sábado, 26 de dezembro de 2020

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (XVIII)


QUARENTA HORAS

É uma devoção que consiste em passar 40 horas em oração diante do Santíssimo Sacramento exposto, desde o domingo da Quinquagésima [primeiro domingo que precede a Quaresma] até a terça-feira seguinte. Esta devoção, ordenada pela Igreja, tem por finalidades: (i) aplacar a justiça divina, gravemente ofendida pelas desordens nos dias chamados de carnaval; (ii) desviar das loucuras e dos grosseiros e impuros divertimentos desses dias, aqueles que poderiam ser arrastados na corrente dos maus costumes; (iii) afervorar os fieis no amor a Jesus, recordando as 40 horas que decorreram desde a sua condenação à morte até à sua ressurreição. Nas igrejas onde é feita a solenidade das Quarenta Horas, e durante a mesma, todos os altares são privilegiados. 

RACIONALISTA

É aquele que rejeita toda a sujeição da razão humana a Deus e que proclama que a mesma razão é a fonte única de toda a verdade especulativa e prática; exclui, assim, toda a revelação; nega a ordem sobrenatural e despreza a autoridade da Igreja.

REDENÇÃO DO GÊNERO HUMANO

Por causa do pecado original sob o qual todos os homens são concebidos, ninguém poderia conseguir a salvação eterna por méritos próprios. O Filho de Deus fez-se Homem, padeceu e morreu por amor aos homens, oferecendo ao seu eterno Pai a sua Vida, Paixão e Morte, como sacrifício para remir os homens do pecado e fazê-los entrar no Céu. Deste modo foi feita a redenção do gênero humano.

REGULARES

São os religiosos que fizeram votos em alguma Ordem Religiosa. São obrigados à clausura papal e estão isentos da jurisdição episcopal, exceto nos casos expressos no Direito.

REINO DE DEUS

Na terra, é a Igreja Católica, com a sua vida social, sob o regime espiritual da hierarquia, de que é Chefe visível universal o Romano Pontífice. A Igreja, reino de Deus exterior, está encarregada de manter e propagar o reino de Deus interior, ou reinado de Deus nas almas neste mundo. Na eternidade, o Reino de Deus é o Céu, onde entram os homens que na terra fizeram parte da Igreja Católica. Ao Reino de Deus na terra podem pertencer todos os homens, sem distinção de raça, de nacionalidade, de condição, mas não devem procurar nele bens materiais; encontrarão, porém, a paz, a justiça e a alegria de uma vida virtuosa. Assim escreveu o Apóstolo São Paulo: 'O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas é justiça, paz e alegria no Espírito Santo' (Rm 14,17).

RELÍQUIAS DOS SANTOS

São restos dos corpos dos santos ou objetos de que fizeram uso. São classificadas em duas categorias: insignes ou grandes, que são o corpo, a cabeça, o braço, a perna, ou a parte do corpo em que o santo sofreu o martírio, o antebraço, a mão, a língua e o coração. A segunda categoria é formada pelas relíquias pequenas. O Santo Lenho, ainda que seja uma pequenina parte, é sempre considerada como relíquia insigne, por ser uma parte da cruz em que Jesus Cristo morreu. A Igreja aprova e recomenda o culto das relíquias, e mais um culto relativo à pessoa ou ao santo a que as relíquias pertencem. A qualquer relíquia de santo é devido o culto de veneração com uma inclinação de cabeça e é incensada com dois duetos. O Santo Lenho tem o culto de veneração de joelhos e é incensado com três duetos. As relíquias insignes não podem conservar-se em casas ou oratórios particulares, sem expressa licença do bispo do lugar. As relíquias não insignes podem conservar-se em casas particulares, sendo tratadas com honra. Não podem as relíquias ser expostas ao culto público, sem estarem autenticadas em documentos por algum cardeal ou pelo bispo do lugar, ou por algum Eclesiástico com faculdades especiais. As relíquias, quando são expostas, devem estar encerradas numa cápsula. A relíquia do santo Lenho nunca deve estar exposta à veneração pública na mesma cápsula com relíquias de santos. As relíquias dos beatos, sem indulto especial, não devem ser levadas nas procissões, nem expostas na igreja, a não ser naquela onde se celebra Ofício e Missa por concessão da Sé Apostólica. As santas relíquias não são objeto de comércio e não se podem vender.

