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sexta-feira, 12 de julho de 2024

POEMAS PARA REZAR (LV)

O chamado Catecismo de Baltimore constituiu o primeiro e o mais renomado catecismo escrito para católicos na América do Norte, vigente desde 1885 até o final da década de 1960. O hino religioso Mother Dear, oh, Pray for Me - oração de louvor e súplica de proteção à Nossa Senhora traduzida abaixo - constitui uma das mais belas devoções do Catecismo de Baltimore.  


MOTHER DEAR, OH, PRAY FOR ME

Mother dear, oh, pray for me,
Whilst far from heav'n and thee
I wander in a fragile bark,
O'er life's tempestuous sea;
O Virgin Mother, from thy throne,
So bright in bliss above,
Protect thy child and cheer my path,
With thy sweet smile of love.

Mother dear, remember me,
And never cease thy care,
Till in heaven eternally
Thy love and bliss I share.

Mother dear, oh, pray for me,
should pleasure's siren lay
E'er tempt thy child to wander far
From virtue's path away;
When thorns beset life's devious way,
And darkling waters flow,
Then, Mary, aid thy weeping child,
Thyself a mother show.

Ó MÃE QUERIDA, REZA POR MIM

Ó mãe querida, reza por mim,
longe do céu e de ti, alma perdida,
sou nau errante a vagar sem rumo
no mar tormentoso desta vida;
Ó Virgem Mãe, do teu trono,
radiante de glória e esplendor,
protege teu filho e alegra meus passos,
sob o teu suave sorriso de amor.

Ó mãe querida, lembra-te de mim,
e nunca me deixes afastar de Deus,
até que na eternidade do céu, assim,
o teu amor e teu sorriso sejam meus.

Ó mãe querida, reza por mim
se a cobiça do prazer mais rude
tentar desviar o teu filho enfim
do reto caminho da virtude;
quando os espinhos moldarem meu caminho
e as águas escuras me levarem embora;
cuida de mim, então, filho que chora,
ó mãe querida, cuida então de mim.

(livre tradução do autor do blog)

terça-feira, 12 de julho de 2022

SER CRISTÃO É SER CATÓLICO

Para os esquecidos ou que fingem ser esquecidos: Jesus Cristo estabeleceu uma única religião, uma única Igreja e uma só Verdade e, portanto, sempre houve e sempre haverá um único cristianismo: o único meio de ser cristão é ser católico. Ser cristão é ser católico; qualquer coisa além disso, é pura e simples heresia.


(Catecismo de São Pio X)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (XXI/Final)


UNIÃO HIPOSTÁTICA

É a união misteriosa da natureza divina e da natureza humana, na Pessoa do Verbo divino com as duas naturezas distintas, conservando cada uma os atributos que lhe são próprios.

VASO DE ABLUÇÕES

É  um pequenino vaso, de vidro ou de prata com água, que deve estar junto do sacrário para o sacerdote purificar os dedos, antes e depois da comunhão aos fiéis. Com esse vaso deve haver um manustérgio para enxugar os dedos. Deve estar coberto e a água deve ser renovada com alguma frequência.

VASOS SAGRADOS

São aqueles que, consagrados pelo bispo, só podem servir para os atos do culto divino.

VERBO DIVINO

É o Filho de Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, como o ensina o Evangelho: 'No princípio era o Verbo e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus (Jo 1,1)... O Verbo fez-se homem e habitou entre nós e nós vimos a sua glória, glória como Filho unigênito do Pai' (Jo 1, 14). O Verbo feito homem é Jesus Cristo.

VÉSPERAS

É o nome da quinta Hora do Ofício divino, que corresponde às seis horas da tarde, segundo o modo de contar dos antigos.

VESTES LITÚRGICAS

São aquelas que, benzidas pelo bispo ou pelo sacerdote, só podem ser usadas nos atos do culto divino.

VIA SACRA

É uma devoção que tem por objeto a contemplação dos sofrimentos, crucificação e morte de Jesus Cristo. Costuma ser instituída nas igrejas e capelas em que é permitido rezar a missa. Só pode ser instituída por sacerdote que tenha recebido essa faculdade da Santa Sé ou do Geral dos Franciscanos e a faculdade está sujeita a uma autorização do bispo do lugar, dada por escrito para cada instituição. É essencial que haja 14 cruzes de madeira benzidas no lugar em que se faz a instituição, antes ou depois de estarem afixadas na parede; devem estar afixadas a alguma distância umas das outras. As cruzes podem ser afixadas na parede por qualquer pessoa, antes ou depois da bênção. Não é necessário colocar quadros ou pinturas relativas à Paixão e Morte de Jesus. Se todas as cruzes, ou ao menos metade delas, tiverem sido tiradas e substituídas, é preciso fazer uma nova instituição canônica; caso contrário, não. Faz-se a Via Sacra visitando-se as 14 cruzes (estações), uma após outra, sem grande interrupção, e meditando em cada estação, ainda que por pouco tempo, sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. São estas as condições necessárias para poder lucrar as indulgências que se ganhariam visitando pessoalmente as Estações da Via Sacra em Jerusalém, sendo todas as indulgências aplicáveis às almas do Purgatório. Na Via Sacra, feita em oratórios ou capelas domésticas, somente podem lucrar as indulgências os seus proprietários, os seus parentes e seus criados, que morarem na casa. Os doentes e as pessoas que se encontram numa real impossibilidade, mesmo moral, de ir à Igreja fazer a Via Sacra, podem lucrar as mesmas indulgências, com a condição de terem na mão um crucifixo (não uma cruz somente), benzido expressamente para esse efeito por quem para isso tenha faculdade, e de recitarem com piedade e contrição 20 vezes o Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai; 4 vezes para recordar as 14 Estações, 5 em honra das cinco chagas de Jesus Cristo e a última pelo Sumo Pontífice. Quando muitas pessoas, legitimamente impedidas de visitar as estações, recitam em comum vinte vezes - Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai - basta que uma só delas tenha em mãos um crucifixo devidamente benzido.

VIÁTICO

É a comunhão aos enfermos em perigo de morte. Em perigo de morte, seja qual for a causa, os fiéis são obrigados a receber a Sagrada Comunhão e não é necessário que o perigo seja certo; basta que seja provável. O Viático pode e deve ser dado às crianças perigosamente enfermas, que tenham chegado ao uso da razão. Para isso basta que saibam distinguir do alimento comum o Corpo de Cristo e adorá-lo com reverência. Ainda que o fiel tenha recebido a comunhão por devoção no mesmo dia, dando-se o perigo de morte, deve ser muito exortado a que comungue outra vez por Viático e, perdurando o mesmo perigo, é lícito e convém recebê-lo mais vezes, em dias distintos, segundo o prudente conselho do confessor.

VÍCIO

É a tendência habitual para o mal. Os vícios podem ser tantos como o número dos deveres, porque a falta do cumprimento do dever é um mal. Um ato mau isolado é uma falta; a repetição habitual desse ato constitui o vício, que é coisa detestável e difícil de curar.

VIDA ETERNA

É a felicidade do homem, é a sua aspiração suprema. Só a pode realizar depois da vida terrena, vendo Deus, amando-o e o possuindo eternamente. Para consegui-la, é necessário crer e praticar o que Jesus Cristo ensinou: 'Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna' (Jo 5, 21); 'Se queres entrar na vida eterna guarda os mandamentos' (Mt 19, 17). 

VIDA RELIGIOSA

É um gênero de vida fundada sobre o Evangelho e aprovada pela Igreja, que tem por fim procurar a perfeição da vida cristã, pela prática dos três votos — pobreza, obediência, castidade — segundo regras determinadas. Os três votos de religião são os meios mais próprios para conseguir a perfeição, porque se opõem diretamente aos três grandes obstáculos da santidade. Pelo voto de pobreza, afasta-se a cobiça das riquezas; pelo voto de obediência, afasta-se o amor desordenado da vontade própria; pelo voto de castidade, afasta-se o amor dos prazeres sensuais.

VIDA SOBRENATURAL

É a vida do cristão habitualmente na graça de Deus, procedendo sempre de harmonia com as virtudes teologais — fé, esperança e caridade — e com as virtudes morais — prudência, justiça, fortaleza e temperança.

