segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

SUMA TEOLÓGICA EM FORMA DE CATECISMO (XXI)

IX 

DOS EFEITOS DA CARIDADE - ALEGRIA OU GOZO, PAZ, MISERICÓRDIA, BENEFICÊNCIA, ESMOLA E CORREÇÃO FRATERNA 

Que efeitos produz na alma o exercício da virtude da Caridade? 
Primeiramente gozo ou alegria (XXVIII, 1)*. 

O gozo, efeito da Caridade, anda misturado com alguma tristeza? 
Quando é gozo de complacência em Deus como Bem Infinito, não, Senhor; mas afirmativamente, quando nos alegramos em Deus, termo de nossa bem-aventurança futura e não possuída, como sucede às almas do Purgatório e a quantos vivem na terra (XXVIII, 2). 

Por que anda neste caso acompanhado de tristeza? 
Porque há ou pode haver algum obstáculo físico ou moral que se oponha à união íntima com Ele. 

E, em tal caso, predomina a alegria ou a tristeza? 
Predomina a alegria que tem por objeto e causa principal a felicidade e o gozo eterno, pacífico, seguro, que, na contemplação de sua essência, desfruta o divino Amigo (Ibid). 

Produz algum outro efeito o ato principal da Caridade? 
Sim, Senhor; produz a paz (XXIX, 3). 

Em que consiste? 
Na tranquilidade que desfruta o espírito quando todos os nossos pensamentos e afetos, e os de todas as criaturas intelectuais, se orientam e dirigem a Deus, fim supremo da felicidade (XXIX,1). 

Produz a caridade algum outro fruto ou ato secundário? 
Sim, Senhor; o ato de misericórdia (XXX). 

Que entendeis por misericórdia? 
Uma virtude especial, fruto da Caridade, ainda que distinta dela, que inclina o ânimo a compadecer-se das misérias e desgraças do próximo, considerando-as, de algum modo, como próprias, visto que afligem ao nosso irmão, e tendo em conta que podemos ver-nos em idênticas condições (XXX, 1-3). 

Possui nobreza especial a virtude da Misericórdia? 
É por excelência a virtude de Deus, não porque Ele seja capaz de sentimentos afetivos de dor ou tristeza, mas pelos benefícios que concede por impulsos do seu amor (XXX, 4). 

É entre os homens a virtude própria dos perfeitos?
Sim, Senhor; pois quanto mais um ser se aproxima de Deus, tanto mais compassivo e inclinado está para remediar desgraças e misérias, por todos os meios espirituais e temporais ao seu alcance (Ibid). 

É de grande proveito a prática desta virtude para restabelecer e garantir a paz social? 
Sim, Senhor. 

Há algum ato exterior que seja efeito da virtude da caridade? 
Há vários, e o primeiro é a beneficência (XXXI, 1). 

Em que consiste a beneficência? 
Como o seu próprio nome indica, consiste em fazer algum bem a outrem (Ibid). 

É sempre ato da virtude da caridade? 
Sempre, sim, Senhor (Ibid). 

Pode ser ato de virtudes distintas da caridade, ainda que dela dependentes? 
Pode e efetivamente o é, quando à razão geral do bem que se faz ao próximo, se ajunta a de ser necessário, devido, ou outras razões especiais (Ibid). 

Que virtude intervém na beneficência, quando é obrigatória? 
A virtude da Justiça (XXX, 1, ad 3). 

E quando, sem o ser, se acha o próximo em necessidade? 
A virtude da misericórdia (Ibid). 

Como se chama o ato de caridade que consiste em beneficiar ao próximo, mediante a virtude da misericórdia? 
Chama-se esmola (XXXII, 1). 

Quantas classes há de esmola? 
Duas: espiritual e corporal (XXXII, 2). 

Quais são as esmolas corporais? 
São as seguintes: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, dar pousada aos peregrinos, visitar os enfermos, remir os cativos e sepultar os mortos (Ibid). 

Quais são as espirituais? 
Rogar a Deus por vivos e defuntos, ensinar os ignorantes, dar bom conselho a quem o for mister, consolar os tristes, castigar os que erram e perdoar as injúrias (Ibid). 

Deus dá grande importância à esmola? 
Dá-lhe tanta que, segundo o Evangelho, ela servirá de critério no dia de Juízo para fundamentar a sentença de prêmio ou condenação eterna. 

Quando teremos obrigação grave e estrita de dar esmola? 
Quando o próximo se ache em necessidade espiritual ou corporal grave e não haja quem o socorra (XXXII, 5).

Ainda que a necessidade não seja grave, nem opressora, há obrigação estrita de não acumular, mas de empregar em proveito do próximo ou da sociedade, os bens espirituais e temporais supérfluos que tenhamos recebido de Deus? 
Sim, Senhor. 

Há alguma esmola que tenha particularíssima importância? 
Sim, Senhor: a correção fraterna (XXXIII, 1). 

Que entendeis por correção fraterna? 
A esmola espiritual ordenada a dar remédio aos pecados do próximo (Ibid). 

