sábado, 12 de dezembro de 2020

VERSUS: VÍRUS X VÍRUS

 

Um outdoor em rodovia na Polônia: 'Pare a comunhão nas mãos!' 

Por um lado, um vírus novo e terrível se espalha e ataca centenas de milhões (bilhões!) de pessoas no mundo inteiro, numa pandemia crescente e persistente desde o início do ano, ceifando vidas, trazendo dor e sofrimento sem conta, confinando populações inteiras, refazendo cotidianos e relações pessoais. Mas existe um outro vírus, muitíssimo mais velho e muitíssimo mais temível que infecta a humanidade há décadas e se espalha como uma sombra de morte. Mas de morte espiritual.  

O primeiro se aloja no corpo, é transmitido pelo contato físico, tem dimensões microscópicas e flui em ondas sucessivas. É combatido com álcool, com máscaras, com higienização constante das mãos, com água e sabão. E mata, mata muitas pessoas, milhões de pessoas. E outras tantas milhões, muitas milhões a mais, conseguem escapar à sanha desse vírus terrível e continuar as suas vidas após a vitória decisiva: 'Eu venci o vírus!'.

O outro vírus não tem o calor das manchetes escancaradas e nem de longe o burburinho das conversas e discussões. Não tem palco e nem claques de plantão. É um vírus silencioso e mortal que se resvala por entre ruas e cotidianos sem alardes e sem suspeição. Não vem em ondas sucessivas, é um mar morto. E mata, mata milhões e milhões de pessoas e muitíssimo poucas escapam da sua sanha mortal. Porque esse vírus é o vírus do pecado que mata a alma e induz a morte espiritual. Não pode ser combatido com máscaras ou com sabão; precisa de uma armadura espiritual que somente pode revestir o homem ciente da sua pequenez de criatura e da sua glória extremada de ser filho de Deus.

Esse vírus está de tal maneira disseminado na humanidade atual que se tornou parte dela, de modo que nem é mais percebido como mal ou um agente do mal mas, simplesmente, uma parte integrante e natural do próprio ser humano. A morte espiritual não aflige, não desespera, não é fim de coisa alguma e nem começo de nada. Não tolhe os sentidos, não limita a fala, não cansa o corpo, não dificulta a respiração. Vive-se pelo comodismo, tudo é tolerado sem quaisquer contraposições, respira-se o indiferentismo em golfadas. Então, tudo é nada, tudo é um grande vazio. Esse grande vazio é a loucura do mundo.