quinta-feira, 22 de outubro de 2020

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (XIV)


MAGISTÉRIO DA IGREJA 

É o ofício que a Igreja tem de ensinar a doutrina da religião cristã para santificação e salvação das almas. Jesus Cristo confiou à Igreja o depósito da Fé para que ela, assistida pelo divino Espírito Santo, ensinasse fielmente e guardasse santamente a doutrina revelada. À Igreja, independentemente de qualquer poder civil, compete o direito e o ofício de ensinar a todas as gentes a doutrina proposta pela Igreja de Deus. O magistério é exercido pela palavra do Papa, pelos Concílios, pelos bispos e por seus auxiliares, os simples sacerdotes.

MALDIÇÃO (ou Imprecação)

É uma palavra injuriosa, pela qual se deseja mal a alguém ou a seres inanimados. Se é feita com a intenção de que suceda o mal, pelo menos grave, que se deseja, é pecado mortal. Pode não ser pecado mortal se as palavras não saem do coração; ou se o mal que se deseja é leve; no entanto, é sempre condenável, ainda que saindo só dos lábios.

MALEDICÊNCIA 

Consiste em descobrir, sem razão suficiente, as faltas e os defeitos do próximo, embora verdadeiras, mas ocultas. É um pecado contra a caridade. Há casos, porém, em que não só é permitido, mas é um dever descobrir as faltas do próximo. É um dever revelar à Autoridade a incompetência ou a indignidade de alguém que vai ser empregado em funções públicas, e isto deve-se fazer para o bem público. É um dever descobrir aos superiores as faltas dos seus inferiores para que se corrijam, e isto deve-se fazer para bem dos inferiores. Pode-se descobrir o nome do culpado de um crime que nos é atribuído, quando não temos outro meio de justificar a nossa inocência; e isto deve fazer-se para nosso bem. É um dever informar desfavoravelmente, mas com a verdade, quando somos interrogados por quem deseja tomar um criado, um operário, um empregado, ou deseja confiar valores a alguém ou pretende confiar em determinada pessoa.

MANÍPULO 

É um ornamento (derivado de mappula, sudarium) que o celebrante, diácono ou subdiácono, usam no braço esquerdo durante o santo sacrifício da Missa. O manípulo era próprio dos romanos; era um lenço que servia para cobrir o rosto, limpar o suor e fazer certos sinais; no uso litúrgico reduziu-se à forma que hoje tem. Na liturgia recorda aos que o usam a dor que devem ter dos seus pecados, e o trabalho para expiação dos mesmos. Deve ser benzido.

MANSIDÃO 

É a virtude que modera a ira, segundo a reta razão. É filha da humildade e da fortaleza. Jesus disse que são 'bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra' (dos vivos, que é o Céu) e deu-nos o exemplo, dizendo: 'aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração' (Mt 5,4; Mt 11, 29). Por isso São Paulo escreveu: 'Não convém ao servo do Senhor que se ponha a altercar, mas que seja manso para com todo' (II Tm 2, 25). Com a mansidão se ganha a benevolência dos superiores; se consegue a obediência dos inferiores; se detém o furor dos inimigos; e se conserva a tranquilidade de espírito: vive-se em paz.

MANUSTÉRGIO

É uma toalha diminuta, comumente de algodão, que serve para o sacerdote, durante a missa, enxugar os dedos após o lavabo.

MÁRTIRES

São os cristãos que se deixam matar para não renegar a sua fé em Jesus Cristo. Foram muitos os milhares de mártires nos três primeiros séculos do Cristianismo. Homens, mulheres, jovens, de ambos os sexos e de todas as condições, quiseram antes sofrer os mais atrozes tormentos que os inimigos da religião puderam inventar, do que deixarem de confessar a sua dignidade de cristãos. Depois, em todos os séculos, outros cristãos têm seguido o exemplo dos primeiros, preferindo morrer por amor de Deus, a renegar a sua fé por medo dos homens.

MARTÍRIO

É o ato de máxima perfeição, inspirado pela caridade. Aquele que morre por amor de Deus é mártir de Deus, porque a causa desse martírio é a firmeza na fé, operando pela caridade. O mártir tolera pacientemente o martírio, mas não o deve procurar, porque não deve dar ocasião a que outros procedam injustamente. O martírio, como o batismo, obtém o perdão de todos os pecados.

MATERIALISTA

Sistema que afirma que o homem é um mero organismo corpóreo. Negando a espiritualidade e a imortalidade da alma humana, torna impossível a verdadeira moralidade, e a si mesmo se degrada à condição de vil animal.