É esta esmola ato da virtude da caridade? 
Sim, Senhor; por intermédio da misericórdia e com o concurso da prudência, encarregada de excogitar meios adequados para conseguir fim tão excelente, como delicado e difícil (Ibid). 

Constitui obrigação de preceito? 
Havendo ocasião e circunstâncias oportunas, sim, Senhor (XXXIII, 2). 

Quem está obrigado a corrigir? 
Todos os que se sentem animados do espírito de caridade e sem as faltas ou pecados que tratam de emendar, estão obrigados a corrigir o seu próximo, quem quer que seja, ainda que seja superior, com a obrigação de guardar as devidas atenções e considerações, e contanto que possam abrigar a esperança fundada de emenda; em caso contrário, estão dispensados, e devem abster-se de corrigir (XXXIII, 3 – 6).


DOS VÍCIOS OPOSTOS À CARIDADE E DE SEUS ATOS - ÓDIO, TÉDIO OU PREGUIÇA ESPIRITUAL, INVEJA, DISCÓRDIA, OBSTINAÇÃO, CISMA, GUERRA, RIXA (DUELO), SEDIÇÃO E ESCÂNDALO 

Qual é a primeira coisa de que deve estar isento o coração do homem para tratar com seus semelhantes? 
Do sentimento do ódio (XXXIV).

Que é o ódio?
É o vício mais funesto e diametralmente oposto ao ato principal da caridade, o amor de Deus e do próximo (XXXIV, 2-4). 

É possível que alguma criatura tenha ódio a Deus? 
Sim, Senhor (XXXIV, 1). 

Como pode isto ser, considerando-se que Deus é Bem Infinito e Autor de todos os bens, naturais e sobrenaturais das criaturas? 
É tal a depravação moral de alguns seres, que não consideram a Deus como bem infinito e fonte de toda a perfeição e de toda luz, mas apenas como legislador que proíbe cometer pecados e juiz que castiga os cometidos, dos quais não querem arrepender-se (Ibid). 

Logo, o ódio a Deus é uma espécie de obstinação diabólica no mal?
Sim, Senhor. 

Há pecado maior do que este? 
Não, Senhor (XXXIV, 2). 

Pode ser lícito em alguma ocasião odiar ao próximo? 
Não, Senhor (XXXIV, 3). 

Mas se há homens que praticam o mal, por que não havemos de odiá-los? 
Não devemos odiar aos que procedem mal, mas tão somente detestar o seu pecado, em atenção ao amor que devemos ter-lhes (Ibid). 

Não poderemos jamais desejar-lhes algum mal? 
Não, Senhor; se bem que, em virtude do amor que devemos ao próximo, à sociedade e sobre tudo a Deus, podemos desejar-lhes alguns males e castigos como meios de trazê-los ao bom caminho e ressalvar os direitos da sociedade e da honra de Deus (Ibid). 

Podemos desejar a alguém a condenação eterna? 
Por grandes que sejam seus crimes e pecados, nunca será lícito, pois tal ato é diretamente oposto à caridade que nos ordena desejar a todos, exceto aos demônios e aos réprobos que já estão no inferno, a bem-aventurança celestial. 

Há algum vício oposto particularmente ao segundo ato de caridade, chamado gozo ou alegria? 
Sim, Senhor; o vício da tristeza quando se manifesta em forma de fastio das coisas e bens sobrenaturais que são o objeto da caridade (XXXV). 

Como é possível tal fastio? 
Porque os homens têm o gosto espiritual tão depravado, que não acham prazer em Deus e assim consideram o que a Ele se refere como coisa odiosa, sombria e melancólica. 

É sempre pecado mortal? 
Quando degrada o apetite sensitivo e chega a invadir a razão, sim Senhor (XXXV, 1). 

Por que neste caso é pecado mortal? 
Porque é diretamente contrário à caridade que, ao impor-nos a obrigação de amar a Deus sobre todas as coisas, nos manda buscar nele a alegria, o repouso e a tranquilidade (XXXV, 3). 

É a tristeza, de que vimos falando, pecado capital? 
Sim, Senhor; porque é origem de outros muitos que os homens cometem, certas vezes pretendendo evitá-la e em outras vezes impelidos por ela mesma (XXXV, 4). 

Que nome tem? 
Chama-se tédio ou fastio espiritual. 

Podereis enumerar os pecados derivados da preguiça? 
Sim, Senhor; desesperação, pusilanimidade, indolência para observar os mandamentos, rancor, malícia e divagação pelos campos do ilícito (XXXV, 4 ad 2). 

É a preguiça o único vício oposto à alegria da caridade? 
Não, Senhor; há outro, chamado inveja (XXXVI). 

Em que se diferencia a inveja da preguiça ou tédio espiritual? 
Em que, o tédio se opõe a alegrar-se no bem divino conforme é e está em Deus e que nós teremos de gozar algum dia, e a inveja se opõe a alegrar-se no bem do próximo (XXXV, XXXVI). 

