quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A ADORAÇÃO DOS TRÊS REIS MAGOS


No Evangelho de Mateus (Mt 2, 1ss), encontra-se a narrativa geral da adoração ao menino-deus pelos três reis magos do Oriente. Melquior, o mais velho, ofereceu ouro como presente a Jesus, símbolo de realeza; Gaspar, o mais moço, ofereceu incenso, símbolo da divindade de Cristo, enquanto Baltasar, o mouro, ofertou mirra, em adoração à humanidade de Jesus. A mirra, como símbolo de sofrimento, torna-se uma pré-anunciação e uma profecia das dores da Paixão do Senhor.



Mas, além da narrativa tão sobejamente conhecida, é importante ressaltar que o ato de adoração dos reis magos diante o Menino-Deus foi um ato de prostração de joelhos. Três reis, de origens incertas e longínquas, símbolos e representantes dos reis de toda a terra e da soberania sobre todas as nações (Sl 71, 11), dotados de poderes humanos e munidos de graças sobrenaturais, prostraram-se diante de Jesus Menino e O adoraram. De joelhos, de joelhos no chão.

Um antigo Pai da Igreja dizia que o diabo não tem joelhos e, em sendo assim, não pode ajoelhar-se, não pode prostrar-se, não pode adorar. A essência do mal é a não adoração, é a não prostração de joelhos. Que a Festa da Epifania do Senhor nos lembre deste grande exemplo dos reis magos: prostrar-nos de joelhos diante o Menino-Deus; dar-nos conta que temos joelhos e somos Filhos da Luz e, assim, inclinados e reclinados diante de Deus, possamos ser testemunhas e ofertas puras de sua santa redenção.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

FOTO DA SEMANA

'Quem pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo' (Gl 6,3)

(Jan Machata)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

A LITURGIA DA SANTA MISSA (I)

1. INTRODUÇÃO

A Missa é um memorial de Nosso Senhor ('Fazei isso em memória de mim') e um banquete sagrado (comunhão do Corpo e Sangue do Senhor) mas, acima de tudo, é um sacrifício, o sacrifício perfeito. Na missa, Deus é oferecido a Deus, o Infinito é contemplado com uma dádiva infinita, como vítima e sacerdote. Na Missa, Jesus Cristo Sacerdote, Vítima perfeita e Dádiva Infinita, se oferece a Deus (por meio de um sacerdote humano), para o perdão dos nossos pecados e redenção do gênero humano.


A Santa Missa é a Renovação Incruenta do Sacrifício do Calvário; é o mesmo e único Sacrifício infinito de Cristo na Cruz, que foi solenemente instituído na Última Ceia; é o Sacrifício do Corpo e Sangue de Jesus; é a Celebração do Mistério Pascal de Jesus: Morte e Ressurreição; é a repetição da imolação de Nosso Senhor Jesus Cristo no Calvário, agora sem sofrimento físico, para a nossa salvação. 

A Missa não é uma encenação do Calvário, É O CALVÁRIO. Na Missa, estamos diante do Crucificado no Gólgota; portanto, não faça na Missa NADA do que você não faria se tivesse estado nos eventos do Calvário. Danças, palmas, vivas, gritos, teatro, barulho, acrobacias... podem ser pensados como elementos naturais na atmosfera do Gólgota? Evidentemente que não, são inconformidades absurdas, pensem o que quiserem, sacerdotes ou não. Se nós perdermos o próprio significado da Missa, como podemos querer preservar a sua sagrada liturgia (palavra grega que significa 'obra')?

Esse compromisso com a Verdade - a Missa é a Renovação (incruenta) do Calvário - é a premissa fundamental do rigor litúrgico. Uma vez deturpado, tudo é válido, tudo é passível de manipulação. Por isso, ou existe ou não existe o rigor litúrgico, sem lugar para concessões mais ou menos graves. O sacerdote perde a pose mas não a anedota? O abraço da paz virou um burburinho de quermesse? Alguém do coro passou da conta nos acordes? A senhora do banco ao lado resolveu tagarelar com outra durante o Ofertório? O pessoal da equipe de liturgia parece estar em uma maratona? A mãe da menina que faz 15 anos está vestida de forma profana? Como serão ponderados pela justiça divina estas 'pequenas' fragilidades humanas durante a Santa Missa? E como será julgado o sacerdote que as permitiu? Por isso, até merecidas homenagens humanas (bodas de ouro, festas natalícias, etc) deveriam ocorrer após a missa e não ainda durante a missa. E o que falar então das aberrações litúrgicas, das palmas, dos gritos, da quermesse entronizada no cimo do Gólgota, convertido, então, apenas num salão de igreja? Das encenações histriônicas, dos desvarios, das cenografias blasfemas... 