MATINAS

Constitui a primeira parte do Ofício Divino, assim chamada porque começou a ser rezada de manhã cedo. Segundo a disciplina atual, podem ser rezadas desde as 14 horas do dia anterior.

METROPOLITA

É o bispo da diocese mais importante de uma província eclesiástica, cuja cidade é sede arquiepiscopal. Na própria diocese, tem os mesmos direitos e as mesmas obrigações que um bispo convencional.

MISSAS GREGORIANAS 

Como nos conta São Gregório Magno (século VI), tendo feito celebrar 30 missas seguidas por alma do monge Justo, teve a revelação de que, ao fim de 30 dias, a sua alma subiu ao Céu. Deste fato resultou o uso de os fiéis mandarem celebrar Trintários de Missas por alguma alma. A Igreja aprova este uso, sem, todavia, ensinar que o Trintário tem uma eficácia infalível. O Trintário só pode ser aplicado por alma de um defunto, tem de ser realizado em 30 dias sucessivos sem interrupção, mas não é necessário que as missas sejam celebradas pelo mesmo sacerdote, nem no mesmo altar, nem com paramentos pretos.

MISSAL

É o livro que contém as missas que os sacerdotes celebram durante todo o ano. A versão promulgada pelo Papa São Pio V em 1570 vigorou na Igreja até o Concílio Vaticano II.

[Com a Constituição Sacrosanctum Concilium do Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI criou uma nova edição do Missal Romano, promulgada com a Constituição Apostólica Missale Romanum de 3 de abril de 1969 e que entrou em vigor em 30 de novembro daquele ano. A forma ordinária da celebração da Missa, segundo o rito romano, continua a ser a do Missal Romano, reformado e publicado por Paulo VI. Antes dessa reforma, o Missal Romano previa a celebração da chamada Missa Tridentina, que era a forma anterior do rito romano e cujo uso foi amplamente restaurado pelo Papa Bento XVI, por meio do motu proprio Summorum Pontificum e da instrução Universae Ecclesiae].

MISSÕES

São organizações eclesiásticas em países de infiéis, com o fim de convertê-los à religião católica. Foram instituídas por Jesus Cristo quando disse aos seus Apóstolos: 'Ide, ensinai todas as Nações' e são essenciais à vida da Igreja Católica. A obra das Missões continua, não só nos países que ainda não conheceram Jesus Cristo, mas também nos que foram cristãos e caíram na apostasia ou na heresia. As Missões são sustentadas, materialmente, por esmolas, a maior parte das quais recolhidas pela obra da Propagação da Fé, da Santa Infância e do dinheiro de São Pedro. As Missões, quando se estendem a vastos territórios, são superiormente governadas por um Vigário Apostólico, que em geral é um bispo, governando em nome e por autoridade do Papa. Quando são pouco numerosas, têm geralmente como Chefe um Prefeito Apostólico, nomeado pelo Papa, e que nem sempre tem o caráter episcopal.

MÍSTICA

É a doutrina que nos ensina por que meios Deus atrai e une a alma a Si mesmo e que estuda as graças eminentes que constituem a contemplação infusa, ou que a estão associadas a ela.

MITRA

Constitui um ornamento que o bispo coloca na cabeça, em alguns atos litúrgicos, como símbolo da sua dignidade, e que recorda o seu supremo sacerdócio.

MORTIFICAÇÃO

É uma virtude moral que modera os nossos apetites interiores e os sentidos do corpo, segundo os ditames da razão e da Fé. O nosso corpo tem exigências que não são próprias da natureza racional. Compete à razão ordená-las ou dominá-las inteiramente. Como cristãos, havemos de servir-nos do nosso corpo como instrumento da alma para a prática de ações que agradem a Deus e mereçam recompensa celeste. Sempre que o corpo tenda para o que é contrário à lei de Deus, é nosso dever e nosso interesse contrariar tal tendência; nisso consiste a mortificação. O Apóstolo São Paulo escreveu: 'Castigo o meu corpo (rebelde) e o reduzo à escravidão (servindo inteiramente o espírito) para que não suceda que tendo pregado aos outros (a doutrina da salvação) venha eu a ser reprovado' (ou condenado) ( I Cor 9, 26). Para manter os sentidos do corpo em permanente equilíbrio, torna-se necessário que os tenhamos sempre sujeitos aos ditames da razão e da Fé.

MURÇA

É uma pequena capa redonda, abotoada na frente, que cobre só os ombros, espáduas e peito, tendo atrás um pequeno capuz. É uma veste de origem canonical. Pode ser usada por certas dignidades do clero, pelos doutores em faculdades eclesiásticas e por outros sacerdotes a isso autorizados por quem de direito. É usada sobre a sobrepeliz, mas deve ser retirada quando se administram os sacramentos.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)