terça-feira, 15 de dezembro de 2020

TESOURO DE EXEMPLOS (37/39)


37. UMA PRIMEIRA COMUNHÃO E UMA CURA

Luís e Zélia Martin, pais de Santa Teresinha, tinham uma filhinha chamada Maria, que se preparava para a primeira comunhão. Ao mesmo tempo a Irmã Maria Dositeia, tia da pequena, estava afetada de tuberculose. Um dos conselhos mais veementes que Zélia dava à filha era o de arrancar a Deus a cura da Irmã Dositeia.

'No dia da primeira comunhão', repetia ela a cada passo, 'alcança-se tudo o que se pede'. A criança assim o entendeu. Estudou o catecismo com entusiasmo e fez uma verdadeira ofensiva de orações e sacrifícios. Estava certa do milagre como se já o visse feito. O que ela queria, em sua ingênua teimosia, era , se fosse necessário, fazer mudar a vontade de Deus. São José servia-lhe de advogado.

Chegou, enfim, o grande dia da primeira comunhão: 2 de julho de 1869. A pequenina ainda não havia completado nove anos e meio. Falando a neo-comungante, dizia a mãe: 'Oh! como ela estava bem preparada; parecia uma santinha!' O Pe. capelão disse que estava muito satisfeito com ela e deu-lhe o primeiro prêmio de catecismo.

Maria, após a comunhão, dizia que havia rezado tanto pela tia Dositeia que tinha a certeza de ser ouvida por Deus. Realmente, a tia começou a melhorar; as lesões pulmonares foram cicatrizando rapidamente. Mais tarde, não sem uma certa melancolia, havia de dizer à sobrinha: 'A você é que devo estes sete anos de vida'. A pequenina, por seu lado, atribuía as honras da cura a São José e, na confirmação, quis que acrescentassem ao seu nome o de Josefina.

38. NÃO VOS AFASTEIS DOS SACRAMENTOS

Havia em Tolouse (França) uma família pouco religiosa. Como o colégio dos jesuítas era sem dúvida o melhor da cidade, os pais resolveram internar nele o primeiro filho. O menino, mais dado à piedade que os seus pais, começou a frequentar os sacramentos e disso tirava grande proveito espiritual. Tendo notícia desse fato, correu a mãe do menino ao diretor do colégio e lhe disse: 'Padre, o senhor está fazendo de meu filho um beato, um carola. Saiba que não quero que ele seja um frade ou um vigário'.

Não contente com isso, e para vigiá-lo melhor, mudou-se para a cidade e pôs o filho no colégio como externo. Assim poderia impedir as suas comunhões frequentes. Pobre mãe! Tinha medo que o menino se desse todo a Deus e que fosse um cristão fervoroso. Que é, porém, que aconteceu? Eis: pouco a pouco, as comunhões do jovem foram ficando mais raras... até que, afinal, nem uma por ano, nem pela Páscoa. O mais se pode adivinhar facilmente. A corrupção invadira o coração do rapaz e tomara o lugar da virtude e da piedade.

Quando percebeu isso, a infeliz mãe correu alvoroçada a suplicar ao diretor que fizesse seu filho voltar à comunhão e à moral cristã. Mas o padre deu-lhe esta resposta: 'Minha senhora, é demasiado tarde: o seu filho está perdido. Cumpri com o meu dever; era preciso que a senhora cumprisse com o seu'. E o padre tinha razão. Não levou muito tempo o desgraçado jovem morreu consumido de vícios horrendos e vergonhosos.

39. UMA CURA EM LOURDES

Quando Jesus andava pelo mundo, bastava a sua palavra e, às vezes, um olhar seu para curar os doentes e ressuscitar os mortos. A hóstia consagrada, onde se acha oculto, tem o mesmo poder, quando Ele assim o quer. E' muito notável um caso referido pelo célebre médico Dr. Boissarie, em seu relatório dos milagres de Lourdes.

Margarida de Saboia chegou à gruta em estado lastimável: entrevada, metida num caixão como se fosse um cadáver, pálida, sem voz e raquítica; tendo embora 25 anos, pesava apenas 16 quilos. Quando partiu para Lourdes, os médicos lhe disseram que não teria mais de 15 dias de vida; e os da gruta não se atreveram a tocá-la, porque ainda mal respirava. Nem sequer pensaram em levá-la à piscina, mas contentaram-se em a colocar diante da Virgem ali mesmo.

Ao passar o Santíssimo, uma sacudidela forte e irresistível a tirou para fora da sua maca. Quando Margarida se deu conta de que estava de joelhos ao pé da maca, levantou-se por si mesma, sem auxílio de ninguém, e gritou com toda a força: 'Estou curada!' A mãe, atônita, correu ao encontro da filha que a abraçou e gritou com voz forte: 'Mãe, estou curada!'

No mesmo dia - diz o Dr. Boissarie - entrou em nosso escritório, bem segura sobre os próprios pés, embora meio morta pela debilidade. O seu contentamento era tão grande e a sua alegria tal que nem sentia fraqueza. Dissemos que pesava 16 quilos; poucos dias após a cura, pesava já 44. O crescimento tomou o seu curso natural e a estatura aumentou de sete a oito centímetros. Isto na idade de 25 anos! Aqui não se trata de uma cura, mas de uma ressurreição. A virtude do Deus da Eucaristia operou este milagre.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

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