segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

OS SONHOS DAS TRÊS ÁRVORES

Numa floresta erma, três pequenas árvores cresciam juntas e, no tempo em que as árvores falavam e sonhavam, também sonhavam juntas.

Suspirando, a primeira árvore, olhando ao longe, disse às outras duas: 'Eu queria guardar um dia os tesouros mais preciosos do mundo'. 

A segunda completou de imediato: 'Pois eu queria fazer parte de muitos navios que levassem reis e rainhas, carregados dos tesouros mais preciosos'.

A terceira árvore ousou ainda mais longe no diálogo dos sonhos: 'Eu queria ser tão grande e imponente que pudesse não apenas carregar e transportar os maiores tesouros do mundo, mas me tornar eu mesma um bem mais valioso que todo o ouro do mundo'.

E os anos passaram como se passam os sonhos. Certo dia, finalmente vieram alguns lenhadores e de imediato passaram a cortar aquelas três árvores tão próximas e tão singulares. As árvores estavam ansiosas para se cumprir os seus sonhos, mas era infelizmente um tempo em que os lenhadores eram apenas homens práticos e não dados a ouvir e a dar realidade a devaneios de árvores sonhadoras...

A primeira árvore foi transformada em muita lenha e em um pequeno coxo, que guardava apenas feno, e que era usado para alimentar animais de uma estrebaria. 

A segunda árvore virou madeira para a construção de pequenos e simples barcos de pesca, que carregavam tão somente rudes pescadores, peixes e redes de pesca. 

A terceira árvore, por sua vez, que havia se tornado mais imponente que as outras duas, foi cortada e recortada num monte de vigas e tábuas, que foram armazenadas em um velho depósito.

E como árvores que sonham tem sentimentos, as três se perguntavam então desiludidas: 'que destino triste o nosso, de que valeram os nossos belos sonhos?'

Mas, numa certa noite, cheia de luz e de estrelas, uma jovem mulher depositou o seu bebê recém nascido no pequeno coxo feito da primeira árvore e fez dele uma manjedoura. 

Anos depois, um homem falou a rudes pescadores num pequeno barco feito da segunda árvore que faria deles 'pescadores de homens' e este mesmo homem, em outro pequeno barco feito da segunda árvore, acordou no meio de uma grande tempestade e fez o mar revolto se acalmar de pronto com uma simples ordem: 'Acalmai!'

Tempos mais tarde, numa sexta-feira, algumas vigas da terceira árvore foram retiradas do velho depósito e foram unidas em forma de cruz; e nela foi pregado um homem cujos braços abertos resgataram a humanidade do pecado e legaram a salvação ao mundo.

E Deus fez entender às três árvores que os seus sonhos tinham sido realizados muito além do possível.

(Livre adaptação do autor do blog de um antigo conto de Natal)