos de um ímã).

B - NS e SN são modelos de atração

C - NN e SS são modelos de repulsão

D - Nos modelos NS e SN, N + S = S + N

E - Nos modelos NN e SS, a razão N/N ou S/S é igual a 1, ou seja, não se tem nem N e nem S anulando-se, portanto, a perspectiva dos polos da geração humana.

domingo, 13 de julho de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Humildes, buscai a Deus e alegrai-vos: o vosso coração reviverá!'
(Sl 68)

Primeira Leitura (Dt 30,10-14) - Segunda Leitura (Cl 1,15-20) -  Evangelho (Lc 10,25-37)

  13/07/2025 - DÉCIMO QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

O BOM SAMARITANO 


'Quem é o meu próximo?' (Lc 10, 29). Diante da pergunta capciosa do mestre da lei, Jesus não responde diretamente. Era preciso um ensinamento maior: para quem pratica a caridade, o próximo são todas as outras pessoas; para quem se exalta na malícia do pecado, o próximo é algo tão intangível quanto a enorme soberba do douto perscrutador do evangelho deste domingo, tão cheio de artimanhas, tão farto de arrogância.

E Jesus, então, lhes conta uma pequena história: 'Certo homem descia de Jerusalém para Jericó...' (Lc 10, 30). Um certo homem... provavelmente um judeu como eles, deslocando-se de Jerusalém para Jericó, a cerca de 30 km e em altitude bem mais baixa que Jerusalém. Sem dúvida, tratava-se de um homem de posses e descuidado de sua segurança, pois viajava sozinho. E eis que, então, o homem é assediado por assaltantes, tem os seus bens saqueados e, mais que isso, é espancado e ferido brutalmente, até ser abandonado semimorto à beira da estrada.

E no local da encenação deste drama comovente, vão passar três personagens singulares: um sacerdote, um levita e um samaritano. Os dois primeiros, anestesiados pelos seus interesses e preocupações mundanas e imbuídos do frio calculismo dos incômodos e perturbações que uma tal ação de socorro poderia lhes causar, vão passar insensíveis ao largo do homem ferido. Muito diferente será a reação do viajante samaritano que, não apenas pára para socorrer o pobre homem, como alivia as suas dores e, mais ainda, assume a responsabilidade pelo completo restabelecimento da sua saúde e pela cura dos seus ferimentos.

'Quem é o meu próximo?' não foi, afinal, a pergunta certa feita pelo mestre da lei, o mesmo que antes dera resposta correta a outra pergunta de Jesus: 'Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo!' (Lc 10, 27). 'Amar o próximo como a ti mesmo' significa em todos 'amar a Deus com todo o coração e com toda a alma'. Todos são próximos de todos. Os dons e os talentos de cada um devem ser compartilhados com todos. E esta partilha se faz com as mãos estendidas da humildade e da misericórdia. Este é o legado de Jesus para nós: 'Vai e faze a mesma coisa' (Lc 10, 37). Fazendo a mesma coisa, todos os outros serão apenas um: o próximo, que nos coloca dentro do Coração de Deus!

quarta-feira, 9 de julho de 2025

FRASES DE SENDARIUM (LV)

'Na oração, alça-se voo bem alto até perder de vista as misérias da terra, incensado da serenidade dos que já estão vizinhos do Céu'

(Serva de Deus Madre Maria de Jesus)

Oferecei a Deus os preciosos minutos de tua vida numa oração profunda: 'que se faça a vossa vontade, Senhor, e não a minha vontade'! Deus quer trocar com você tempos bem diversos: alguns minutos de agora pelos amanhãs sem fim da eternidade!

domingo, 6 de julho de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira' (Sl 65)

Primeira Leitura (Is 66,10-14) - Segunda Leitura (Gl 6,14-18) -  Evangelho (Lc 10,1-12.17-20)

  06/07/2025 - DÉCIMO QUARTO DOMINGO DO TEMPO COMUM

APOSTOLADO E ORAÇÃO


Eis a missão: levar a Boa Nova do Reino de Deus a todas as criaturas. Eis a síntese do apostolado cristão para os homens de sempre: anunciar o Evangelho de Cristo ao mundo inteiro. Ser missionário e se fazer apóstolo, aí estão as marcas de identidade de um cristão no mundo. De todos os cristãos: os primeiros doze apóstolos, os outros setenta e dois, os cristãos de todos os tempos, eu e você. Porque 'a messe é grande e os trabalhadores são poucos' (Lc 10,2) e a nossa oração sincera é semente profícua que faz brotar novos apóstolos e novos missionários no Coração do Senhor da Messe.

