quinta-feira, 15 de agosto de 2013

GLÓRIAS DE MARIA: ASSUNÇÃO AO CÉU


A Assunção de Maria - Palma Vecchio (1512 - 1514)

"Pronunciamos, declaramos e de­finimos ser dogma de revelação divina que a Imaculada Mãe de Deus sempre Virgem Maria, cumprido o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à Glória celeste”.

                            (Papa Pio XII, na Constituição Dogmática  Munificentissimus Deus, de 1º de novembro de 1950)


A solenidade da Assunção da Virgem Maria existe desde os primórdios do catolicismo e, desde então, tem sido transmitida pela tradição oral e escrita da Igreja. Trata-se de um dos grandes e dos maiores mistérios de Deus, envolto por acontecimentos tão extraordinários que desafiam toda interpretação humana: 

1. Nossa Senhora NÃO PRECISAVA morrer, uma vez que era isenta do pecado original;

2. Nossa senhora QUIS MORRER para se assemelhar em tudo ao seu Filho, pela aceitação de sua condição humana mortal e para mostrar que a morte cristã é apenas uma passagem para a Vida Eterna;  

3. Nossa Senhora NÃO PODIA passar pela podridão natural da carne tendo sido o Sacrário Vivo do próprio Deus;

4. A morte de Nossa Senhora foi breve (é chamada de 'Dormição') e ela foi assunta ao Céu em corpo e alma;

5. Aquela que gerou em si a vida terrena do Filho de Deus foi recebida por Ele na glória eterna;

6. Nossa Senhora foi assunta ao Céu pelo poder de Deus; a ASSUNÇÃO difere assim da ASCENSÃO de Jesus, uma vez que Nosso Senhor subiu ao Céu pelo seu próprio poder.


Louvor a Ti, Filha de Deus Pai,
Louvor a Ti, Mãe do Filho de Deus,
Louvor a Ti, Esposa do Espírito Santo,
Louvor a Ti, Maria, Tabernáculo da Santíssima Trindade!

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

VISÕES DA VIDA MONÁSTICA

O monacato surgiu no século terceiro com Santo Antão Abade e São Basílio. Com ele e por meio dele, a Igreja construiu, no transcurso de gerações, os próprios alicerces da civilização cristã. A bem da verdade, a vocação monástica é a vocação de todo ser humano, pois se trata essencialmente de se buscar a Deus e o louvor de Deus. A clausura não significa uma separação do mundo mas uma comunhão com o mundo, por meio de uma vida de oração amparada por um profundo recolhimento interior.














terça-feira, 13 de agosto de 2013

A FÉ EXPLICADA (X)


O JUÍZO PARTICULAR E A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

A vida é o tempo de cada homem na terra. E a única coisa certa da vida, como se diz sempre, é a morte. É um momento singular, espantoso, impossível de ser caracterizado com absoluta certeza. Não basta o coração não bater, não basta constatar que já não existe a respiração, não basta a dormição dos sentidos. Por isso, a absolvição e a unção dos enfermos podem ser aplicados mesmo após a morte aparente. Nós simplesmente não sabemos exatamente quando a alma abandona o corpo pelo qual se manifestava. A morte é a separação do corpo e da alma. Com o rigor mortis ou o início da coagulação do sangue, podemos ter certeza que a pessoa realmente morreu. E os homens morrem uma só vez (Heb 9, 27).

No momento exato da morte, no instante singular em que a alma abandona o corpo, ela é julgada por Deus e tem o veredito definitivo do seu destino eterno. Este evento, o mais terrível e o mais importante da história de qualquer homem, é o chamado Juízo Particular. A alma não tem 'que ir a algum lugar' e nem 'esperar um tempo' para se ver como Deus a vê e ser julgada, simplesmente porque espaço e tempo não existem mais. Por isso, no instante da morte, a alma livre do corpo humano se projeta no Céu, no Inferno ou no Purgatório, ou seja, para a Visão Beatífica, para a condenação eterna ou para a purificação final dos eleitos do Pai.

Não há ressurreição da carne após a morte. De todos os homens falecidos, de todas as histórias de vidas que se acabaram, a Igreja fala apenas e tão somente de suas almas e postula a crença na 'gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo que há de vir' como essencialmente distinta em relação à condição humana imediatamente após a morte. E, ainda mais, a Igreja reconhece a magnitude desse mistério na Assunção de Nossa Senhora, em que a glorificação corporal da Virgem Santíssima constituiu, por um extraordinário desígnio divino, uma antecipação da glorificação que está destinada a todos os demais eleitos de Deus.