Logo, que entendeis por inveja? 
Um pesar do bem alheio, não porque nos prejudique, mas porque outro o possui (XXXVI, 1- 3). 

A inveja é pecado? 
Sim, Senhor, porque o bem do próximo produz ao invejoso desgosto e incômodo, quando lhe deveria causar alegria (XXXYI, 2). 

É sempre pecado mortal? 
Sim, Senhor, por ser essencialmente contrário à caridade; só pode ser venial quando se limite aos primeiros movimentos indeliberados da sensibilidade (XXXVI, 3). 

É pecado capital? 
Sim, Senhor, porque origina outros muitos, já por se derivarem dela, já por entrarem nela inteiramente (XXXVI, 4). 

Que pecados se derivam da inveja? 
A murmuração, a maledicência ou difamação, a alegria na adversidade do próximo, a tristeza na sua prosperidade e o ódio (Ibid). 

Há vícios opostos à caridade, por se oporem também à paz? 
Sim, Senhor. 

Quais são? 
A discórdia, que reside no coração, a porfia nas palavras e na ação: o cisma, a rixa, a sedição e a guerra (XXXVII, XLII). 

Em que consiste a discórdia? 
Na atitude do que, deliberadamente e consciente do seu erro, se opõe ao parecer e ditame dos outros, em coisas que pertencem à honra de Deus ou ao bem do próximo; em manter a dita atitude ainda que seja de boa fé, em matéria indispensável para a salvação; e, em qualquer circunstância, sustentá-la com obstinação e pertinácia (XXXVII, 1). 

Em que consiste a porfia? 
Em contender com palavras (Ibid). 

É pecado a porfia ou contenção? 
É pecado quando se porfia pelo prazer de contradizer; também o é, com maioria de razão, quando se prejudica o próximo, ou os foros da verdade; também o é finalmente, quando, ainda que se defenda a verdade, se faz em tom imoderado e com palavras mortificantes (XXXVIII, 1). 

Que entendeis por cisma? 
A cisão ou ruptura com que alguém, livre e espontaneamente, se aparta da unidade eclesiástica, recusando obstinadamente submeter-se à Autoridade do Soberano Pontífice, ou conviver com os demais fiéis, como membro da mesma Igreja (XXXIX, 1). 

Por que enumerais a guerra entre os pecados opostos à caridade? 
Porque a guerra injusta é um dos maiores crimes que se podem cometer contra o próximo. 

É lícito em alguma ocasião fazer a guerra? 
Com causa suficiente e sem cometer injustiças durante o seu desenvolvimento, sim, Senhor (XL, 1). 

Que entendeis por causa suficiente? 
A dura necessidade de fazer respeitar pelas armas os direitos essenciais para as boas relações entre os homens, rompidas por uma nação que se nega a desagravar e satisfazer (Ibid). 

Sem estas duas condições é alguma vez lícita a guerra? 
Não, Senhor (Ibid). 

Praticam ato de virtude os que pelejam na guerra justa e pessoalmente não cometem injustiças? 
Sim, Senhor; porque se expõem aos maiores perigos, para defender a causa de Deus e de seus irmãos. 

Em que consiste o pecado oposto à paz, chamado rixa? 
Em uma espécie de guerra entre particulares, estabelecida sem mandato da autoridade pública; por este único conceito é sempre falha grave para quem a provoca (XLI, 1). 

Acha-se compreendido neste vício o combate especial chamado duelo? 
Sim, Senhor; com a agravante de que o duelo se combina a sangue frio e não sob o impulso repentino das paixões. 

É o duelo ato essencialmente mau? 
Sim, Senhor; porque o duelista põe em grave perigo a sua vida e a do seu adversário, contra o disposto por Deus. 

Em que consiste a sedição como vício oposto à Caridade? 
Na formação de partidos ou bandos, no seio de uma nação ou Estado com o objeto de conspirar ou de promover arruaças e tumultos, uns contra os outros, ou contra a autoridade e o poder legítimo (XLII, 1). 

Tem especial gravidade o pecado de sedição? 
Sim, Senhor; porque assim como não pode haver bem mais apreciado num povo do que a ordem pública, base e condição indispensáveis para a sua prosperidade, assim também não se pode cometer contra ele maior crime do que o da guerra intestina; assim, em certo modo, a sedição é um crime superior ao da guerra injusta (XLII, 2).

Há algum pecado especial oposto à caridade per ser contrário ao seu ato exterior, chamado beneficência?
Sim, Senhor; o pecado de escândalo (XLIII). 

Em que consiste o pecado de escândalo? 
Em dizer ou fazer alguma coisa capaz de ocasionar a ruína espiritual do próximo, ou em tirar das palavras e feitos de outros, ocasião de pecar; no primeiro caso se dá escândalo, no segundo se recebe (XLIII, 5). 

Escandalizam-se somente os imperfeitos? 
Ainda que qualquer ato reprovável possa levar a turbação ao ânimo dos mais virtuosos, no sentido próprio da palavra, só os imperfeitos se escandalizam (XLIII, 5). 

