domingo, 26 de agosto de 2012

EUCARISTIA - IV


4. PRÁTICAS EXTERNAS DA SANTA COMUNHÃO

Outros aspectos essenciais, ligados à exterioridade do banquete eucarístico, devem ser igualmente considerados, de forma a se ponderar a efetividade da graça santificante e de todas as demais graças advindas de uma santa comunhão. Com efeito, nunca é demais lembrar que, na eucaristia, nós vivemos uma experiência ímpar, pela doação do próprio Senhor Jesus Cristo, que está por inteiro, real e verdadeiramente presente no sacramento. Assim, ainda que devidamente preparados “por dentro”, o desconhecimento desta verdade pode obscurecer o propósito e as graças da eucaristia, mediante a introdução de certas práticas e hábitos externos que são lesivos e ofensivos a esta interação mística e espiritual em grau máximo do católico comum com o seu Deus.

Em função da magnitude e da abrangência destas práticas “de fora”, em vez de um aumento da graça santificante, o penitente pode estar sendo réu de juízo e condenação. Na eucaristia, na presença viva de Jesus, não podemos ser mais ou menos tolerantes, mais ou menos relaxados, mais ou menos católicos.

A primeira prática externa da santa comunhão refere-se ao aspecto em si e à modéstia no vestir dos participantes da procissão eucarística. O aspecto externo deve estar, assim, diretamente associado às adequadas disposições interiores; não se trata de estarmos solenemente vestidos, com luxo ou com roupas de marca; as roupas podem ser simples ou não, mas asseio e limpeza são pressupostos ao alcance de todos.

Quanto ao trajar, modéstia, respeito e profunda reverência: na eucaristia, estamos diante e com Jesus! Não estamos diante de uma autoridade qualquer, estamos diante do nosso próprio Deus. Jesus quer de nós manifestações claras, internas e externas, de humildade, respeito e recolhimento interior. A modéstia nos impele a  evitar abusos e profanações. Neste aspecto, cuidados especiais devem ter as mulheres, de forma a eliminar o uso, por exemplo, de roupas justas ou decotadas na procissão eucarística; tais imprudências podem ser motivo de grave pecado para si e para outros.  

Outra característica essencial da procissão eucarística é o de um profundo silêncio. Estamos concentrados e preparados para uma união mística extraordinária com Jesus e nenhum respeito humano deve prevalecer neste momento. Como ter uma disposição interior completamente dedicada a Deus se exteriormente estamos condicionados pelos belos cânticos da comunhão ou na distração de observar o comportamento ou as vestimentas de outras pessoas?  Cantar é uma bela forma de oração; o silêncio eucarístico é a manjedoura de nosso encontro místico com Cristo.

Não podemos, nem o sacerdote nem os fiéis, transformar a santa comunhão num ato mecânico e repetitivo a cada hóstia dada; cada comunhão tem um caráter especialíssimo e singular. O momento não é para distrações, divagações ou preocupações mundanas, mas de profunda concentração,  respeito e recolhimento interior. Quantas destas distrações não resultaram em hóstias no chão! Uma comunhão bem feita é um tesouro de graças inimagináveis para o penitente, para o sacerdote, para toda a Santa Igreja.
Eucaristia I: Primeira Parte (Primeiro Domingo de Agosto)
Eucaristia II: Segunda Parte (Segundo Domingo de Agosto)
Eucaristia III: Terceira Parte (Terceiro Domingo de Agosto)
Eucaristia IV: Quarta Parte (Quarto Domingo de Agosto)

sábado, 25 de agosto de 2012

DA VIDA ESPIRITUAL (23)



Quem me dera pudesse compreender, com a mais pura razão, o valor do meu amor humano... Seria o possível diante da completa inutilidade da minha humana imaginação buscar, no fundo da minha alma, um mísero resquício do que poderia ser o amor de Deus por mim...

ORAÇÃO: 'CONFITEOR'


CONFITEOR ('Confesso') é uma oração penitencial em que nós, reconhecidos dos nossos pecados, buscamos a misericórdia e o perdão de Deus. É uma oração que tem origem nos primórdios do Cristianismo. O texto abaixo é a forma completa da oração, introduzida no rito da Missa no Século XI. Na missa atual, é rezada uma versão abreviada, mantendo-se o costume tradicional de se bater no peito ao se recitar 'minha culpa, minha tão grande culpa' (na versão abreviada) em sinal de humildade.

CONFITEOR Deo omnipotenti, beatae Mariae semper Virgini, beato Michaeli Archangelo, beato Ioanni Baptistae, sanctis Apostolis Petro et Paulo, et omnibus Sanctis, quia peccavi nimis cogitatione, verbo et opere: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa. Ideo precor beatam Mariam semper Virginem, beatum Michaelem Archangelum, beatum Ioannem Baptistam, sanctos Apostolos Petrum et Paulum, et omnes Sanctos, orare pro me ad Dominum Deum nostrum. Amen.

