Existem santos na terra, mesmo em nossos dias, e vós, ó Jesus, vivei neles! Eles têm olhos como os vossos olhos; a aparência deles é a vossa; o coração deles é como o vosso coração. É bom conhecer alguém que seja como vós no nosso caminho. Ficamos felizes só por vê-lo e, mais ainda, quando estamos junto dele e, muito mais, em sua intimidade! Ele fala pouco e ouve com paciência. Mas, sobretudo, ama.
Compreendemos, sentimos que é assim. Em sua companhia, percebemos a necessidade do silêncio, do recolhimento, da oração. Não está recolhido para si, mas para Vós. Fica ali, e quase não percebemos, pois ele se esquece de si mesmo. Não só nos faz pensar em Vós, mas a nos aproximarmos de Vós e em Vós sermos um. Essa é a sua graça; parece que uma virtude misteriosa irradia do seu coração para apoderar-se do nosso e, assim, arrastar-nos até o Vosso Divino Coração. Começamos a entender realmente o que seja Vos amar e como é doce Vos amar pela comunhão com os santos.
O que nos encanta também olhar para os que Vos amam é a pureza e a simplicidade desse amor: claro, límpido, brilhante. Um amor que não provém da carne, que é ignorada. Ignorada não apenas porque não é olhada, mas porque nem é vista. Ao percebermos isso, se realmente tendemos à perfeição, nos regozijamos porque esse olhar nos faz muito bem. Pois parece nos comunicar algo de sua pureza. Sentimo-nos elevados, enobrecidos, livres e espiritualizados. De repente, horizontes desconhecidos se descortinam diante de nós. O amor de Deus pode transformar tudo! Quem poderá nos dar esse amor? Quem nos poderá legar essa liberdade verdadeira? Com que fervor a esperamos pela concessão da Vossa bondade, ó meu Deus!
(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte I - O Esforço da Alma; tradução do autor do blog)