Podem os justos dar escândalo? 
Não, Senhor; porque, enquanto forem justos, nada farão que possa escandalizar e, se alguém tira dos seus feitos motivos de escândalo, deve atribuí-lo à própria malícia e perversidade (XLIII, 6). 

Têm os justos, em determinadas ocasiões, a obrigação de abster-se de algumas coisas para não escandalizar os pusilânimes? 
Não sendo em coisas necessárias para a salvação eterna, sim, Senhor (XLIII,7). 

Há obrigação de abandonar algum bem para evitar o escândalo dos maus? 
Não, Senhor (XLIII, 7, 8).

referências aos artigos da obra original

('A Suma Teológica de São Tomás de Aquino em Forma de Catecismo', de R.P. Tomás Pègues, tradução de um sacerdote secular)

domingo, 9 de dezembro de 2018

AQUIETAI AS COLINAS

Páginas do Evangelho - Segundo Domingo do Advento


Eis a hora do Precursor, o maior de todos os profetas, aclamado pelo próprio Cristo como 'o maior dentre os nascidos de mulher' (Mt 11,11). E, como precursor do Messias, João se autoproclamou 'a voz que clamava no deserto', símbolo dos terrenos estéreis e calcinados das almas tíbias e vazias dos homens daquele tempo. Era preciso gerar vida, frutos e abundância de graças nos corações dos homens duros e insensatos para receber o Cristo da Redenção, prestes a chegar.

João Batista foi escolhido por Deus para levar a todos os homens um batismo de conversão: 'percorreu toda a região do Jordão, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados, como está escrito no Livro das palavras do profeta Isaías: Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas. Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas; as passagens tortuosas ficarão retas e os caminhos acidentados serão aplainados. E todas as pessoas verão a salvação de Deus' (Lc 3, 3-6).

E o deserto de hoje é ainda mais árido, muitíssimo mais árido do que nos tempos do Profeta João Batista. O deserto tornou-se uma terra de desolação e infortúnio, na qual o pecado é espalhado como adubo e as blasfêmias contra Deus são os arados. Façamos ecoar pelos pântanos e areiais de nova vida costumeira o refrão profético: 'Aquietai as colinas, volvei ao chão toda montanha de ceticismo, de orgulho, de rebeldia maldosa!' Como iconoclastas de nossas própria ruínas, desfaçamos os templos da barbárie, do escândalo, das heresias, das blasfêmias e de tantos pecados cometidos contra a civilização cristã e a glória de Deus! 

Somos a Igreja de Cristo que não se pode sustentar sobre as areias do deserto das almas tíbias, nem sobre as argilas frouxas do ateísmo e da indiferença religiosa. João Batista é tão atual quando da época de sua profecia e sua mensagem ressoa pelos séculos para ser ouvida e vivida pelos soldados de Cristo: tornemos o imenso deserto da nossa humanidade pervertida em terreno fértil para semear com abundância as vinhas do Senhor que está para chegar de novo. 

sábado, 8 de dezembro de 2018

GLÓRIAS DE MARIA: IMACULADA CONCEIÇÃO


'Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina de que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus Onipotente, em atenção aos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de culpa original; essa doutrina foi revelada por Deus, e deve ser, portanto, firme e constantemente crida por todos os fiéis'.

(Beato Papa Pio IX, na proclamação do dogma da Imaculada Conceição, em 08 de dezembro de 1854)

Nossa Senhora, criatura superior a tudo quanto já foi criado, e inferior somente à humanidade santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo, recebeu de Deus o privilégio incomparável da Imaculada Conceição. Desta forma, Maria foi preservada de qualquer pecado desde que foi concebida, porque recebeu naquele instante o Espírito Santo de Deus. O 'sim' de sua entrega incondicional à vontade de Deus não teria sido possível se, mesmo livre de qualquer  pecado durante toda a sua vida, Maria tivesse, a exemplo de toda a humanidade, a mancha do pecado original. Deus, ao cumular Maria de tantas graças extraordinárias, não permitiu que ela estivesse separada dele em nenhum segundo de sua existência e, assim, Maria não conheceu o pecado desde a sua concepção.

A Santa Igreja ensina que Maria Santíssima foi preservada do pecado original, em previsão aos futuros méritos da Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo que, assim, a pré-redimiu desde o primeiro instante da sua existência. Sendo concebida sem pecado original, Maria ficou também preservada de qualquer tendência para o mal decorrente do pecado original. Não é crível que Deus Pai onipotente, podendo criar um ser em perfeita santidade e na plenitude de inocência, não fizesse uso de seu poder a favor da Mãe de seu Divino Filho. Como explicitou, de forma definitiva, o beato franciscano João Duns Scoto (1265-1308), em sua exposição quando da defesa da Imaculada Conceição na Universidade de Paris: 'Potuit, decuit, ergo fecit' (Deus podia fazê-lo, convinha que o fizesse, logo o fez).