A Missa tem quatro fins específicos, todos vinculados estritamente às nossas relações com Deus, das criaturas com o seu Criador, que são: (i) culto de adoração a Deus, glorificando o Pai em reconhecimento ao seu infinito poder, sabedoria e bondade; (ii) culto de gratidão a Deus, como ação de graças feita com Cristo, por Cristo e em Cristo; (iii) culto de petição a Deus, suplicando a Ele todas as graças necessárias para a nossa salvação; (iv) culto de reparação a Deus pelos nossos pecados e dos pecados cometidos por todos os homens. 

No nosso amor à Santa Missa, a glória de Deus deve ter precedência sobre as graças que ela nos pode oferecer. Mas, mesmo com esta percepção e em uma cerimônia com pleno rigor litúrgico, não é de se estranhar que se percam miríades de graças, tamanha a falta de percepção do católico da magnitude e do valor extraordinário de uma só missa, tamanhos são os excessos de desconcentração, insensatez, tibieza, distração... A Missa é a maior, a mais completa e a mais poderosa oração que um católico pode oferecer a Deus! (por isso, constitui uma insensatez descabida se fazer, durante uma Missa, quaisquer outras orações, mesmo que seja a oração do terço ou do Rosário). Nela, o fiel deve estar submerso no amor destas quatro intenções para alcançar as demandas incomensuráveis da graça. Este caminho da perfeição no amor de Deus passa por assistir a Santa Missa do Calvário e pelo Calvário! 

domingo, 3 de janeiro de 2016

EPIFANIA DO SENHOR

Páginas do Evangelho - Festa da Epifania do Senhor


Epifania é uma palavra grega que significa 'manifestação'. A festa da Epifania - também denominada pelos gregos de Teofania, significa 'a manifestação de Deus'. É uma das mais antigas comemorações cristãs, tal como a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo - era celebrada no Oriente já antes do século IV e, somente a partir do século V, começou a ser celebrada também no Ocidente. 

Na Anunciação do Anjo, já se manifestara a Encarnação do Verbo, revelada porém, a pouquíssimas pessoas: provavelmente apenas Maria, José, Isabel e Zacarias tiveram pleno conhecimento do nascimento de Deus humanado. O restante da humanidade não se deu conta de tão grande mistério. Assim, enquanto no Natal, Deus Se manifesta como Homem; na Festa da Epifania, esse Homem se revela como Deus. Na pessoa dos Reis Magos, o Menino-Deus  é revelado a todas as nações da terra, a todos os povos futuros; a síntese da Epifania é a revelação universal da Boa Nova à humanidade de todos os tempos.

A Festa da Epifania, ou seja, a manifestação do Verbo Encarnado, está, portanto, visceralmente ligada à Adoração dos Reis Magos do Oriente: 'Ajoelharam-se diante dele e o adoraram' (Mt, 2, 11). Deus cumpre integralmente a promessa feita à Abraão: 'em ti serão abençoados todos os povos da terra ' (Gn, 12,3) e as promessas de Cristo são repartidas e compartilhadas entre os judeus e os gentios, como herança comum de toda a humanidade. A tradição oriental incluía ainda na Festa da Epifania, além da Adoração dos Reis, o milagre das Bodas de Caná e o Batismo do Senhor no Jordão, eventos, entretanto, que não são mais celebrados nesta data pelo rito atual.

A viagem e a adoração dos Reis Magos diante o Menino Deus em Belém simbolizam a humanidade em peregrinação à Casa do Pai. Viagem penosa, cansativa, cheia de armadilhas e dificuldades (quantos não serão os nossos encontros com os herodes de nossos tempos?), mas feita de fé, esperança e confiança nas graças de Deus (a luz da fé transfigurada na estrela de Belém). Ao fim da jornada, exaustos e prostrados, os reis magos foram as primeiras testemunhas do nascimento do Salvador da humanidade, acolhido nos braços de Maria: 'Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe' (Mt, 2, 11): o mistério de Deus revelado de que não se vai a Jesus sem Maria. Com Jesus e Maria, guiados também pela divina luz emanada do Espírito Santo, também nós haveremos de chegar definitivamente, um dia, à Casa do Pai, sem ter que voltar atrás 'seguindo outro caminho' (Mt, 2, 12). 

sábado, 2 de janeiro de 2016

DO ABANDONO À DIVINA PROVIDÊNCIA (I)

Deus fala, ainda hoje, como falava a nossos pais, quando não havia diretores nem métodos. A fidelidade à von­tade de Deus era toda a espiritualidade; mas esta não se encontrava posta em arte que a explicasse de maneira tão su­blime e tão pormenorizada, com tantos preceitos, tantas instruções e tantas má­ximas. As necessidades presentes exigem-no, sem dúvida; mas não era assim em outros tempos, em que havia mais retidão e simplicidade. 

