quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

SOBRE OS MAUS PENSAMENTOS

Há duas maneiras de alcançar merecimento no mau pensamento que vem de fora. A primeira, vem, por exemplo, de um pensamento de cometer um pecado mortal. Resisto-lhe prontamente, e este fica vencido.  A segunda maneira de  alcançar merecimento é quando me vem aquele mesmo mau pensamento e eu lhe resisto, e torna-me a vir, uma e outra vez, e eu resisto sempre, até que o pensamento se vai vencido. Esta segunda maneira é de mais merecimento que a primeira.

Peca-se venialmente, quando vem o mesmo pensamento de pecar mortalmente, e a pessoa lhe dá atenção, demorando-se um pouco nele, ou recebendo alguma deleitação sensual, ou havendo alguma negligência em rejeitar o tal pensamento.

E há duas maneiras de pecar mortalmente. A primeira é quando se dá consentimento ao mau pensamento, para o por logo em prática conforme consentiu, ou para o executar se pudesse. A segunda maneira de pecar mortalmente é quando se põe em ato aquele pecado; e é maior por três razões: a primeira, pelo maior espaço de tempo; a segunda, pela maior intensidade; a terceira, pelo maior dano de duas pessoas.

(Santo Inácio de Loyola)

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

GALERIA DE ARTE SACRA (XXXV)

ÍCONE DA EPIFANIA DO SENHOR


Da Galileia foi Jesus ao Jordão ter com João, a fim de ser batizado por ele. João recusava-se: 'Eu devo ser batizado por ti e tu vens a mim!' Mas Jesus lhe respondeu: 'Deixa por agora, pois convém cumpramos a justiça completa'. Então, João cedeu. Depois que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre ele, em forma de pomba, o Espírito de Deus. 17.E do céu baixou uma voz: 'Eis meu Filho muito amado em quem ponho minha afeição'.

O ícone da Epifania ou Teofania do Senhor está centrado no mistério da revelação da Santíssima Trindade e de Jesus Cristo como Filho de Deus, por meio do batismo do Senhor nas águas do rio Jordão, mediante um ato de profunda humildade e submissão de Jesus a um simples homem - João Batista, o Precursor. O ícone apresenta Jesus Cristo no centro da figura imerso no Rio Jordão, em pé e com olhar frontal, dirigido diretamente para todos nós. 


O curso do rio é modelado pelas margens rochosas. Na margem direita, encontra-se João que, embora esteja batizando a Cristo, é ele que se inclina reverentemente diante o batizado. Perto dele, a figura da árvore e do machado em sua base evoca as palavras do próprio João Batista: 'O machado já está posto à raiz das árvores: toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo' (Mt 3,10). Na margem oposta, um grupo de anjos, prostrados em reverência, aguardam para vestir Jesus, após a sua revelação pública como Filho de Deus. 

Junto aos pés de Cristo, são representadas pequenas criaturas que parecem fugir do Senhor porque a terra e as criaturas tremem diante a face do seu Deus: 'O mar, à vista disso, fugiu, o Jordão volveu atrás. Os montes saltaram como carneiros; as colinas, como cordeiros. Que tens, ó mar, para assim fugires? E tu, Jordão, para retrocederes para a tua fonte?' (Sl 113, 3-5).

Outros ícones similares apresentam também alguns peixes nas águas do Jordão, simbolizando os homens eleitos, aqueles que podem nadar nas águas puras da sã doutrina de Cristo, redimidos e fieis aos ensinamentos do nosso Salvador.

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

TESOURO DE EXEMPLOS (286/290)

 

286. CASTIGO SEM PRECEDENTE

Em Palma, Colômbia, deu-se um fato duplamente triste. Um velho de nome Ruben Miranda tinha um filho chamado Rogério, de péssimos antecedentes. Várias vêzes havia batido no pai.

Desta vez espancou-o brutalmente com um pau diante de muita gente. As pessoas que assistiram à cena quiseram castigar o mau filho, que, vendo-se em perigo, fugiu para um potreiro. Apenas ali chegado, abriu-se uma fenda aos pés do fugitivo. Produziram-se tremores e a terra começou a tragar o filho desnaturado. Foi tragado pouco a pouco. Nenhum dos presentes se atreveu a socorrê-lo, pois temiam afundar-se. Foi desaparecendo no meio de gritos espantosos, que cessaram quando a terra lhe fechou a boca. Os assistentes retiraram-se horrorizados.

287. FAÇO UM PRATO DE PAU

Um camponês estava ocupado a fazer um prato de pau. Seu filho, que o observava, perguntou-lhe o que fazia.
➖ Faço um prato de pau para o seu avô - respondeu o homem - porque ele sempre deixa cair e quebrar o prato de louça.
O menino replicou:
➖ Pai, faça-o resistente, para que eu o possa dar ao senhor quando for velho.
Estas palavras causaram-lhe tal impressão que imediatamente desistiu da obra e passou a tratar melhor o seu velho pai.

288. AONDES IDES?

Crates, filósofo pagão, indignava-se muito contra os pais que descuraram o dever da educação dos filhos, e costumava dizer: 'Se me fosse possível, subiria à parte mais alta da cidade e gritaria com todas as minhas forças: Aonde ides, homens, cuja única preocupação é amontoar riquezas, descuidando-vos de vossos filhos, aos quais as deixareis?'

289. COMPRA-O E ASSIM TERÁS DOIS

Um pai perguntou a Aristipo quanto lhe cobraria pela educação de seu filho:
➖ Mil dracmas - respondeu o educador.
➖ É muito - replicou o pai; por esse preço, eu posso comprar um escravo.
➖ Compra-o então e assim terás dois (o escravo e o teu filho) - acrescentou Aristipo.