O fundamento deste privilégio mariano está na absoluta oposição existente entre Deus e o pecado. Ao homem concebido no pecado, contrapõe-se Maria, concebida sem pecado. A confirmação do dogma, a partir de manifestações que remontam os primeiros Padres da Igreja, foi ratificada muitas vezes pela própria Mãe de Deus, em várias aparições:

'Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!' foi a mensagem que Nossa Senhora pediu que fosse inscrita na Medalha Milagrosa,  mediante recomendação expressa a Santa Catarina Labouré em 1830 (24 anos antes da promulgação formal do dogma pela Igreja).

'Eu sou a Imaculada Conceição!' assim Nossa Senhora se apresenta à pequena vidente Bernadette Soubirous em Lourdes, no dia 25 de março de 1858 (apenas 4 anos depois da promulgação formal do dogma pela Igreja).

'Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!mensagem de Nossa Senhora em Fátima sobre a devoção ao seu Coração Imaculado.

Excertos da Bula INEFFABILIS DEUS de Pio IX
                       Pio IX
1. Misericórdia e verdade são os caminhos do Deus inefável; onipotente é sua vontade, e sua sabedoria se estende poderosamente de uma extremidade a outra, dispondo todas as coisas com suavidade (Sb 8, 1). Desde os dias da eternidade previu Deus a mais dolorosa ruína de todo o humano gênero, que resultaria do pecado de Adão. Por isso, num mistério escondido nos séculos, determinou Ele completar a primeira obra de sua bondade, num mistério ainda mais esconso, pela Encarnação do Verbo, para que o homem, induzido ao pecado pela ardilosa perversidade do demônio, não perecesse, contrariamente ao seu desígnio cheio de clemência; e assim, o que estava em iminência de ser frustrado no primeiro Adão fosse restituído, com maior felicidade, no Segundo Adão.
Escolha da Santíssima Mãe

2. Em vista disso, desde todos os tempos, escolheu Deus e predestinou uma mãe para o seu Unigênito Filho, na qual se encarnaria e viria ao mundo, quando a abençoada plenitude dos tempos houvesse chegado. E a ela dispensou Deus mais amor que a todas as outras criaturas, e nela somente achava agrado, com a mais afetuosa complacência. Por isso a cumulou, de maneira tão admirável, da abundância dos bens celestes do tesouro de sua divindade, mais que a todos os outros espíritos angélicos e todos os santos, de tal forma que ficaria absolutamente isenta de toda e qualquer mancha de pecado, podendo, assim, toda bela e perfeita, ostentar uma inocência e santidade tão abundantes, quais outras não se conhecem abaixo de Deus, e que pessoa alguma, além de Deus, jamais alcançaria, nem em espírito.

Com efeito, era conveniente que tão venerável Mãe brilhasse sempre aureolada do esplendor da mais perfeita santidade, e que fosse de todo isenta até da própria mácula do pecado original, alcançando, assim, o mais completo triunfo sobre a antiga Serpente (Gn 3, 15). E tudo isto por ser ela a criatura a quem Deus Pai quis dar seu Filho Único, o qual gerou de seu próprio coração, igual a Si e a quem Ele ama como a Si mesmo. Deu-Lho, de forma que Ele é, por natureza, um e o mesmo Filho de Deus Pai e da Virgem. Ela é, também, o ser que o próprio Filho escolheu e fez real e verdadeiramente sua Mãe. Ela é, enfim, a criatura de quem o Espírito Santo quis que o Filho, do qual procede, fosse concebido e nascido por obra sua. [...]
Pedidos para a Definição

33. Aqui a razão por que, desde os tempos remotos, os bispos da Igreja, eclesiásticos, ordens religiosas e até imperadores e reis dirigiram fervorosos memoriais à Sé Apostólica, em prol da definição da Imaculada Conceição da Virgem Mãe de Deus como dogma da fé católica. Mesmo em nossos dias, reiteraram-se estas petições. Foram elas dirigidas, de modo especial, à atenção de Nosso antecessor Gregório XVI, de saudosa memória, e a Nós mesmo, não só por bispos, mas também pelo clero secular, comunidades religiosas, por legisladores de nações e pelos fiéis. [...]
O Consistório

39. Após estes acontecimentos, desejando proceder de modo conveniente e reto, a exemplo de Nossos antecessores anunciamos e celebramos um Consistório, no qual Nos dirigimos a Nossos Irmãos, os Cardeais da Santa Igreja Romana. Foi para Nós a maior alegria espiritual ao ouvi-los suplicarem promulgássemos a definição do dogma da Conceição Imaculada da Virgem Mãe de Deus.