VIGÍLIAS

Chamam-se assim as vésperas das grandes festas da Igreja — Natal, Páscoa, Pentecostes, Assunção e Festa de Todos os Santos. A Igreja prescreve o jejum e a abstinência nesses dias, com o fim de os fiéis se prepararem, pela mortificação dos sentidos, para a celebração mais piedosa e mais espiritual, dessas grandes solenidades.

VISÃO BEATÍFICA

É a clara e intuitiva, mas não compreensível visão de Deus face a face.

VISITA AD SACRA LIMINA

É a visita que o bispo de cada diocese tem obrigação de fazer periodicamente ao papa, com o fim de informá-lo do estado da sua diocese, no que diz respeito à disciplina eclesiástica, à vida religiosa do povo cristão e às relações da Igreja com o Estado. Por este meio o papa assegura a unidade da Igreja na diversidade dos povos.

VOTO

É uma promessa deliberada e livre, feita a Deus, de um bem possível e melhor. Nem todas as promessas que fazemos a Deus têm a natureza de voto. Se não temos intenção de nos obrigar a fazer o que prometemos, emitimos apenas um propósito de fazer alguma coisa em honra de Deus, mas não foi um voto o que fizemos. Há várias espécies de voto: (i) público ou privado, conforme é ou não é aceite em nome da Igreja pelo legítimo superior eclesiástico; (ii) solene ou simples, conforme é considerado pela Igreja; (iii) reservado, quando só a Sé Apostólica o pode dispensar; (iv) pessoal, quando o que se promete é uma ação do postulante (jejum por exemplo); (v) real, quando se promete alguma coisa (uma esmola, por exemplo); (vi) misto, quando o que se promete é ao mesmo tempo uma coisa e uma ação do postulante; (vii) temporário, perpétuo o, condicional. O voto deve ser cumprido como se promete e sem demora: 'Quando fizeres voto ao Senhor, não demores em cumpri-lo, porque o Senhor, teu Deus, o exigirá, e, se tardares, a demora te será imputada como pecado' (Dt 23, 21). Se o voto é condicional, só obriga depois de satisfeita a condição; se é pessoal, só obriga aquele que o fez; se é real e não foi cumprido em vida pelo postulante, a obrigação passa para os seus herdeiros, não obrigando mais do que a herança permite. Por vários motivos a obrigação do voto pode cessar. Entre os motivos, está a dispensa dada em nome de Deus pela autoridade eclesiástica. O papa pode dispensar de todos os votos. O bispo pode dispensar dos votos não reservados ao papa, que são: o voto privado de perfeita e perpétua castidade e o voto de entrar em ordem religiosa de votos solenes, quando feito de modo absoluto e depois de 18 anos de idade. O voto solene de castidade constitui impedimento dirimente do Matrimônio. Os votos simples de castidade, mesmo em Congregação Religiosa onde se fazem somente 
votos simples, o de virgindade e o de receber Ordens Sacras, são impedimentos impedientes do Matrimônio.

VULGATA

Chama se Vulgata à tradução latina da Bíblia, na sua maior parte obra de São Jerônimo, declarada autêntica pelo Concílio de Trento. Na composição da Vulgata, entraram elementos de três origens diferentes. Alguns oriundos de antigas versões latinas, que não foram revistas por São Jerônimo, são os chamados elementos deuterocanônicos do Antigo Testamento, com exceção dos livros de Tobias e Judite. Outros faziam parte de versões anteriormente revistas pelo Santo Doutor; tais são os livros do Novo Testamento e o Saltério chamado galicano. E, finalmente, também fazem parte da Vulgata versões feitas por São Jerônimo diretamente sobre o texto original (hebreu e caldeu); são deste grupo os livros protocanônicos do Antigo Testamento exceto o Saltério, os livros de Tobias e Judite e as partes deuterocanônicas de Daniel e de Ester.

ZELO

É a chama do amor manifestado exteriormente pela ação. Quem ama a Deus procura em tudo a sua maior glória; quem ama o próximo procura contribuir o melhor que pode para a salvação da sua alma. Nisso consiste o zelo cristão. O verdadeiro zelo é: (i) sobrenatural, procurando em tudo a glória de Deus; (ii) prudente, evitando o ardor do temperamento e as atitudes irrefletidas; (iii) forte e corajoso, capaz de vencer os maiores obstáculos; (iv) paciente, suportando os defeitos do próximo; (v) constante e perseverante, não se deixando dominar pelo desânimo; (vi) desprendido dos interesses próprios, sacrificando-os na medida do possível; (vii) generoso, fazendo apostolado por meio da palavra e do exemplo e auxiliando, com trabalho ou com dinheiro, as várias obras de caridade aprovadas pela Igreja.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (XX)


TALMUDE

É o nome dado aos comentários do Antigo Testamento, que desenvolvem e completam os mais antigos comentários feitos pelos rabinos e que são fundamentados pelas tradições orais. Há o Talmude de Jerusalém (3.° e 4.° séculos) e o de Babilônia (5.° e 6.° séculos). É a base da teologia judaica atual e contém odiosas calúnias contra Jesus Cristo e sua Mãe e contra os cristãos em geral. É o grande livro dos judeus, contém todas as suas tradições, é o seu compêndio de teologia moral. Dois grandes centros da influência judaica — Jerusalém e Babilônia — deram origem a duas redações diferentes do Talmude. Nos séculos III e IV os doutores judeus da Palestina, de um modo particular os de Tiberíades, acrescentaram novos comentários jurídicos e casuísticos aos mais antigos comentários da Lei, formando assim o chamado Talmude de Jerusalém, que está redigido em arameu, mas, no entanto, as citações dos doutores mais antigos estão em hebreu. Outra redação do Talmude é a escrita em Babilônia, no século V e VI, em arameu babilônico, conservando também em hebreu as citações dos antigos doutores. 

TEMOR DE DEUS

Princípio que não nos leva a fugir de Deus mas a fugir de tudo o que lhe pode ser desagradável. Deus quer que o temamos, pois disse-nos: 'Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes ao que pode lançar no inferno tanto a alma como o corpo' (Mt 10, 28). Já antes de Jesus Cristo, havia dito: 'Temei a Deus e observai os seus mandamentos' (Ecl 12, 13). E o Apóstolo São Paulo escreveu: 'Obrai a vossa salvação com receio e temor' (Fp 2, 12). Por isso, se estamos na graça de Deus, devemos fugir da ocasião do pecado, com medo de pecar; se caímos em pecado, devemos logo pedir sinceramente perdão a Deus, com medo da justiça divina ofendida. Em muitas circunstâncias da nossa vida, em muitas tentações que nos assaltam, só o temor de ofender a Deus pode impedir a nossa queda, o nosso pecado e a nossa desonra. Por isso o Apóstolo São Paulo nos manda estar firmes na fé e conservarmo-nos no temor (Rm 11, 20).

TEMPERANÇA

É uma das quatro virtudes cardeais, a qual nos dispõe a usar com moderação das coisas necessárias para a vida — comer, beber e uso do Matrimônio — unicamente para satisfazer à nossa conservação e para utilidade do próximo. Os prazeres sensíveis não são um mal; podem, todavia, arrastar à desordem dos sentidos. É a virtude da temperança que os modera, impedindo qualquer excesso. A temperança na comida chama-se abstinência; na bebida chama-se sobriedade; nos prazeres sensuais ou venéreos chama-se castidade.

TEOLOGIA

Etimologicamente, teologia deriva de duas palavras gregas: teos + logos, que significam 'palavra de Deus'. Teologia é a ciência que trata de Deus. A Teologia pode ser natural (Teodicéia), se procede de princípios naturais; sobrenatural se procede de princípios revelados e tira conclusões a respeito de Deus e das coisas divinas. Neste último sentido, a Teologia pode definir-se como sendo a 'ciência que dos princípios da fé, mediante raciocínio reto, tira conclusões acerca de Deus e das coisas que, de qualquer modo que seja, se relacionam com Ele'. Sendo a Teologia uma ciência, é costume dividi-la em: (i) Dogmática, que é o conjunto das verdades reveladas, que todo o cristão deve crer; (ii) Moral, que é o conjunto dos deveres que o cristão tem de cumprir para conseguir a vida eterna; (iii) Ascética e Mística, que trata dos conselhos dados por Deus, para que o cristão chegue a atingir a perfeição da vida cristã e expõe os caminhos por onde Deus conduz as almas à mais elevada santidade.

