sexta-feira, 28 de maio de 2021

PARA VIVER A DIVINA MISERICÓRDIA UM DIA POR SEMANA³

 

Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós,
eu confio em Vós!

'Fala ao mundo da Minha Misericórdia, que toda a humanidade conheça a Minha insondável misericórdia. Este é o sinal para os últimos tempos; depois dele virá o dia da justiça. Enquanto é tempo, recorram à fonte da Minha Misericórdia'

Intenção do Dia - Terceira Semana

dedicar-me ao silêncio interior, buscando uma maior intimidade com Deus

apaguem-se os ruídos de toda lida / para que não me revolvam as vertigens de fora / que o Meu Deus recline a sua face / no mais íntimo da minha alma

quinta-feira, 27 de maio de 2021

SOBRE O PECADO DO ESCÂNDALO

A palavra escândalo, em sentido próprio, significa obstáculo. Em linguagem teológica, significa a palavra, ação ou omissão, que é para o próximo ocasião de pecado. O escândalo diz-se direto, quando premeditada e deliberadamente se intenta o pecado do próximo; indireto, quando embora não se intente o pecado do próximo, suficientemente se prevê que as nossas palavras, ações ou omissões o induzirão a pecar.

Há escândalo direto quando se induz o próximo ao mal, aconselhando, ajudando, mandando, aprovando ou aplaudindo. Quem deliberadamente induz o próximo a pecado grave, peca gravemente contra a caridade e contra o preceito ou virtude a cuja violação o induz. Quem aconselhar outro a cometer um furto, deve na confissão declarar 'induzi o meu próximo a furtar', e acrescentar logo a qualidade e a quantidade do furto.

O proprietário que, sem justo motivo, induz os criados ou operários a trabalhar ao domingo e dias de festa, peca, e deve dizer na confissão que obrigou os seus servos ou empregados a trabalhar em dia de festa de preceito. É evidente que uma coisa é induzir o próximo a roubar e outra a jurar falso; uma coisa é levá-lo a trabalhar ao domingo; outra violar a castidade; e, por isso, na confissão deve-se declarar qual a espécie de pecado que se induziu alguém a cometer.

Há escândalo indireto quando, não havendo intenção de induzir o próximo a pecar, faz-se ou se omite, sem justo motivo e causa suficiente, qualquer coisa que se prevê irá servir de ocasião de pecado ao nosso semelhante. É escândalo indireto falar mal dos superiores eclesiásticos e civis; porque de tais palavras decorre, nos que as ouvem, o desprezo da autoridade e, com o desprezo, a perda de influência da mesma autoridade e o desprestígio da religião.

Dá ocasião ao pecado, e por isso escandaliza, quem distribui maus livros ou imagens indecentes. Este escândalo será direto ou indireto, segundo houve ou não intenção de induzir os outros a pecar ou apostatar da fé. Se houve tal intenção, além do pecado de escândalo, também se pecou contra a caridade num caso e, no outro, contra a fé.

O escândalo indireto também pode nascer do mau exemplo. De fato, não poucas vezes o nosso mau exemplo arrasta os outros ao mal e enfraquece ou pelo menos leva a apagar, nas almas débeis e frouxas, todo o temor ao pecado. Essas almas facilmente raciocinam dessa forma: 'Se os outros não fazem caso desse ou daquele pecado, para que hei de eu ser escrupuloso onde os outros não veem motivo de reparo? Não serei eu o primeiro nem o último a fazer isto'. É, pois, inegável a sedução e perniciosa influência do mau exemplo. Essas almas tenras e débeis nunca cometeriam tais pecados, se não fossem os maus exemplos que lhes foram dados.

Trabalhar nos dias de festa sem necessidade e em lugar onde todos podem ver ou transgredir publicamente o preceito da abstinência, é dar ocasião de que outros cometam as mesmas faltas e, por isso, é escândalo. É também escândalo pronunciar más palavras, rogar pragas diante de crianças, porque tomam daí ocasião de as aprender e de contrair o mau costume de as repetir.