Sabia-se que, em cada momento, temos um dever a cumprir com fidelidade, e isto bastava aos homens de então. Nele se ia concentrando sucessivamente a sua atenção, como o ponteiro do relógio que vai marcando as horas, e em cada minuto aponta o espaço que deve percorrer. O seu espírito movido sem cessar pelo impulso divino, encontrava-se insensivelmente voltado para o novo objeto que se lhes oferecia, segundo a disposição divina, em cada hora do dia.

Tais eram os segredos do proceder de Maria, a mais simples das criaturas e a mais entregue a Deus. A resposta que deu ao Anjo, quando se limitou a dizer-lhe: 'Faça-se em mim segundo a tua palavra', continha toda a teologia mística dos seus antepassados. Tudo aí se reduzia, como no presente, ao mais puro e ao mais singelo abandono da alma à vontade de Deus, qualquer que fosse a forma por que esta se apresen­tasse.

Tão digna e tão nobre disposição, que constituía todo o fundo da alma de Ma­ria, brilha admiravelmente nessa pala­vra tão simples: Fiat mihi. Notemos que ela está perfeitamente de acordo com a que Nosso Senhor deseja que nós te­nhamos, sem cessar, nos lábios e no co­ração: Fiat voluntas tua. É certo que aquilo que se exigia a Maria nesse momento de tamanha transcendência era gloriosíssimo para ela. Mas não se deixaria deslumbrar por todo o brilho dessa glória, se a vontade de Deus, o único objeto capaz de a impressionar, não tivesse detido o seu olhar.

Essa divina vontade é que a regia em tudo. Quer as suas ocupações fossem comuns ou elevadas, a seus olhos eram somente sombras, escuras umas vezes, outras vezes resplandecentes, nas quais encontrava matéria para glorificar a Deus e reconhecer as obras do Todo Poderoso. O seu espírito, transportado de alegria, considerava tudo o que tinha de fazer ou de sofrer em cada momento, como um dom d'Aquele que sacia de bens os corações que só d'Ele se alimen­tam e não das espécies ou aparências criadas.

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'A virtude do Altíssimo cobrir-te-á com a Sua sombra', disse o Anjo a Maria. Esta sombra, na qual se esconde a vir­tude de Deus para gerar Jesus Cristo nas almas, é o que cada momento traz em si de deveres, de gozos ou de cruz. Com efeito, estes são apenas sombras à maneira daquelas a que damos este nome na ordem da natureza, e que se estendem sobre os objetos sensíveis como um véu que nossos encobre. Assim na ordem moral e sobrenatural, os deveres de cada momento, sob as suas obscuras aparências, encobrem a verdade da vontade divina, a única a merecer a nossa atenção. 

Assim as olhava Maria. E por isso essas sombras deslizando sobre as suas faculdades, longe de a perturbarem alimentavam a sua fé d'Aquele que é sempre o mesmo. Retirai-vos, ó Arcanjo, vós sois uma sombra; o vosso momento voa e vós desapareceis. Maria ultrapassa-vos, vai avançando sempre; já vos encontrais longe dela; mas o Espírito Santo que dela se apoderou através desta missão sensível, jamais a abandonará.

Há poucos rasgos extraordinários na vida exterior da Virgem Santíssima. Pelo menos a Sagrada Escritura não no-los faz notar. A vida de Maria apresenta-se-nos muito simples e comum, quanto ao exterior. Faz e sofre o que fazem e sofrem as pessoas da sua condição. Vai visitar a sua prima Santa Isabel, como vão também os outros parentes. Recolhe-se a um estábulo; é uma conse­quência da sua pobreza. Volta a Na­zaré, de onde a perseguição de Herodes a havia afastado; Jesus e José aí viviam com Ela do seu trabalho. Tal era para a Sagrada Família o pão de cada dia.

Mas de que pão se alimenta a fé de Maria e de José? Qual é o sacramento de todos os seus momentos sagrados? Que descobrem debaixo da aparência dos acontecimentos que vão enchendo esses momentos? O que neles há de visí­vel é semelhante ao que sucede ao resto dos homens; mas o invisível, o que a fé aí entrevê e descobre, é nada menos que Deus realizando grandes coisas. Ó pão dos Anjos, ó maná celeste, pérola evan­gélica, sacramento do momento presente! A quem é que tu o dás? Esurientes re­ples bonis! Enches de bens os que têm fome de Deus. E Deus revela-Se aos pequenos e aos humildes, ainda nas coisas mais pequenas; mas os grandes e sober­bos, que não consideram senão as apa­rências, esses não O descobrem nem mesmo nas grandes coisas.

(Excertos da obra 'O Abandono à Divina Providência', de P.J.P de Caussade)

PRIMEIRO SÁBADO DE JANEIRO (E DO ANO)


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.