TEOSOFISMO

Heresia que ressuscita erros grosseiros, tais como o panteísmo, a emanação dos seres da substância divina e a transmigração das almas, através dos corpos, mesmo dos animais, em expiação das culpas de uma vida anterior. A Igreja proíbe fazer parte das sociedades teosóficas, assistir às suas reuniões, ou ler os livros, periódicos e quaisquer outras de suas publicações.

TÉRCIA

É uma das Horas Canônicas do Ofício Divino, que se segue à Hora de Prima e que corresponde às 9 horas da manhã; era a terceira hora do dia, segundo o modo de contar dos antigos.

TESTEMUNHAIS

São documentos comprovativos, para um aspirante ao estado eclesiástico ou religioso, de ter recebido o Batismo e a Confirmação. Também se dá aquele nome às informações do bispo da diocese de origem e às de outros em cujas dioceses tivesse habitado durante um ano, depois dos 14 anos, assim como às dos superiores de colégio ou noviciado, em que tenha vivido. Tais informações são secretas e conservam se na posse de quem as recebem.

TIBIEZA

Uma alma tíbia é a que cai com facilidade em pecado venial por não lhe dar importância; é a que reconhece ter hábitos viciosos e não se esforça por se corrigir; é a que, praticando a piedade, despreza os meios de progredir; é a que afrouxa no serviço de Deus, quando não sente consolação espiritual. São causas da tibieza: a facilidade em omitir os exercícios ordinários de piedade, o desprezo das pequenas faltas, a ausência aos atos do culto social, o gosto pelas reuniões mundanas e pelas leituras frívolas. Uma pessoa tíbia pratica muitos atos bons, mais por amor de si do que por amor de Deus; daí resulta a perda de méritos sobrenaturais e de graças correspondentes.

TONSURA

É uma cerimônia estabelecida pela Igreja, pela qual o homem batizado e confirmado fica pertencendo ao estado eclesiástico, para que se disponha a receber o Sacramento da Ordem. Chama-se Tonsura, porque a cerimônia consiste no corte de uma parte do cabelo, acompanhado de uma oração recitada pelo bispo que faz a tonsura. A Igreja não dá nenhum poder espiritual ao tonsurado; somente o introduz na classe daqueles que são destinados ao serviço de Deus, no Estado Clerical.

TRANSUBSTANCIAÇÃO

É a conversão de toda a substância do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo, permanecendo somente as espécies do pão e do vinho. A Transubstanciação opera-se no Sacrifício da Missa, no momento em que o sacerdote, representando Jesus Cristo, investido do poder divino recebido no Sacramento da Ordem, pronuncia as palavras da consagração, sobre o pão e sobre o vinho: 'ISTO É O MEU CORPO' ; 'ESTE É O MEU SANGUE'. São as mesmas palavras que Jesus pronunciou e mandou pronunciar; é o mesmo poder, embora comunicado; são os mesmos os efeitos. Em consequência da Transubstanciação, fica na hóstia consagrada o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, sob as mesmas espécies que continham o Pão; o Sangue, o Corpo, Alma e Divindade de Jesus Cristo, sob as espécies do vinho, não ficando nada da substância do pão e do vinho, como exprimem as palavras da consagração. A Transubstanciação é um mistério profundíssimo, mas diz São Gregório de Nissa: 'Quando Jesus vivia na Palestina, o pão e o vinho eram o seu alimento; transformavam-se na sua Carne e no seu Sangue, pela ação e pelo poder dos sucos do estômago, exatamente como acontece com os alimentos que nós comemos. Não tenho pois nenhuma repugnância em admitir que o pão se mude hoje no Corpo de Jesus Cristo, em um ato instantâneo, como efeito da sua vontade'.

TRÍDUO

É uma pregação solene, durante três dias, com o fim de instruir sobre determinado assunto religioso e de afervorar os fiéis em alguma devoção particular.

TRINDADE DIVINA

É o mistério da Santíssima Trindade: três Pessoas em um Deus. Isto quer dizer que há só uma natureza divina e que nessa única natureza há três Pessoas, de sorte que a unidade de natureza não impede a pluralidade de Pessoas. A primeira Pessoa chama-se Pai, a segunda chama-se Filho, a terceira chama-se Espírito Santo. A mesma natureza divina no Pai e no Filho e no Espírito Santo; três pessoas divinas distintas, não à maneira das pessoas humanas que são distintas porque separadas, mas distintas enquanto às relações próprias de cada uma a respeito das outras. Assim o Pai gera o Filho, como semelhantemente a nossa alma gera o pensamento; o Espírito Santo procede do Pai e do Filho, como semelhantemente da nossa alma e do nosso pensamento procede o amor com que amamos a nossa alma e o nosso pensamento. A alma, o pensamento e o amor são coisas distintas, têm a mesma natureza espiritual e são inseparáveis. A nossa fé na Trindade divina é fundada na Sagrada Escritura. Jesus Cristo mandou batizar, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Em nome de um Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, três Pessoas divinas (Mt 28, 19). São João escreve: 'rês são os que dão testemunho no céu: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e estes três são uma só coisa' (I Jo 5, 7).

TURÍBULO

É um objeto de metal com correntes que serve para fazer as incensações nos atos litúrgicos.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)

sábado, 9 de janeiro de 2021

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (XIX)

 

SACRAMENTAL

É uma coisa ou uma ação de que a Igreja costuma servir-se para obter efeitos, principalmente espirituais. As coisas são os objetos benzidos: a água benta, os escapulários, medalhas, Agnus Dei, velas ou ramos bentos, etc. As ações são as bênçãos que os Ministros Sagrados fazem sobre as pessoas ou sobre as coisas que consagram ao culto divino. Os Sacramentais foram instituídos pela Igreja; são úteis mas não necessários; podem obter a graça de Deus, mas só por virtude da oração da Igreja e da piedade de quem a reza. Os seus principais efeitos são: o perdão dos pecados veniais, a colação da graça atual, a preservação de males de ordem temporal, a separação de coisas e de pessoas do uso profano, o afastamento do demônio para que não nos moleste. O Apóstolo São Paulo ensina que 'toda a criatura é santificada pela palavra de Deus e pelas orações' (1Tm 4, 4-5) e é precisamente a oração que acompanha as bênçãos da Igreja que atrai sobre os Sacramentais a virtude que têm de produzir os seus efeitos de santificação.

SACRAMENTO

É um sinal sensível que, por instituição divina, tem a virtude de significar e produzir a graça. Quem recebe um Sacramento recebe a graça de Deus, que faz santo aquele que o recebe dignamente e produz nele o efeito próprio de cada sacramento. Foi esse o fim porque Jesus Cristo os instituiu. São sete: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Extrema-Unção [Unção dos Enfermos], Ordem e Matrimônio. Pelo Batismo, que apaga o pecado original, o homem nasce para a vida espiritual e sobrenatural; pela Confirmação, robustece e cresce na vida sobrenatural; pela Comunhão, alimenta a vida espiritual; pela Penitência, recebe o perdão dos pecados; pela Extrema-Unção, limpa os restos do pecado; pela Ordem, é confiado a alguns fieis o poder de reger e dirigir os outros na sociedade religiosa; o Matrimônio torna legítimos os atos da geração e santifica a propagação do gênero humano. Pelos sete sacramentos, Jesus Cristo providenciou acerca da vida sobrenatural do homem como ser individual e social.

