terça-feira, 13 de setembro de 2016
segunda-feira, 12 de setembro de 2016
GLÓRIAS DE MARIA: O SANTÍSSIMO NOME DE MARIA
A Festa do Santíssimo Nome de Maria é celebrada pela Igreja Católica no dia 12 de setembro. Inicialmente a festa do Santíssimo Nome de Maria era apenas realizada em Cuenca, na Espanha, comemorada no dia 15 de setembro, quando foi instituída em 1513. Posteriormente, em 1671, a festa foi estendida para toda a Espanha. Após a vitória dos cristãos sobre os turcos na Batalha de Viena em 1683, a festa foi estendida a toda a cristandade pelo Papa Inocêncio XI.
A origem etimológica do nome Maria é incerta, podendo ter raiz no vocábulo egípcio mry que significa 'amada', na palavra siríaca que designa 'senhora' ou, mais provavelmente, da raiz hebraica מִרְיָם (Miryam), que se traduz como 'excelsa', entre vários outros significados, e que deu origem aos nomes gregos Μαριαμ (Mariam) e Μαρια (Maria) - ambas as grafias são equivalentes - transcritas no Novo Testamento. Ao ser incorporado à Mãe de Deus, porém, deixou de ser apenas um nome, e passou a ser o mais bendito dos nomes e o nome de todas as virtudes. Quando tudo o mais parecer perdido, invoque, proclame, suplique o santo nome de Maria.
Na dor,
na adversidade,
nos perigos,
nos contratempos,
na angústia,
na doença,
nas aflições,
no sofrimento,
no medo,
nas dúvidas,
nas tribulações,
na amargura,
na ansiedade,
no abandono,
no desespero,
chame, invoque, proclame o BENDITO NOME DE MARIA.
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O NOME DA VIRGEM ERA MARIA
Maria. O anjo Gabriel, ao saudar Nossa Senhora, não a chama imediatamente pelo nome, evidentemente temendo surpreender por tamanha familiaridade vinda de um visitante desconhecido. Contudo em seguida diz: 'Não temas, Maria' (Lc 1, 30). São Lucas não espera o fim do diálogo para informar, o evangelista parece impaciente em fornecer seu nome, logo no início diz: 'o nome da virgem era Maria' (Lc 1, 27).
Quem não fica feliz em repetir com frequência o nome de um ente querido? Recordar o nome provoca um sentimento de presença da pessoa ausente. É muita estupidez criticar os católicos por venerar o nome de Maria. A Igreja aprovou tal prática; no século XVI instituiu uma festa em honra deste nome bendito. O costume é muito antigo, anterior ao Cristianismo. No Antigo Testamento, era habitual usar nome para se referir à própria pessoa e nos salmos encontramos muitos exemplos. Nosso Senhor ensinou a rezar: 'Santificado seja o teu nome'. O apóstolo São Pedro proclama que o nome de Jesus é o único que pode salvar: 'Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nhum outro nome foi dado aos homens' (At 4,12). Evidentemente que se refere à pessoa do Salvador.
A leitura da Bíblia leva a uma outra consideração. Observamos que os nomes também indicam características das pessoas. Eva significa mãe dos viventes; Deus muda o nome de Jacó para Israel, que significa mais forte que Deus. Por ordem divina, o precursor do Senhor deverá receber o nome de João, que significa Deus foi favorável. José recebe a ordem de colocar no menino o nome de Jesus, que significa Deus salva.
Joaquim e Ana escolheram chamar a filha de Mariam, nome muito comum naquele tempo. Pela providência podemos acreditar que o nome escolhido foi de inspiração divina. Um excelente autor espiritual escreveu: 'Somente Deus podia escolher um nome para sua mãe. Como no batismo, quando a criança é nomeada em voz alta é gerada para a vida da graça, assim também aconteceu no instante em que Deus criou a alma da Virgem Santíssima, a augusta Trindade nomeou Maria em voz alta diante do coro dos anjos. Deus já havia nomeado-a desde a eternidade. Para Deus, conceber ou nomear é a mesma coisa'. O padre Broise concorda com a ideia: 'Vemos muitos exemplos na Escritura em que Deus nomeia seus servidores, então podemos piamente acreditar que o nome de sua mãe não foi escolhido aleatoriamente ou por vontade humana'
O nome é pouco utilizado na história antiga de Israel. Na forma mais primitiva o nome Myriam é encontrado apenas na irmã de Moisés. Seria de origem egípcia, e significaria Amada de Deus. Na pronúncia Mariam, tanto no aramaico como no sírio tem vários significados. Um sábio jesuíta alemão recorreu pacientemente a todas as etimologias que se derivaram da palavra e encontrou 67 variações. As interpretações comumente aceitas harmonizam-se com a missão da Santíssima Virgem.