Como cordeiros entre lobos, como emissários da paz entre promotores das guerras, os cristãos estão no mundo para torná-lo um mundo cristão. O apostolado começa com o bom exemplo, expande-se com o amor ao próximo, multiplica-se pela caridade. Não é preciso levar alforge ou vestimenta especial, apenas a entrega complacente à Santa Vontade de Deus. É imperioso o serviço da vocação; os frutos pertencem aos ditames da Providência. 

O reino de Deus deve ser proclamado para todos, em todos os lugares, mas a Boa Nova será recebida com jubilosa gratidão num lugar ou indiferença profunda em outro; aqui vai gerar frutos de salvação, mais além será pedra de tropeço. Em outros lugares ainda, será rejeitada simplesmente e, nestes, a sentença não será velada: 'Até a poeira de vossa cidade, que se apegou aos nossos pés, sacudimos contra vós' (Lc 10,11).

Operários da grande messe do Senhor, nós, os cristãos, não podemos dispor das comodidades do mundo para vivermos a planura das alegrias efêmeras das calmarias. Não há amor sem sofrimento. Não há graça corrompida pelo respeito humano. Não há frutos de salvação em palavras amenas e solícitas. Deus nos quer valorosos combatentes da fé, pregadores perseverantes da Verdade Plena. À luz do Evangelho de Cristo, somos o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5,13-14). E ainda que sejamos capazes de domar a natureza e realizar prodígios, a felicidade cristã não está nos eventos temporais aqui na terra, mas na Eterna Glória daqueles que souberam combater o 'bom combate' (2Tm 4,7) e os quais Jesus nomeou como santos de Deus: 'vossos nomes estão escritos no céu' (Lc 10,20).

segunda-feira, 30 de junho de 2025

FRASES DE SENDARIUM (LIV)

 

'O caminho mais fácil para a santidade é aquele feito das meditações nos sofrimentos da Paixão de Nosso Senhor'

(São Boaventura)

Mais que pensar, vivas constantemente o sofrimento dos passos da Paixão de Cristo e recorda sempre aquele suor de sangue... Nele estavam também os teus e os meus pecados...

domingo, 29 de junho de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'De todos os temores me livrou o Senhor Deus' (Sl 33)

Primeira Leitura (At 12,1-11) - Segunda Leitura (2Tm 4,6-8.17-18) -  Evangelho (Mt 16,13-19)

  29/06/2025 - SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

AS COLUNAS DA IGREJA

Neste domingo, a liturgia católica celebra a Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, primícias da fé, fundamentos da Igreja. De toda a fundamentação bíblica do primado de Pedro, é em Mt 16, 18-19 que aflora, mais cristalina do que nunca, a água viva que brota e transborda das Palavras Divinas as primícias do papado e da Igreja, nascidos juntos com São Pedro: 'Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la' (Mt 16,18). Esta será a Igreja Militante, a Igreja Temporal, A Igreja da terra, obra temporária a caminho da Igreja Eterna do Céu. Mas ligada a Pedro e aos sucessores de Pedro, sumos pontífices herdeiros da glória, poder e realeza de Cristo.

(Cristo entrega as chaves a São Pedro - Basílica de Paray-le-Monial, França)

E Jesus vai declarar, em seguida e sem condicionantes, o poder universal e sobrenatural da Santa Igreja Católica Apostólica e Romana: 'Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que desligares na terra será desligado nos céus' (Mt 16,19). Ligado ou desligado. Poder absoluto, domínio universal, primado da verdade, Cátedra de Pedro. Na terra árida de algum ermo qualquer da 'Cesareia de Felipe', erigiu-se naquele dia, pela Vontade Divina, nas sementeiras da humanidade pecadora, a Santa Igreja, a Videira Eterna.

Com São Paulo, a Igreja que nasce, nasce com um gigante do apostolado e se afirma como escola de salvação universal. Eis aí a síntese do espírito cristão levado à plenitude da graça: Paulo se fez 'outro Cristo' em Roma, na Grécia, entre os gentios do mundo. No apostolado cristão de São Paulo, está o apostolado cristão de todos os tempos; a síntese da cristandade nasceu, cresceu e se moldou nos acordes pautados em suas epístolas singulares proferidas aos Tessalonicenses, em Éfeso ou em Corinto. Síntese de fé, que será expressa pelas próprias palavras de São Paulo: 'Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé' (2Tm 4,7).

