quinta-feira, 15 de outubro de 2020

A FÉ EXPLICADA: O SUICÍDIO PODE SER PERDOADO?


O único pecado para o qual não existe perdão é o pecado contra o Espírito Santo. E em que consiste esse pecado? Consiste em fechar a mente e o coração à ação do Espírito Santo (Lc 12,10). E não é perdoado, porque por não permitir que a pessoa seja influenciada pelo Espírito Santo, ela não pode se arrepender e, sem arrependimento, não pode haver perdão. Na realidade, o pecado contra o Espírito Santo é a rejeição da graça de Deus e do arrependimento final: é a rejeição de Deus até o momento da morte.

O arrependimento ou contrição é essencial para receber o perdão de Deus. É assim que o Catecismo da Igreja Católica define a contrição: 'uma dor da alma e uma aversão ao pecado cometida com a resolução de não pecar novamente' (Catecismo da Igreja Católica: # 1451).

Existe a 'contrição perfeita', que é um dom do Espírito Santo e consiste em escolher Deus e rejeitar o pecado, porque preferimos Deus mais do que qualquer outra coisa. A 'contrição perfeita' brota, então, do amor de Deus acima de todas as coisas. Este tipo de arrependimento perdoa as faltas veniais e também obtém o perdão dos pecados mortais, desde que tenhamos a firme resolução de confessar esses pecados graves no Sacramento da Confissão o mais rápido possível (CIC: # 1452).

Existe ainda a 'contrição imperfeita' ou 'atrição', também impulso do Espírito Santo, pelo qual nos arrependemos de nossos pecados por medo da condenação eterna ou porque podemos apreciar a miséria do próprio pecado. Este tipo de arrependimento, embora imperfeito, é suficiente para obter o perdão dos pecados mortais ou veniais no Sacramento da Confissão (CIC: # 1453).

Por outro lado, o suicídio é gravemente contrário à justiça, à esperança e à caridade, sendo proibido pelo quinto mandamento. O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. Entretanto, ainda que gravíssimo, é um pecado também passível de acolhimento e perdão pela misericórdia divina, como explicitado pelo próprio Catecismo da Igreja: 'Não se deve desesperar pela salvação eterna das pessoas que se mataram. Deus pode ter providenciado a eles, de maneiras conhecidas apenas por Ele, a ocasião de arrependimento salvador. A Igreja reza pelas pessoas que atentaram contra a própria vida' (Catecismo da Igreja Católica: # 2283).

Somente Deus é o dono de cada vida humana. Não podemos dispor de nossa vida e de outras pessoas de acordo com nossos desejos e critérios. O mandamento 'não matar' se aplica à morte para si mesmo e à morte para quaisquer outras pessoas, incluindo bebês que ainda estão no ventre de sua mãe desde o primeiro momento de sua concepção; então o aborto, em qualquer momento durante a gravidez, também é um pecado grave. Outro pecado contra a vida é a eutanásia ou assassinato misericordioso, que consiste em acabar com a vida de um doente terminal. Ninguém tem o direito, nem o paciente nem os médicos, de decidir o momento da morte, por isso o chamado 'suicídio assistido' é também um pecado grave que cometem todos aqueles que colaboram para dar fim a uma vida humana.

Entretanto, por mais graves que sejam esses pecados contra a vida, todos são passíveis do perdão de Deus, se o devido arrependimento for cumprido e manifestado expressamente por meio do sacramento da confissão.

(adaptação de texto originalmente publicado em www.homilia.org)