terça-feira, 2 de março de 2021

VERSUS: IRA DE DEUS X CASTIGO DE DEUS

Pode Deus ser possuído pela IRA diante os pecados dos homens e, IRADO, não castigar os homens do pecado? Misericórdia e justiça não se contrapõem na Providência Divina, porque são ambos atributos infinitos em Deus.

'Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados. Progredi na caridade, segundo o exemplo de Cristo, que nos amou e por nós se entregou a Deus como oferenda e sacrifício de agradável odor. Quanto à fornicação, à impureza, sob qualquer forma, ou à avareza, que disto nem se faça menção entre vós, como convém a santos. Nada de obscenidades, de conversas tolas ou levianas, porque tais coisas não convêm; em vez disso, ações de graças. Porque sabei-o bem: nenhum dissoluto, ou impuro, ou avarento – verdadeiros idólatras! – terá herança no Reino de Cristo e de Deus. E ninguém vos seduza com vãos discursos. Estes são os pecados que atraem a ira de Deus sobre os rebeldes' (Ef 5,1-6) [fornicação, obscenidades, impureza ou avareza não são, mais do que nunca, pecados dos homens atuais?]


'A cólera do Senhor se inflamou novamente contra Israel e excitou Davi contra eles' (II Sm 24,1)

Deus enviou então o profeta Gad para ir ao encontro de Davi e lhe propor três alternativas de castigo:

'Preferes que venham sobre a tua terra sete anos de fome, ou que fujas durante três meses diante de teus inimigos que te perseguirão, ou que a peste assole a tua terra durante três dias? Reflete, pois e vê o que devo responder a quem me enviou' (II Sm 24,13). [são, em grande medida, os castigos da ira divina mencionados no Livro do Apocalipse].

'E Davi escolheu a peste' (II Sm 24,14) [preferindo ficar nas mãos de Deus do que nas mãos dos homens]

'Mandou, pois, o Senhor a peste a Israel, desde a manhã daquele dia até o prazo marcado. Ora, foi nos dias da colheita do trigo que o flagelo começou no povo e morreram setenta mil homens da população, desde Dã até Bersabeia' (II Sm 24,15).

Deus não castiga? A pandemia não é um castigo de Deus? [castiga o povo escolhido de Israel com a peste e não vai castigar a humanidade atual, mais perversa que os homens de Sodoma e de Gomorra, com uma pandemia?]. Mas o maior castigo de Deus para os homens dos tempos atuais é ESSE AQUI.

CALENDÁRIO CATÓLICO - MARÇO DE 2021

(clicar sobre o calendário para imagem maior)

segunda-feira, 1 de março de 2021

TRÊS TESTEMUNHOS DO PURGATÓRIO PELOS PADRES DA IGREJA

'Se alguém parte desta vida com pequenas faltas, é condenado ao fogo que consome todos os materiais combustíveis e prepara a alma para o Reino de Deus, onde nada de impuro pode entrar. Pois se sobre o fundamento de Cristo construístes não apenas ouro e prata mas pedras preciosas e ainda madeira, cana e palha, o que esperas que ocorra quando a alma seja separada do corpo? Entrarias no céu com tua madeira, cana e palha e, deste modo, mancharias o reino de Deus? Ou, em razão destes obstáculos, poderias ficar sem receber o prêmio por teu ouro, prata e pedras preciosas? Nenhum destes casos seria justo. Com efeito, serás submetido ao fogo que queimará os materiais levianos. Para nosso Deus, àqueles que podem compreender as coisas do céu, encontra-se o chamado ‘fogo purificador’. Porém, este fogo não consome a criatura, mas aquilo que ela construiu: madeira, cana ou palha. É manifesto que o fogo destrói a madeira de nossas transgressões e logo nos devolve o prêmio de nossas grandes obras' (Orígenes de Alexandria)

'Uma coisa é pedir perdão; outra coisa, alcançar a glória. Uma coisa é estar prisioneiro sem poder sair até ter pago o último centavo; outra coisa, receber simultaneamente o valor e o salário da fé. Uma coisa é ser torturado com longo sofrimento pelos pecados, para ser limpo e completamente purificado pelo fogo; outra coisa é ter sido purificado de todos os pecados pelo sofrimento. Uma coisa é estar suspenso até que ocorra a sentença de Deus no Dia do Juízo; outra coisa é ser coroado pelo Senhor' (Cipriano de Cartago).