(São Paulo Apóstolo - Basílica de Alba, Itália)

São Pedro foi o patriarca dos bispos de Roma, São Paulo foi o patriarca do apostolado cristão. Homens de fé e coragem extremadas, foram as colunas da Igreja. São Pedro morreu na cruz, São Paulo morreu por decapitação pela espada. Mártires, percorreram ambos os mesmos passos da Paixão do Senhor. E se ergueram juntos na Glória de Deus pela Ressurreição de Cristo.

sexta-feira, 27 de junho de 2025

POEMAS PARA REZAR (LXI)


 TRANSFIGURAÇÃO

Meu Deus, aqui estou com pés e mãos atados,
grossas correntes freiam meus ombros e braços
minha cabeça jaz imóvel e engastada 
sobre o meu corpo rígido e desfigurado.

Tenho olhos para olhar mas olho o chão
tenho a boca ansiosa por falar e que se cala
almejo passos que não me levam a lugar algum
e mãos que não conhecem afagos nem abraços

Que coração é esse que só pulsa o sangue
que mantém vivo um organismo morto?
Que mente é essa que me rouba os tesouros
do mais íntimo clamor da minha alma?

Esse ser medonho e de inconsolável desespero
sou eu refém de minhas vontades e fantasias
submerso em mim, inflado de mim, sedento de mim
parasita que se alimenta do que eu sempre fui.

Ah não, Senhor, que é vã essa miragem
de criatura vã e inútil desse mundo;
dai-me a graça, que o vosso Santo Espírito
ilumine meu caminho de volta e conversão! 

E, então, rompei esta couraça da miséria trama
arrebentai as algemas deste infortúnio extremo,
tirai os meus olhos do chão e o coração do peito
para que pulse amor muito mais que sangue.

Libertai meus pés e mãos da mundana sanha
de me submergir na minha própria lama
Erguei meu corpo e fazei ascender da terra
uma árvore boa que dê frutos bons! 

Não ser mais o eu de tão desditosa sorte
eis o que vos imploro, ó Senhor meu Deus,
roubai do corpo que sucumbe à morte
a minha alma sedenta de ganhar os Céus!

(Arcos de Pilares)

domingo, 22 de junho de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'A min'alma tem sede de Vós, como a terra sedenta, ó meus Deus'
(Sl 62)

Primeira Leitura (Zc 12,10-11.13,1) - Segunda Leitura (Gl 3,26-29) -  Evangelho (Lc 9,18-24)

  22/06/2025 - DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM

'E VÓS, QUEM DIZEIS QUE EU SOU?'


Jesus encontra-se em oração em um lugar retirado. O Filho de Deus, em sua condição humana, suplicando graças à Trindade Santa, da qual constitui a Segunda Pessoa, constitui um mistério insondável. E Jesus reza sozinho, em profunda meditação, como a indicar, com soberana clareza, que a revelação extraordinária que será dada a seguir - a identidade do Cristo - perpassa pela oração profunda e pelos mistérios da graça. E, neste espírito de profundo recolhimento interior, que antecede grandes revelações, Jesus indaga aos seus discípulos: 'Quem diz o povo que eu sou?' (Lc 9, 18).

Neste 'certo dia', as mensagens e as pregações públicas de Jesus estavam consolidadas; os milagres e os poderes sobrenaturais do Senhor eram de conhecimento generalizado no mundo hebraico; multidões acorriam para ver e ouvir o Mestre, dominados pela falsa expectativa de encontrar um personagem mítico e um Messias dominador do mundo. Na oração profunda, Jesus afasta-se do júbilo fácil do mundo e das multidões errantes, que o tomam por João Batista, por Elias, por um dos antigos profetas. E se aproxima intimamente daqueles que haverão de ser os primeiros apóstolos da Igreja nascente, compartilhando-lhes na pergunta do juízo de fé: 'E vós, quem dizeis que eu sou?' (Lc 9, 20), a resposta à sua identidade salvífica, saída da boca de Pedro: 'O Cristo de Deus' (Lc 9, 20).