SACRÁRIO

É o tabernáculo ou pequeno armário colocado sobre o altar para nele se conservar a Sagrada Eucaristia. Deve ser de metal ou de madeira dourada e forrado por dentro de seda branca; dispensa-se, porém, o forro de seda, se for dourado interiormente. Dentro do sacrário, está um pequeno vaso chamado cibório ou píxide, sobre um corporal, contendo a Sagrada Eucaristia e não pode estar mais nada. Deve estar sempre coberto com um pavilhão, que pode ser sempre de cor branca ou, mais preferível, da cor dos paramentos litúrgicos do dia. Diante do sacrário não se pode colocar a cruz, nem vasos de flores, nem quaisquer objetos. É também proibido sobrepor-lhe qualquer objeto (com exceção da cruz). Só pode haver um em cada igreja, e há de estar colocado de modo inamovível, no altar-mor ou principal, exceto nas igrejas em que haja colegiada ou nas sés episcopais, onde deve estar em altar lateral. Convém todavia que na igreja haja outro sacrário, que possa receber o Santíssimo em alguma circunstância inesperada. O sacrário deve ser benzido.

SACRIFÍCIO

É a oblação externa de uma coisa sensível com a sua destruição ou mudança, feita exclusivamente a Deus pelo legítimo Ministro, em reconhecimento do seu supremo domínio sobre todas as criaturas. Há também um sacrifício interior, invisível, o qual consiste na oferta que fazemos a Deus de nós mesmos, para vivermos unidos a Ele e fazermos a sua vontade. O único Sacrifício da Religião Cristã é a oblação do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, debaixo das espécies do pão e do vinho consagrados na Missa, Sacrifício que fica completo com a comunhão do sacerdote que, em nome de Jesus Cristo mesmo, o oferece. Pode entender-se por sacrifício qualquer ato em honra de Deus para o aplacar, assim como todos os obséquios feitos ao próximo enquanto se referem a Deus, e também qualquer mortificação. O homem precisa de fazer sacrifícios por causa da remissão dos pecados, da conservação da graça e da consecução da glória eterna.

SACRILÉGIO

É a profanação das coisas santas ou consagradas a Deus ou a violação ou mau trato de pessoas ou coisas sagradas, enquanto sagradas. É pessoal, real ou local, segundo é praticado em pessoa, em coisa ou em lugar consagrados a Deus. É pecado mortal porque constitui grave irreverência às pessoas, coisas ou lugares consagrados ao culto divino. Porém, para se julgar da gravidade do pecado é preciso atender ao grau de santidade da pessoa, da coisa ou do lugar violados, ao grau de irreverência e à intenção do agente.

SALMOS DE DAVI

São os salmos que compõem um livro da Sagrada Escritura, no Antigo Testamento. São 150, e chamam-se de Davi porque foi este Rei quem compôs a maior parte deles. Os Salmos são a forma antiquíssima de orar publicamente, usada no tempo da sinagoga. Estão cheios da moral mais pura, respiram o espírito de piedade, despertam todos os sentimentos dignos de um coração cristão. Os Salmos formam a oração oficial da Igreja na recitação do Ofício divino e em muitas orações litúrgicas.

SANTA SÉ OU SEDE APOSTÓLICA

Por esta designação, entende-se o Romano Pontífice, as Congregações Romanas, os Tribunais e Ofícios, pelos quais o Romano Pontífice costuma tratar os negócios da Igreja.

SECULARIZAÇÃO

É o indulto concedido pela Santa Sé aos religiosos de direito pontifício ou pelo Bispo aos de direito diocesano, o qual tem por efeito separar perpetuamente o religioso da Ordem ou da Congregação a que pertencia, voltando ao estado secular.

SIGILO SACRAMENTAL

É o absoluto segredo que o confessor guarda de tudo o que conhece por meio da confissão sacramental e de cuja revelação pode resultar gravame ao penitente. Assim determina o Código de Direito Canônico: o sigilo sacramental é inviolável; por isso acautele-se diligentemente o confessor, para que nem por palavra, nem por escrito, nem por sinal ou qualquer outro modo, nem por motivo nenhum denuncie o pecador. A mesma obrigação têm o intérprete e todos aqueles que de qualquer modo tiverem notícia da confissão. É inteiramente proibido ao confessor o uso da ciência adquirida pela confissão, com gravame do penitente, excluído mesmo o perigo de revelação. Nem pode o confessor ser testemunha, em tribunal, dos penitentes que confessa ou do que soube pela confissão sacramental.

SÍLABO

É a coleção de 80 proposições que contêm os principais erros modernos condenados pelo Papa Pio IX e publicado em 1864. São erros em defesa do panteísmo, do socialismo, do naturalismo, do comunismo, das sociedades secretas e erros contra os direitos da Igreja sobre a sociedade civil, sobre o casamento civil e vários outros. Condenados como estão pela suprema Autoridade da Igreja, nenhum católico os pode defender nem admitir.

SIMONIA

É a deliberada vontade de comprar ou vender alguma coisa espiritual (como a graça e os sacramentos,) ou coisa temporal anexa a coisa espiritual (como o cálice consagrado, por causa da consagração, um benefício eclesiástico, etc.). É pecado mortal, por falta de reverência para com as coisas divinas, tais como a consagração do cálice. Mas não há simonia quando se dá alguma coisa espiritual, segundo legítimo costume reconhecido pela Igreja. Como não há simonia comprando, por exemplo, um cálice consagrado pelo preço do cálice, sem aumento por causa da consagração. 

SÍNODO DIOCESANO

É a assembleia, presidida pelo bispo, na qual tomam parte os sacerdotes que a isso têm direito. Deve ser celebrado em cada diocese ao menos de dez em dez anos. No sínodo são tratados assuntos que dizem respeito às necessidades particulares ou à utilidade do clero e do povo dessa diocese. É convocado e presidido pelo bispo, que é o único legislador nos sínodos, tendo somente voto consultivo os sacerdotes convocados.

SINÓTICOS (Evangelhos)

Dá-se este nome à narração evangélica dos três primeiros Evangelistas porque, dispondo em três colunas os textos das partes comuns, obtém-se uma sinopse (vista de conjunto) concordante em muitos 
pontos.

SOBREPELIZ

É uma veste litúrgica de tecido branco que, entrando pela cabeça, desce dos ombros até aos joelhos, com mangas compridas e largas. É conveniente que seja de linho ou de cânhamo.

SUBDIACONATO

É a Ordem que confere o poder de preparar, nos vasos sagrados, a matéria do Sacrifício da Missa, de cantar a Epístola na Missa solene, de purificar os sanguíneos e os corporais e de oferecer o cálice com a patena ao Diácono nas Missas cantadas. O Subdiaconato só pode ser recebido depois do 3.° ano do curso teológico e com a idade de 21 anos completos.

SUFRÁGIO

É toda a obra feita com a intenção de prestar alívio às almas que sofrem no Purgatório. O Segundo Livro dos Macabeus (Mc 12, 43) ensina que é santo e salutar o pensamento de orar pelos defuntos, para que lhes sejam perdoados os pecados, isto é, para que sejam aliviados das penas que sofrem por causa dos seus pecados. As almas que estão no Purgatório permanecem em união de caridade com os que ficaram neste mundo; podemos por isso, e devemos, usar de caridade para com elas, pois lhes são proveitosas as nossas boas obras. As principais, que têm o nome de sufrágios, são: a Missa, a Sagrada Comunhão, a oração, os atos de piedade, os sacrifícios próprios, a esmola e as indulgências. Para que as orações e boas obras dos fiéis aproveitem às almas do Purgatório, é necessário que quem as faz esteja na graça de Deus e tenha intenção de aplicá-las a essas almas.