No aramaico primitivo Mariam significa a iluminadora, que procede do invisível. Mariam evoca também a ideia de amargura. O sentido seria: amargo, mirra. A tradução proposta por São Jerônimo teve muita receptividade: gota do mar. Depois Stilla marís (gota do mar) se transformou em Stella maris (estrela do mar) por um erro de copista ou porque os camponeses romanos pronunciavam as vezes desta forma. A ligeira confusão valeu um dos títulos mais clássicos da piedade mariana e um dos hinos mais belos Ave maris stella, composto por São Bernardo.
Outra tradução seria soberana, princesa, senhora. Este último é o mais utilizado pela tradição cristã. Jesus é Nosso Senhor, Maria é Nossa Senhora. As explicações do nome de Mariam correspondem aos mistérios do Rosário, colocando em destaque as três principais funções que Deus confiou a Maria. Nos cinco mistérios gozosos, Maria aparece como a iluminadora de uma terra pecadora. Nela, o Verbo, luz dos homens, se encarnou; através dela santifica João Batista; então, no meio da noite, a luz se levanta sobre o mundo; depois, Maria apresenta no Templo aquele que deve iluminar todos os povos. A primeira parte da missão esta concluída: Jesus agora deve dedicar-se aos assuntos do Pai. Passam-se os anos. Voltamos a encontrar Maria traspassada pela espada da dor, associando-se ao sacrifício de Nosso Redentor. A dor é a gota mais amarga do cálice que Jesus recebe no Getsêmani e que oferece na cruz pela redenção da humanidade.
Porém seu Filho não podia permanecer cativo da morte. Na Igreja nascente, que canta a glória do ressuscitado, Nossa Senhora reza com os discípulos, que aguardam a descida do Espírito Santo. Então, devolve a Deus o Filho que havia lhe sido confiado; em breve, como Rainha do Céu, compartilhará ao seu lado o triunfo, intercedendo por cada um de nós. Ave Maria. Que seu nome seja nossa luz quando a dúvida envolve e a tentação ataca! Que a recordação da paixão do calvário alivie as dores, quando estamos desesperados! Devemos invocar o nome de Maria em nossas angústias, porque ela é nossa soberana protetora. No caminhar de cada dia, elevemos o olhar para a Estrela do Mar.
'Quando se levantam os ventos das tentações, quando se tropeça nas pedras da tribulação, olhe para a estrela e chame por Maria. Quando se agitam as ondas da soberba, da ambição e da inveja, olhe para a estrela e chame por Maria. Quando a ira, a avareza e a impureza assaltam violentamente a alma, olhe para Maria. Quando perturbado pela memória dos pecados, confuso pela fealdade da consciência, temeroso pela ideia do Juízo, mergulhado no abismo do desespero, pense em Maria, invoque Maria. Nunca afaste Maria dos lábios e do coração; nunca se afaste dos exemplos e das virtudes de Nossa Senhora. Não se extravia quem a segue, não se desespera quem pede sua ajuda, não se perde quem pensa nela. Ninguém cai quando está segurando a mão de Maria. Quando se está sob a proteção da Virgem Santíssima, nada se pode temer. Não se cansa quem a tem por guia; quem é amparado por ela chega felizmente ao porto seguro. Assim se compreende pela própria experiência o que foi escrito: o nome da virgem era Maria' (São Bernardo de Claraval).
(Excertos da obra ' Ave Maria: história e meditação', de Georges Chevrot)
domingo, 11 de setembro de 2016
PAI DE MISERICÓRDIA
Páginas do Evangelho - Vigésimo Quarto Domingo do Tempo Comum
Com a parte da herança que lhe cabe, o 'filho mais novo' opta pelo caminho fácil e tortuoso dos prazeres e vícios humanos, dos instintos insaciados, do vazio do mal. E esbanja, na via dolorosa do pecado, os bens que possuía: a alma pura, o coração sincero, os nobres sentimentos, a fortuna da graça. E, a cada passo, se afunda mais e mais no lodo das paixões humanas desregradas, da vida consumida no nada. Mas, eis que chega o tempo da reflexão madura, da conversão sincera, do caminho de volta ao Pai: 'Pequei contra ti; já não mereço ser chamado teu filho' (Lc 15, 18-19).
