terça-feira, 30 de junho de 2015

HORA SANTA DE JUNHO

(Hora Santa Especial por Todos que Sofrem)

Nós vos adoramos, ó Deus Sacramentado, nós vos bendizemos, Redentor do mundo; nós vos amamos, Jesus, na formosura do vosso Coração Agonizante. Somente Vós sois grande, somente Vós sois santo na pequenez da Divina Hóstia. Vós sois o Altíssimo no mistério do sacrifício incruento. Glória, pois, a Vós, que sendo o Deus do Céu, viveis no Getsêmani do Santo Tabernáculo! Glória a Vós, Jesus - Eucaristia, nas alturas dos vossos anjos; louvor a Vós, no coração dos homens! Em nome de todos os homens, e, em especial, em nome de todos os homens que sofrem com amor e fé, nós adoramos as lágrimas, a solidão, o abandono, as angústias, todas as amarguras e agonias do Vosso Sagrado Coração! Cremos que Vós sois o Cristo, o Deus - Homem de todos os sofrimentos.

(Ofereça esta Hora Santa ao Coração de Jesus, ferido e agonizante, como um pleito de resignação e amor, em seu próprio nome e de todos os que sofrem)

(Breve pausa )  

(Lento e entrecortado) 

AS ALMAS

Ó Jesus, nós temos sido arrastados pela força irresistível do Vosso amor e de Vossas lágrimas em direção ao abismo do Vosso Coração! Ó quanta beleza do Céu na Vossa tristeza! Um Céu de consolação e de glória para todos nós! Que mistério insondável e que grande consolo é saber que Vós chorastes! Que divina eloquência brota de Vossa palavra de paz que, ao sair dos Vossos lábios, trêmulos de emoção e entre soluços, sobe do mais íntimo da Vossa alma, triste até a morte! E agora, aqui estamos nós, trazendo aos Vossos pés a oferta não só das nossas próprias dores, mas também os sofrimentos de tantas almas infelizes que Vos adoram. Ó Jesus, Vós conheceis bem este oceano de dores, cujas águas amargas submergiram a Vossa santíssima alma.

Em primeiro lugar, adorável Mestre, pedimos por aqueles que padecem na pobreza ou enfermidades. Mesmo aqui, durante esta Hora Santa, Senhor, entre aqueles que vieram para estar Convosco, ou entre os seus entes queridos, talvez haja algum doente; há certamente alguém pobre... Ó com que grande compaixão Vós tendes sempre olhado os enfermos! Com que ternura Vossos olhos buscaram o leproso, o paralítico, os feridos e os cegos, para curar a todos com um sorriso e uma bênção de amor! E se esses inválidos ou aqueles que sofriam não podiam ir a Vós, Vós íeis ao encontro deles! Seja abrindo um caminho no meio da multidão; seja buscando-os à beira das estradas; a uns simplesmente olhando com amor, a outros, tocando com as Vossas mãos ... a todos curando de corpo e de alma!

Mas hoje, há mais pobres do que doentes. Há muitas pessoas que trabalham duramente e padecem grandes privações; muitos estão sem pão, sem abrigo, sem consolo, sem remédios para ter algum alívio. Mas o que podemos Vos dizer que já não conheceis sobre os sofrimentos dos pobres? Vós, que fostes pobre em Nazaré, que padecestes fome e que, mais do que tudo, tivestes de suportar o desprezo arrogante que o mundo tem por aqueles que não têm nem casa, nem terras, nem dinheiro. Não diziam os acusadores: 'O que pode Ele saber? O que pode Ele pleitear em favor de Israel? O que pode alguém de Nazaré pretender ser, não passando de filho de um humilde carpinteiro?'

Recordai nesta noite, Jesus, de tais humilhações e ponde os Vossos olhos sobre tantos pobres e doentes que padecem! Durante esta Hora Santa, ousamos pedir que Vós possais prodigar a eles o dom da Vossa paz e o doce consolo da vossa bênção, que difunde em profusão milagres de ternura. Jesus, dai a eles o mérito e a recompensa pela Vossa resignação! E, se isso for para Vossa maior glória, dignai-Vos conceder alívio para os doentes, os pobres, e os necessitados; Vós que tivestes desvelo pelas flores do campo e pelas aves da montanha, abençoai com especial ternura, desta Hóstia Consagrada, todos os Vossos filhos afligidos, sobre quem Vos pedimos derramar a água viva e as benesses do Vosso Sagrado Coração!