40. Por isso, tendo plena confiança no Senhor de que já chegou o tempo oportuno para a definição da Imaculada Conceição da Virgem Maria, Mãe de Deus, que as Divinas Escrituras, a veneranda Tradição, o desejo incessante da Igreja, o singular consentimento dos Bispos católicos e dos fiéis, e os atos e constituições assinalados dos Nossos antecessores ilustram e proclamam; havendo considerado diligentemente todos os acontecimentos e tendo dirigido a Deus solícitas e sinceras preces, Nós  julgamos não devermos fazer tardar por mais tempo a ratificação e definição, por Nossa autoridade suprema, da Imaculada Conceição da Virgem, satisfazendo, assim, os mais santos desejos do Orbe Católico e de Nossa própria devoção para com a Santíssima Virgem; e honrando, na Virgem, sempre mais o seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, Senhor Nosso, visto que toda honra e louvor votados à Mãe revertem para o Filho.
A Definição Infalível

41. Pelo que, em oração e jejum, não cessamos de oferecer a Deus Pai, por seu Filho, Nossas preces particulares e as de todos os filhos da Igreja, para que se dignasse dirigir e fortalecer Nossa inteligência com a força do Espírito Santo. Imploramos, ainda, a ajuda de toda a milícia celeste e, com verdadeiros anelos do coração, invocamos o Paráclito. Portanto, por sua inspiração, para honra da Santa e Indivisa Trindade, para glória e adorno da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da Fé Católica e para a propagação da Religião Católica, com a autoridade de Jesus Cristo, Senhor Nosso, dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e Nossa, declaramos, promulgamos e definimos que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, foi preservada de toda mancha de pecado original, por singular graça e privilégio do Deus Onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador dos homens, e que esta doutrina está contida na Revelação Divina, devendo, por conseguinte, ser crida firme e inabalavelmente por todos os fiéis.

42. Em conseqüência, se alguém ousar – o que Deus não permita – pensar contrariamente ao que definimos, saiba e esteja ciente de que ipso facto  incidiu em anátema, de que naufragou na fé e apostatou da unidade da Igreja; além disso, por sua própria causa incorre nas penalidades estabelecidas por lei, caso se atreva a manifestar, por palavras ou por escrito, ou por  outros quaisquer meios externos, sua opinião íntima.
Frutos da Imaculada Medianeira

43. Nossa língua transborda de alegria e nosso coração rejubila. Rendemos e não cessaremos de render os mais humildes e sinceros agradecimentos a Cristo Jesus, Senhor Nosso, por Nos ter concedido, embora indigno, por singular favor seu, decretar e oferecer esta honra, glória e louvor à Santíssima Mãe. Ela, toda pura e imaculada, esmagou a cabeça envenenada do mais cruel dragão, trazendo ao mundo a salvação; Ela é a glória dos Profetas e dos Apóstolos, a honra dos Mártires, a coroa e delícia dos Santos; o refúgio mais seguro, o mais valioso amparo de quantos se acham em perigos. Com o seu Unigênito Filho, Ela é a mais poderosa Mediadora e Consoladora no mundo universo. Ela é a suma glória e ornamento, a fortaleza inexpugnável da Santa Igreja. Pois Ela destruiu todas as heresias e livrou os povos e nações fiéis de todas as calamidades gravíssimas. Também a Nós livrou-Nos de tantos perigos que nos assediavam. Temos, pois, confiança e esperança absolutas e totais de que a Bem-aventurada Virgem, por seu patrocínio valiosíssimo, fará com que todas as dificuldades sejam removidas e todos os erros dissipados, a fim de que Nossa Santa Madre Igreja Católica possa florescer, sempre mais, entre todas as nações e povos e possa espalhar seu reino “de mar a mar, do rio até aos confins da terra” (Sl 71, 8), e desfrute de perfeita paz, tranqüilidade e liberalidade. Ela obterá, também, perdão aos pecadores, saúde aos doentes, alento aos fracos, consolo aos aflitos, amparo aos que estão em perigo. Ela há de apagar a cegueira espiritual dos que erram, para que possam voltar às sendas da verdade e da justiça, e para que haja um só rebanho e um só pastor.

44. Que todos os filhos da Igreja Católica, tão caros ao Nosso coração, ouçam estas Nossas palavras. Continuem, com um zelo ainda mais ardente de piedade, de religião e amor, a cultuar, invocar e orar à Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, concebida sem pecado original. Recorram com inteira confiança a esta Mãe dulcíssima de clemência e de graça nos perigos, dificuldades, necessidades, dúvidas e temores. Pois, sob sua égide, seu patrocínio, sua proteção, não há receios e nem desesperanças. Porque, enquanto Nos dedica uma afeição verdadeiramente maternal e zela pela obra de Nossa salvação, Ela se mostra solícita para com todo o gênero humano. E, desde que foi designada por Deus para ser a Rainha do Céu e da Terra e exaltada acima de todos os coros angélicos e de todos os Santos, Ela assentada à direita de seu Unigênito Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, apresenta nossos rogos da maneira mais eficiente, e alcança o que pede, pois sempre é atendida.[...]
Publicação da Definição

45. Para que, finalmente, esta Nossa definição da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria seja conhecida de toda a Igreja, desejamos que esta Nossa Carta Apostólica se torne um memorial perpétuo; ordenamos, também, que os transcritos e publicações que vierem a ser feitos e postos à venda ou ao público, contenham a mesma autenticidade do original. Tais traslados e cópias, contudo, devem ser subscritos por um notário e autenticados pela censura de uma pessoa da ordem eclesiástica. Por isso, que ninguém infrinja este documento de Nossa declaração, promulgação e definição, nem se oponha ou contradite temerária e atrevidamente. Se alguém se der a liberdade de intentar tal, saiba que incorrrerá na cólera do Deus Onipotente e dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo.