O pai nem ouve as palavras do filho pródigo; no abraço da volta, somente ecoa pelos tempos a misericórdia de Deus: 'Haverá maior alegria no Céu por um pecador que fizer penitência que por noventa e nove justos que não necessitem de arrependimento' (Lc 15, 7). Diante do filho que volta, um coração de misericórdia aniquila a justiça da razão: 'Trazei depressa a melhor túnica para vestir o meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés.' (Lc, 15, 22). Como as talhas de água que se tornam vinho, a conversão verdadeira apaga e aniquila o mal desejado e consumido outrora: na reconciliação de agora desfaz-se em pó as misérias passadas de uma vida de pecado.
O 'filho mais velho' não se move por igual misericórdia e se atém aos limites difusos da justiça humana. Na impossibilidade absoluta de compreender o júbilo do pai com o filho que volta, faz-se vítima e refém da soberba e do orgulho humano: 'tu nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos' (Lc, 15,29). O filho mais novo, que estava tão longe, está lá dentro outra vez. E o filho mais velho, que sempre lá esteve, recusa-se agora a entrar na casa do pai. Tal como no caso do primeiro filho, o pai de misericórdia vem, mais uma vez, buscar a ovelha desgarrada no filho mais velho que está fora e não quer entrar. Porque Deus, pura misericórdia, quer salvar a todos os seus pobres filhos afastados de casa e espera, com paciência e amor infinitos, a volta dos filhos pródigos e a volta dos seus filhos que creem apenas na justiça dos homens.
sábado, 10 de setembro de 2016
QUESTÕES SOBRE A NATUREZA DO DEMÔNIO (II)
Por que [Deus] não concedeu a visão beatífica a todos [os espíritos angélicos] quando os criou? Por que se arriscou a que alguns se convertessem em demônios? Deus poderia ter criado espíritos angélicos e diretamente ter-lhes concedido a graça da visão beatífica. Isto era perfeitamente possível à Sua onipotência e não haveria nenhuma injustiça se o fizesse.
Mas, havia três grandes razões para submetê-los a uma fase de provas antes de conceder-lhes a visão beatífica.
A razão menos importante de todas era que Deus tinha de dar a cada ser racional um grau de felicidade. Todos no céu veem a Deus, mas ninguém pode regozijar [da Presença] d’Ele em grau infinito, pois isso é impossível. Somente Deus pode regozijar infinitamente [de Si mesmo]. Cada ser finito, porém, regozija ao máximo, sem desejar mais, num grau finito. Regozija finitamente de um bem infinito. A comparação que se pode usar para compreender este conceito metafísico é que cada ser racional constitui um vaso, que é preenchido por Deus até as bordas, plenamente. Porém, cada vaso possui uma medida específica. Deus, em sua sabedoria, determinou algo especialmente inteligente: cada um determinaria o grau de glória que regozijaria na eternidade. Uma vez que isso é para sempre, dado que isso é tão importante, Deus deixou tal decisão em nossas mãos. Se cada um de nós teria um grau, e isto é inevitável, então que cada um determinasse a medida desse grau. De que modo? [Mediante] uma prova.
Segundo a generosidade, o amor, a perseverança e demais virtudes que venhamos a manifestar nessa prova, assim será a medida do nosso grau. Como se pode ver, é uma disposição magnífica das coisas, em que se manifesta a sabedoria infinita de Deus.
Se tal razão exposta é importante, considero, entretanto, que é ainda mais [importante] considerar o fato de que o único momento em que um espírito pode desenvolver a sua fé e a sua generosidade para com Deus é justamente quando não O vê. Depois de vê-lO, ficará pleno de gratidão ante o que contempla. Porém, este amor generoso na fé e na confiança em Deus, na obscuridade, somente é possível antes da visão beatífica. Depois, já não será mais possível. Tudo será possível, menos isso. Digamos que é um atributo do espírito que se desenvolve antes da visão direta da essência de Deus ou que depois se torna absolutamente impossível.
Por isso, a prova é um dom de Deus. Um dom que permite ser germinada e desenvolvida em nós a flor da fé, com todos os seus frutos. Essa flor não poderá mais nascer durante a eternidade, pois já não poderá haver fé onde se tem a Plena Visão. E, através da fé, e em consequência dela, provêm as virtudes subsequentes. Cada anjo tenderia a desenvolver umas mais, outras menos. Antes de tudo, o tempo de provas dava a possibilidade de que nascessem e desenvolvessem as virtudes teologais. Depois, alguns anjos desenvolveriam mais a virtude da perseverança, outros a da humildade, outros ainda a súplica, etc. Obviamente, conceder a um ser a possibilidade de que nele nasça a fé significa arriscar que nele possa germinar não a fé, mas o mal. Deus sabia que, ao conceder tal liberdade, esta poderia ser direcionada para o bem como para o mal.
