domingo, 30 de setembro de 2012

EUCARISTIA - IX


IX -  NÃO PROFANAR OS SANTOS MISTÉRIOS

A Sagrada Eucaristia é a incorporação mística e espiritual da nossa alma com Jesus, tornada possível através do nosso contato físico com as sagradas espécies. Jesus Cristo, por inteiro, corpo, sangue, alma e divindade, está presente na Sagrada Eucaristia, sob as aparências do pão e do vinho, sob a reverberação das palavras do Mestre na sinagoga de Cafarnaum e na última Ceia, diante de seus apóstolos: a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida. O ato eucarístico é, pois, um ato de profunda adoração a Deus e é inadmissível que a adoção de determinadas práticas abusivas e a negligência espiritual  possam comprometer e desfigurar a alma da Igreja de Cristo e o cerne de nossa vida cristã.

Para muitos sacerdotes e leigos, as considerações prévias têm sido objeto de uma descrédito generalizado, associado a um enorme ceticismo e  uma completa inconsciência diante dos fatos e das realidades dos tempos atuais, quando não a um desdém puro e simplesEste impressionante estado de letargia e relaxamento moral tem propiciado um ambiente de profunda deterioração moral, que favorece em larga escala a  perda da verdadeira fé e a difusão de uma apostasia cada vez maior e mais profunda.

Por outro lado, embora em número bem mais reduzido, há igualmente sacerdotes e leigos bastante preocupados com esta avalanche de concessões ilícitas que ofendem direta e gravemente  o Santíssimo Corpo de Jesus. Entretanto, por desânimo ou comodismo, “tocam” o barco e a transposição das reflexões à ação concreta dilui-se nas preocupações cotidianas e no bochorno do fácil anonimato. Para estes, são especialmente dirigidas as palavras de perseverança e de  fidelidade, expressas pelo insistente pedido de São Paulo a Timóteo (2Tm 4,2): “proclama a palavra, insiste oportuna e inoportunamente, argumenta, repreende, aconselha, com toda a paciência e doutrina”.

O que não vem de Deus é obra de satanás e ele, mais do que os homens, sabe e reconhece o manancial de graças e de misericórdias que se desprendem dos céus sobre a Terra a cada santa e digna comunhão. Não é de estranhar, portanto, a sua ação diabólica e concentrada sobre o mistério eucarístico, conspurcando os santos costumes  e minando drasticamente as práticas da sã doutrina de Deus e usando para isso, o orgulho, a vaidade e a cegueira impressionantes desta geração de homens tolos e insensatos.

E os céus esperam uma resposta e um “basta” do Corpo Místico de Cristo a esse flagelo de dores e profanações. Em quantas igrejas, tem-se pedido insistentemente pela paz, pela fraternidade e pela justiça? Quantos filhos de Deus têm repetidamente invocado as graças e a misericórdia do Pai sobre o mundo e toda a humanidade? Quanta oração, jejum, penitência são recolhidos diariamente pelo tesouro espiritual da Igreja? Menos pelo mérito humano e muito mais pela misericórdia do Pai, tudo se torna graça abundante, livre para retornar aos filhos de Deus. Que responsabilidades pessoais e comunitárias nos cabem para que a Santa Eucaristia seja uma porta aberta e generosa para canalizar a miríade de graças e dádivas que os céus despejam sobre os homens a cada dia?

Por fim, dois aspectos cruciais, relativos aos ritos da Última Ceia, deveriam merecer de nossa parte absoluta reflexão e ponderação, quando transplantados ao sacramento atual da Sagrada Eucaristia. O primeiro deles se refere à passagem  do aviso da traição de Judas. Embora expresso de forma diferente no Evangelho de São João, é interessante observar e refletir sobre a estranha e sintomática forma que Jesus utilizou para indicar o apóstolo da traição, conforme os relatos dos Evangelhos de São Mateus, São Marcos e São Lucas: “um de vós que come comigo há de me entregar ... (o) que coloca a mão no mesmo prato comigo.” Na sagrada eucaristia, milhares de homens e mulheres tomam também hoje o Santíssimo nas mãos e reproduzem, com malícia diabólica, o gesto tresloucado e suicida da traição de Judas.

O segundo aspecto é ainda mais perturbador para a Igreja atual. Por que Nossa Senhora, presente a cada minuto da vida e da pregação pública de Jesus, das bodas de Caná às dores do Calvário, da Anunciação do Anjo à Páscoa da Ressurreição, como Medianeira Universal e Co-Redentora, poderia estar ausente exatamente no momento crucial da instituição da eucaristia por Jesus? É uma pergunta, como tantas outras, que extrapola a nossa condição humana e se contextualiza nos desígnios do Pai. Mas uma certeza absoluta nós podemos ter, isso não ocorreu por acaso e nem por esquecimento. Seria muito prudente que as mulheres que estão hoje nos altares, tocando e distribuindo as sagradas espécies, ainda que com as melhores intenções, refletissem profundamente sobre este mistério e reavaliassem, no contexto do verdadeiro papel da mulher na Igreja de Cristo,  se não estão sendo causa apenas de juízo e condenação. 

Eucaristia I: Primeira Parte (Primeiro Domingo de Agosto)
Eucaristia II: Segunda Parte (Segundo Domingo de Agosto)
Eucaristia III: Terceira Parte (Terceiro Domingo de Agosto)
Eucaristia IV: Quarta Parte (Quarto Domingo de Agosto)
Eucaristia V: Quinta Parte (Primeiro Domingo de Setembro)
Eucaristia VI: Sexta Parte (Segundo Domingo de Setembro)
Eucaristia VII: Sétima Parte (Terceiro Domingo de Setembro)
Eucaristia VIII: Oitava Parte (Quarto Domingo de Setembro)