Sim, Jesus é o Cristo de Deus e o seu reino não é deste mundo. Ante a confissão de Pedro, Jesus revela a sua origem e a sua missão e faz o primeiro anúncio de sua Paixão, Morte e Ressurreição: 'O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia' (Lc 9, 22). E, um passo além, faz o testemunho da cruz, pela privação do mundo: 'Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará (Lc 9, 23-24).

Eis aí o legado definitivo de Jesus aos homens de sempre: a Cruz de Cristo é o caminho da salvação e da vida eterna. Tomar esta cruz, não apenas hoje ou em momentos específicos de grandes sofrimentos em nossas vidas, mas sim, todos os dias, a cada passo, em cada caminho, é a certeza de encontrá-lo na glória e da plenitude das bem-aventuranças. A Cruz de Cristo é a Porta do Céu.

sábado, 21 de junho de 2025

A CIÊNCIA DE DEUS (II)

'Aquele que constrói seus aposentos no céu, e firma sobre a terra a abóbada celeste, aquele que convoca as águas do mar, e as derrama sobre a face da terra – 'Senhor' é o seu nome' (Am 9,6). 


O versículo bíblico acima é uma explanação cristalina da intervenção direta de Deus no ciclo das águas na terra - o chamado ciclo hidrológico. Este começa com a evaporação (particularmente das grandes massas de água dos oceanos, que corresponde cerca de 97,5% de toda a água do planeta) e posterior concentração do vapor de água na alta atmosfera, formando as nuvens. A condensação do vapor de água na atmosfera forma as chuvas que se precipitam sobre diferentes lugares da terra, dando origem a três diferentes tipos de processos: infiltração, escoamento superficial e evapotranspiração (evaporação + transpiração de plantas e animais).

domingo, 15 de junho de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Ó Senhor nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!' (Sl 8)

Primeira Leitura (Pr 8,22-31) - Segunda Leitura (Rm 5,1-5) -  Evangelho (Jo 16,12-15)

  15/06/2025 - SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE

GLÓRIA À TRINDADE SANTA!


O mistério da Santíssima Trindade é um mistério de conhecimento e de amor. Pois, desde toda a eternidade, o Pai, conhecendo-se a Si mesmo com conhecimento infinito de sua essência divina, por amor gera o Filho, Segunda Pessoa da Trindade Santa. E esse elo de amor infinito que une Pai e Filho num mistério insondável à natureza humana se manifesta pela ação do Espírito Santo, que é o amor de Deus por si mesmo. Trindade Una, Três Pessoas em um só Deus.

Mistério dado ao homem pelas revelações do próprio Jesus, posto que não seria capaz de percepção e compreensão apenas pela razão natural, uma vez inacessível à inteligência humana: 'Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele (o Espírito Santo) receberá e vos anunciará, é meu' (Jo 16, 15). Mistério revelado em sua extraordinária natureza em outras palavras de Cristo nos Evangelhos: 'Em verdade, em verdade vos digo: O Filho não pode de si mesmo fazer coisa alguma, mas somente o que vir fazer o Pai; porque tudo o que fizer o Pai, o faz igualmente o Filho. Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que ele faz (Jo 5, 19-20) ou ainda 'Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai; nem alguém conhece o Pai senão o Filho (Mt 11, 27).

Nosso Senhor Jesus Cristo é o Verbo de Deus feito homem, sob duas naturezas: a natureza divina e a natureza humana: 'Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele' (Jo 3, 16 - 17). Enquanto homem, Jesus teve as três potências da alma humana: inteligência, vontade e sensibilidade; enquanto Deus, Jesus foi consubstancial ao Pai, possuindo inteligência e vontade divinas.

'Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo'. Glórias sejam dadas à Santíssima Trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Neste domingo da Santíssima Trindade, a Igreja exalta e ratifica aos cristãos o maior dos mistérios de Deus, proclamado e revelado aos homens: O Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho (Conselho de Florença, 1442).

quinta-feira, 12 de junho de 2025

ORAÇÃO PARA ANTES DE UMA CIRURGIA


Senhor, eu busco alívio e conforto nesta cirurgia que estou prestes a fazer, para cura do corpo e maior bem da minha saúde. Tornai, ó meu Jesus, esta experiência pessoal num ato de graça e misericórdia de Deus para comigo, para os médicos responsáveis e por todos os profissionais de saúde envolvidos, como uma celebração conjunta do vosso infinito amor pelos homens. Dai-me a paz interior, serenidade de espírito e confiança absoluta para entregar, em vossas santas mãos, hoje, durante a cirurgia e sempre, tudo o que tenho e tudo que sou. Amém.