(Pausa) 

(Lento e entrecortado) 

Lembrai-Vos também, amado Mestre, daqueles que padecem contradições e reveses humilhantes. Senhor, com que amorosa e sábia Providência Vós permitis, muitas vezes, que nossos projetos se desvaneçam como fumaça e, para nossa grande surpresa, depois de muito cuidado e trabalho, colhemos apenas espinhos que machucam. Quantos dissabores e decepções nos esperam nossos humanos desejos! Vós conheceis os inúmeros contratempos que constantemente cercam as famílias e Vós não os impedis porque eles são realmente para o nosso bem e, assim, não detendes a torrente que tende a solapar as sagradas fundações do lares, embora violente o Vosso Sagrado Coração. Guardais o silêncio do Sacrário quando somos ameaçados por males que, de um modo misterioso, haverão de trazer a redenção para aqueles que amamos.

Vós nos vede chorar! Ó, sim, Vós compartilhastes todo o nosso desgosto e, embora aparentemente ausente, estais muito perto de nós naquelas horas negras de agonia, horas de Getsêmani, que todos os todos os homens deverão passar, para reviver a Vossa própria agonia, Estais sempre ao nosso redor; e ainda que nem sempre sentimos a Vossa doce presença, sabemos que estamos acolhidos nos Vossos braços. Sim, Jesus, por uma feliz experiência, conhecemos as finezas do Vosso coração; e é por isso que nos prendemos sem hesitação, mesmo diante das mortificações mais amargas de nossas vidas, às doces batidas desse Coração que nos ama! Aceitai, Senhor, por estes sofrimentos, amorosa reparação à mortal desolação que vislumbrastes no Jardim das Oliveiras, e a súplica de acolher em Vosso Coração, os corações de todos os que sofrem...


(Todos em voz alta) 

Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!


(Breve pausa ) 

Amado Mestre, são tantos os que aguardam em leitos de agonia a visita do Médico Celestial...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Muitas crianças doentes, Senhor, perderam as suas mães; muitas pessoas idosas e sem abrigo vão morrer sem nenhum cuidado além do amparo da Vossa infinita misericórdia...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Muitos dos Vossos filhos pobres já sofreram durante longos anos sem qualquer ajuda humana, sem qualquer esperança...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Visitai, ó Mestre, as choupanas e os casebres onde reina a miséria; e os cortiços onde pobres mães agonizam, sem outras testemunhas senão criancinhas que padecem de fome...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Com a doce luz que emana do Vosso Doloroso Coração, ilumine as casas que, em lugar da abundância do passado, hoje padecem em silêncio na miséria...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Sejais especialmente misericordioso, Jesus, para com aqueles que sofrem da injustiça humana e com tantos que viram ruir seus projetos de dignidade de vida e de bem estar...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Senhor, não ignoreis tantas pessoas e famílias que sofrem de profundas e contínuas incertezas...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Na luta contínua entre interesses contraditórios e os inevitáveis reveses causados pelos negócios e pelas naturais aspirações da vida, que nunca se concretizam...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Vós que sofrestes, Jesus, a ausência de toda consolação humana, tende piedade de tantos corações pobres, doentes e desiludidos, que clamam um momento, pelo menos, de trégua e de descanso...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!


(Breve pausa ) 

Voz de Jesus

Falastes a verdade: quando viveis o sofrimento na terra, Eu estou muito perto de vós. A cruz será sempre a ponte manchada de sangue que uniu os vossos corações aflitos e desiludidos ao Meu Coração Agonizante! Eis-me aqui, meus filhos queridos... Ouvi a vossa oração em favor dos doentes, dos pobres e de todos aqueles achacados pela indiferença humana. Neste exato momento, quantas graças foram derramadas para tantos do Meu trono da misericórdia, onde acolho as suas vidas de trabalho e de cansaço. Continuai a Me falar sobre o que vos doi e vos entristece, Meu coração precisa destas confidências porque os vossos sofrimentos me comovem. Aproximai-vos então, meus filhos e, unidos na mesma angústia e no mesmo sofrimento comum, vamos chorar juntos. Achegai-vos a Mim e derramai o pranto de vossas almas no Meu divino Coração!