                                                                                         (áudio)

Confesso a Deus Todo-poderoso, à bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado João Batista, aos santos Apóstolos Pedro e Paulo, e a todos os santos, que pequei muitas vezes por pensamentos, palavras e ações, por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa. Por isso, peço à bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado João Batista, aos santos Apóstolos Pedro e Paulo, e a todos os santos, que oreis por mim a Deus, Nosso Senhor. Amém.

Versão Abreviada (Missal de Paulo VI):

Confesso a Deus Todo-poderoso e a vós, irmãos, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos Anjos e Santos, e a vós, irmãos, que rogueis por mim a Deus, Nosso Senhor. 

VERSUS: CIÊNCIA X CIÊNCIA

Duas notícias científicas recentes. Na primeira, afirma-se que 95% da energia do Universo é desconhecida. Na segunda, esse dado é irrelevante para se calcular, com precisão matemática que chega a meses e dias, a idade restante do mesmo Universo. Uma terceira notícia é mera referência à opinião de um 'jornalista científico', que sintetiza com enorme clareza o cenário do pensamento científico moderno: na ciência criada por Deus, não há espaço para o próprio Criador.

Notícia 1: "Somos confrontados com uma visão do Universo na qual 95% do conteúdo em energia é-nos desconhecido", afirmou o físico brasileiro Orfeu Bertolami, colaborador da NASA e da Agência Espacial Europeia, em palestra recente em Portugal, intitulada "A Visão Científica do Universo no Início do Século XXI", à respeito das mais novas descobertas sobre os mistérios do Universo. Segundo o pesquisador, "até há duas décadas acreditava-se que o Universo era constituído essencialmente pelas partículas elementares conhecidas. Contudo, há fortíssimas evidências de que a formação de estruturas, requer a existência de matéria que não se manifesta eletromagneticamente - a matéria escura. A natureza e as propriedades desta são enigmas fundamentais da cosmologia moderna", uma vez que se trata do "constituinte dominante do Universo".

                                                                                                                                                (Revista Ciência Hoje)

(Vídeo 'Científico': Sobrevoo Virtual de 2 bilhões de anos sobre o Universo Conhecido: cada ponto do vídeo representa uma galáxia com bilhões de estrelas, circundadas, em muito maior escala, por matéria e energia escuras)

Notícia 2: De acordo com a ciência, o universo tem 13,7 bilhões de anos; a Via Láctea tem 13 bilhões de anos e o Sol e a Terra têm 4,6 bilhões de anos. Agora cientistas chineses acabaram de calcular a idade para o fim do Universo: exatos 16,7 bilhões de anos, admitindo-se um nível de confiança de 95,4%. Antes, porém, da chamada Grande Ruptura, a data limite desse juízo final cósmico, os autores especularam sobre as datas de uma série de outros eventos:



  • a Via Láctea será dilacerada 32,9 milhões de anos antes da Grande Ruptura;
  • dois meses antes do fim do mundo, a Terra será arrancada do Sol;
  • cinco dias antes do dia do juízo final, a Lua será arrancada da Terra;
  • o Sol será destruído 28 min antes do fim do tempo;
  • 16 min antes do fim definitivo, a Terra vai explodir.

  • Dark energy and fate of the Universe
    Li XiaoDong, Wang Shuang, Huang QingGuo, Zhang Xin, Li Miao
    (Site Inovação Tecnológica)

    Notícia 3:  O universo não precisa de deus

    PETER MOON (repórter especial da revista Época)


     deus! É assim mesmo como se lê no título: em letras minúsculas. Por que eu deveria escrever o substantivo “deus” com um dê maiúsculo, se para mim tal entidade não existe? Por que diferenciar o “deus” único com a sagração de uma maiúscula se, para mim, ele em nada se diferencia dos deuses do panteão greco-romano, dos santos da umbanda e do candomblé, das divindades animistas adoradas pelos antigos egípcios ou por tribos amazônicas e africanas nossas contemporâneas?"

    Com todo o respeito, não nos bastaria prescindir dos tolos?

    sexta-feira, 24 de agosto de 2012

    A FÉ EXPLICADA (V)

    MISERICÓRDIA E JUSTIÇA DE DEUS

    Em que medidas se conciliam a misericórdia e a justiça de Deus? Sendo Deus infinitamente misericordioso, como poderia Ele permitir a perda das almas? Que justiça implica em condenar eternamente uma alma por pecados cometidos pela fragilidade humana em períodos tão curtos de tempo? Como conceber, então, a ideia do inferno? Estas questões perpassam a mente de muitíssimos cristãos e tais inquietações são legítimas na medida em que sejam aceitas como uma busca das verdades autênticas da sã doutrina católica. Tornam-se graves ofensas a Deus quando incorporadas pelo descrédito puro e simples ou pela soberba de submeter a sabedoria divina aos ditames da mera percepção humana.