Dada em Roma, junto de São Pedro, aos 8 do mês de Dezembro do ano de 1854 da Encarnação de Nosso Senhor, 9º ano de Nosso Pontificado.




    Pio IX, PAPA

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

POEMAS PARA REZAR (XXIX)

(partes em negrito do poema cantadas pelas Carmelitas de Fátima)

EMBORA SEJA NOITE* 

(São João da Cruz)

Aquela eterna fonte não a vê ninguém
E bem sei onde é e donde vem, 
Embora seja noite.

Bem eu sei a fonte que mana e corre,
Embora seja noite.

Não sei a fonte dela, que não há,
Mas sei que toda a fonte vem de lá, 
Embora seja noite.

Não pode haver, eu sei, coisa tão bela
E céus e terra beleza bebem dela, 
Embora seja noite.

Porque não pode ali o fundo achar,
Eu sei que ninguém a pode atravessar, 
Embora seja noite.

A claridade sua não escurece
E sei que toda a luz dela amanhece, 
Embora seja noite.

Tão caudalosas são suas correntes
Que regam céus, infernos e as gentes, 
Embora seja noite.

E desta fonte nasce uma corrente
E bem sei eu que é forte e onipotente, 
Embora seja noite.

E das duas a corrente que procede
Sei que nenhuma delas a precede, 
Embora seja noite.

E esta eterna fonte está escondida
Em este vivo pão a dar-nos vida, 
Embora seja noite. 

Aqui está a chamar as criaturas
Que bebem desta água, e às escuras, 
Porque é de noite.

Esta viva fonte que desejo,
Em este pão de vida, aí a vejo
Embora de noite.

* em versão diferente daquela apresentada em Poemas para Rezar (XXVII)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

20 MOMENTOS DA VIDA DIÁRIA COM DEUS


Ouvimos muitas vezes coisas do tipo 'Deus me abandonou'; 'Deus não me escuta' ou 'Não sei onde Deus está'. Vivemos apressados, imersos na rotina e nas milhares de atividades que o mundo de hoje exige de nós. Tantas coisas podem nos fazer perder nosso senso de vida e, em alguns momentos, podemos nos sentir desorientados ou sozinhos.

Deus, nosso criador, está sempre presente, mesmo que não possamos ouvi-lo. Se prestamos mais atenção e paramos para pensar um pouco, podemos perceber que, de fato, a cada passo que damos, em cada situação em que vivemos, seja positiva ou negativa, Deus está lá, esperando que a gente ouça e se regozije quando nós o encontramos.

Creio que muitos de nós acreditam erroneamente que só podemos encontrar Deus em momentos extraordinários, momentos de profunda oração ou em milagres sobrenaturais. Deus está presente nesses momentos, mas Ele está ao nosso lado, a cada passo nosso, esperando que abramos a porta e ouçamos sua voz, seu cuidado, seus ensinamentos e até seu senso de humor. Aqui estão indicadas 18 situações da vida diária em Deus revela sua presença para nós - 'Eis que estou contigo todos os dias até o fim do mundo' (Mt 28, 20).

1. Quando acordo e elevo o pensamento a Deus

Reflita e reconheça que a vida é um presente do amor infinito de Deus, apesar de todas as provações.

2. Quando me coloco a serviço dos outros.

Deus está presente nos momentos em que, reconhecendo que os dons e habilidades que possuo não são apenas meus, eu os coloco a serviços dos outros, sem esperar gratidão.

3. Quando estou com a minha família.

A família é a primeira igreja, os alicerces da graça divina. Quando estou em casa, com a minha família, Deus está conosco.

4. Quando digo não à imaginação frívola.

A imaginação nos rouba, muitas, vezes, as boas intenções da alma. Dizer não à imaginação solta e curiosa, é viver com Deus na nossa realidade.

5. Quando estou sozinho em oração.

Uma pausa no turbilhão das atividades diárias, para agradecer, para louvar, para pedir graças e consolo, para perseverar até o fim.

6. Quando me sensibilizo com a dor e o sofrimento alheios.

A dor do meu próximo é a minha dor; o sofrimento do meu próximo é o meu sofrimento; o amor por todos os homens, amando-os como Deus os ama, me faz realmente filho de Deus.

7. Quando tenho tempo para admirar as maravilhas da Criação.

No meio do mundo, sou testemunha da obra inteira da criação de Deus e da ordem divina do Universo.

8. Quando me encanta a pureza e a alegria pura das crianças.

Nas crianças, Deus nos revela a sua presença na pequenez da graça.

9. Quando transformo o que faço em oração.

Há muitas formas de oração; a mais fácil é aquela que transforma tudo o que se faz em louvor e glória ao Pai.