Outra coisa será transgredir os citados preceitos ou pronunciar essas más palavras diante de cristãos fervorosos que, com certeza, não se deixarão arrastar pelo mau exemplo; ou de maus cristãos que, sem o mau exemplo, já transgridem esses preceitos e já têm o mau costume de profanar os nomes santos. Nestes casos, o mau exemplo não seria ocasião de pecado e, por isso, não se juntaria o pecado de escândalo aos pecados que foram cometidos.

A vida da alma é muito mais nobre e preciosa do que a do corpo. Se temos obrigação de não danificar a esta, muito mais a temos de não prejudicar aquela. Portanto, falta-se ao amor do próximo se, sem motivo, se lhe dá ocasião de pecar. Dar ocasião a faltas leves dos outros, é pecado venial. Se não se advertiu na malícia de um ato gravemente escandaloso, o pecado será ainda leve. E quem não conhece nem sabe que dá escândalo, não comete pecado algum. É necessário evitar o escândalo a todo o custo, e não dar ao próximo ocasião de pecado, nem mesmo venial. Se, para tanto, fosse preciso omitir uma ação por si mesma indiferente, ou mesmo boa, ou até às vezes prescrita pela Igreja, teríamos obrigação de omiti-la para evitar o escândalo.

Vejamos alguns exemplos: uma pessoa sabe, por experiência, que sua presença num passeio público em determinadas circunstâncias é ocasião de pecado grave para outra. A caridade cristã exige-lhe que durante algum tempo não apareça em tal passeio, se o puder fazer sem grave incômodo. Disse 'por algum tempo', e 'sem grave incômodo', porque ninguém está obrigado a privar-se de um passeio honesto por muito tempo, o que de per si seria incômodo grave e um sacrifício extraordinário que Deus não exige de nós para evitarmos os pecados dos outros.

Animado de sincero e ardente desejo de perfeição, desejarias receber frequentemente os sacramentos, mas prevês que o teu procedimento dará motivo a escárnios contra a religião e a calúnias contra ti ou outras pessoas. Que fazer? Procura, se podes, com prudentes e ajuizadas observações, prevenir o escândalo. Se nada conseguires, podes deixar os sacramentos, se prevês que será este o meio eficaz de evitar o escândalo. Mas isto uma ou duas vezes, e não por muito tempo, porque a caridade bem ordenada começa por nós; e seria loucura, a pretexto de não prejudicar a alma do próximo, causar grave dano espiritual a ti mesmo. Do mesmo modo, para evitar o escândalo e a ocasião certa de alguém cometer pecado grave, por exemplo, contra a castidade, poderás uma vez por outra deixar de assistir à missa de obrigação. E, se para evitar o escândalo se vai até omitir obrigações, com maior razão se deverá ir até omitir certas ações por si mesmas indiferentes ou até mesmo boas.

No caso de haver motivos justos e particulares para fazer qualquer coisa de que o próximo se vai escandalizar, devemos explicar o motivo do nosso procedimento ou, se for possível, esperar melhor ocasião para fazermos o que desejávamos. É dia de abstinência e vais comer carne publicamente porque estás dispensado do preceito; então tens de explicar, aos que estão presentes, os motivos do teu proceder. Impossível seria, mesmo com a melhor boa vontade, evitar ao próximo toda a ocasião de pecado. Nunca faltarão olhos perversos que vejam ou finjam ver ocasião de pecado nas mais santas das nossas ações.

O Divino Salvador foi acusado de escandaloso pelos judeus; e os fariseus até dos seus milagres a favor dos que sofriam, tomavam como motivo de escândalo. Para evitar escândalos assim, seria preciso, como disse São Paulo aos coríntios, andar fora deste mundo. De nenhum modo, por exemplo, estarás obrigado a sujeitar-te às exorbitantes exigências de um artista ou operário, embora prevejas que vai romper em pragas e imprecações. Ao prejuízo que irias sofrer, acresceria ainda dar razão para que, numa vez seguinte, pudessem mais exorbitar. Os pais podem e devem corrigir seus filhos, mesmo quando preveem que se vão zangar ou ficarem amuados. Antes esses seus arrebatamentos ou amuos do que ficarem com o caminho aberto para faltas mais graves.