SUPERSTIÇÃO

Vulgarmente dá-se o nome de superstição a certas crenças ou preconceitos que não têm nenhum fundamento sério, como o número 13 à mesa, o azeite cair no chão e coisas semelhantes. A superstição é uma espécie de culto prestado, direta ou indiretamente, ao demônio, com o fim de obter por meio de certas práticas uma coisa que se deseja. Praticam a superstição os feiticeiros, os adivinhos, os mágicos e os que a eles recorrem. Detestem os fiéis todas e quaisquer práticas supersticiosas. Desprezem as cartas ou escritos em que se propõem certas orações de piedade para serem distribuídas a certo número de pessoas para se conseguir algum bem ou evitar algum mal. Detestem especialmente a consulta de espíritos e as sessões de espiritismo, quer nas mesmas intervenha médium, quer não. Incorrem em excomunhão, ipso facto [pelo próprio ato em si] os que tomarem parte ativa nas sessões de espiritismo ou as promoverem ou apenas assistirem a elas.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)

sábado, 26 de dezembro de 2020

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (XVIII)


QUARENTA HORAS

É uma devoção que consiste em passar 40 horas em oração diante do Santíssimo Sacramento exposto, desde o domingo da Quinquagésima [primeiro domingo que precede a Quaresma] até a terça-feira seguinte. Esta devoção, ordenada pela Igreja, tem por finalidades: (i) aplacar a justiça divina, gravemente ofendida pelas desordens nos dias chamados de carnaval; (ii) desviar das loucuras e dos grosseiros e impuros divertimentos desses dias, aqueles que poderiam ser arrastados na corrente dos maus costumes; (iii) afervorar os fieis no amor a Jesus, recordando as 40 horas que decorreram desde a sua condenação à morte até à sua ressurreição. Nas igrejas onde é feita a solenidade das Quarenta Horas, e durante a mesma, todos os altares são privilegiados. 

RACIONALISTA

É aquele que rejeita toda a sujeição da razão humana a Deus e que proclama que a mesma razão é a fonte única de toda a verdade especulativa e prática; exclui, assim, toda a revelação; nega a ordem sobrenatural e despreza a autoridade da Igreja.

REDENÇÃO DO GÊNERO HUMANO

Por causa do pecado original sob o qual todos os homens são concebidos, ninguém poderia conseguir a salvação eterna por méritos próprios. O Filho de Deus fez-se Homem, padeceu e morreu por amor aos homens, oferecendo ao seu eterno Pai a sua Vida, Paixão e Morte, como sacrifício para remir os homens do pecado e fazê-los entrar no Céu. Deste modo foi feita a redenção do gênero humano.

REGULARES

São os religiosos que fizeram votos em alguma Ordem Religiosa. São obrigados à clausura papal e estão isentos da jurisdição episcopal, exceto nos casos expressos no Direito.

REINO DE DEUS

Na terra, é a Igreja Católica, com a sua vida social, sob o regime espiritual da hierarquia, de que é Chefe visível universal o Romano Pontífice. A Igreja, reino de Deus exterior, está encarregada de manter e propagar o reino de Deus interior, ou reinado de Deus nas almas neste mundo. Na eternidade, o Reino de Deus é o Céu, onde entram os homens que na terra fizeram parte da Igreja Católica. Ao Reino de Deus na terra podem pertencer todos os homens, sem distinção de raça, de nacionalidade, de condição, mas não devem procurar nele bens materiais; encontrarão, porém, a paz, a justiça e a alegria de uma vida virtuosa. Assim escreveu o Apóstolo São Paulo: 'O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas é justiça, paz e alegria no Espírito Santo' (Rm 14,17).

RELÍQUIAS DOS SANTOS

São restos dos corpos dos santos ou objetos de que fizeram uso. São classificadas em duas categorias: insignes ou grandes, que são o corpo, a cabeça, o braço, a perna, ou a parte do corpo em que o santo sofreu o martírio, o antebraço, a mão, a língua e o coração. A segunda categoria é formada pelas relíquias pequenas. O Santo Lenho, ainda que seja uma pequenina parte, é sempre considerada como relíquia insigne, por ser uma parte da cruz em que Jesus Cristo morreu. A Igreja aprova e recomenda o culto das relíquias, e mais um culto relativo à pessoa ou ao santo a que as relíquias pertencem. A qualquer relíquia de santo é devido o culto de veneração com uma inclinação de cabeça e é incensada com dois duetos. O Santo Lenho tem o culto de veneração de joelhos e é incensado com três duetos. As relíquias insignes não podem conservar-se em casas ou oratórios particulares, sem expressa licença do bispo do lugar. As relíquias não insignes podem conservar-se em casas particulares, sendo tratadas com honra. Não podem as relíquias ser expostas ao culto público, sem estarem autenticadas em documentos por algum cardeal ou pelo bispo do lugar, ou por algum Eclesiástico com faculdades especiais. As relíquias, quando são expostas, devem estar encerradas numa cápsula. A relíquia do santo Lenho nunca deve estar exposta à veneração pública na mesma cápsula com relíquias de santos. As relíquias dos beatos, sem indulto especial, não devem ser levadas nas procissões, nem expostas na igreja, a não ser naquela onde se celebra Ofício e Missa por concessão da Sé Apostólica. As santas relíquias não são objeto de comércio e não se podem vender.

REMISSÃO DOS PECADOS

A remissão dos pecados foi confiada à Igreja por Jesus Cristo, quando disse aos seus Apóstolos: 'Àqueles a quem perdoardes os pecados serão perdoados» (Jo 20,23). A remissão dos pecados é fruto da Paixão e Morte de Jesus Cristo, como se lê no Santo Evangelho: 'Importava que Cristo padecesse e que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia e que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados em todas as Nações' (Lc 24, 46-47). Pela remissão dos pecados somos justificados, isto é, recebemos a graça de Deus e ficamos na sua amizade, capazes de viver virtuosamente e de gozar a bem aventurança celeste. A remissão dos pecados faz-se por meio dos sacramentos, particularmente pelo Batismo e pela Penitência ou Confissão Sacramental.

RESPEITO HUMANO

É um sentimento produzido pelo temor de desagradar ao mundo, quando há um dever religioso a cumprir. É uma fraqueza na Fé, é uma covardia na ação. A Religião de Jesus Cristo não exige de nós coisa alguma de que tenhamos de nos envergonhar. Pelo contrário, todos os atos da Religião têm por fim levar-nos à prática da virtude, elevar-nos para Deus. Ter respeito humano é ter vergonha de servir a Deus, é preferir a estima dos homens à graça de Deus. Que nos importa o que digam de nós, se Deus aprova as nossas ações? E que dirá Deus e que fará Deus se nos envergonharmos de servi-Lo? A resposta é dada por Jesus Cristo, dizendo: 'Se alguém se envergonhar de Mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na sua majestade e na de seu Pai e na dos Anjos' (LC 9, 26).

RESSURREIÇÃO DA CARNE

É a união da alma separada ao seu corpo, no fim do mundo, para uma nova vida, que será eterna. É uma verdade ensinada por Jesus, dizendo: 'Todos os que se acham nos sepulcros ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que obraram bem neste mundo sairão para a ressurreição da vida, mas os que obraram mal sairão ressuscitados para a condenação' (Jo 5, 28-29). E o Apóstolo São Paulo escreveu: 'Todos ressuscitaremos num abrir e fechar de olhos; porquanto, é necessário que este corpo mortal se revista da imortalidade' (I Cor 15, 51-53). A ressurreição não é natural, é miraculosa. Deus criou o homem, infundindo no pó da terra uma alma imortal e espiritual, que lhe deu a vida. Deus tira a vida ao homem separando a alma do seu corpo. Deus dá novamente vida ao homem, unindo novamente a alma ao pó que foi o seu corpo, pois a Deus nada é impossível.

RETIRO ESPIRITUAL

É a suspensão, por alguns dias, da vida habitual, para os consagrar a um trabalho interior mais intenso e preparar o futuro, estudando em melhores condições a vontade de Deus sobre nós e renovando o fervor da alma para uma vida mais cristã, mais sobrenatural. O isolamento durante o retiro deve ser o mais completo possível, para que todo o tempo seja aplicado à meditação, aos exames de consciência, à oração, às resoluções e à organização da vida para o futuro.

REVELAÇÃO

É a manifestação de alguma verdade feita por Deus iluminando sobrenaturalmente a nossa inteligência. Deus revelou as verdades da Religião aos judeus, por meio dos Profetas; as verdades da Religião Cristã foram reveladas por Jesus Cristo, Deus Filho feito homem. A nossa Fé fundamenta-se nas revelações feitas por Jesus Cristo e escritas nos Santo Evangelhos, nas Epístolas dos Escritores Sagrados e na Tradição conservada na Igreja Católica. O Apóstolo São Paulo escreveu: 'Deus, tendo falado muitas vezes e de muitos modos, em outros tempos aos nossos pais pelos Profetas; nestes dias nos falou pelo seu Filho' (Hb 1, 1-2).