'Contudo, há penas temporais que alguns padecem apenas nesta vida, outros após a morte, e outros agora e depois. De toda forma, estas penas são sofridas antes daquele severíssimo e definitivo juízo. Mas nem todos os que hão de sofrer penas temporais através da morte cairão nas eternas, que terão lugar após o juízo' ... 'Que deve haver algum fogo, inclusive depois desta vida, não é incrível. Algo pode ser examinado e levado à luz ou ocultado, dependendo do fiel que pode ser salvo: alguns mais lentamente, outros mais rapidamente, em maior ou menor grau, conforme amaram as coisas que se consomem mediante um certo fogo purificador' (Agostinho de Hipona).

domingo, 28 de fevereiro de 2021

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'Andarei na presença de Deus, junto a ele na terra dos vivos' (Sl 115)

 28/02/2021 - Segundo Domingo da Quaresma

14. A TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR 


'Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte, sobre uma alta montanha' (Mc 9,2). Uma alta montanha, o Monte Tabor. Como testemunhas da extraordinária manifestação da glória celeste e da vida eterna em Deus, Jesus conduz os três apóstolos escolhidos para o alto, numa clara assertiva de que é por meio do profundo recolhimento interior e da elevação da alma muito acima das coisas do mundo é que podemos viver efetivamente a experiência plena da contemplação de Deus.

'E transfigurou-se diante deles. Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar' (Mc 9, 2-3). No mistério da transfiguração do Senhor, os apóstolos testemunharam antecipadamente alguma coisa dos mistérios de Deus. Algo profundamente diverso da natureza humana, pois nascido direto da glória de Deus. Algo muito limitado da Visão Beatífica, posto que deveria atender sentidos humanos: 'nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que O amam (1 Cor 2, 9). Ainda assim, algo tão extraordinário e consolador, que perturbou completamente aqueles homens e, ao mesmo tempo, os moldou definitivamente na certeza da vitória e da ressurreição de Cristo.

'Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus' (Mc 9, 4). A revelação da glória de Deus é atestada pela Lei e pelos Profetas, pelo Senhor da vida e da morte, pelos textos das Sagradas Escrituras. Naquele momento, se fecha a Lei e a morte (com Moisés) e se cumprem todas as profecias e se impõe a vida eterna em Deus (com Elias, que ainda vive). E, para não se ter dúvida alguma, Deus se pronuncia no Alto do Tabor em favor do Filho: 'Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!' (Mc 9, 7).

Do alto do Tabor, a ordem divina ecoa pelos tempos e pelas gerações humanas a todos nós, transfigurados na glória de Deus pelo batismo e herdeiros do Tabor eterno: 'Escutai o que ele diz!'. Como batizados, somos como os apóstolos descidos do monte e novamente envoltos pelas brumas e incredulidades do mundo. Pela transfiguração, entretanto, somos encorajados a vencer o mundo como Cristo, a superar a fragilidade de nossos sentidos, a elevarmos nosso pensamento às coisas do Alto, a manifestar em nós a glória de Deus como primícias do Céu, sob o consolo da fortaleza e da perseverança: 'Se Deus é por nós, quem será contra nós?' (Rm 8, 31b).

sábado, 27 de fevereiro de 2021

GALERIA DE ARTE SACRA (XXVIII)

 

Esta é a pintura cristã mais antiga da América e que se mantém preservada até hoje, executada pelos índios astecas em 1539, no México. A obra representa o milagre da transubstanciação ocorrido durante uma missa celebrada por São Gregório, em que Cristo - em modelo parcial pintado acima da cintura, na forma do Homem das Dores - apareceu no altar diante de uma duvidosa assembleia, durante o culto pascal. A pintura, com 56 cm de largura e 68 cm de altura, foi totalmente executada com penas justapostas de aves diversas e fixadas sobre um painel de madeira (técnica chamada 'plumaria'), expressão máxima da arte da cultura asteca utilizada para a representação de uma obra singular da iconografia cristã. A obra de arte encontra-se atualmente no Museu dos Jacobinos, em Auch / França.

A obra de arte foi executada pelos índios astecas, a mando do então governador da cidade do México - Diego Huanitzin - e sob a orientação e os cuidados do religioso franciscano Pierre de Ghant, como um presente do povo asteca ao então papa Paulo III. Executada apenas vinte anos após a conquista espanhola, constitui, assim, um testemunho vivo dos primórdios da evangelização e conversão dos ameríndios ao cristianismo. O trabalho em plumaria asteca da Missa de São Gregório muito provavelmente tomou como base uma impressão trazida da Espanha de uma obra de natureza similar - a Missa de São Gregório de Israhel van Meckenem (1490). Em ambas as obras, os instrumentos da Paixão de Cristo (Arma Christi) são igualmente reproduzidos, incluindo-se a coluna da flagelação, os pregos, a esponja, o galo e o chicote do castigo, inseridos no altar ou em torno dele.