E para terminar, advertimos que nem sempre o autor do escândalo indireto está obrigado na confissão a declarar expressamente que escandalizou. Acusa-se alguém, por exemplo, de ter dito palavras obscenas diante de crianças. Não precisa de dizer mais nada; já assim vai tudo confessado, pois sempre as crianças se escandalizam quando ouvem conversas desonestas. Também, pela mesma razão, não é obrigado a declarar o pecado de escândalo quem se acusa de ter trabalhado publicamente no domingo.

'O que escandalizar a um destes pequeninos que creem em Mim, melhor lhe fora que se lhe dependurasse ao pescoço uma mó e o lançassem no fundo do mar. Ai do mundo por causa dos escândalos! Ai daquele homem por quem vem o escândalo!' (Mt. 18,6-7) Duras e terríveis estas palavras do Salvador, sempre todo mansidão e doçura! Pensa, porém, no que é o escândalo e nas suas terríveis consequências, e compreenderás a dureza do seu falar.

O escandaloso é um verdadeiro assassino, como diz Santo Agostinho: 'quem dá escândalo é um assassino', porque mata a vida da alma. Por isso a Escritura chama ao demônio 'homicida desde o princípio'. O demônio foi o primeiro sedutor e o pai de todos os sedutores e escandalosos, seus instrumentos e auxiliares em tudo são semelhantes, quando procuram arrastar à perdição as almas puras e inocentes.

Um só pecado de escândalo pode ser causa da ruína espiritual de centenas de pessoas. Escandalizaste a uma pessoa, esta a outra, e assim por diante; e foi o teu pecado a causa remota de todos estes pecados. Sucederá até, que, morto o escandaloso, sepultado de há muito, esquecido pelos homens o seu nome, continue ainda a ser causa da ruína de muitas almas. A semente por ele lançada à terra germinou, cresceu e produziu frutos de morte eterna, entre os homens!

Não te iludas, parecendo-te que o escândalo é coisa de pouca monta; nem o consideres ser coisa leve. Examina com cuidado se tens dado escândalo, onde e de que modo. Suposto mesmo que não tenhas sido absolutamente responsável diante de Deus porque não advertiste no pecado ou nas suas consequências, procura reparar do melhor modo possível, e evitar completamente para o futuro, todo o escândalo: 'Não percas aquele por quem Cristo morreu' (Rm 14,15). Se conheceres que alguém arma ciladas à tua virtude, ou que sua amizade é perigosa para a tua alma, foge com o maior cuidado, porque também Jesus Cristo morreu por ti sobre a Cruz.

Aquele que, sem justo motivo, deu ao próximo ocasião de pecar, está obrigado a reparar, quanto puder, o dano espiritual que lhe causou. Se, por tua culpa, alguém se apartou do caminho do bem, cuida por todas as maneiras de o trazer de novo à virtude, exortando-o, instruindo-o, orando por ele e dando-lhe bom exemplo. Que ele veja, nas tuas palavras e obras, que repudias todo o mal que fizeste e dele estás arrependido de todo o teu coração.

O melhor meio de reparar o mal será a tua conversão de pedra de escândalo que eras, pelo teu mau exemplo, em pregador mudo, mas eloquente da virtude pela tua vida exemplar e verdadeiramente cristã. Nas dúvidas que te ocorrerem sobre qualquer ponto em particular, aconselha-te com o teu confessor.

(Excertos da obra 'O Cristão no Tribunal da Penitência', do Pe. Frutuoso Hockenmaier)

quarta-feira, 26 de maio de 2021

TESOURO DE EXEMPLOS (73/75)

 

73. RECUPEROU A VISTA

Em Vinovo, aldeia pouco distante de Turim, na Itália, uma moça chamada Maria Stardero teve a desgraça de perder totalmente a vista. Desejando recuperá-la, fez uma visita a São João Bosco, que então construía, com as esmolas do povo de Turim, a magnífica igreja de Maria Auxiliadora. 

