A Festa do Santíssimo Nome de Maria é celebrada pela Igreja Católica no dia 12 de setembro. Inicialmente a festa do Santíssimo Nome de Maria era apenas realizada em Cuenca, na Espanha, comemorada no dia 15 de setembro, quando foi instituída em 1513. Posteriormente, em 1671, a festa foi estendida para toda a Espanha. Após a vitória dos cristãos sobre os turcos na Batalha de Viena em 1683, a festa foi estendida a toda a cristandade pelo Papa Inocêncio XI.
A origem etimológica do nome Maria é incerta, podendo ter raiz no vocábulo egípcio mry que significa 'amada', na palavra siríaca que designa 'senhora' ou, mais provavelmente, da raiz hebraica מִרְיָם (Miryam), que se traduz como 'excelsa', entre vários outros significados, e que deu origem aos nomes gregos Μαριαμ (Mariam) e Μαρια (Maria) - ambas as grafias são equivalentes - transcritas no Novo Testamento. Ao ser incorporado à Mãe de Deus, porém, deixou de ser apenas um nome, e passou a ser o mais bendito dos nomes e o nome de todas as virtudes. Quando tudo o mais parecer perdido, invoque, proclame, suplique o santo nome de Maria.
Na dor,
na adversidade,
nos perigos,
nos contratempos,
na angústia,
na doença,
nas aflições,
no sofrimento,
no medo,
nas dúvidas,
nas tribulações,
na amargura,
na ansiedade,
no abandono,
no desespero,
chame, invoque, proclame o BENDITO NOME DE MARIA.
**********
O NOME DA VIRGEM ERA MARIA
Maria. O anjo Gabriel, ao saudar Nossa Senhora, não a chama imediatamente pelo nome, evidentemente temendo surpreender por tamanha familiaridade vinda de um visitante desconhecido. Contudo em seguida diz: 'Não temas, Maria' (Lc 1, 30). São Lucas não espera o fim do diálogo para informar, o evangelista parece impaciente em fornecer seu nome, logo no início diz: 'o nome da virgem era Maria' (Lc 1, 27).
Quem não fica feliz em repetir com frequência o nome de um ente querido? Recordar o nome provoca um sentimento de presença da pessoa ausente. É muita estupidez criticar os católicos por venerar o nome de Maria. A Igreja aprovou tal prática; no século XVI instituiu uma festa em honra deste nome bendito. O costume é muito antigo, anterior ao Cristianismo. No Antigo Testamento, era habitual usar nome para se referir à própria pessoa e nos salmos encontramos muitos exemplos. Nosso Senhor ensinou a rezar: 'Santificado seja o teu nome'. O apóstolo São Pedro proclama que o nome de Jesus é o único que pode salvar: 'Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nhum outro nome foi dado aos homens' (At 4,12). Evidentemente que se refere à pessoa do Salvador.
A leitura da Bíblia leva a uma outra consideração. Observamos que os nomes também indicam características das pessoas. Eva significa mãe dos viventes; Deus muda o nome de Jacó para Israel, que significa mais forte que Deus. Por ordem divina, o precursor do Senhor deverá receber o nome de João, que significa Deus foi favorável. José recebe a ordem de colocar no menino o nome de Jesus, que significa Deus salva.
Joaquim e Ana escolheram chamar a filha de Mariam, nome muito comum naquele tempo. Pela providência podemos acreditar que o nome escolhido foi de inspiração divina. Um excelente autor espiritual escreveu: 'Somente Deus podia escolher um nome para sua mãe. Como no batismo, quando a criança é nomeada em voz alta é gerada para a vida da graça, assim também aconteceu no instante em que Deus criou a alma da Virgem Santíssima, a augusta Trindade nomeou Maria em voz alta diante do coro dos anjos. Deus já havia nomeado-a desde a eternidade. Para Deus, conceber ou nomear é a mesma coisa'. O padre Broise concorda com a ideia: 'Vemos muitos exemplos na Escritura em que Deus nomeia seus servidores, então podemos piamente acreditar que o nome de sua mãe não foi escolhido aleatoriamente ou por vontade humana'
O nome é pouco utilizado na história antiga de Israel. Na forma mais primitiva o nome Myriam é encontrado apenas na irmã de Moisés. Seria de origem egípcia, e significaria Amada de Deus. Na pronúncia Mariam, tanto no aramaico como no sírio tem vários significados. Um sábio jesuíta alemão recorreu pacientemente a todas as etimologias que se derivaram da palavra e encontrou 67 variações. As interpretações comumente aceitas harmonizam-se com a missão da Santíssima Virgem.