(Pausa )

As almas

O isolamento do Vosso Cativeiro e o silêncio do Sacrário revelam ao mundo o pecado mais intensamente sentido pelo Vosso Coração - o pecado da ingratidão.


(Entrecortado)

Ó Jesus, amais e não sois amado; abençoais e sois amaldiçoado; cumulais de favores os homens e sois recompensado com esquecimento ou insultos! Eis, doce Salvador, o pão muito amargo do Vosso exílio voluntário no meio de nós, eis o preço do Vosso sublime cativeiro no Sacrário! Desta forma, o Getsêmani é prolongado através da séculos. Em desagravo, queremos compartilhá-lo convosco, ó Jesus que dissestes: 'O discípulo não é maior do que o seu mestre, nem o servo mais do que o seu Senhor'. Por isso é que nós, também, às vezes somos convidados a provar do cálice de ingratidão. Nós o aceitamos, Senhor, por amor a  Vós e somente por Vós, porque esta bebida é mais amarga do que a morte. Tende piedade, bom Mestre, por aqueles que sucumbem neste momento sob o peso de tantos sofrimentos. Tende piedade dos lares onde outrora habitaram os filhos das esperanças e das alegrias da família, mas que agora estão desolados, porque estes se tornaram a cruz, e sim, até mesmo, a coroa de espinhos para os pais.

Tende piedade de tantas esposas infelizes, cansadas de sofrer por tormentos que lhes ferem a alma. Tende piedade de tantos fieis dedicados e das almas humildes que foram traídas em sua amizades, zombadas e enganadas dentro de suas próprias casas e feridos por aqueles que foram cumulados pela sua caridade e pelos seus favores. O mundo paga no início com palavras e sorrisos e depois com deslealdade e traição. Porque Vos amamos, Jesus na Eucaristia, por este amor, Vos oferecemos e agradecemos por este cálice de amargura, e Vos pedimos perdoar aqueles que reabrem a ferida do Vosso Amoroso Coração - a mesma ferida profunda que nós mesmos abrimos com a nossa tão grande ingratidão!

(Breve pausa )  

(Lento e entrecortado) 

Ó bom Jesus, tende piedade dos que sofrem de solidão e abandono! Quantas vezes, amado Mestre, depois de ter pregado as maravilhas do Vosso amor, depois de ter multiplicado os Vossos milagres na presença de tantas multidões extasiadas, Vós presenciastes aquelas multidões se afastarem com desconfiança e indiferença em suas almas. E Vós ficastes sozinho e abandonado como estais hoje aqui neste Sacrário, abandonado por tantos dos Vossos filhos! Somente o Pai conhece a medida deste Vosso sofrimento, desta terrível deserção. Vós sabeis, ó Jesus, que muitos, muitos mesmo, nunca experimentaram um amor generoso; são órfãos da vida, que vagueiam no deserto do mundo, sempre com saudades do que lhes deveria ser um lar. Vivem sem nenhum afeto e com amargura em seus corações!

O Getsêmani e o Calvário Vos fazem recordar, Meu amável Jesus, a angústia da solidão. Ó quão terrível é clamar e gritar e constatar que o nosso brado se perde no silêncio! Chorar, sofrer, implorar, amar... para apenas permanecer sozinho, sempre sozinho! Ninguém conhece tal terrível desolação do que Vós, ó Jesus! Então, das profundezas da alma que assim sofre, eleva-se algo da terrível angústia que Vós, amado Salvador, sentistes na agonia daquela Quinta-feira Santa: o cansaço, a repugnância, a fatiga de viver! Diante disso, desfalece por completo o pobre coração humano!

São órfãos que precisam de Vós, Senhor Jesus, nestes momentos de suprema angústia: eles precisam do Vosso Agonizante Coração! Se Vós não vierdes em seu socorro, suas almas desesperadas clamarão pela morte! Mas Vós havereis de vir a eles como nós viemos a Vós nesta noite, para compartilhar esta hora de agonia solitária, convosco e com todos que um dia poderão vir a padecer da solidão e abandono dos seus próprios irmãos,..

(Todos em voz alta)

Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!