A moça, depois de ter rezado diante de uma imagem de Nossa Senhora, falou com São João Bosco, que lhe perguntou:
➖ Faz muito tempo que perdeu a vista?
➖ Sim, muito; faz um ano que não vejo nada.
➖ Tens consultado os médicos?
➖ Ah! padre, já não sabem o que receitar-me.
➖ Distingues os objetos grandes ou pequenos?
➖ Não; como disse, não vejo nem pouco nem muito.
➖ Mas não vês a luz desta janela?
➖ Não, senhor; nada.
➖ Queres recuperar a vista?
➖ Sr. padre, sou pobre e preciso dela para ganhar a vida.
➖ Servir-te-ás da vista para proveito de tua alma e não para ofender a Deus?
➖ Prometo-o sinceramente.
➖ Confia, pois, em Nossa Senhora e São José. 

E, em tom solene, Dom Bosco acrescentou: 
➖ Para a glória de Deus, da Santíssima Virgem e de São José, dize: que é que tenho na mão?
A moça abre os olhos, que antes não viam nada, e diz:
➖ Uma medalha de Nossa Senhora.
➖ E isto, o que é?
➖ Um ancião com uma vara florida; é São José.
Estava operado o milagre. Pode-se imaginar a alegria da moça e dos seus pobres pais!...

74. UM LOBO QUE SE TORNA UM CORDEIRO

Estava no hospital uma infeliz mulher que, há vinte e dois anos, abandonara sua família para se entregar aos vícios mais vergonhosos. Fora, enfim, internada naquela casa pela polícia. A vida que levara, de tal modo a embrutecera que parecia louca; e o médico, não descobrindo nenhuma doença, queria despedi-la do hospital para que não perturbasse os verdadeiros enfermos.

Pediram-lhe as religiosas que a deixasse alguns dias ainda, enquanto recorriam a São José. Bem inspiradas, vestiram-na com o hábito e com o cordão de São José e puseram-se a pedir com fervor que o santo tivesse compaixão daquela pobre alma.

O auxílio de São José não se fez esperar. Poucos dias depois a mulher recobrou a paz, confessou-se com muita dor e arrependimento. Era um verdadeiro lobo e tornou-se tão manso cordeiro que pediu ao seu protetor lhe alcançasse antes a morte que voltar à vida de pecado. Atendeu o santo a tão pios desejos, vindo a convertida a falecer com os mais sinceros sentimentos de dor. Antes da morte, pediu humildemente perdão a todos os que escandalizara com os seus vícios.

75. PADROEIRO DOS IMPOSSÍVEIS

Jazia em seu leito de agonia um infeliz apodrecido de vícios, sem o menor remorso, zombando de Deus e desprezando todos os auxílios da religião para a hora suprema. Vendo-o zombar, com riso satânico, de seus esforços para salvar-lhe a alma, resolveram seus parentes recorrer a São José. Este grande santo havia de fazer com que o misericordioso Coração de Jesus se compadecesse daquele infeliz.

Era o mês de março. O sacerdote, os parentes e amigos dirigiram ao padroeiro da boa morte fervorosas súplicas. Maravilhoso poder o da oração! Na manhã de 19 de março, festa de São José, o próprio doente pediu a confissão e fez questão que chamassem o padre de quem mais zombara até então. Confessou-se com o mais sincero arrependimento e, pouco tempo depois, faleceu...