Deus poderia ter criado o universo como quisesse, como fosse da Sua vontade, sem quaisquer limites ou contraposições. Entretanto, a santidade não se cria, mas esta se faz às custas da ação da graça. Conceder o dom da liberdade aos espíritos supõe que possa surgir neles uma Madre Teresa de Calcutá ou um Hitler. Uma vez que se concede a dádiva da liberdade, concede-se [também] todas as suas consequências. Querer que apareça o bem espiritual implica aceitar de antemão a possibilidade de surgir o mal espiritual. No universo material, não há bem espiritual, nem mesmo a mais ínfima quantidade de bem espiritual. O bem do mundo material é um bem material; a glorificação do universo físico ao Criador constitui uma glorificação material e inconsciente. O bem espiritual é qualitativamente superior, mas pressupõe necessariamente admitir este risco.
Por isso, o surgimento do mal não constituiu uma obliteração dos planos divinos. A possibilidade do aparecimento do mal já fazia parte dos planos divinos antes mesmo da criação de seres pensantes.
De qualquer forma, mesmo tendo sido exposto previamente de que a prova era necessária para se determinar o grau de glória, a razão mais importante, a razão fundamental para Deus conceder o dom da liberdade, era o de obter o amor [das criaturas] de um modo livre. Sem essa prova, Deus poderia ter recebido a gratidão de todos os seres aos quais teria dado um grau de glória sem se submeterem aos riscos de uma prova. Porém, Deus é um ser que ama e que quer ser amado.
O único jeito de obter esse amor na fé, esse amor de confiança, esse amor desinteressado e nascido na obscuridade do que não se pode ver, era por meio da proposição de uma prova. Volto a repetir que o mesmo Deus que pode criar milhares de universos com um único ato de Sua vontade, não pode criar esse amor que nasce daquele que é provado no sofrimento da fé. O amor a Deus não se cria, é uma doação que parte de cada criatura.
QUESTÃO 3: Por que Deus não suspendeu a liberdade ao ver que começavam a pecar?
Por que Deus não retira a liberdade ao ver que alguém avança pelo caminho do mal? Não o faz porque fazer isso seria supor que o espírito já estaria fadado para sempre no mal. Permitir-lhe que siga cometendo o mal supõe oferecer-lhe a possibilidade de retomar o bem. Retirar-lhe da prova implicaria que se cometessem menos pecados, mas o espírito removido da mesma ficaria petrificado no mal para sempre. Permitir que o mal prossiga fazendo o mal lhe dá [a quem pratica o mal], então, a oportunidade de retroceder [à prática do bem].
QUESTÃO 4: Todos os demônios são iguais?
Já foi dito que cada demônio pecou com uma intensidade determinada. Além disso, cada demônio pecou em um ou em vários pecados específicos. A rebelião teve sua origem na soberba, pelo que dessa raiz nasceram outros pecados. Durante os exorcismos, isso fica muito claro: há demônios que pecam mais por ira, outros por egolatria, outros por desespero, etc. Cada demônio tem a sua psicologia própria, sua forma particular de ser. Há aqueles que são mais eloquentes, outros mais sarcásticos, em alguns brilha de forma especial a soberba, em outros, o ódio, etc.
Ainda que todos tenham se separado de Deus, uns são piores do que outros. É importante ressaltar que, como nos diz São Paulo, existem nove hierarquias angélicas. As hierarquias superiores são mais belas, inteligentes e poderosas que as inferiores. Cada anjo é completamente distinto dos outros anjos. Não há raças de anjos, para usar um termo sociológico, mas cada um completa a sua espécie. Por outro lado, é possível agrupar os anjos em grandes grupos ou hierarquias, também chamadas coros, pois estes se formaram em [diferentes] coros que entoam louvores a Deus. Seu cântico não vem pela voz, mas trata-se de um louvor espiritual que expressa a vontade [dos anjos] de conhecer e amar a Trindade.