A ressurreição da carne é o triunfo ou a danação do ser humano em sua totalidade, corpo e alma. A felicidade eterna é recompensa do triunfo conjunto do corpo e da alma do homem pela sua salvação; a danação eterna é a impenitência final do corpo e da alma que se condenaram juntas. Este momento em que as almas e os corpos se reencontram para a eternidade é um evento que não se aplica a um homem em particular mas a humanidade como um todo. Então, somente poderá ocorrer ao final do mundo, ao final da história universal, e mediante um Juízo Universal aplicado a todos os homens de todos os tempos, em contraposição ao Juízo Particular aplicado a cada homem que existiu. 

Neste último dia (Jo 6, 39-40.44.54;11,24), não haverá mais mundo, nem humanidade, nem tempo. Apenas a eternidade e a consumação dos séculos para os homens, em corpo e alma, santificados na glória de Deus ou condenados à separação eterna de Deus. Nas palavras das Sagradas Escrituras:

'Assim como todos morrem em Adão, em Cristo todos receberão a vida. Cada um, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo; depois, aqueles que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. A seguir, haverá o fim, quando Ele entregar o reino a Deus Pai, depois de ter destruído todo Principado, toda Autoridade, todo Poder' (1Cor 15,22-24). 

'Em verdade, em verdade, eu vos digo: vem a hora – e é agora – em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem, viverão… Não vos admireis com isto: vem a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão a voz do Filho do homem e sairão: os que tiverem feito o bem, para uma ressurreição de vida; os que tiverem cometido o mal, para uma ressurreição de condenação' (Jo 5,25.28s). 

'Quando o Senhor, ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, descer do céu, então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; em seguida, nós, os vivos que estivermos lá, seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor nos ares' (1Ts 4,16s).

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O INFERNO E AS PORTAS DO INFERNO (FINAL)


VIII - Quinta Porta do Inferno - A Má Educação dos Filhos

Quantos pais se perdem e perdem a seus filhos porque não os educam no temor e amor de Deus, não cumprindo os cinco deveres principais que lhes impõe a paternidade: o amor, a correção, a instrução, a vigilância e o bom exemplo. 

Há pais que não amam os filhos como deviam amá-los. Certos homens não merecem o belo título de pais. Desperdiçam no jogo, na bebida, na devassidão o dinheiro que ganham, deixando faltar aos filhos o estrito necessário. Pais monstruosos, piores que os irracionais, que sabem passar fome para dar de comer a seus filhos. Há mães que amam aos filhos, mas só a parte material, o corpo. Quanto à alma, pouco ou nada se ocupam dela. Adiam o batismo semanas e meses, deixando o filho entregue a Satanás e em perigo de morrer pagão. Quantas almas perdidas e quantas outras estragadas para sempre. Quanto mais Satanás se demora no coração do filho, mais o estraga. Toda a preocupação, todos os cuidados para com o corpo, até o luxo, até as modas mais indecentes, e quase nada para a alma.

Que será daquela filha a quem a mãe procura inspirar só vaidade, a quem fala só de beleza, a quem enfeita como uma divindade? Será uma moça vaidosa, orgulhosa. Ai do moço que a tomar por esposa, porque será uma esposa leviana, exigente, cuja paixão do luxo nada poderá satisfazer. Será daqui a pouco a desavença, a suspeita, a briga, o abandono, a ruína do lar. Quantos pais, quantas mães mormente perdem a si mesmos porque não cumprem o dever da correção. O homem nasce inclinado ao vício, diz a Escritura. No coração da criança madrugam os maus instintos. Bem cedo é preciso reprimi-los, corrigir os filhos, dai a pouco será tarde, impossível.

Como corrigir? À força de gritos e descomposturas? Isso só serve para ensinar tudo quanto há de palavras feias. À força de pancadas? Isso avilta e embrutece. Em primeiro lugar é preciso avisar: 'Meu filho, não faças isso, não andes em tal companhia, não convém, não pode ser, não consinto.' Às vezes este aviso será suficiente. Em caso de reincidência na mesma falta, é necessário repreender energicamente e ameaçar e, enfim, no caso de nova reincidência, castigar severamente. Até quando os pais têm obrigação de corrigir os filhos? Não se esqueçam que, enquanto filhos, não há grandes, nem velhos, não há filhos de barba branca. O filho, enquanto tiver filho, sempre será pai, e ai do pai que não avisa, repreende e corrige seu filho, e ai do filho que não atende às justas recomendações de seu pai.