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

ver PÁGINA: TESOURO DE EXEMPLOS

terça-feira, 25 de maio de 2021

11 PROVÁVEIS RELÍQUIAS DE JESUS CRISTO

1. Fragmentos da Santa Cruz (Tesouro Imperial - Viena/Áustria)

2. Prego da crucificação de Jesus (Catedral de Bamberg, Alemanha)

3. Cálice utilizado por Cristo na Última Ceia (Catedral de Valência, Espanha)

4. Túnica usada por Jesus no caminho do Calvário (Catedral de Trier, Alemanha)

5. Lança que perfurou o lado de Jesus na Cruz (Tesouro Imperial - Viena, Áustria)

6. Ouro, incenso e mirra oferecidos pelos Reis Magos (Mosteiro de São Paulo, Monte Athos, Grécia)

7. Coroa de Espinhos da crucificação (Catedral de Notre Dame, Paris, França)

8. Coluna da Flagelação de Jesus (Basílica de Santa Praxedes, Roma, Itália)

9. Frasco contendo o Sangue de Cristo (Basílica do Sangue Sagrado, Bruges, Bélgica)

10. Tábula fixada na Cruz (Basílica da Santa Cruz de Jerusalém, Roma, Itália)

11. Sudário de Turim (Catedral de São João Batista,Turim, Itália)

(originalmente publicado em ChurchPOP)

segunda-feira, 24 de maio de 2021

A VIDA OCULTA EM DEUS: CONTEMPLAÇÃO FELIZ OU CONTEMPLAÇÃO DOLOROSA

Pode haver uma contemplação feliz ou uma contemplação dolorosa e, às vezes, essa segunda pode ocultar parcialmente os fenômenos místicos. Mas parece que, mesmo na contemplação dolorosa, há consciência da união, pelo menos no íntimo maior da alma, porque sem isso os santos não poderiam suportar o peso do sofrimento que Deus lhes impõe.

Parece não haver santo canonizado em que não se tenha reconhecido esta ação mística de Deus. Pode-se desejar a ação direta dos dons do Espírito Santo, no sentido de que obrigam a alma ao exercício máximo da caridade. Muitos autores alertam acertadamente contra a sensibilidade às consolações espirituais, mas consolações superiores não devem ser incluídas nesta desconfiança geral, desde que não se apegue demasiado nelas.

É possível viver habitualmente na presença de Deus sem que os dons do Espírito Santo se movam conscientemente como tal e sem que seja necessário que tenhamos luzes especiais e estejamos conscientes delas. Mas o inverso também pode ser verdadeiro. Eu diria então que é possível ser contemplativo sem ser muito virtuoso e que é possível ser virtuoso mesmo sem ser contemplativo. Depende de tantas coisas... Das faculdades alcançadas pela ação de Deus, das reações do temperamento, do caráter, da vontade...

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte II -  A Ação de Deus; tradução do autor do blog)

domingo, 23 de maio de 2021

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai!' (Sl 103)

 23/05/2021 - Solenidade de Pentecostes

26. 'RECEBEI O ESPÍRITO SANTO'

 

Emitte Spiritum tuum et creabuntur. Et renovabis faciem terrae

'Enviai, Senhor, o vosso espírito criador e será renovada toda a face da terra'

Originalmente, Pentecostes representava uma das festas judaicas mais tradicionais de 'peregrinação' (nas quais os israelitas deviam peregrinar até Jerusalém para adorar a Deus no Templo), sempre celebrada 50 dias após à Páscoa e na qual eram oferecidas a Deus as primícias das colheitas do campo. No Novo Pentecostes, a efusão do Espírito Santo torna-se agora o coroamento do mistério pascal de Jesus Cristo, na celebração da Nova Aliança entre Deus e a humanidade redimida.

Eis que os apóstolos encontravam-se reunidos, com Maria e em oração constante, quando 'todos ficaram cheios do Espírito Santo' (At 2, 4), manifestado sob a forma de línguas de fogo, vento impetuoso e ruídos estrondosos, sinais exteriores do poder e da grandeza da efusão do Novo Pentecostes. Luz e calor associados ao fogo restaurador da autêntica fé cristã; ventania que evoca o sopro da Verdade de Deus sobre os homens; reverberação que emana a força da missão confiada aos apóstolos reunidos no cenáculo e proclamada aos apóstolos de todos os tempos.

O Paráclito é derramado numa torrente de graças, distribuindo dons e talentos, porque 'Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos' (1 Cor 12, 4-6). Na simbologia dos vários membros de um mesmo corpo, somos mensageiros e testemunhas de Cristo no meio dos homens, na identidade comum de Filhos de Deus partícipes e continuadores da missão salvífica de Cristo: 'Como o Pai me enviou, também Eu vos envio' (Jo 20, 21).

