terça-feira, 22 de agosto de 2023

TESOURO DE EXEMPLOS (241/244)


241. NEGRO COMO CARVÃO

Um jovem universitário, inteligente mas incrédulo, achava-se em férias em casa de família amiga. Uma noite, à hora do jantar, proferiu horríveis blasfêmias contra a Imaculada Conceição; tais, como nunca se tinham ouvido naquela casa. Ficaram todos horrorizados e a dona esteve a ponto de mandá-lo embora. Retiraram-se aborrecidos e silenciosos, pedindo a Nossa Senhora que lhe perdoasse. Na manhã seguinte, quando o foram despertar, encontraram-no morto e negro como carvão.

242. EXPIAÇÃO

Um capelão francês visitava uma ambulância e aproximando-se de um soldado, disse-lhe:
➖ Amigo, disseram-me que você está gravemente ferido e que sofre muito.
➖ Por favor, levante o cobertor que me cobre.
Horrorizado viu o capelão um peito robusto sem braços.
➖ Não se assuste - disse o soldado - levante agora a coberta dos pés.
Faltavam as pernas até os joelhos.
➖ Pobrezinho! - exclamou o sacerdote.
➖ Não se compadeça de mim, padre; dê-me antes parabéns, porque antes da guerra eu reduzi ao mesmo estado uma imagem de Jesus Crucificado.

'Foi assim: ao chegarmos à encruzilhada do caminho, eu e meus companheiros encontramos um grande crucifixo e o enchemos de insultos e blasfêmias. Quis avantajar-me a eles em impiedade e, com o meu sabre, cortei os braços e as pernas da imagem. Quando começaram a sibilar as primeiras balas é que compreendi a enormidade do meu crime. Lembrei-me de minha igreja, de meu vigário, de minha defunta mãe, de meu catecismo.

Pedi a Deus que me castigasse nesta vida. E Deus me ouviu como o senhor está vendo. Como tratei ao crucifixo, assim fui tratado. Quanto maiores forem os meus sofrimentos, tanto maior será o meu consolo, pois assim estou seguro de que Deus me quer perdoar'.

243. JORGE WASHINGTON

Certa vez Jorge Washington estava sentado à mesa com alguns oficiais, quando um deles proferiu uma vil blasfêmia. Washington sentiu-se interiormente ferido e, deixando cair o talher com indignação e olhando com desdém para o infeliz que acabava de blasfemar, disse: 'Senhores; eu julguei que todos os que aqui nos encontramos éramos pessoas decentes'. Todos se calaram e o culpado corou e baixou os olhos envergonhado.

244. O HOMEM DO FUZIL

Em 1915, o capelão de um regimento foi transferido para outro corpo. Em seu lugar puseram um padre trapista que foi bem recebido por todos, menos por um sujeito anticlerical, que, furioso, dizia: 'Que necessidade temos de padres? Deus não existe. Se há Deus, vejamos se é capaz de quebrar o fuzil que tenho na mão'. E acompanhando as palavras com a ação, apontou o fuzil para o céu em atitude de desafio. No mesmo instante, porém, uma bala inimiga atingiu o fuzil, despedaçando-o em estilhaços que vararam o crânio do blasfemo, que caiu morto ali mesmo.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)