Sobre o que deves saber, que a meditação é o fundamento; é a alma da oração, por isso quanto possa ser, não deves passar uma só palavra, que não seja acompanhada da meditação; se a tua oração assim fora feita, o seu coração se moveria, as tuas resoluções seriam fortes, os teus propósitos seriam firmes, o seu afetos para com Deus seriam grandes; finalmente desprezaria o mundo com todas as suas vaidades e de todo te entregarias a Deus; mas porque já fazes as orações a tantos anos, e ainda não tens colhido estes frutos, é sinal muito provável que não tem sido boas as suas orações.
Portanto nunca te apresses nas tuas orações; porque a pressa diz um dos Santos Padres, é a peste da oração; e na verdade, onde há pressas, há sempre irreverências, falta de atenção e de respeito. Todo aquele que se apressa nas suas orações, mostra claramente o pouco peso que dá as coisas santas; e ainda melhor mostra o que é, quando nas coisas do mundo é mais bem pronunciado e aperfeiçoado, do que nas conversas que tem com Deus nas orações.
E quanto há disto? Nas conversas do mundo, muita atenção, muita gravidade e respeito; e vai-se a conversar com Deus na oração; já tudo são pressas, irreverência, falta de atenção e de respeito, e muitas vezes sono; finalmente tudo vai com fastio e aborrecimento! E o que significa tudo isto? É que já há muita pouca fé, ou não consideram com quem falam na oração, nem disso se lembram; não conhecem a Deus, nem formam a ideia que devem formar da sua grandeza e Majestade!
Assim é, meus irmãos; reza-se muito mal, muito mal! As orações vão quase todas perdidas por não serem feitas como devem ser; se todos fizessem boas orações, elas seriam acolhidas, a vida seria reformada e todos seriam santos. Ora pois fazei vossas orações o melhor que puderdes; ide considerando no que fordes rezando, para desta sorte serem ouvidas e acolhidas por Deus.
(Excertos da obra 'Missão Abreviada', do Pe. Manuel José Gonçalves Couto)