Se Vós nos provais, permitindo que, algumas vezes, os nossos próprios entes queridos se esqueçam de nós...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Quando a idade e as enfermidades nos deixar isolados, quebrando os laços familiares que acreditávamos ser imutáveis...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Quando talvez algum dia a pobreza visitar a nossa casa - que é também Vossa - e os amigos nos deixarem sozinhos e somente nos restarem a confiança na Vossa Presença...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Se os acidentes ou contratempos nos atingirmos e estivermos abandonados por aqueles que amamos..
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Se a injustiça humana, grande como é, nos flagelar, não nos abandoneis Senhor Jesus...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Se mesmo aqueles que amamos muito, nos abandonar.. nesta hora de cruel ingratidão, vinde, ó Jesus, porque Vós sois a nossa única esperança...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Se aqueles que receberam o nosso carinho e sacrifícios, nos odiarem algum dia, como Vós mesmo fostes odiado...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
A calúnia dos Vossos inimigos cobriram Vosso divino rosto com opróbrios; quando esta for lançada no nosso rosto e formos humilhados, não nos abandoneis e vinde até nós, Jesus vilipendiado...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
E nas horas de mortal silêncio em que nos encontrarmos sozinhos, submersos pelo esquecimento e pela indiferença cruel das criaturas...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!


(Breve pausa )  

Voz do Mestre

Nunca mais, em vossas horas de solidão e de tomento, estareis longe do Meu coração que vos ama. Sim, que vos ama infinitamente porque vós o amais e sofreis por Ele. Se, quando Eu estava sozinho e esquecido, fostes visitar-Me, se Me consolastes quando estava entristecido por aqueles que se diziam Meus filhos, se tendes tantas vezes quebrado o gelo da indiferença que cerca a minha prisão solitária, como Eu poderia preferir, mesmo que fosse o coro dos anjos, ao apelo de vossas almas que sofrem? Vossas almas precisam descansar em Meu coração para encontrar consolo! Eis aqui este Coração, infinitamente compassivo, para com os vossos sofrimentos: tomai-O, Ele é vosso! Eu, e somente Eu, posso vos retribuir com generosidade divina; não tenhais medo! Eu sei como curar as feridas mais profundas. Vinde; não hesiteis; vinde! Só Eu sei até que ponto a solidão e a ingratidão esmagam a alma. Vinde! Vinde chorar junto a Mim e sereis consolados!


(Pausa ) 

As almas

Em nossos altares, Vosso nome, Jesus, se eleva para alentar todas as nossas adversidades; estais ali como Hóstia, Vítima Consagrada...


(Muito lento e entrecortado ) 

Aqui, nesta Hóstia, Vós sois ignorado e esquecido até mesmo pelos Vossos filhos; habitastes entre nós há tantos séculos com o desejo de continuar seguindo conosco em nossas vidas e ainda não Vos compreendemos! Vós sois amado, mas como um hóspede à distância... quase como um estranho no meio dos Vossos filhos. E, por isso, lamentastes junto à Vossa serva Margarida Maria que a maior de Vossas tristezas é não ser reconhecido pelos Vossos filhos em Vossa própria Casa!


(Breve pausa ) 

Nós Vos agradecemos, amado Mestre, quando nos fazeis sentir o gosto amargo do Vosso Cálice; nós Vos agradecemos... Nossos corações são feridos cruelmente, ó Jesus, quando os nossos entes mais queridos nos ferem e, às vezes, nos condenam, em Vosso Nome, por zelo equivocado ou por motivos que julgam sinceros. Ah, é tão humano julgar os outros! Vós, que tudo conheceis, permitis estas coisas para que possamos colocar toda a nossa confiança em Vós. Vós permitis isso para que possamos reparar também, por meio destes reveses dolorosos, a falta de ternura pelo Vosso Sagrado Coração, mesmo por nós, que somos consagrados à Vossa Glória. Nós Vos agradecemos, então, por estas feridas abertas em nossas almas pela Vossa divina e amorosa mão...