No Espírito Consolador, não somos mais meros expectadores de uma efusão de graças e dons tão diversos, mas apóstolos e testemunhas, iluminados e portadores da Verdade, pela qual será renovada a face da terra e pelo qual será apagada a mancha do pecado no mundo: 'Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos' (Jo 20, 22-23).

sábado, 22 de maio de 2021

22 DE MAIO - SANTA RITA DE CÁSSIA

 


A santa, que padeceu uma vida doméstica de sofrimentos e provações, tornou-se a advogada dos desesperados e a padroeira das causas impossíveis. Filha única de pais já envelhecidos - Antonio Mancini e Amata Ferri - Margherita (que ficou Rita) nasceu no vilarejo de Roccaporena, na região de Cascia, na Úmbria (centro da Itália) em 1381. Inclinada à vida religiosa, cedeu às tratativas paternas e aos rigores da época, desposando, logo após a adolescência um homem chamado Paulo Ferdinando, com o qual teve dois filhos.

Sua vida matrimonial, entretanto, foi um período de enormes provações e humilhações em relação ao marido, sempre violento e agressivo. Depois de muitas orações pelo marido, este se converteu e passaram a formar uma igreja doméstica até que uma tragédia a desfez por completo: Paulo foi assassinado numa ato de vingança devido às suas desavenças passadas. Outra tragédia se anunciava: os dois filhos estavam decididos a vingar a morte do pai. Rita preferiu perdê-los do que eles ao Céu e ofereceu as suas vidas a Deus antes de cometerem tal crime. Com efeito, cerca de um ano após a morte do pai, ambos faleceram, arrependidos do sentimento de vingança.

Rita ficou, então, sozinha no mundo e buscou, sem sucesso, a vida religiosa, por já ter vivido uma união matrimonial por 18 anos. A opção por converter-se em uma monja agostiniana foi-lhe repetidamente negada. Entregando a sua vocação nas mãos de Deus e sobrecarregando-se em orações, alcançou a causa impossível por um milagre extraordinário. Certa feita, foi conduzida por três pessoas à capela interna do mosteiro, totalmente fechado e a altas horas da noite: São João Batista (também concebido na velhice dos pais), Santo Agostinho (fundador da ordem agostiniana) e São Nicolau de Tolentino (religioso agostiniano). Diante do relato e dos fatos sobrenaturais, Rita foi aceita na ordem, dedicando o resto da sua vida aos votos de pobreza, obediência e castidade. 

A sua extrema capacidade de servir, obedecer e aceitar mesmo o que aparentemente poderia ser improvável pode ser compreendido no milagre que transformou um ramo seco, regado periodicamente e com grande diligência pela santa, numa videira que produziu muitos e muitos frutos. Ou, quase no final de sua vida, com a roseira que, sob os seus cuidados, floriu viçosa em pleno inverno rigoroso. Por 15 anos, estigmatizada, padeceu os sofrimentos e as dores de uma ferida repugnante na testa, que expelia pus e que exalava mau odor, o que a a levou a uma vida de isolamento e de absoluto confinamento numa cela do convento.

Aos 76 anos, Santa Rita de Cascia (adaptado como Cássia) faleceu no convento, em 22 de maio de 1457, sem deixar quaisquer registros escritos, mas os exemplos heroicos de uma vida de santidade. Morta, a ferida tornou-se limpa e passou a exalar um odor perfumado. Foi beatificada em 1627, ocasião em que o seu corpo mostrou-se no mesmo estado quando da sua morte, mais de cento e cinquenta anos antes. Seu corpo atualmente repousa no Santuário de Cascia, desde 18 de maio de 1947, numa urna de prata e cristal.  Exames médicos recentes efetuados no corpo confirmaram os traços de uma ferida óssea (osteomielite) na testa. A santa das causas impossíveis foi canonizada em 24 de maio de 1900, sob o pontificado do Papa Leão XIII.

(urna de cristal com o corpo de Santa Rita de Cássia)

Santa Rita de Cássia, rogai por nós!