No aramaico primitivo Mariam significa a iluminadora, que procede do invisível. Mariam evoca também a ideia de amargura. O sentido seria: amargo, mirra. A tradução proposta por São Jerônimo teve muita receptividade: gota do mar. Depois Stilla marís (gota do mar) se transformou em Stella maris (estrela do mar) por um erro de copista ou porque os camponeses romanos pronunciavam as vezes desta forma. A ligeira confusão valeu um dos títulos mais clássicos da piedade mariana e um dos hinos mais belos Ave maris stella, composto por São Bernardo.
Outra tradução seria soberana, princesa, senhora. Este último é o mais utilizado pela tradição cristã. Jesus é Nosso Senhor, Maria é Nossa Senhora. As explicações do nome de Mariam correspondem aos mistérios do Rosário, colocando em destaque as três principais funções que Deus confiou a Maria. Nos cinco mistérios gozosos, Maria aparece como a iluminadora de uma terra pecadora. Nela, o Verbo, luz dos homens, se encarnou; através dela santifica João Batista; então, no meio da noite, a luz se levanta sobre o mundo; depois, Maria apresenta no Templo aquele que deve iluminar todos os povos. A primeira parte da missão esta concluída: Jesus agora deve dedicar-se aos assuntos do Pai. Passam-se os anos. Voltamos a encontrar Maria traspassada pela espada da dor, associando-se ao sacrifício de Nosso Redentor. A dor é a gota mais amarga do cálice que Jesus recebe no Getsêmani e que oferece na cruz pela redenção da humanidade.
Porém seu Filho não podia permanecer cativo da morte. Na Igreja nascente, que canta a glória do ressuscitado, Nossa Senhora reza com os discípulos, que aguardam a descida do Espírito Santo. Então, devolve a Deus o Filho que havia lhe sido confiado; em breve, como Rainha do Céu, compartilhará ao seu lado o triunfo, intercedendo por cada um de nós. Ave Maria. Que seu nome seja nossa luz quando a dúvida envolve e a tentação ataca! Que a recordação da paixão do calvário alivie as dores, quando estamos desesperados! Devemos invocar o nome de Maria em nossas angústias, porque ela é nossa soberana protetora. No caminhar de cada dia, elevemos o olhar para a Estrela do Mar.
'Quando se levantam os ventos das tentações, quando se tropeça nas pedras da tribulação, olhe para a estrela e chame por Maria. Quando se agitam as ondas da soberba, da ambição e da inveja, olhe para a estrela e chame por Maria. Quando a ira, a avareza e a impureza assaltam violentamente a alma, olhe para Maria. Quando perturbado pela memória dos pecados, confuso pela fealdade da consciência, temeroso pela ideia do Juízo, mergulhado no abismo do desespero, pense em Maria, invoque Maria. Nunca afaste Maria dos lábios e do coração; nunca se afaste dos exemplos e das virtudes de Nossa Senhora. Não se extravia quem a segue, não se desespera quem pede sua ajuda, não se perde quem pensa nela. Ninguém cai quando está segurando a mão de Maria. Quando se está sob a proteção da Virgem Santíssima, nada se pode temer. Não se cansa quem a tem por guia; quem é amparado por ela chega felizmente ao porto seguro. Assim se compreende pela própria experiência o que foi escrito: o nome da virgem era Maria' (São Bernardo de Claraval).
(Excertos da obra ' Ave Maria: história e meditação', de Georges Chevrot)