ROMANO PONTÍFICE

É o sucessor do Apóstolo São Pedro, o Vigário de Jesus Cristo na terra. Tem, não só o primado de honra, mas também o supremo e o pleno poder de jurisdição sobre toda a Igreja, tanto nas coisas que dizem respeito à Fé e aos costumes, como nas coisas que se referem à disciplina e regime da Igreja, espalhada por todo o mundo. Este poder é independente de toda a autoridade humana. Todos os fieis devem obedecer ao papa como ao próprio Jesus Cristo. É infalível quando ensina, como Chefe da Igreja, doutrina revelada sobre a Fé e a Moral.

RUBRICAS

São indicações nos livros litúrgicos para dirigirem os clérigos na recitação das orações e cerimônias litúrgicas. Devem ser cuidadosamente observadas na administração dos sacramentos e, principalmente, na celebração da Missa. Reprovado qualquer costume em contrário, o sacerdote celebrante não deve acrescentar, por seu próprio arbítrio, outras cerimônias ou preces às que estão designadas nas rubricas dos seus livros rituais.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (XVII)

  

PIA DE ÁGUA-BENTA

É aquela que se encontra à entrada da Igreja, nas colunas ou nas paredes, com água benta para que os fiéis, tocando-a devotamente, purifiquem-se dos pecados veniais, antes de entrarem no templo santo. Substitui a fonte que antigamente havia no adro para os fiéis lavarem o rosto e as mãos antes de entrarem na Igreja.

PIAS UNIÕES

São associações de fiéis, instituídas para o exercício de alguma obra de caridade ou de piedade. Não podem existir sem aprovação do bispo. Não devem erigir-se senão em igrejas ou capelas públicas ou ao menos semi-públicas. Estando eretas em igrejas que não sejam suas, podem exercer as funções eclesiásticas próprias, somente na capela ou no altar em que estão estabelecidas.

PLUVIAL (Capa de Asperges)

É uma veste aberta pela frente, que o sacerdote, em certos atos litúrgicos, lança aos ombros, caindo até quase ao chão. Era antigamente uma capa que servia para as procissões, tendo um capuz para abrigar-se da chuva (daí o nome de pluvial). Sendo antes igual à casula, foi perdendo a sua forma, até que, aberta por diante e coberta de bordados, começou a ser considerada, na Idade Média, como veste honorífica. O capuz foi perdendo a sua forma e uso, até se transformar no estofo liso, ornado de uma franja, que atualmente se encontra ao meio das costas, na capa. A capa é uma veste litúrgica reservada ao clero. O pluvial dos simples presbíteros não deve ser preso no pescoço com fecho ou broche de metal lavrado, o que é reservado aos bispos, mas sim com colchetes ou coisa semelhante. Não é permitido haver um presbítero assistente revestido de capa, numa missa que não seja de pontifical, exceto na primeira missa de um novo sacerdote.

POBREZA VOLUNTÁRIA

É um dos três Conselhos Evangélicos e consiste em renunciar à posse dos bens materiais. Geralmente este conselho é seguido pelos fiéis que abraçam o estado religioso. Diz o Apóstolo São Paulo: 'Nada trouxemos para este mundo e, sem dúvida, nada levaremos dele. Tendo, pois, com que nos sustentarmos e com que nos cobrirmos, vivamos contentes' (I Tm 6, 7.8).

POSITIVISTA

É aquele que afirma, absurda e impiamente, que só conhecemos os fenômenos sensíveis, e que, por isso, não podemos de modo nenhum atingir a natureza das coisas, ou demonstrar a existência de Deus e da alma humana.

POSSESSÃO DO DEMÔNIO

É a ação do demônio no corpo do homem produzindo, por meio dos membros e dos sentidos do possesso, atos extraordinários. São sinais de possessão: o homem falar línguas desconhecidas ou entendê-las, manifestar coisas ocultas e distantes, produzir forças superiores à idade e às condições naturais da pessoa, etc. Embora seja de admitir a possessão diabólica, não devemos ser fáceis em acreditar nos casos que se contam a tal respeito. Os meios de combater a possessão são os indicados contra os obsessos.

PRÁTICAS DE PIEDADE 

Eis algumas: I. Oração da manhã, para louvar a Deus e o suplicar desde o princípio do dia e oração da noite para agradecer e pedir perdão; II. Meditação, para aperfeiçoar a vida moral; III. Assistir à Missa, para tomar parte no único Sacrifício da Religião divina; IV. Comunhão diária, para alimentar a vida divina na alma; V. Trabalho e deveres de estado, bem cumpridos, para fazer a vontade de Deus; VI. Visita ao Santíssimo Sacramento e comunhão espiritual, para alimentar o fervor; VII. Leitura espiritual, para refletir e bem dispor a vontade; VIII. Exame de consciência, para vencer hábitos maus e defeitos; IX. Regularidade em todas as ações ordinárias, para haver ordem na vida;  X. Comemoração religiosa de aniversários, tais como do batismo, da comunhão solene e de outros.

PRECEITO

É a aplicação da lei àquilo que é regulado pela lei. Há preceitos afirmativos, e estes obrigam sempre, mas admitem exceções em certas circunstâncias, como por exemplo: o preceito de ouvir Missa, de que em certos casos alguém está isento; e há preceitos negativos, os quais nunca é lícito transgredir, como por exemplo: o preceito de não matar. Ninguém é obrigado ao preceito enquanto não o conhece. Aos príncipes seculares compete preceituar, para utilidade comum, nas coisas temporais; aos prelados compete preceituar nas coisas eclesiásticas. Na lei Evangélica ou no Cristianismo, há três gêneros de preceitos: os preceitos da Fé, que nos obrigam a crer firmemente todos os mistérios que Deus revelou à sua Igreja; os preceitos sacramentais, que nos obrigam aos sacramentos da Igreja, com as devidas disposições e em certos tempos e os preceitos morais, que estão contidos no Decálogo e no Santo Evangelho, particularmente no Sermão da montanha. Todos os preceitos morais pertencem à lei da natureza, por isso devem ser observados por todos os homens. Toda a lei é cumprida pelos preceitos da caridade, e os preceitos da caridade são somente dois: amor a Deus e amor ao próximo.

PREDESTINAÇÃO

É um ato da vontade divina, determinando, desde toda a eternidade, conduzir certas criaturas para a vida eterna. Escrevendo aos Romanos, São Paulo afirma: 'aos que Deus predestinou, a esses chamou e aos chamados justificou-os e, aos justificados, glorificou-os'» (Rm 8, 30). E em outro lugar, escreve ainda o mesmo Apóstolo: 'Deus elegeu-nos (em Cristo), antes da constituição do mundo... e predestinou-nos em caridade, para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, segundo o beneplácito da sua vontade (Ef 1, 4. 5). O Concílio Valentino (ano 855) ensina: 'confessamos fielmente a existência da predestinação dos eleitos para a vida eterna'. A predestinação nada põe no predestinado, senão os seus efeitos, que são a preparação para a glória e a preparação para a graça, que é o meio único para conseguir a glória. Os predestinados não estão certos da sua predestinação, a não ser que Deus lhes faça conhecer. Ninguém, pois, pode ter a presunção de que é predestinado; todavia aquele que vive cristãmente, como a Igreja ensina, pode ter a esperança de ser chamado ao Céu, porque não pode viver virtuosamente sem um auxílio especial da graça divina.

PRIMÍCIAS E DÍZIMOS

São os recursos devidos ao clero e que são pagos segundo os particulares estatutos e costumes louváveis em cada região.

PRESBITERATO

É a ordem que confere o poder de consagrar o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, de administrar os sacramentos, exceto o da Confirmação e o da Ordem, de pregar, de benzer os fiéis e as coisas que tenham a seu uso, e de presidir às suas assembléias nos atos do culto religioso. Para receber a Ordem de Presbítero é necessário ter vinte e quatro anos completos e ter passado metade do quarto ano do curso teológico, a não ser que outra coisa seja permitida por legítimo privilégio.