Nós Vos agradecemos também por outra provação - a morte inevitável - que há de vergar sem piedade a todos os mortais; fria e inexorável morte, que nos rouba todos aqueles a quem Vós confiastes ao nosso amor. Lembra-Vos da Vossa tristeza, Jesus, à medida em que aproximavas da casa de Betânia, onde o Vosso amigo Lázaro não habitava mais? Felizmente para nós, Jesus, a fonte dessas lágrimas derramadas na morte do Vosso amigo de coração ainda não secou; sim, os Vossos olhos ainda permanecem marejados pelas lágrimas do Homem-Deus que quis amar com ternura, com todas as emoções e fragilidades do nosso coração humano. Esse Jesus sois Vós, o mesmo Jesus presente na Hóstia, a quem adoramos aqui, de joelhos. Olhai para nós desde o Sacrário e olhai por aqueles que nos deixaram ao longo do caminho e que eram como as fibras do nosso coração. Agora eles se foram de nós e nos deixaram... que separação pode ser tão dolorosa como a separação da morte?

Vós chorastes sobre o túmulo de Lázaro embora soubésseis que haveríeis de ressuscitá-lo em breve. Da mesma forma, apesar da fé viva com que aceitamos as cruzes que Vós nos enviais, permitis que nossas almas sejam esmagadas quando vemos nossos entes queridos partir, para nunca mais voltar. Quando o nosso amor é profundo, essas feridas podem ser cicatrizadas mas, como bem o sabeis, ó Jesus, nunca poderão ser curadas completamente! Jesus, vinde preencher o lugar vazio que a morte impiedosa faz abrir, por Vossa permissão, em nossos corações e lares. Vinde dar alento e resignação aos que ficamos, para que possamos rezar sobre o túmulo dos que partiram. Vinde, Senhor, acalentai a nossa oração pelos nossos mortos tão amados. Que a Vossa luz eterna brilhe sobre eles; que eles possam descansar em paz... no Céu do Vosso Coração!


(Pausa ) 

Antes de terminar esta Hora Santa, pedimos a Vós, Jesus, visitar os recessos mais íntimos das nossas almas, as profundezas do abismo de nossas dores e misérias! Só Vós as conheceis, só Vós!  Como um raio de luz do Vosso olhar doce e profundo, penetrai em nossas almas pois, assim, não há de se quebrar o frágil cristal dos nossos pobres corações. Avançai às últimas profundidades do nosso coração, aos abismos onde se escondem as mágoas e as feridas mais secretas. Curai com as Vossas mãos estas feridas, desconhecidas para todos e que sangram sem parar. Ninguém as conhece, e é melhor que sejam secretas, pois ninguém, a não ser Vós, poderia compreendê-las...

É por isso, Salvador adorável que, passando por certos sofrimentos agudos nesta vida, não choramos, para que o mundo não veja as nossas lágrimas, que não pode compreender. Que alívio podermos, então, falar a Vós, falar livremente e somente a Vós que, na vida sacramental, experimenta amarguras infinitas, sem que ninguém seja capaz de realmente compreendê-las. Só Vós, Senhor, podeis saber tudo, tudo... Lançai Vosso olhar às profundezas das nossas almas, mas que seja um olhar de piedade. Foi no Getsêmani, sob violenta tensão, que jorrou esta fonte de lágrimas, que não fluiu como uma torrente, mas que se irrompeu como um suor de sangue.


(Lento e entrecortado ) 

Ficar em silêncio quando se sente morrer no escondimento, em agonia interior... ficar então em silêncio é como morrer duas vezes. Esta tristeza é bem conhecida por Vós, Divino Sofredor do Monte das Oliveiras! As apreensões das mães, a inesperada separação das almas, os medos mais escuros, os temores dos pais... as angústias e decepções, as incertezas dos sacerdotes, as muitas dores que padecem tantas boas almas, mantendo  intacta para Vós, ó Jesus-Hóstia, a virginal beleza de tantos sofrimentos, que fazem parte todos dessas dores misteriosas! A Hora Santa é a hora das confidências e das consolações... se abrimos nossas almas entristecidas para Vós, Jesus, é menos para reclamar do que para Vos oferecer os maiores tesouros de nossas mais secretas dores e aflições, e todas aquelas amarguras que não têm nomes próprios na linguagem do mundo. Aceitai-as, Senhor, pelas mãos da Rainha das Dores, para o triunfo do Vosso amor!


(Todos em voz alta)

Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!