Cedo também deve começar a instrução, porque tudo depende do começo, tudo depende pois, principalmente, da mãe. Feliz, mil vezes feliz, quem teve uma mãe cristã e piedosa. Tal a mãe de São Luís, rei da França. Tendo nos braços seu filhinho, dizia: 'Meu filho, eu te amo muito, mas tu tens no céu um Pai, uma Mãe que te amam ainda mais; cuidado, não faças nada que possa ofendê-los, não cometas pecado. Antes quisera ver-te agora mesmo morrer em meus braços, que ver-te mais tarde, rei da França, cometer um só pecado mortal.' Mãe, o coração dessa criança, vosso filho, é um papel branco em que podeis escrever o que quiserdes. Gravai nele ódio ao pecado, amor a Deus, devoção a Maria Santíssima.

Ensinai e mandai ensinar-lhe o catecismo. É uma obrigação gravíssima. A mãe que não manda seu filho ao catecismo, onde é possível, é indigna de absolvição. Meninos e meninas de dez, doze anos, moços e moças que nunca apreenderam uma palavra de catecismo, nada sabem de religião e de suas obrigações, e por isso não se confessam, não comungam, vivem no pecado, é o que encontramos todos os dias. Os culpados são os pais. Quantas moças põem o pé no inferno no dia em que casam, porque assumem uma obrigação que são incapazes de cumprir, ensinar aos filhos a amarem e servirem a Deus. Que responsabilidade e como poderão salvar-se? Perdem a si e a seus filhos.

Mandai vossos filhos à escola, para que aprendam pelo menos a ler e escrever. Depois do pecado a coisa mais triste e funesta é a ignorância. Mas, cuidado! Vede bem que escola, que colégio, que mestres. Há escolas e colégios sem religião. Dali sairão vossos filhos sem fé e sem costumes. Não faltam as escolas e os colégios católicos. Vigilância neste ponto. Vigilância em todos os sentidos. O maior bem que os pais podem deixar a seus filhos não são muitas riquezas, terras, dinheiro, mas a inocência e os bons costumes. Por isso seu grande empenho deve ser conservar-lhes este tesouro. Tarefa difícil em um mundo em que tudo é escândalo; só com uma grande vigilância. Os pais devem trazer os filhos presos debaixo de seus olhos. Sem esta sentinela de vista não escapam à corrupção. Vigilância, pais e mães, que vossos filhos não vejam nunca nada, nem em casa nem fora de casa, nem de dia nem de noite, nada capaz de ofender a inocência. 

Mas quantos pais, diz um santo, têm mais cuidado com seus animais, suas criações, que com seus filhos! Quantos pais deixam seus filhos andarem aonde e com quem querem, quantas mães deixam meninos e meninas brincarem longe de seus olhos. Quantas crianças saem de casa inocentes e voltam culpados; quantos moços e moças acham sua perdição em noites de festas, de volta por estradas escuras e desertas! Quantos desastres! Pais e mães, onde andam vossos filhos e filhas; que casa, que pessoas, que divertimentos frequentam? Examinai vossa consciência, condenai-vos, antes que Deus a examine e vos condene.

Se é um grande pecado dos pais não afastarem os filhos do pecado, é um crime enorme levá-los ao pecado pelo mau exemplo. Tal pai, tal filho; tal mãe, tal filha. Filho de peixe sabe nadar, diz o adágio. Nada mais eficazmente funesto que o mau exemplo dos pais. Os pais não rezam, o pai não se confessa, a mãe não vai à missa aos domingos, os filhos hão de fatalmente imitar seu procedimento. 'Por que rezar?' disse um dia uma menina à sua professora 'eu nunca vejo papai nem mamãe rezarem'. Que dizer dos pais que oferecem aos filhos o espetáculo positivo do vício e do pecado, pais que se embriagam, brigam, blasfemam; certas mães cuja vida é o pecado... os filhos o sabem e se envergonham, o que não os impedirá de, mais tarde, trilharem o mesmo caminho.

'Ai do homem' disse Jesus Cristo 'que dá escândalo, isso é, dá mau exemplo'; por conseguinte, mil vezes ai dos pais que escandalizam seus filhos: 'seria melhor lhes amarrar ao pescoço uma pedra e serem lançados ao mar.' 'Maldito seja meu pai' disse um condenado à morte, à hora de subir ao cadafalso, 'a ele é que devo a minha desgraça; nunca me ensinou meus deveres para com Deus e os homens, deixou-me frequentar más companhias, deu-me em tudo o mau exemplo'. Faz horror pensar que no inferno muitos filhos amaldiçoam os pais e muitos pais aos filhos, porque foram uns para outros causadores de sua condenação. Pais e mães, amai a vossos filhos com amor cristão, educai-os no amor e temor de Deus, afastai-os do mal e dai-lhes em tudo o bom exemplo, e vossos filhos vos darão gosto, neste mundo serão vossa consolação e no outro a vossa coroa.