10. Quando me arrependo e me penitencio por ter agido mal ou não ter feito o bem.

O arrependimento sincero é uma torrente de graças que conforta a alma e que nos ensina que o pecado pode ser sustado com a contrição.

11. Quando pratico a caridade.

A caridade é  a mãe de todas as virtudes; não há forma maior de amar a Deus do que nos desvestir do orgulho e fartar o próximo com a nossa caridade.

12. Quando recordo as pessoas ausentes.

Como irmãos na fé, somos peregrinos neste mundo e a lembrança daqueles que nos precederam no Céu seja consolação no caminho e certeza de uma herança comum na eternidade.

13. Quando estou diante de pessoas consagradas a Deus.

Nas pessoas consagradas, sacerdotes e religiosos, Deus nos revela a sua presença na solidez da graça.

14 . Quando penso em Deus.

Num momento qualquer, o pensamento de Deus me envolve de surpresa; Ele me lembra que eu preciso lembrar que Ele está em tudo o que eu faço.

15. Quando se compartilha a amizade.

A amizade é um presente maravilhoso de Deus e nos consola em momentos de alegria e de tristeza: 'Ninguém tem maior amor do que este: dar a vida pelos seus amigos' (Jo 15,13).

16. Quando me deparo com a manifestação de fé autêntica de alguém.

Nada é mais belo que a fé autêntica; quando ela se manifesta nos outros, deve ser sinal de regozijo e alegria nas nossas almas, por nos incentivar a buscar a Deus com maior fervor e devoção.

17. Quando a consciência domina os meus momentos de ira e descontrole emocional.

A presença desses atos de consciência é um sinal da presença de Deus junto a mim, que existe algo maior que me sustenta do que a mera fragilidade dos impulsos.

18. Quando acontece alguma coisa 'esquisita'.

Aquela palavra que ajudou tanto; um gesto que, aparentemente despercebido, mudou tudo; a atenção dada naquele momento; a inspiração que contribuiu muito: todas essas coisas 'esquisitas' são sussurros de Deus no cotidiano de nossas vidas. 

19. Quando me conforta o simples olhar da Cruz de Cristo.

Um olhar em direção à Cruz de Cristo me conforta nos momentos de dúvidas e de desespero; Ele carregou naquela Cruz todos os meus pecados e omissões.

20. Quando encontro Deus de verdade.

Na missa, nos sacramentos, nas festas religiosas, nos dias santos e de guarda, nos dias que nunca são apenas dias que passam, Deus presente se faz presente vivo em nós na Sagrada Eucaristia. 

(readaptação de texto original '18 momenti in cui Dio è presente nella nostra vita quotidiana', publicado originalmente no site Aleteia)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

03 DE DEZEMBRO - SÃO FRANCISCO XAVIER


Francisco nasceu no castelo de Xavier, em Navarra, na Espanha, a 7 de abril de 1506. Aos dezoito anos foi para Paris estudar, tornando-se doutor e professor. Ao conhecer Santo Inácio de Loyola, sua conversão profunda o levou a ser cofundador da Companhia de Jesus. Tornando-se sacerdote e empenhado no caminho da santidade, São Francisco Xavier (na verdade, de Xavier) foi designado por Santo Inácio a seguir em missão apostólica ao Oriente, para atender o pedido feito pelo Rei João III de Portugal.

Francisco Xavier tinha 35 anos quando cruzou o oceano para evangelizar os domínios portugueses de ultramar. Nesta missão, chegou à cidade de Goa, capital das possessões portuguesas no Oriente, em 6 de maio de 1542. E ali realizou proezas de evangelização, levando as primícias da fé cristã até ao extremo sul da Índia. Neste zelo apostólico, cruzou terras e oceanos em condições de risco extremo, perfazendo, em pouco mais de uma década, uma das mais extraordinárias ações missionárias da história da Igreja. Pregou a palavra de Cristo em inúmeras incursões a áreas remotas e a diferentes povos das possessões portuguesas, da Índia, das ilhas de Málaca, das Molucas e de várias ilhas vizinhas, chegando até o Japão e, mais tarde, até às costas da China, onde veio a falecer, de febre e exaustão, em 3 de dezembro de 1552, aos 46 anos.

O grande Apóstolo do Oriente realizou naquelas regiões milagres portentosos, que incluem vários episódios de ressurreições e feitos espantosos. Seu corpo incorrupto foi exposto em Goa um ano depois de sua morte e seus olhos negros se mantinham como se estivessem vivos, com um olhar penetrante. Mesmo agora, séculos depois, seu corpo incorrupto ainda pode ser visto em Goa. Foi canonizado pelo papa Gregório XV em 12 de março de 1622, junto com Santo Inácio, Santa Teresa de Jesus, São Felipe Neri e Santo Isidoro de Madri. São Francisco Xavier é proclamado pela Igreja como Patrono Universal das Missões, ao lado de Santa Teresinha do Menino Jesus.

(túmulo do santo na Basílica do Bom Jesus em Goa) 

São Francisco Xavier, rogai por nós!