Sim, Jesus, santificai as contradições que suportamos dos bons e o sofrimento causado a nós pela injustiça frequente dos homens...
Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Aceitai as mortificações que nos imputam aqueles de quem menos as esperamos e que nos causam profundas desilusões...
Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Aceitai, Senhor, qual uma coroa de flores, a lembrança dos nossos falecidos e abençoai-os porque nos deixaram apenas em resposta ao Vosso chamado divino...
Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Aceitai as lágrimas de resignação que temos derramado sobre os túmulos de nossos entes queridos e lembrai-vos particularmente dos pequenos órfãos e das famílias em luto...
Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Vinde, querido Salvador, para compensar a perda dos filhos pródigos que deixaram as suas casas; eles deixaram um lugar vazio que só Vós podeis preencher...
Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Olhai, Senhor, os espinhos escondidos em nossas almas e aceitai estes tantos sofrimentos desconhecidos, que piedade humana alguma saberia consolar...
Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Aceitai as apreensões das mães, o desvelo de tantos pais, os esforços perseverantes e muitas vezes aparentemente estéreis de tantos sacerdotes; vinde, Jesus, tomai sem reservas as nossas almas entristecidas, porque elas são Vossas apenas..
Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!

(Pausa )  


Voz do Mestre

Filhos do Meu amor, quão doce e consoladora esta hora tem sido, esta hora durante a qual vós tendes mostrado a Mim as mágoas profundas que atormentam as vossas almas, enquanto eu vos deixo penetrar na ferida aberta e ensanguentada do Meu Sagrado Coração. Ah! que semelhança feliz de sofrimento! Como nos assemelhamos uns aos outros, quando estamos de luto no mundo por padecer as amargas aflições da terra! Eis com se vos depara o Getsêmani, assim como foi para Mim um santuário de oração e da redenção perpétua! Amai-vos uns aos outros, como irmãos em sofrimento; amai-vos uns aos outros, Meus amigos, e que os nossos corações possam se encontrar na via dolorosa; amai-vos uns aos outros, Meus filhos, no caminho da Cruz!

(Lento e  entrecortado)

Vinde a Mim, todos os que sofrem na pobreza e na doença. Apressai-vos! Trazei sob Meus Pés a carga de todas as vossas aflições: Vinde a Mim ... e Eu vos darei o consolo das profundezas do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto!

Vinde a Mim todos os que sofrem as contradições das criaturas, todos que padecem a injustiça dos homens, todos os que experimentaram reveses da fortuna e transtornos em vossas famílias: Vinde a Mim ... e Eu vos darei refúgio no santuário do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto!

Vinde a mim todos os que choram a ingratidão dos amigos, e, sim, às vezes, até a ingratidão dos membros de sua própria família. Não tardeis, porque esta dor oprime e congela a alma; vinde a Mim... e Eu vos darei  o calor das chamas do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto!

Vinde a mim, vós que arrastais uma existência intolerável e maçante, vós que viveis no tédio e no isolamento; vós, os esquecidos. Vinde a Mim, vós que tendes sentido, desde o alvorecer da vida, o cansaço do exílio, jogai-vos em Meus braços: Vinde a Mim... e Eu vos darei o consolo do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto!

Vinde a mim, vós que sois desprezados e mal compreendidos até mesmo por homens bons; vós, que sois acusados por causa dos esforços que empreendem em favor da Minha Glória; vinde a Mim ... e Eu vos darei o cálice refrescante do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto! 

Vinde a mim, vós que estais de luto, que chorais a perda de um filho, de uma mãe, de uma esposa, de um irmão; vinde sem demora ao meu Sacrário, vós que padeceis em vossas casas das dores da morte e das lágrimas: vinde a Mim ... e eu vos darei a paz inefável do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto!

Vinde a Mim; levantai os vossos corações a Mim, pois o tempo é apenas uma sombra que passa e o Céu é eterno; vinde, vós que tendes sede de amor e de justiça; Eu sou o vosso Deus e é por vós que tenho padecido os horrores da mais cruel agonia; erguei-vos e tomai, com coragem, o Pão vivo, a Minha Eucaristia, para fortalecê-los na luta: vinde a Mim... e Eu vos darei o Paraíso do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto!

(Pausa)

As almas

Que tenho eu, Senhor Jesus, que Vós não me destes, incluindo o tesouro das minha lágrimas? 
O que eu sei que Vós não me ensinastes; acima de tudo, a ciência do sofrimento por amor? 
O que posso fazer se Vós não estiveres ao meu lado; de que vale o meu pranto sem a Vossa agonia na Cruz? 
O que eu sou, se eu não estiver unido a Vós nos sofrimentos do Calvário?