domingo, 8 de junho de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai!' (Sl 103)

Primeira Leitura (At 2,1-11) - Segunda Leitura (1Cor 12,3b-7.12-13) -  Evangelho (Jo 20,19-23)

  08/06/2025 - FESTA DE PENTECOSTES

NA DIVERSIDADE DOS DONS, O MESMO ESPÍRITO


Emitte Spiritum tuum et creabuntur. Et renovabis faciem terrae

'Enviai, Senhor, o vosso espírito criador e será renovada toda a face da terra'

Originalmente, Pentecostes representava uma das festas judaicas mais tradicionais de 'peregrinação' (nas quais os israelitas deviam peregrinar até Jerusalém para adorar a Deus no Templo), sempre celebrada após 50 dias da Páscoa e na qual eram oferecidas a Deus as primícias das colheitas do campo. No Novo Pentecostes, a efusão do Espírito Santo torna-se agora o coroamento do mistério pascal de Jesus Cristo, na celebração da Nova Aliança entre Deus e a humanidade redimida.

Eis que os apóstolos encontravam-se reunidos, com Maria e em oração constante, quando 'todos ficaram cheios do Espírito Santo' (At 2, 4), manifestado sob a forma de línguas de fogo, vento impetuoso e ruídos estrondosos, sinais exteriores do poder e da grandeza da efusão do Novo Pentecostes. Luz e calor associados ao fogo restaurador da autêntica fé cristã; ventania que evoca o sopro da Verdade de Deus sobre os homens; reverberação que emana a força da missão confiada aos apóstolos reunidos no cenáculo e proclamada aos apóstolos de todos os tempos.

O Paráclito é derramado numa torrente de graças, distribuindo dons e talentos, porque 'Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos' (1 Cor 12, 4-6). Na simbologia dos vários membros de um mesmo corpo, somos mensageiros e testemunhas de Cristo no meio dos homens, na identidade comum de Filhos de Deus partícipes e continuadores da missão salvífica de Cristo: 'Como o Pai me enviou, também Eu vos envio' (Jo 20, 22).

No Espírito Consolador, não somos mais meros expectadores de uma efusão de graças e dons tão diversos, mas apóstolos e testemunhas, iluminados e portadores da Verdade, pela qual será renovada a face da terra e pelo qual será apagada a mancha do pecado no mundo: 'Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos' (Jo 20, 22-23).

quinta-feira, 5 de junho de 2025

FRASES DE SENDARIUM (LIII)

'Lembra-te de guardar os teus olhos e considera que os olhos mortificados possuirão as belezas do Céu' 

(Palavras do Anjo da Guarda a Santa Gemma Galgani)

Hoje, meu Deus, eu queria vos consagrar os meus olhos. Não estes olhos acostumados a ver apenas a pintura dourada de coisas sem vida ou  hipnotizados pelas imagens foscas e distorcidas de filmes ou da televisão. Eu consagro a Vós, neste dia, meus olhos concebidos para  contemplar as maravilhas do vosso amor, em cada um dos meus irmãos e em todas as obras da vossa criação. Que, no dia de hoje, o meu firme propósito seja o de fechar os meus olhos aos prazeres e imagens do mundo e torná-los, verdadeiramente, espelhos de minha alma destinada a ser reflexo cristalino da Luz que emana do vosso Amantíssimo Coração.

domingo, 1 de junho de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

   

'Por entre aclamações Deus se elevou, o Senhor subiu ao toque da trombeta!' (Sl 46)

Primeira Leitura (At 1,1-11) - Segunda Leitura (Ef 1,17-23) -  Evangelho (Lc 24,46-53)
 
  01/06/2025 - SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR

A ASCENSÃO DO SENHOR


Antes de subir aos Céus, Jesus manifesta a seus discípulos (de ontem e de sempre) as bases do verdadeiro apostolado cristão, a ser levado a todos os povos e nações: 'e no seu nome (de Jesus) serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém' (Lc 24, 47). Ratificando as mensagens proféticas do Antigo Testamento, Nosso Senhor imprime diretamente no coração humano os sinais da fé sobrenatural e da esperança definitiva na Boa Nova do Evangelho, que nasce, se transcende e se propaga com a Igreja de Cristo na terra.

