198. PROFANAÇÃO DAS FESTAS
O famoso Antíoco, querendo destruir Jerusalém, enviou o odioso capitão Apolônio com um exército de vinte e dois mil homens, com ordem de matar os homens e vender as mulheres e os adolescentes. Apolônio entrou na cidade, e simulando paz, permaneceu tranquilo por algum tempo, esperando o dia de festa em que todo o povo com as mulheres e crianças sairiam alegremente às praças e ruas a fim de gozar do espetáculo dos seus soldados. Na hora em que a multidão era mais densa, a um sinal do capitão, todos os soldados se lançaram sobre aquele povo e, percorrendo a cidade, encheram as ruas de mortos e de sangue.
Essa matança de corpos é figura de outra mais horrível, a das almas, que o demônio mata nas festas realizadas nas vilas e cidades. Vede como a juventude (e os outros também) espera o domingo, o dia santo (mesmo os maiores) para correr aos campos de jogos e desportos. A religião não proíbe os divertimentos honestos, desde que não se omitam os deveres religiosos. Quais são, porém, os dias em que mais se peca e ofende a Deus?
199. CAÍRAM MORTOS
No século V, dois irmãos gregos, órfãos e donos dos bens paternos, tiveram a crueldade de expulsar de casa e abandonar na rua a sua única irmã chamada Atenais. De nada valeram as lágrimas e súplicas da abandonada, que teve de partir errante pela terra.
Depois de alguns anos os dois desapiedados irmãos foram chamados pelo imperador de Constantinopla. Apresentaram-se e foram conduzidos à sala do trono e ali viram Atenais, a errante, sentada no esplendor de sua beleza e poder que, por uma série de atos providenciais, chegara a se tornar imperatriz e esposa do imperador Teodósio. Ela pôs-se de pé e dirigiu-lhes estas tremendas palavras: 'Vós não me conheceis? Sou a vossa irmã Atenais'. Vendo o que viam, e ouvindo o que ouviram, aqueles desgraçados caíram mortos.
Também nós, com os nossos pecados, não fazemos outra coisa senão expulsar de casa o nosso irmão maior, Jesus Cristo; mas, dentro de poucos anos, quando a morte nos chamar, nós o veremos no seu trono resplandecente e ouviremos a sua voz: 'Não me conheceis? Sou Jesus Cristo, vosso irmão, a quem tanto maltratastes'.
200. O TESOURO DA FÉ
A. Dizem que São Luís, rei de França, todos os anos se dirigia à vila, onde nascera e fôra batizado. Ali passava alguns dias em recolhimento e oração. No último dia, dirigia-se à igreja, ajoelhava-se aos pés da pia batismal e a beijava e a regava com as suas lágrimas, por ter sido ali feito cristão e filho de Deus, que lhe dera o dom da santa fé.
B. O grande Santo Afonso de Ligório, que recebeu de Deus com tanta abundância o dom da santidade e o dom da ciência, todas as noites, antes de recolher-se ao descanso, ajoelhava-se diante do Sacrário e dava graças a Deus pelo tesouro da fé e pelo batismo que o tornara filho do mesmo Deus, irmão de Jesus Cristo e herdeiro do Céu.
(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)