Jesus, por causa da Vossa Cruz e das minhas cruzes, perdoai as minhas faltas com que Vos tenho ofendido tanto! Porque me criastes sem eu ter merecido e, apesar da minha indiferença para com a vossa Paixão, me redimistes sem a minha cooperação. 

Muito fizestes ao me criar, muito mais ainda em me redimir e não sereis menos glorioso em perdoar-me; porque o sangue que derramastes e a morte acerba que padecestes não foram pelos anjos que Vos adoram nas alegrias celestes: foram por mim e por tantos outros pecadores como eu, que gemem em expiação dos seus pecados. 

Se eu Vos neguei, deixai-me reconhecer-Vos na beleza da Vossa agonia na Cruz; se eu Vos ofendi, deixai-me servir-Vos no sofrimento, para a maior glória e triunfo do Vosso Sagrado Coração! Que venha a nós o Vosso Reino!

 ATO DE CONSAGRAÇÃO


Divino Agonizante do Getsêmani, Jesus Sacramentado, dignai-vos unir o vosso Precioso Sangue e os vossos sofrimentos às aflições destes filhos do Vosso Coração; dignai-vos aceitar, abençoar, aliviar as nossas cruzes! Obtende delas maior glória para Vós e para a redenção de muitas almas pervertidas pelos prazeres do mundo. Chamai e amai com especial ternura aqueles que ninguém ama; curai as feridas abertas pela indiferença dos filhos ingratos e dos amigos desleais! Vós que conheceis a fonte das nossas lágrimas, tornai-as menos amargas e santificai-as pela virtude milagrosa da vossa Cruz.

Prisioneiro divino do Sacrário, visitai, com um raio da vossa luz, os aflitos, os amargurados pela vida, os seduzidos pelos prazeres ilusórios. Confortai os abandonados, cuja beleza da alma é tantas vezes desconhecida ou desprezada. Ensinai-nos a ciência de sofrer em paz e com fé e concedei-nos o dom bendito e tão raro de saber consolar. Dai aos nossos sofrimentos uma força divina, uma força irresistível que impulsione o nosso coração ferido em direção ao abismo do Vosso Sagrado Coração. Neste Paraíso, queremos viver e sofrer por Vossa causa e pelo Vosso amor, arrancando dele os espinhos para torná-los o diadema de nossa própria glória. 

Sede o Rei do mundo, Vós que sois o Deus-Homem das dores. Dominai vitorioso sobre o mundo e curai as feridas abertas pela falta de piedade e pela injustiça dos homens. Mestre amantíssimo, Jesus, Divino Consolador de todas as lágrimas, vinde ter conosco quando sofremos; apressai-vos, porque as nossas dores não tardam e tornam-se insuportáveis quando choramos longe de Vós! Não afasteis de nós, Jesus de Nazaré, os espinhos da via dolorosa e nem as desolações do deserto, mas não nos recuseis nunca a Vossa presença adorável, o Vosso divino olhar, as bênçãos de vossas mãos ensanguentadas!

Não vos pedimos que envieis um anjo para nos sustentar nas nossas horas de agonia! Pedimos por Vós, Jesus, somente por Vós, porque nos legastes o direito de compartilhar as Vossas lágrimas com as nossas lágrimas. Dai-nos a paz em nossas tribulações, dai-nos força e, se quiseres, dai-nos o consolo do Cálice do Vosso Coração Agonizante! Pela Vossa Cruz e pelas nossas cruzes, que venha a nós o Vosso Reino!

Um Pai Nosso e uma Ave Maria pelos agonizantes e pelos pecadores.
Um Pai Nosso e uma Ave Maria pelo triunfo universal do Sagrado Coração, especialmente pela Comunhão diária, a Hora Santa e a entronização do Sagrado Coração nas famílias.
Um Pai Nosso e uma Ave Maria pelas intenções particulares de todos os presentes.
Um Pai Nosso e uma Ave Maria pelo nosso país.

(5 vezes)

Sagrado Coração de Jesus, venha a nós o Vosso Reino!

(3 vezes)

Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!


São José, rogai por nós!
Santa Margarida Maria, rogai por nós!

(Hora Santa de Junho, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey, tradução integral pelo autor do blog)