De cada uma das nove hierarquias, caíram anjos que se transformaram em demônios, ou seja, há demônios que são virtudes, potestades, serafins, etc. Ainda que sejam demônios, conservam intactos seu poder e inteligência. Por tudo que foi dito, fica claro que existe também uma hierarquia demoníaca. Uma coisa comprovada nos exorcismos é que, entre eles, existe uma supremacia dos superiores sobre os inferiores. Em que consiste este poder? É algo impossível de saber, pois não se sabe como um demônio pode obrigar outro a fazer algo, pois não há um corpo para o forçar a isso. Entretanto, comprova-se que um demônio superior pode forçar outro inferior a não abandonar um corpo durante um [ritual de] exorcismo. Ainda que o demônio inferior esteja sofrendo e queira sair, o superior pode impedir-lhe. Como um demônio pode obrigar outro demônio [a fazer ou proibir alguma coisa], sendo este imaterial, é algo, repito, que escapa à nossa compreensão.
(Excertos da obra 'Summa Daemoniaca', do Pe. Jose Antonio Fortea, tradução do autor do blog)
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
DA EXPLICAÇÃO DO MAGNIFICAT (II)
Essas divinas palavras, em latim Et exultavit spiritus meus in Deo salutari meo, pronunciadas pelos sagrados lábios da Mãe do Salvador, nos declaram a alegria inefável e incompreensível que lhe encheu e santamente lhe inebriou o coração, o espírito e a alma, no momento da Encarnação do Filho de Deus e enquanto O levou em suas benditas entranhas; e até por todo o resto de sua vida, segundo Santo Alberto Magno e alguns outros Doutores da Igreja.
Alegria que foi tão excessiva, especialmente no momento da Encarnação que, assim como a sua santa alma separou-se do corpo no último instante de sua vida, pela força de seu amor a Deus e pela abundância de sua alegria ao ver-se prestes a ter com o seu Filho no Céu; ela teria também morrido de alegria em vista das indescritíveis bondades de Deus para com ela e para com todo o gênero humano, se a vida não lhe fosse conservada por milagre. Pois se a história nos afirma que a alegria causou a morte de muitas pessoas, em razão de algumas vantagens temporais que lhes haviam sucedido, é para crer-se que a divina Virgem teria morrido também se não fora sustentada pela virtude do divino Menino que trazia em seu seio, visto que ela possuía os maiores motivos de alegria que jamais existiram e existirão:
1. Ela se rejubilava em Deus porque Deus é infinitamente poderoso, sábio, bom, justo e misericordioso, e porque faz resplandecer, de maneira tão admirável, o seu poder, a sua bondade e todos os outros divinos atributos, no mistério da Encarnação e da Redenção do mundo.
2. Rejubilava-se em Deus seu Salvador, por ter vindo a este mundo, para salvá-lo e remi-lo, em primeiro lugar e principalmente, preservando-a do pecado original e cumulando-a de suas graças e favores, com tanta plenitude que a tornou, consigo, a medianeira e cooperadora na salvação de todos os homens.
3. Seu coração achava-se cumulado de alegria porque Deus a contemplara com os olhos de sua benignidade, isto é, amara e aprovara a humildade de sua serva, na qual achou singularíssima satisfação e complacência. É esta, diz Santo Agostinho, a causa da alegria de Maria, porque Ele olhou a humildade de sua serva; como se ela dissesse: 'Rejubilo-me com a graça que Deus me fez, porque dEle recebi o motivo desta alegria; e nEle me rejubilo, porque amo o seu amor'.
4. Rejubilava-se pelas grandes coisas que a sua onipotente bondade nela operara, que são as maiores maravilhas de quantas Ele jamais fez em todos os séculos passados e fará em todos os séculos vindouros.
5. Rejubilava-se, não só pelos favores que recebera de Deus, mas também pelas graças e misericórdias por Ele derramadas sobre todos os homens que se dispõem a recebê-las.
6. Rejubilava-se não só com a bondade de Deus em relação aos que não lhe opõem obstáculo, mas também com os efeitos de sua justiça sobre os soberbos, que lhe desprezam as liberalidades.
(Da Explicação do Magnificat, de São João Eudes)
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
O PENSAMENTO VIVO DE SANTA TERESA DE CALCUTÁ
- Se você julga as pessoas, você não tem tempo para amá-las.
- A maior doença do Ocidente hoje não é a lepra nem a tuberculose; é ser indesejado, não ser amado e ser abandonado. Nós podemos curar as doenças físicas com a medicina, mas a única cura para a solidão, para o desespero e para a desesperança é o amor. Há muitas pessoas no mundo que estão morrendo por falta de um pedaço de pão, mas há muito mais gente morrendo por falta de um pouco de amor. A pobreza no Ocidente é um tipo diferente de pobreza – não é só uma pobreza de solidão, mas também de espiritualidade. Há uma fome de amor e uma fome de Deus.
