quarta-feira, 8 de julho de 2020

TESOURO DE EXEMPLOS (7/9)


7. SEJAMOS RETRATOS DE DEUS

Não podemos viver profanando e manchando a imagem divina que trazemos em nossa alma. Nosso dever é trabalhar em todos os momentos de nossa vida e com todos os auxílios que recebemos de Deus, para conseguirmos que esse retrato divino seja cada dia mais semelhante ao modelo que temos diante dos olhos. O nosso modelo consumado é Jesus Cristo.

Quem é Jesus Cristo? E' o mistério da pobreza... Apresenta-se no mundo num estábulo. Repousa sobre duras palhas num mísero presépio. Chama a si os pobres: com eles se ajunta e quer que formem a côrte do novo reino que veio fundar neste mundo.

Quem é Jesus cristo? O mistério do trabalho... Encerra-se numa oficina e trabalha para comer o pão amassado com o suor do seu rosto. Anda de cidade em cidade, espalhando a doutrina da verdade e a semente da perfeição. Ele mesmo afirma que não tem uma pedra para repousara cabeça. 

Quem é Jesus Cristo? O mistério da verdade... Fala em toda parte. Fala das doutrinas mais elevadas. Trata dos problemas religiosos, os maiores que jamais foram tratados no mundo. Ouvem-no os seus inimigos, procurando surpreender nEle algum erro... Não o conseguem! Ele é o único homem em cujos lábios jamais apareceu a sombra fatídica do erro e do engano.

Quem é Jesus Cristo? O mistério do amor... Amou até à abnegação mais absoluta, amou até ao sacrifício,  amou os seus verdugos e seus inimigos, amou até fazer-se nosso alimento, amou-nos até a morte de cruz.

Quem é Jesus Cristo? O mistério da humilhação... Lavou os pés dos seus discípulos Subiu a uma cruz e ali, naquele madeiro, que era o patíbulo dos escravos, ali o contemplou a humanidade desnudo e abandonado por todos.

Quem é Jesus Cristo? O mistério da obediência... Obedeceu desde o berço até o túmulo. Não se desviou nem um ápice do caminho que lhe traçou o Pai celeste.

Quem é Jesus Cristo? E' o mistério do poder... Contra Ele se levantaram todos os partidos políticos de sua nação. Os que representavam a lei e a religião coligaram-se também contra Ele. Até os seus amigos mais íntimos na hora da dor o abandonaram. Estava só... Mas, afinal, triunfou sobre todos eles. Hoje, os que ontem o odiavam são pó e cinza levados pelo vento: Ele reina sobre os povos e sobre os corações.

Quem é Jesus Cristo? E' o mistério da glória... Triunfou sobre a morte. Subiu aos céus. Ali está sentado à direita de Deus Pai. Dali há de vir para julgar os vivos e os mortos. E a sua glória não terá fim.

Eis aí, em resumo, quem é Jesus Cristo. Todos os santos procuraram ser reflexos perfeitíssimos desse Deus que, como diz Santo Agostinho, para isso precisamente se fez homem, para que tivéssemos o modelo mais admirável de Deus. Trabalhemos e copiemos as divinas virtudes que nEle resplandecem.

8. O PAJEM SALVO PELA MISSA

Tinha Santa Isabel de Portugal um  pajem muito virtuoso e piedoso a quem encarregava de distribuir as suas esmolas.  Outro pajem, que ambicionava aquele cargo e por ser muito invejoso, acusou-o junto ao rei de um grande crime, de um pecado muito feio. Acreditou o rei nas mentiras do pajem perverso e resolveu matar o pajenzinho da santa rainha.

Ordenou a um homem, que tinha um forno de cal, que lançasse ao fogo o primeiro criado que chegasse para informar-se se haviam cumprido as ordens do rei. Em seguida mandou o pajenzinho que fosse levar tal recado ao dono do forno. O rapaz partiu imediatamente mas, ao passar diante de uma igreja e ouvindo tocar o sino para a missa, resolveu ouvi-la antes de ir adiante.

Enquanto a ouvia, o rei, impaciente de saber se o pajem da rainha tinha morrido, mandou o outro pajem caluniador que fosse perguntar ao homem do forno se este havia executado a ordem do rei. Correu tão depressa que, chegando primeiro ao forno e dando o recado, o homem imediatamente o lançou ao fogo. Estava ainda ardendo quando, pouco depois, chegou o pajenzinho da rainha, que assistira toda a missa e perguntou se haviam cumprido a ordem do rei.

Tendo recebido uma resposta afirmativa, correu ao palácio para comunicá-la ao rei. Este, ao ver o rapaz, ficou estupefato e adivinhou as secretas disposições da Providência Divina, que permitira o castigo do culpado e a salvação do inocente. Um menino chamado Renato, a quem o pai contou este caso, ficou tão impressionado que, não somente quis ouvir muitas missas, como ainda quis fazer-se padre para poder celebrar para outros o Santo Sacrifício.

9. O MENINO QUE FOI ENFORCADO TRÊS VEZES

Estamos na Palestina, pátria de Jesus, onde se pronunciou a primeira Missa e os Apóstolos fizeram sua primeira comunhão. O que é hoje a Palestina? Terra de desolação, de maometanos, cismáticos, judeus e poucos católicos.

Um menino cismático de oito anos começou a sentir-se atraído à religião católica, a seus cantos e festas, que lhes eram contados por seus companheiros. Um dia quis ir ver de perto. Com muito segredo, por temor dos pais, assistiu à missa numa capela. Ficou encantado. Depois da missa continuou ali com as crianças do catecismo. Terminada a cerimônia, o padre, que não o conhecia, aproximou-se dele para saudá-lo carinhosamente.

O coração estava ganho e o menino, às escondidas, continuou a ouvir a missa todos os domingos. Um dia, porém, o pai descobriu e perguntou-lhe:
- Você esteve com os malditos católicos?
- Sim, papai.
- Eu não lhe proibi isso?
- Sim, senhor.
- Jura-me que não voltará lá?
- Não posso, pois em meu coração já sou católico.
- Então você não jura?
- Não, senhor.
- Enforcá-lo-ei então...
- O senhor pode enforcar-me.

Passou o bárbaro uma corda a uma viga do teto e o laço ao pescoço do filho e puxou-o para cima. Quando os pezinhos do menino deixaram de mover-se, o pai o desceu, soltou o laço e, vendo que ainda estava vivo, disse:
- Agora você me promete não ir mais ter com aqueles malditos...
- Não, papai, não posso.
Por uma segunda e uma terceira vez repetiu o pai o cruel suplício, mas não conseguiu mudar o propósito do menino. Disfarçando, então, a sua cólera, tentou o bárbaro pai outros meios. Tomando em seus braços o corpo extenuado do pobrezinho, lhe disse:
- Mas, meu filho, você não me ama?
- Amo-o, papai.
- Como é, pois, que não quer me obedecer?
- E' que eu amo a minha alma mais do que amo ao meu pai.

O menino, pouco a pouco, recobrou as forças e logo se fez batizar, tornando-se católico. Seu pai e sua mãe morreram de tifo no ano seguinte e não muito depois teve o pequenino mártir a morte de um santo.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

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