290. SEI SER FIEL

Uma mulher espartana pediu emprego em uma casa. Quando lhe perguntaram o que sabia fazer, respondeu: 'Eu sei ser fiel'.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

FRASES DE SENDARIUM (XIX)

 

'Nossa vida é um presente de Deus; o que fazemos dela é o nosso presente a Deus!' 

(São João Bosco)


A nossa caminhada espiritual é um espelho de duas faces: de um lado, nós imaginamos Deus com o tempo de uma vida; do outro, Deus nos contempla com os olhos da eternidade!

domingo, 7 de janeiro de 2024

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!' (Sl 71)

Primeira Leitura (Is 60,1-6) - Segunda Leitura (Ef 3,2-3a.5-6)  -  Evangelho (Mt 2,1-12)

 07/01/2024 - Festa da Epifania do Senhor 

6. EPIFANIA DO SENHOR


Epifania é uma palavra grega que significa 'manifestação'. A festa da Epifania - também denominada pelos gregos de Teofania, significa 'a manifestação de Deus'. É uma das mais antigas comemorações cristãs, tal como a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo - era celebrada no Oriente já antes do século IV e, somente a partir do século V, começou a ser celebrada também no Ocidente.

Na Anunciação do Anjo, já se manifestara a Encarnação do Verbo, revelada porém, a pouquíssimas pessoas: provavelmente apenas Maria, José, Isabel e Zacarias tiveram pleno conhecimento do nascimento de Deus humanado. O restante da humanidade não se deu conta de tão grande mistério. Assim, enquanto no Natal, Deus se manifesta como Homem; na Festa da Epifania, esse Homem se revela como Deus. Na pessoa dos Reis Magos, o Menino-Deus é revelado a todas as nações da terra, a todos os povos futuros; a síntese da Epifania é a revelação universal da Boa Nova à humanidade de todos os tempos.

A Festa da Epifania, ou seja, a manifestação do Verbo Encarnado, está, portanto, visceralmente ligada à Adoração dos Reis Magos do Oriente: 'Ajoelharam-se diante dele e o adoraram' (Mt 2,11). Deus cumpre integralmente a promessa feita à Abraão: 'em ti serão abençoados todos os povos da terra ' (Gn 12,3) e as promessas de Cristo são repartidas e compartilhadas entre os judeus e os gentios, como herança comum de toda a humanidade. A tradição oriental incluía ainda na Festa da Epifania, além da Adoração dos Reis, o milagre das Bodas de Caná e o Batismo do Senhor no Jordão, eventos, entretanto, que não são mais celebrados nesta data pelo rito atual.

A viagem e a adoração dos Reis Magos diante o Menino Deus em Belém simbolizam a humanidade em peregrinação à Casa do Pai. Viagem penosa, cansativa, cheia de armadilhas e dificuldades (quantos não serão os nossos encontros com os herodes de nossos tempos?), mas feita de fé, esperança e confiança nas graças de Deus (a luz da fé transfigurada na estrela de Belém). Ao fim da jornada, exaustos e prostrados, os reis magos foram as primeiras testemunhas do nascimento do Salvador da humanidade, acolhido nos braços de Maria: 'Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe' (Mt 2,11): o mistério de Deus revelado de que não se vai a Jesus sem Maria. Com Jesus e Maria, guiados também pela divina luz emanada do Espírito Santo, também nós haveremos de chegar definitivamente, um dia, à Casa do Pai, sem ter que voltar atrás 'seguindo outro caminho' (Mt 2,12).

sábado, 6 de janeiro de 2024

A ADORAÇÃO DOS TRÊS REIS MAGOS


No Evangelho de Mateus (Mt 2, 1ss), encontra-se a narrativa geral da adoração ao Menino-Deus pelos três reis magos do Oriente. Melquior, o mais velho, ofereceu ouro como presente a Jesus, símbolo de realeza; Gaspar, o mais moço, ofereceu incenso, símbolo da divindade de Cristo, enquanto Baltasar, o mouro, ofertou mirra, em adoração à humanidade de Jesus. A mirra, como símbolo de sofrimento, torna-se uma pré-anunciação e uma profecia das dores da Paixão do Senhor.





Mas, além da narrativa tão sobejamente conhecida, é importante ressaltar que o ato de adoração dos reis magos diante o Menino-Deus foi um ato de prostração de joelhos. Três reis, de origens incertas e longínquas, símbolos e representantes dos reis de toda a terra e da soberania sobre todas as nações (Sl 71, 11), dotados de poderes humanos e munidos de graças sobrenaturais, prostraram-se diante de Jesus Menino e O adoraram. De joelhos, de joelhos no chão.

Um antigo Pai da Igreja dizia que o diabo não tem joelhos e, em sendo assim, não pode ajoelhar-se, não pode prostrar-se, não pode adorar. A essência do mal é a não adoração, é a não prostração de joelhos. Que a Festa da Epifania do Senhor nos lembre deste grande exemplo dos reis magos: prostrar-nos de joelhos diante o Menino-Deus; dar-nos conta que temos joelhos e somos Filhos da Luz e, assim, inclinados e reclinados diante de Deus, possamos ser testemunhas e ofertas puras de sua santa redenção.

PRIMEIRO SÁBADO DO MÊS (E DO ANO)

   

DEVOÇÃO DOS CINCO PRIMEIROS SÁBADOS