- Qual é o meu pensamento? Eu vejo Jesus em cada ser humano. Eu digo para mim mesma: este é Jesus com fome, eu tenho que alimentá-lo. Este é Jesus doente. Este tem lepra ou gangrena; eu tenho que lavá-lo e cuidar dele. Eu sirvo porque eu amo Jesus.
- Sejam gentis uns com os outros na sua casa. Sejam gentis com as pessoas. Eu acho que é melhor você errar na bondade do que fazer milagres com falta de bondade. Muitas vezes, uma só palavra, um olhar, um gesto rápido, e as trevas enchem o coração da pessoa que amamos
- Eu rezo para vocês entenderem as palavras de Jesus: “Amai-vos como Eu vos amei”. Perguntem a si mesmos: “Como foi que Ele me amou? Será que eu realmente amo os outros da mesma forma?”. Sem esse amor, nós podemos nos matar de trabalhar, mas isso vai ser só trabalho, não amor. Trabalho sem amor é escravidão.
- Um sacrifício, para ser real, tem que custar, tem que doer, tem que nos esvaziar. O fruto do silêncio é a oração, o fruto da oração é a fé, o fruto da fé é o amor, o fruto do amor é o serviço, o fruto do serviço é a paz.
- Buscar a face de Deus em tudo, em todos, o tempo todo, e a mão dele em tudo o que acontece; é isso o que significa ser contemplativo no coração do mundo. Ver e adorar a presença de Jesus, especialmente na aparência humilde do pão e no angustiante disfarce de pobre.
- O que você está fazendo eu não posso fazer, o que eu estou fazendo você não pode fazer, mas, juntos, nós estamos fazendo uma coisa bonita para Deus, e esta é a grandeza do amor de Deus por nós – nos dar a oportunidade de ser santos pelas obras de amor que fazemos, porque a santidade não é um luxo de poucos. É um dever muito simples para você, para mim – você na sua posição, no seu trabalho, e eu e os outros, cada um de nós, no trabalho, na vida em que demos a nossa palavra de honra para Deus. Nós temos que transformar o nosso amor a Deus em ação viva.
- Quando um pobre morre de fome, não é porque Deus não cuidou dele. É porque nem você nem eu quisemos dar a ele o que ele precisava.
- Jesus quer que eu diga de novo a vocês qual é o tamanho do amor dele por cada um de vocês – um amor que vai além de tudo o que vocês puderem imaginar. Ele não só ama você; é mais ainda: Ele anseia por você. Ele sente falta de você quando você não está perto. Ele tem sede de você. Ele ama você sempre, mesmo quando você não se sente digno desse amor.
Madre (agora Santa) Teresa de Calcutá tem sido brutalmente vilipendiada por diversos setores da mídia e do ateísmo militante. Isso se deve, certamente, à sua repugnância e destemida oposição ao aborto. O que incomoda duramente a estes críticos é a prática do amor cristão, levado aos extremos da compreensão humana, por essa missionária albanesa. Neste sentido, é bastante emblemática a história de um jornalista americano que, desconcertado ao ver Teresa lavando um homem coberto de chagas, disse a ela: 'Eu não faria isto nem por um milhão de dólares', ao que ela lhe respondeu: 'Nem eu'. O preço de tudo o que fazia era tão somente o amor a Deus e o amor às criaturas de Deus.
AS TRÊS VIAS PARA SE VENCER AS TENTAÇÕES
As três vias, para se vencer as tentações, propostas por Santa Teresinha de Lisieux:

1. Enfrentar ou ignorar a tentação sem temor do mal
Não se dobrar à tentação, mas tomá-la como uma provação que deve ser enfrentada sem temor do mal ou que deve ser simplesmente ignorada, subjugando-a pela graça ou pela indiferença.
2. Converter a tentação provada em oração
Tornar o espírito mais forte e preparado para futuras tentações, inserindo as tentações provadas na oração diária, como agradecimento e súplica às graças concedidas por Deus a nós como frutos das tentações provadas e vencidas.
3. Fazer da tentação oferecimento e reparação
Tomar a tentação e transformá-la em instrumento para a maior glória de Deus, oferecendo-a e desagravando o Senhor desta e de muitas outras tentações iguais que estarão igualmente afetando muitos outros nossos irmãos na fé, encerrando tal propósito no mistério insondável da comunhão dos santos.
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