    Se fosse possível falar em um 'atributo maior' de Deus, este certamente seria a misericórdia. Para a salvação de uma alma, Deus faz o possível e o impossível. Se fosse possível falar em um 'atributo essencial' de Deus, este certamente seria a justiça. Deus abomina o pecado. A misericórdia de Deus não tem os laivos da compaixão humana; a justiça de Deus não se pauta por provas e contraprovas, mas de toda a Verdade que habita o coração humano.  A misericórdia de Deus é a medida infinita de Sua justiça. A justiça de Deus é a medida infinita de Sua misericórdia. 

    Se Deus pudesse ser 'mais infinito' em misericórdia do que em justiça, ele seria consequentemente 'menos infinito' em Sua justiça em relação à Sua misericórdia e, assim, não seria Deus, que é infinito em todos os seus atributos. Em Deus, a misericórdia e a justiça são infinitas e, mais ainda, infinitamente conciliáveis porque temperadas pela infinita sabedoria do Criador. O Infinito não tem mais nem menos, não tem caráter relativo em instância alguma. Em Deus, somente age e atua o Absoluto em tudo e em todos.

    À condição humana do pecado, insere-se o domínio do livre arbítrio. O caráter relativo da condição humana é expresso pela capacidade de cada homem optar livremente pelas consequências de suas ações e omissões. O livre arbítrio pode ser espada ou escudo, pode ser caminho ou atalho, pode ser luz ou trevas. A escolha é intrinsecamente pessoal. Tais escolhas são confrontadas a cada dia com uma superabundância de graças e misericórdias dos céus, muito mais do que podemos imaginar, muito além do que seria inconcebível aos limites da compaixão e da caridade humanas. Tais escolhas, incensadas pelo nosso sim ou não à infinita misericórdia de Deus durante toda a nossa vida, serão, ao final de nossa peregrinação terrestre, medidas, provadas e ponderadas no cadinho da justiça infinita de Deus. 

    Uma vez perpassado o Juízo Particular, perpassam igualmente os atributos da misericórdia e da justiça de Deus à nossa condição humana. Não há mais a mobilidade do livre arbítrio, nem a mobilidade das graças, não há mais tempo para nada, apenas o SIM ou o NÃO definitivos, irremediáveis, eternos. A alma humana, então, se une ou se separa definitivamente de Deus no minuto inicial da eternidade. Para o Céu ou para o Inferno, para todo o sempre.

    quinta-feira, 23 de agosto de 2012

    O CÉU É AQUI...

    ORAÇÃO: 'LEMBRAI-VOS' (SÃO BERNARDO DE CLARAVAL)

    São Bernardo nasceu no Castelo de Fontaine, próximo a Dijon (França) em 1090 e tornou-se monge cisterciense, assim como quase toda a sua família que, um a um, lhe seguiram o exemplo. Dedicou toda a sua vida à vivência e ao ensino rigoroso da  regra beneditina: oração e trabalho, sendo fundador de dezenas de mosteiros. Escreveu o 'Tratado do Amor de Deus' e a obra de devoção mariana 'Comentário ao Cântico dos Cânticos'. Foi autor de belíssimas orações e hinos religiosos como o 'Lembrai-vos' e 'Ave Maris Stella' e de invocações como a que se recita no Salve Rainha: 'Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria'. Faleceu em 20 de agosto do ano de 1153. Foi canonizado pelo papa Alexandre III em janeiro de 1174 e proclamado Doutor da Igreja em 1830, pelo papa Pio VIII.


    Lembrai-Vos ('Memorare')
                                                                (São Bernardo de Claraval)

    Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tivesse recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência, reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado. Animado eu, pois, de igual confiança, a Vós, ó Virgem entre todas singular, como Mãe recorro; de Vós me valho, gemendo sob o peso dos meus pecados, e me prostro a vossos pés. Não desprezeis minhas súplicas, ó Mãe do Filho (Verbo) de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia, e de me alcançar o que vos rogo. Amém.

    Memorare, o piissima Virgo Maria,
    non esse auditum a saeculo,
    quemquam ad tua currentem praesidia,
    tua implorantem auxilia,
    tua petentem suffragia,
    esse derelictum.
    Ego tali animatus confidentia,
    ad te, Virgo Virginum, Mater, curro, ad te venio,
    coram te gemens peccator assisto.
    Noli, Mater Verbi, verba mea despicere;
    sed audi propitia et exaudi.
    Amen.