PRESENÇA DE DEUS

Deus está em todas as criaturas, criando, conservando, governando, conhecendo tudo, mesmo os nossos pensamentos e os segredos do nosso coração. Esta verdade é luz e é força; lembrada que seja, evita o erro da inteligência e fortalece a vontade no desejo e na prática do bem. Guiados pelo pensamento da presença de Deus, vivemos sempre e em toda a parte, acompanhados ou sós, como um filho bem educado sob os olhares de seu pai, abstemo-nos de toda a ação má ou palavra repreensível, repelimos toda a ideia que possa despertar um mau desejo, vivemos alegremente e confiados na sua divina proteção. O Apóstolo São Paulo, falando da presença de Deus, escreveu: 'Não há criatura alguma invisível à sua vista; antes todas as coisas estão nuas e descobertas aos olhos dAquele a quem havemos de dar contas' (HB 4, 13).

PRIMA

É a primeira das Horas Canônicas que se segue a Laudes. Chama-se Prima porque devia ser recitada na primeira hora do dia, isto é, pelas seis horas da manhã. É, sem dúvida, a mais bela oração da manhã.

PRIMAZ

É um título dado a um bispo e que, além da prerrogativa de honra e direitos de precedência ao arcebispo, não tem consigo alguma jurisdição especial.

PROCLAMAS

São os anúncios públicos de futuro matrimônio, feitos na igreja, principalmente com o fim de descobrir impedimentos, se os houver. Os nubentes devem ser proclamados nas paróquias do seu domicílio ou quase domicílio, se o tiverem, e na do batismo, e naquelas em que tenham residido por mais de seis meses contínuos, depois da idade núbil. São dispensados da proclamação onde tenham residido unicamente por motivo de estudo. [Os proclamas devem ser lidos na igreja em três domingos e dias santos de guarda, à hora da Missa paroquial, ou a outra hora em que haja regular concurso de fiéis]. Todos os fiéis são obrigados a revelar ao pároco ou ao bispo do lugar, antes da celebração do Matrimônio, os impedimentos de que tiverem conhecimento. Só por motivo grave, o pároco pode assistir ao Matrimônio sem terem passado três dias depois da última proclamação, ou mediante licença do bispo. Não se realizando o matrimônio dentro de seis meses após a última proclamação ou de obtida a dispensa da mesma, deve repetir-se a leitura dos proclamas. Havendo causa legítima, o bispo pode dispensar das proclamações..

PROFECIA

É a predição certa e manifesta de um acontecimento futuro, contingente e livre, que realmente se realizou na época designada e cujo conhecimento, no momento da predição, não pôde ser adquirido por causas naturais. A profecia só pode ser feita por Deus, porque o homem não pode conhecer, com certeza, uma coisa futura, que depende da livre vontade de Deus ou de alguma criatura. Deus fez-se conhecer do seu povo escolhido — o povo de Israel — principalmente por meio das profecias, revelando-se a alguns homens de bom espírito que anunciavam acontecimentos futuros, acompanhando esses anúncios com milagres que Deus permitia que fizessem, para provar o caráter divino da revelação. Pelos milagres o povo conhecia ser verdade o que os profetas anunciavam e cria em Deus. Pela realização das profecias, os homens do tempo em que se realizavam, reconheciam-nas como verdadeiras e criam em Deus. Houve 4 profetas chamados maiores, por serem os seus escritos mais extensos: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Houve 12 profetas chamados menores, porque foram menos extensos no que escreveram.

PROFISSÃO RELIGIOSA

É a consagração temporária ou perpétua que o religioso ou a religiosa faz da sua pessoa a Deus (de forma simples ou solene), prometendo viver segundo a regra e o espírito da Ordem Religiosa a que pertence. Para fazer profissão perpétua, é necessário ter 21 anos de idade, quer a profissão seja simples, quer seja solene.

PÚLPITO

É uma tribuna que na igreja é destinada à pregação. Geralmente está colocado em uma coluna ou na parede da igreja, do lado do Evangelho, à altura suficiente para que o pregador se possa fazer ouvir de todos os fiéis que assistem à pregação. Nas igrejas catedrais, fica do lado da Epístola, para o pregador estar voltado para o bispo.

PURGATÓRIO

É o lugar onde as almas dos que morrem na graça de Deus, mas com algum pecado venial ou sem estarem purificadas das penas temporais devidas aos pecados graves já perdoados, expiam pelo sofrimento as penas dos pecados cometidos neste mundo, até que satisfaçam à justiça divina, para poderem entrar no Céu. Os sofrimentos das almas do Purgatório consistem em estarem privadas da visão de Deus e estarem ligadas pelos tormentos do fogo. Não sofrem somente: gozam também, porque têm a certeza de ir para o Céu e estão na graça de Deus. Nós podemos socorrê-las com os nossos sufrágios - orações, esmolas, sacrifícios, e, principalmente, oferecendo por elas o Santo Sacrifício da Missa. A Sagrada Escritura assim nos ensina, dizendo que: 'é santo e salutar o pensamento de orar pelos defuntos, para que sejam livres dos seus pecados' (II Mc 12, 46). O Purgatório é apenas um lugar de expiação e durará só até ao fim do mundo.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (XVI)

 

PADRES DA IGREJA

Chamam-se assim os escritores da Igreja, cujas obras e doutrina formam aquela autoridade que constitui a Tradição. A Igreja dá este título aos Doutores que floresceram nos doze primeiros séculos do Cristianismo, isto é, desde os Apóstolos até São Bernardo, que se reconhece geralmente como último dos Santos Padres. Para que um Escritor seja considerado 'Padre da Igreja', são necessárias quatro condições: a) ortodoxia doutrinal; b) santidade de vida; c) antiguidade; d) aprovação da Igreja. Existem, todavia, alguns que embora não reúnam em si todas as condições antes indicadas, são, no entanto, chamados vulgarmente 'Padres da Igreja', como por exemplo, Tertuliano, Orígenes, Fausto de Riez e outros; estes são chamados 'Padres' pelos importantes serviços prestados à causa católica durante o tempo da sua ortodoxia. 

PADRINHOS

Segundo um antiquíssimo costume que remonta pelo menos ao século III, ninguém deve ser batizado sem ser apresentado por um padrinho. No Batismo, ainda que privado, deve haver um padrinho e uma madrinha, que sejam batizados, que hajam atingido o uso da razão, e tenham a intenção de assumir tal encargo; que no ato do Batismo sustentem ou toquem fisicamente, por si ou por procurador, o batizando, ou imediatamente após aquele ato o tirem ou recebam da pia batismal ou das mãos do batizante. Sejam afastados nominalmente do múnus de padrinho os concubinados públicos (quer ligados pelo contrato civil quer não) e os que proíbem que seus filhos se batizem ou recebam a primeira Comunhão. Pelo Batismo, o batizante e os padrinhos contraem parentesco espiritual com o batizado. Em virtude do encargo que assumiram, os padrinhos têm obrigação de velar perpetuamente pelo seu filho espiritual. Também na Confirmação deve haver um padrinho, que seja do mesmo sexo que o confirmando, que seja confirmado, que tenha 14 anos de idade e coloque a mão direita sobre o ombro direito do confirmando durante a imposição do crisma. Não podem ser padrinhos na Confirmação os que não o podem ser no Batismo.

PADROEIRO (Santo)

É o santo escolhido por uma nação, diocese, paróquia, comunidade religiosa ou quaisquer lugares ou pessoas morais, como seu protetor especial junto de Deus.

PAGANISMO

É o estado religioso era que vivem os povos que não conhecem o verdadeiro Deus. Adoram falsas divindades e seguem uma moral de harmonia com os erros grosseiros que às suas paixões agradam. Os homens tiveram sempre a ideia de um Deus; como não o conheciam, prestavam culto ao que eles julgavam ser Deus. Antes de Jesus Cristo, só os israelitas adoravam o verdadeiro Deus, porque só a eles Deus se tinha revelado. Os povos que não conhecem Jesus Cristo continuam a viver no paganismo.