A Missa de São Gregório, de Israhel van Meckenem (1490/1500)

A obra possui um valor artístico e histórico incomensuráveis mas, como instrumento de culto religioso e devocional, parece transmitir uma ideia de irradiação divina, pelo movimento ordenado e iridescente das mudanças de posição das centenas de penas fixadas em um mosaico único, sob iluminação difusa ou pelo simples fluxo de ar. Tais características e simbolismo são comparáveis aos vitrais das catedrais góticas, como expressão comum de Cristo como lux mundi (a luz do mundo). Essa constitui a síntese e o propósito final da aplicação da técnica da plumaria à arte cristã.

 Retrato de Cristo, plumaria com penas de beija-flor e papagaio, de Juan Bautista Cuiris (1550)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

TESOURO DE EXEMPLOS (52/54)


52. ENTRE NA MINHA GUARITA!

O veterano capitão Hurtaux, cavaleiro da Legião de Honra, não era católico praticante; tinha, como muitos homens, certo temorzinho ou respeito humano de chegar-se à confissão. Muito antes de dar o passo definitivo, gostava de invocar a Santíssima Virgem, indo rezar no santuário de Nossa Senhora em Chartres, onde morava.

Um dia, estando de joelhos diante de um grande Cristo na catedral, viu que um sacerdote, que o conhecia e tinha a franqueza de um militar, aproximou-se, bateu-lhe no ombro e disse:
➖ Capitão, pouco adianta estar o senhor estar aí a rezar, se não se põe na graça de Deus. E, tomando-o pelo braço, acrescentou:
➖ Entre na minha guarita.

O capitão deixou-se levar, fez a sua confissão e saiu com o rosto radiante e a alma revestida da graça de Deus. Foi desde esse dia um cristão modelo: todos os dias fazia a sua hora de guarda aos pés de Nossa Senhora e não se levantara sem lançar um afetuoso olhar para a Mãe do Céu. Um dia, afinal, já não pôde ir fazer a guarda e teve Nosso Senhor, sem dúvida acompanhado de sua Mãe, que vir ao leito de morte de seu servo. Recebeu os sacramentos com fé viva e, ao apresentar-lhe o padre a sagrada Hóstia, exclamou:
➖ Senhor, não sou digno... não sou digno que venhais à minha casa, mas sois tão bom!

O capitão não se envergonhava de suas crenças nem dissimulava suas práticas piedosas e sabia tapar a boca dos que o interpelavam.
➖ Aonde vais? perguntou-lhe certo dia um amigo, ao vê-lo dirigir-se a uma igreja.
➖ Vou aonde tu deverias ir e não tens coragem.
Com este seu gênio tão simples como firme granjeara o respeito de todos.

53. UM CASTIGO E UMA GRAÇA

O Sr. Beauveau, marquês de Novian, deveu a sua conversão e vocação religiosa à Companhia de Jesus a uma vitória sobre o respeito humano para honrar a Nossa Senhora. Em 1649, estando as tropas alemãs na região da Alsácia-Lorena, alguns soldados alojados em Novian, depois de haverem bebido em excesso, puseram-se a jogar. 

Um deles, depois de haver perdido no jogo, vendo uma estátua de Nossa Senhora colocada na parede, ficou furioso como se fôra ela a causa de sua falta de sorte, e começou a golpeá-la proferindo horríveis blasfêmias. Apenas terminara, caiu por terra com um tremor em todo o corpo e dores tão fortes e contínuas que foi impossível fazê-lo tomar alimento durante quatro ou cinco dias. Tendo a tropa recebido a ordem de partir, ataram o infeliz em seu cavalo para que acompanhasse a marcha. Soube-se que, à força de agitar-se, caíra da montaria e morrera no caminho, mordendo a terra espumando de raiva.

Naquela vila falou-se, por muito tempo, do exemplar castigo do blasfemo. Dois anos após, a pedido de um missionário, resolveu-se fazer um ato solene de reparação. Para esse fim, foram àquela casa em procissão o vigário, o missionário, alguns outros sacerdotes e o povo de Novian com o marquês à frente.

Chegados ao lugar, por mais que o padre chamasse a alguns homens, nenhum se apresentou para levar a imagem à igreja. O Sr. Beauveau, indignado com semelhante indiferença para com Nossa Senhora, sentiu-se interiormente movido a levá-la ele mesmo. Apesar do respeito humano e de parecer beato aos olhos daquela gente, tomou a imagem e levou-a com respeito à capela do castelo onde, por ordem do bispo, foi colocada com todas as honras. 

