sábado, 18 de julho de 2020

CINCO REMÉDIOS CONTRA A TRISTEZA (São Tomás de Aquino)


Primeiro Remédio: conceder um prazer a si mesmo

Sabemos hoje que o chocolate é antidepressivo. Talvez pareça uma ideia materialista, mas é evidente que uma jornada cheia de amarguras pode terminar bem com uma boa cerveja. Que algo assim seja contrário ao Evangelho é dificilmente demonstrável: sabemos que o Senhor participava com gosto em banquetes e festas, e tanto antes como depois da Ressurreição desfrutou com gosto das coisas belas da vida. Inclusive, um salmo afirma que o vinho alegra o coração do homem (apesar de que é preciso esclarecer que a Bíblia condena claramente os excessos). 

Segundo Remédio: o pranto

Muitas vezes, um momento de melancolia é mais duro se não se consegue encontrar uma via de escape, e parece como se a amargura se acumulasse até impedir de levar a cabo a menor tarefa. O pranto é uma linguagem, um modo de expressar e desfazer o nó de uma dor que às vezes nos pode asfixiar. Lembremos que também Jesus chorou.

Terceiro remédio: a compaixão dos amigos 

Vem à cabeça o personagem do amigo de Renzo, no famoso livro 'Os Noivos' que, numa grande casa desabitada, por causa da peste, vai enumerando as grandes desgraças que sacudiram a sua família: 'São feitos horríveis, que eu jamais creria que chegaria a ver; coisas que tiram a alegria para toda a vida; mas falá-las entre amigos é um alívio'. É algo que é preciso experimentar para perceber. Quando alguém se sente triste tende a ver tudo cinzento. Nessas ocasiões, é muito eficaz abrir a alma com algum amigo. Às vezes, basta uma mensagem ou uma breve chamada telefônica e o horizonte ilumina-se de novo. 

Quarto Remédio: a contemplação da verdade

É o chamado fulgor veritatis de que fala Santo Agostinho. Contemplar o esplendor das coisas, na natureza ou uma obra de arte, escutar música, surpreender-se com a beleza de uma paisagem… pode ser um eficaz bálsamo contra a tristeza. 

Quinto Remédio: dormir e tomar um banho

O quinto remédio proposto por São Tomás de Aquino é o que talvez menos se poderia esperar de um mestre medieval. O teólogo afirma que um remédio fantástico contra a tristeza é dormir e tomar um banho. A eficácia do conselho é evidente. É profundamente cristão compreender que, para remediar um mal espiritual, às vezes, é necessário um alívio corporal. Desde que Deus se fez Homem, e portanto assumiu um corpo, o mundo material superou a separação entre matéria e espírito. Um preconceito muito difundido é que a visão cristã do homem se baseia na oposição entre alma e corpo, e este último seria sempre visto como uma carga ou obstáculo para a vida espiritual. Na verdade, o humanismo cristão considera que a pessoa (alma e corpo) acaba completamente espiritualizada quando procura a união com Deus. 

Com a ajuda destes cinco remédios, poderá realizar-se então a promessa de Jesus: 'Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria'! (Jo 16, 20)