PAIXÃO DE JESUS CRISTO

Chama-se assim ao conjunto dos sofrimentos do nosso Divino Salvador desde a sua prisão na noite de Quinta-feira Santa até à morte na Cruz; foi prognosticada pelos Profetas do Antigo Testamento, principalmente por Isaías (cap. LIII) e foi realizada sob o poder de Pôncio Pilatos, na cidade de Jerusalém, terminando com a crucifixão no Calvário. A natureza humana de Jesus Cristo, posto que unida à natureza divina, conservou o que tinha de passível e mortal; por isso Jesus foi sensível às dores e à morte. Pela Paixão de Jesus Cristo, foram tirados todos os impedimentos da nossa salvação e foram-nos dados todos os bens, quanto ao mérito. Na remissão dos pecados, ela é a causa universal que é preciso, todavia, aplicar a cada um por meio dos sacramentos, de sorte que nenhum pecado é perdoado, nem alguém obtém salvação sem que lhe sejam aplicados os méritos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

PALA

É um pequeno pano quadrado, de linho ou de cânhamo, que o sacerdote leva dentro do corporal quando vai celebrar a Santa Missa. Não admite bordados, mas pode ter uma renda à volta. A pala serve para cobrir a patena e a hóstia até ao ofertório, e o cálice desde o ofertório até à comunhão, e de novo a patena, depois da comunhão. É benzida com o corporal, dentro do qual se conserva. Depois de servir na Missa, não deve ser dada a lavar nem mesmo a religiosas, sem ter sido purificada por Clérigo de Ordens Maiores.

PÁLIO

É um dossel portátil, sustentado por varas, que obrigatoriamente serve nas procissões para cobrir o sacerdote que leva a custódia com o Santíssimo Sacramento. É tolerado também que vão debaixo do Pálio as Relíquias da Verdadeira Cruz do Senhor e os Instrumentos da Paixão, contanto que não estejam reunidas a relíquias de santos. É proibido levar nas procissões debaixo do pálio relíquias ou imagens dos santos, ainda que sejam da Santíssima Virgem. Se houver costume, também pode ir debaixo do pálio a imagem do Senhor morto, na sexta-feira santa. Também é recebido debaixo do pálio o bispo, em visita pastoral. Também se chama Pálio a um ornamento que o Arcebispo põe sobre os ombros depois de revestido de todos os outros ornamentos pontificais. O Pálio era insígnia do imperador que foi concedida ao Papa ou no século IV ou no século V. No princípio era sinal do poder e missão do pastor passando também a ter o significado de uma relíquia de São Pedro e de um instrumento do poder arquiepiscopal. 

PARAÍSO TERRESTRE

Dá-se este nome ao lugar onde Deus formou e colocou Adão e Eva. Conhecemos a sua existência pela narração da Sagrada Escritura, mas não sabemos em que lugar exato da Terra estava situado.

PARAMENTOS

São todos os ornamentos usados pelo clero nas funções sagradas. Devem ser benzidos pelo bispo ou por sacerdote que tenha as necessárias faculdades, exceto os sanguíneos, os véus de cálice e as bolsas de corporais. Não podem servir para usos profanos. Acerca da matéria e forma dos ornamentos e outros objetos sagrados, devem ser observadas as normas litúrgicas, a tradição da Igreja e, do melhor modo possível, também as leis da Arte Sagrada. As várias cores dos paramentos são a expressão de um simbolismo. A cor branca é símbolo de pureza e de alegria; a cor vermelha é símbolo de amor e de sacrifício; a verde é símbolo de esperança; a roxa é símbolo de penitência; a preta é símbolo de luto. Os paramentos não devem estar rasgados nem sujos. Quando já não podem ser remendados, queimam-se, assim como se queimam todas as vestes e utensílios litúrgicos benzidos, quando já não estão capazes de ser usados.

PÁROCO

É o sacerdote a quem foi conferida, em título, alguma paróquia para cura de almas, que há de exercer sob a autoridade do Ordinário do lugar. É da máxima importância na Igreja Católica o ofício dos párocos. Da sua ciência, prudência e zelo depende, em grande parte, a salvação das almas. São eles os melhores cooperadores dos bispos, aos quais compete o direito de nomeá-los em suas dioceses. Os direitos e as múltiplas obrigações dos párocos estão determinados no Código do Direito Canônico.

PATENA

É uma espécie de prato de ouro ou de prata dourada, onde se coloca a hóstia que vai ser consagrada na Missa. Deve ser sagrada pelo bispo.

PATRIARCA

Era o nome que se dava aos varões célebres de que a Sagrada Escritura faz menção e que viveram nos primeiros tempos do mundo e durante muitos séculos. Atualmente a palavra Patriarca, usada na Igreja, é apenas um título que, além da prerrogativa de honra e do direito de precedência sobre o Primaz e o Arcebispo, não tem jurisdição especial.

PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO

São os pecados nos quais, por uma obstinação no mal, se despreza a graça que o divino Espírito Santo nos oferece para a nossa santificação. Chamam-se pecados contra o Espírito Santo porque tudo o que emana da bondade de Deus se atribui particularmente ao Espírito Santo. Tais pecados são: desesperação da salvação, presunção de se salvar sem merecimentos, contradizer a verdade conhecida como tal, ter inveja das mercês que Deus faz aos outros, obstinação no pecado e impenitência final. Jesus disse que o pecado contra o Espírito Santo não será perdoado neste mundo nem no outro (Mt 12, 32), querendo significar que é muito difícil ao que comete tais pecados o arrepender-se e, sem o arrependimento, não se recebe o perdão.

PECADOS CONTRA A NATUREZA

Geralmente falando, são todos os pecados de impureza, cometidos contra a ordem da natureza estabelecida para a geração dos filhos.

PENA (castigo de Deus)

Tem natureza dupla, de sentido ou aflitiva, e de dano ou carência da visão de Deus. A primeira é devida ao pecador por causa da sua conversão desordenada às criaturas; a segunda por causa da aversão a Deus. Toda a pena, como pena, só se aplica ao culpado, mas como satisfação e medicina pode-se aplicar por culpa alheia. Com pena corporal se castiga o filho por culpa do pai e o servo por culpa do amo, enquanto que são alguma coisa deles; não porém com pena espiritual, a não ser que tenham sido participantes da sua culpa. Deus tarda em punir os pecadores, por duas razões: para que os predestinados se convertam, e para que os seus juízos sejam reconhecidos como justos. Os que morrem só com o pecado original não sofrem a pena de sentido. Ao pecado venial é devida a pena temporal; ao pecado mortal, a pena eterna. Perdoada a culpa do pecado mortal e a pena eterna, por vezes fica a pena temporal a sofrer ainda nesta vida ou no Purgatório.

PENA ECLESIÁSTICA

É a privação de algum bem, imposta pela autoridade legítima da Igreja, para correção do delinquente e punição do delito.

PEREGRINAÇÕES

São uma solene manifestação de Fé, um ato coletivo de religião, de piedade e de penitência, que os cristãos costumam fazer, ordenados em grupos, aos mais célebres Santuários. Não devem ser promovidas sem o consentimento da autoridade eclesiástica, a cuja aprovação há de ser submetido o respectivo programa. Convém que os fiéis sejam preparados para esse ato, por meio de pregação, e que se confessem e comunguem.

PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA

Deus a permite por vários motivos: a) para castigo dos pecadores; b) para fazer conhecer os verdadeiros cristãos e separar os lobos dos cordeiros; c) para provar a verdade da religião católica pela prática de virtudes heroicas, pela abnegação e martírio de uns, por atos de caridade e de reparação de outros; d) para ser mais glorificado pelas almas que lhe ficam fiéis.

PERSEVERANÇA FINAL

É a conservação da graça divina no momento da morte. Todos os dias devemos pedir a Deus esta graça, porque dela depende a nossa salvação. O momento da morte é decisivo, e o demônio não deixa de empregar todos os esforços por nos fazer pecar, para sermos condenados como ele foi. Só a graça da perseverança no amor de Deus nos pode livrar de cair em tentação.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)