Antes de subir aos Céus, Jesus nos fez testemunhas da esperança: 'Vós sereis testemunhas de tudo isso' (Lc 24, 48). Pela ação de Pentecostes, pela efusão do Espírito Santo, pela manifestação da 'Força do Alto', os apóstolos tornar-se-iam instrumentos da graça e da conversão de muitos povos e nações. Na mesma certeza, somos continuadores dessa aliança de Deus com os homens, na missão de semear a Boa Nova do Evangelho nos terrenos áridos da humanidade pecadora para depois colher, a cem por um, os frutos da redenção nos campos eternos da glória.

Como missionários da graça, 'Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança como santos' (Ef 1, 18). E Jesus se eleva diante dos seus discípulos e sobe para os Céus. Jesus vai primeiro porque é o Caminho e para preparar para cada um de nós 'as muitas moradas da casa do Pai', levando consigo a nossa humanidade, tornando-nos participantes do seu mistério pascal e herdeiros de sua glória.

Na solenidade da Ascensão do Senhor, a Igreja comemora a glorificação final de Jesus Cristo na terra, como o Filho de Deus Vivo e, ao mesmo tempo, imprime na nossa alma o legado cristão que nos tornou, neste dia, testemunhas da esperança eterna em Cristo e herdeiros dos Céus.

domingo, 25 de maio de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem!' (Sl 66)

Primeira Leitura (At 15,1-2.22-29) - Segunda Leitura (Ap 21,10-14.22-23) -  Evangelho (Jo 14,23-29)
 
  25/05/2025 - SEXTO DOMINGO DA PÁSCOA

'A MINHA PAZ VOS DOU'


Neste Sexto Domingo da Páscoa, somos chamados a viver plenamente a presença de Jesus Ressuscitado em nossas vidas, como testemunhas da fé e da fidelidade às suas Santas Palavras: 'Se alguém me ama, guardará a minha palavra' (Jo 14,23). Eis aí o legado de Jesus aos seus discípulos: a graça e a salvação são frutos do amor, que é manifestado em plenitude, no despojamento do eu e na estrita submissão à vontade do Pai: 'Desci do Céu não para fazer a minha vontade, mas sim a d’Aquele que me enviou' (Jo 6,38) e 'Amai ao Senhor vosso Deus com todo vosso coração, com toda vossa alma e com todo vosso espírito. Este é o maior e o primeiro dos mandamentos' (Mt 22,37-38).

A graça nasce, manifesta-se e se alimenta do nosso amor a Deus, pois 'quem não me ama, não guarda a minha palavra' (Jo 14,24). Mas este amor terá de ser libertado do mero sentimento arraigado às mazelas humanas para ser transformado em um amor espiritual sem medidas, desapegado dos valores mundanos. Este amor não provém dos sentimentos efêmeros, nem dos sentidos, nem das paixões desregradas, nem dos abismos volúveis das sensibilidades e das vontades humanas.

Este amor não se alimenta da paz do mundo, mas da paz que emana do próprio Coração de Deus: 'Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo' (Jo 14,27). Na paz de Deus, na confiança absoluta às divinas promessas, não há porque se perturbar ou se intimidar a fragilidade do pobre coração humano. A presença permanente do Cristo Ressuscitado em nossas vidas vem por meio da manifestação do Espírito Santo, o Defensor, conforme as palavras de Jesus: 'o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito' (Jo 14,26).

Sob a ação do Espírito Santo, o amor humano pode trilhar livremente o caminho da santificação, até o impossível, até os limites de um despojamento absoluto do próprio ser para a plena manifestação em si da glória de Deus, quando enfim, 'o meu Pai o amará, e nós (o Pai, o Filho e o Espírito Santo) viremos e faremos nele a nossa morada' (Jo 14,23).

segunda-feira, 19 de maio de 2025

FRASES DE SENDARIUM (LII)

 

'O meu coração e o Coração de Jesus são a mesma coisa' 

(Santa Gemma Galgani)

Encerra tua alma nas chagas abertas do Imaculado Coração de Jesus: oceano de compaixão e abismo de misericórdia que tudo sublima e tudo perdoa. A infinita misericórdia de Deus é o bálsamo e refúgio de todos os pecadores.