REMISSÃO DOS PECADOS

A remissão dos pecados foi confiada à Igreja por Jesus Cristo, quando disse aos seus Apóstolos: 'Àqueles a quem perdoardes os pecados serão perdoados» (Jo 20,23). A remissão dos pecados é fruto da Paixão e Morte de Jesus Cristo, como se lê no Santo Evangelho: 'Importava que Cristo padecesse e que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia e que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados em todas as Nações' (Lc 24, 46-47). Pela remissão dos pecados somos justificados, isto é, recebemos a graça de Deus e ficamos na sua amizade, capazes de viver virtuosamente e de gozar a bem aventurança celeste. A remissão dos pecados faz-se por meio dos sacramentos, particularmente pelo Batismo e pela Penitência ou Confissão Sacramental.

RESPEITO HUMANO

É um sentimento produzido pelo temor de desagradar ao mundo, quando há um dever religioso a cumprir. É uma fraqueza na Fé, é uma covardia na ação. A Religião de Jesus Cristo não exige de nós coisa alguma de que tenhamos de nos envergonhar. Pelo contrário, todos os atos da Religião têm por fim levar-nos à prática da virtude, elevar-nos para Deus. Ter respeito humano é ter vergonha de servir a Deus, é preferir a estima dos homens à graça de Deus. Que nos importa o que digam de nós, se Deus aprova as nossas ações? E que dirá Deus e que fará Deus se nos envergonharmos de servi-Lo? A resposta é dada por Jesus Cristo, dizendo: 'Se alguém se envergonhar de Mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na sua majestade e na de seu Pai e na dos Anjos' (LC 9, 26).

RESSURREIÇÃO DA CARNE

É a união da alma separada ao seu corpo, no fim do mundo, para uma nova vida, que será eterna. É uma verdade ensinada por Jesus, dizendo: 'Todos os que se acham nos sepulcros ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que obraram bem neste mundo sairão para a ressurreição da vida, mas os que obraram mal sairão ressuscitados para a condenação' (Jo 5, 28-29). E o Apóstolo São Paulo escreveu: 'Todos ressuscitaremos num abrir e fechar de olhos; porquanto, é necessário que este corpo mortal se revista da imortalidade' (I Cor 15, 51-53). A ressurreição não é natural, é miraculosa. Deus criou o homem, infundindo no pó da terra uma alma imortal e espiritual, que lhe deu a vida. Deus tira a vida ao homem separando a alma do seu corpo. Deus dá novamente vida ao homem, unindo novamente a alma ao pó que foi o seu corpo, pois a Deus nada é impossível.

RETIRO ESPIRITUAL

É a suspensão, por alguns dias, da vida habitual, para os consagrar a um trabalho interior mais intenso e preparar o futuro, estudando em melhores condições a vontade de Deus sobre nós e renovando o fervor da alma para uma vida mais cristã, mais sobrenatural. O isolamento durante o retiro deve ser o mais completo possível, para que todo o tempo seja aplicado à meditação, aos exames de consciência, à oração, às resoluções e à organização da vida para o futuro.

REVELAÇÃO

É a manifestação de alguma verdade feita por Deus iluminando sobrenaturalmente a nossa inteligência. Deus revelou as verdades da Religião aos judeus, por meio dos Profetas; as verdades da Religião Cristã foram reveladas por Jesus Cristo, Deus Filho feito homem. A nossa Fé fundamenta-se nas revelações feitas por Jesus Cristo e escritas nos Santo Evangelhos, nas Epístolas dos Escritores Sagrados e na Tradição conservada na Igreja Católica. O Apóstolo São Paulo escreveu: 'Deus, tendo falado muitas vezes e de muitos modos, em outros tempos aos nossos pais pelos Profetas; nestes dias nos falou pelo seu Filho' (Hb 1, 1-2).

ROMANO PONTÍFICE

É o sucessor do Apóstolo São Pedro, o Vigário de Jesus Cristo na terra. Tem, não só o primado de honra, mas também o supremo e o pleno poder de jurisdição sobre toda a Igreja, tanto nas coisas que dizem respeito à Fé e aos costumes, como nas coisas que se referem à disciplina e regime da Igreja, espalhada por todo o mundo. Este poder é independente de toda a autoridade humana. Todos os fieis devem obedecer ao papa como ao próprio Jesus Cristo. É infalível quando ensina, como Chefe da Igreja, doutrina revelada sobre a Fé e a Moral.

RUBRICAS

São indicações nos livros litúrgicos para dirigirem os clérigos na recitação das orações e cerimônias litúrgicas. Devem ser cuidadosamente observadas na administração dos sacramentos e, principalmente, na celebração da Missa. Reprovado qualquer costume em contrário, o sacerdote celebrante não deve acrescentar, por seu próprio arbítrio, outras cerimônias ou preces às que estão designadas nas rubricas dos seus livros rituais.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)