Sois, por vossas ações, meus queridos Amigos da Cruz, aquilo que vosso grande nome significa? Ou pelo menos, tendes verdadeiro desejo e vontade verdadeira de assim vos tornardes, com a graça de Deus, à sombra da Cruz do Calvário e de Nossa Senhora da Piedade? Entrastes no verdadeiro caminho da vida, que é o caminho estreito e espinhoso do Calvário? Não estareis, sem o pensar, no caminho da perdição?
Sabeis bem que há um caminho que parece ao homem reto e seguro, e que conduz à morte? Distinguís bem a voz de Deus e de sua graça da voz do mundo e da natureza? Ouvís bem a voz de Deus, nosso Pai, que, depois de ter dado sua tríplice maldição a todos os que seguem as concupiscências do mundo: vae, vae, vae habitantibus in terra - maldição, maldição, maldição aos habitantes da terra... (Ap 8, 13), grita-vos amorosamente, estendendo-vos os braços: Separamini, popule meus. Separai-vos, meu povo escolhido, queridos Amigos da Cruz de meu Filho; separai-vos dos mundanos, malditos por minha Majestade, excomungados por meu Filho e condenados pelo meu Espírito Santo.
Tomai cuidado para não vos sentardes em sua cadeira toda empestada, não sigais os seus conselhos, nem mesmo pareis em seu caminho. Fugi do meio da grande e infame Babilônia; não escuteis outra voz e não sigais outras pegadas que não as de meu Filho bem amado, que vos dei para que fosse vosso caminho, vossa verdade, vossa vida e vosso modelo: Ipsum audite - ouvi-o (Mt 17,5). Ouvís o amável Jesus que, carregando sua Cruz, vos grita: Venite post me: - vinde após mim; o que me segue
não anda em trevas; confidite, ego vici mundum - tende confiança, eu venci
o mundo (Jo 16,33)?
(Excertos da obra 'Carta aos Amigos da Cruz', de São Luís Maria de Montfort)