terça-feira, 18 de setembro de 2012

A IGREJA E A CIVILIZAÇÃO CRISTÃ

Eis o legado final e decisivo da civilização cristã: tal como o seu senhor e mestre, também a Igreja deve subir o Calvário, passar por toda sorte de blasfêmias e profanações, ser motivo de escárnio e zombaria dos maus, ser vítima imolada na cruz de tantos pecados, misérias e loucuras dos homens da perdição. E, tal como Cristo, após a tribulação e o martírio da apostasia, a Igreja se levantará da terra como obra suprema da Verdade que não morrerá jamais, pois 'por fim, Meu Imaculado Coração triunfará', como profetizou Nossa Senhora em Fátima.

Com a Santa Igreja, nasceu também o pacto da iniquidade. Mas nasceu primeiro o desígnio misericordioso de Deus pela salvação humana por meio de Maria. Por meio de Maria, de suas incontáveis e estratégicas aparições e manifestações, torna-se possível conceber claramente o mosaico da civilização cristã em curso, o vômito de satanás e de sua côrte maldita sobre a Igreja, a escalada do mal carcomendo os pilares da cristandade, a apostasia generalizada dos tempos finais, a consecução dos tempos e da história, o embate derradeiro entre Cristo e satanás, a Igreja e a anti-Igreja, a civilização cristã e um mundo que se pretende destituído de Deus.

A Igreja nunca teve e nunca terá paz até o último dos seus dias. Por que Cristo veio trazer a cruz pela espada. São inumeráveis as heresias e derivações doutrinárias perniciosas que tentaram minar as colunas de Pedro desde a Igreja nascente e ao longo de toda a sua história. Em momentos históricos específicos, grandes santos interviram de forma decisiva para combatê-las e subjugá-las, mantendo inalterada a pureza dos Evangelhos. E vieram as hordas anti-católicas da Renascença, da Reforma Protestante, da Revolução Francesa e do Iluminismo, as concepções antiteístas do Comunismo, o culto do ecumenismo, a imposição de uma Nova Ordem Mundial: ondas diversas e continuadas do furor satânico contra a Casa de Deus, fluxos distintos do mesmo estertor do demônio contra a Igreja de Cristo. Tudo em vão, porque as portas do inferno não prevalecerão contra ela, mas à custa de uma perda de uma infinidade de almas, engolidas pelo vômito das potestades diabólicas.

Há muitas formas de se entender e de se esclarecer os fundamentos dessa engrenagem revolucionária: seus princípios, movimentos, interações e sincronias, mesmo sendo complexos e ainda que sejam sempre covardemente mascarados em papel de embrulho colorido. Mas, mediante as intervenções e manifestações marianas (que se pretendem discutir em textos futuros neste blog), o Céu se manifesta com absoluta clareza sobre os ditames desta farsa herética, científica, maçônica, ecumenista ou qualquer que seja o nome dado à farsa do dia.   

Esta ciranda revolucionária culmina nos tempos atuais com uma sobrecarga demolidora de ultrajes, blasfêmias e perseguições à Santa Igreja, de fora da Igreja e de dentro da própria Igreja, conformando um cenário desolador de banalização da sã doutrina (a perda incomensurável do conceito do 'sagrado'), da profanação litúrgica, da mitificação de dogmas, da vulgarização do clero, do solapamento sistemático de toda a moral cristã, da proliferação de teologias agnósticas e panteístas, do hedonismo bestial a qualquer preço. 

Na tentativa de erradicação do Cristianismo, conspurcam-se os conceitos de família e da própria sexualidade humana, vendem-se direitos humanos e a cultura de morte no mesmo embornal, proclama-se uma falsa civilização não-cristã, ateia e ecumênica que idolatra modismos humanos e crendices pseudo-messiânicas, compactuam-se no ódio anticlerical, na blasfêmia aos símbolos cristãos e na perseguição aos justos. A Igreja vive o seu Calvário e quantos de nós estamos deixando nossas cruzes para trás? 'Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la' (Mc 8, 34-35).

Não é nada fácil ser católico de verdade nesse mundo de hoje. Mas, mais do que nunca, é preciso ser católico, ser soldado de Cristo, ser fruto consolidado e perene da autêntica civilização cristã, ser pobre mortal engendrado nos contrafortes mais íngremes da glória imperecível da cristandade, ser parcela insubmissa a um mundo sem Deus. Ser parte de um 'pequeno resto'. Pois será desse 'pequeno resto', provado e repassado no cadinho de tantas tribulações, que o próprio Cristo, em sua Segunda Vinda, ouvirá o solene SIM dos seus filhos que perseveraram até o fim no Caminho, Verdade e Vida: 'Quando o Filho do Homem voltar, encontrará fé sobre a terra?' (Lc 18,8).