Maria Santíssima não tardou a recompensar esse ato de piedade, pois, segundo declarou ele mesmo, começou o marquês a receber tal abundância de graças e tão fortes inspirações para a vida perfeita que não só se tornou um cristão modelo, mas ainda abraçou a vida religiosa, na qual viveu e morreu santamente.

54. CASTIGO DE UM ESTUDANTE

Dois estudantes perversos iam certo dia pelo caminho que conduz ao santuário de Nossa Senhora de Ostaker, onde muitos enfermos recobram a saúde, bebendo água da fonte milagrosa. Discorriam ambos sobre como se divertiriam naquele feriado, quando um exclamou:

➖ Sabes o que vamos fazer?
➖ Não.
➖ Um milagre; sim, um autêntico milagre. Não te rias e ouve-me. Vendar-te-ei os olhos, tu te fingirás de cego e eu te levarei à fonte.
➖ E depois?
➖ Quando chegarmos, começarás a rezar, lavarás os olhos com a água, e gritarás que estás curado, que estás vendo... assim pregaremos uma peça aos devotos. Não te parece divertido?
➖ Sim, ótimo. E quando voltarmos, contaremos o prodígio aos jornais e como se rirão os leitores desses pobres imbecis que vão lá buscar saúde. Falarão de nós e nos tornaremos célebres...
➖ Vamos...

Assim foram nossos dois comediantes, fazendo cada um o seu papel, até a fonte milagrosa. Como sempre, havia ali muitos peregrinos. Vendo os dois jovens, aproximaram-se deles com sinais de simpatia como fazem os bons cristãos com os enfermos. Todos se puseram a rezar enquanto o jovem ímpio se aproximava da fonte para se lavar. 

Com o auxílio de seu hipócrita companheiro, tira o pano dos olhos, fingindo chorar e lamentar-se de seu infortúnio. Toma da água, esfrega os olhos... Mas, ó milagre! A água produz o efeito! Uma espessa névoa lhe cobre os olhos. Não vê mais nada, está cego! Lança então um grito de desespero, chama por sua mãe, conjura a Santíssima Virgem que lhe perdoe... censura seu companheiro, mudo de espanto, por lhe haver aconselhado aquela maldade.

Os peregrinos, espantados, nada compreendiam daquela cena. Fazem-lhe perguntas e arrancam-lhes a confissão da culpa. Nunca se vira emoção semelhante ao redor da fonte; em vão põem-se os peregrinos em oração para obter o perdão aos miseráveis. Deus não suporta que se zombe de Maria, sua Mãe: o cego ficou cego... Teve este tamanho pesar de seu crime, que perdeu o juízo e foi terminar num manicômio, onde esperamos que Nossa Senhora, em vista de sua pena temporal, lhe tenha alcançado a misericórdia de Deus.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

ver PÁGINA: TESOURO DE EXEMPLOS

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DESATADORA DOS NÓS

 


Virgem Maria, Mãe do Amor Formoso,
Mãe que jamais deixais de vir
socorrer os Vossos filhos aflitos.

Mãe cujas Mãos não param nunca
de servir seus amados filhos,
pois são movidas pelo Amor Divino
e a imensa Misericórdia
que existem em Vosso Coração.

Voltai o vosso olhar compassivo sobre mim
e vede o emaranhado de nós
que há em minha vida.
Vós bem conheceis o meu desespero,
a minha dor e o quanto estou amarrado
por causa destes nós.

Maria, Mãe que Deus
encarregou de desatar os nós
da vida dos seus filhos,
confio hoje a fita da minha vida em Vossas mãos.

Ninguém, nem mesmo o maligno
poderá tirá-la do Vosso precioso amparo.
Em Vossas mãos não há nó
que não possa ser desfeito.

Mãe poderosa, por Vossa graça e Vosso poder intercessor
junto a Vosso Filho e Meu Libertador, Jesus,
recebei hoje em Vossas mãos este nó...(expor o problema ou dificuldade)
Peço-Vos que o desateis para a Glória de Deus, e por todo o sempre.
Vós sois a minha esperança.

Ó Senhora minha,
sois a minha única consolação dada por Deus,
a fortaleza das minhas débeis forças,
a riqueza das minhas misérias, a liberdade,
com Cristo, das minhas cadeias.

Ouvi a minha súplica.
Guardai-me, guiai-me, protegei-me, ó meu seguro refúgio e caminho para Deus.
Mãe, Desatadora dos Nós, rogai por mim!