IX - Sexta Porta do Inferno - O Protestantismo

O protestantismo é inimigo jurado da nossa Santa Religião. Nega os dogmas mais santos: o Santo Sacrifício da Missa, a Confissão, a Comunhão, a maior parte dos sacramentos, a existência do purgatório, a instituição divina da Igreja, a autoridade do papa, a legitimidade do culto dos santos. Neste particular vai até a caluniar aos católicos, dizendo que adoram os santos, as imagens. Não, mil vezes não! Não adoramos os santos. Adoramos só a Deus. Quanto aos santos, nós os honramos, pedimos sua proteção junto de Deus. Honramos as imagens como sendo os retratos dos santos. Que mal haverá nisso? Não podemos honrar o retrato de um pai, de uma mãe, de um benfeitor, colocá-lo em nossa sala, no lugar de honra? Se Deus, outrora, proibiu aos judeus que tivessem imagens, é porque os judeus habitavam no meio de idólatras e estavam expostos a cair na idolatria. Foi uma medida disciplinar e passageira. Aliás, o mesmo Deus deu ordem a Moisés que adornasse a arca com imagens de anjos. Se os protestantes não têm outra coisa que nos exprobrar, calem-se; esta acusação cobre-os de ridículo.

É inegável a existência do perigo protestante no Brasil. Não se deve, porém, temer exageradamente o protestantismo porque ele tem contra si a promessa feita por Cristo à sua Igreja e porque de sua natureza tende a se desagregar, dividir e multiplicar-se. Todas as tentativas de união serão sempre uma paródia da verdadeira união de fé. Ademais o Brasil nasceu, cresceu e vive ainda sob o bafejo santo da Igreja Católica e não quer ser ingrato às bênçãos celestes, simbolizadas pela constelação bendita do Cruzeiro do Sul. Não se deve, portanto, exagerar o perigo protestante.

Mas, doutra parte, não deve ser desprezado ou descurado. A fé, na verdade, foi prometida à Igreja e não às nações; estas, como os indivíduos, a podem perder; e não padece dúvida que o protestantismo é um sério perigo que poderá ser grave se não se empregarem os remédios aptos e convenientes. Não se devem desprezar os protestantes, porque são nossos irmãos transviados e cegos. Nem é tática bélica desprezar o inimigo, ainda que aparente fraquezas. Se não se deve exagerar nem diminuir o perigo, é preciso considerá-lo em seu justo limite. Daí a necessidade de um estudo leal e ponderado sobre as forças e elementos do protestantismo no Brasil. Quanto maior for o estudo, tanto melhor será o combate.

Devemos combater os protestantes: com grande caridade, muita paciência e ardente zelo pela sua conversão; com constante e sólida instrução do povo nas verdades reveladas; com a prática das virtudes cristãs e com a frequência dos sacramentos; advertindo os fiéis dos enganos; dando bom exemplo; com o sacrifício e orações fervorosas para que todos sejam uma só coisa (Jo 17, 22). O protestantismo foi fundado por Lutero. Quem era Lutero? Um frade que, depois de passar muitos anos no convento, deixou a vida religiosa, deixou seu hábito e... casou. Com quem? Com uma freira, chamada Catarina, que ele mesmo tirou do convento. Lutero viveu e morreu na crápula, na orgia, no escândalo. Julgai se Deus pode suscitar semelhante apóstolo para reformar a Igreja ou fundar uma nova religião. Não discutamos com protestantes, não vamos ao seu culto, nem por curiosidade. Não leiamos suas bíblias, seus folhetos. É pecado mortal ter consigo uma bíblia protestante. Tudo isso expõe nossa fé a naufragar.

X - Sétima Porta do Inferno - O Espiritismo

O espiritismo consiste em pretensas ou verdadeiras comunicações com os espíritos do outro mundo, ou as almas dos defuntos, para descobrir coisas secretas relativas a esta ou à outra vida. Digo comunicações pretensas, supostas, porque é sabido que grande número de médiuns, isso é, de pessoas de que se servem os espíritos para receberem as respostas dos espíritos ou das almas, os profissionais do espiritismo, têm sido convencidos de fraude. Noventa por cento pelo menos dos casos de comunicações espíritas são vergonhosas trapaças.

Digo, em segundo lugar, comunicações verdadeiras, porque sábios verdadeiros e conscienciosos têm verificado a verdade de certas comunicações, de sorte que forçoso é admitir que nem tudo é fraude. Por conseguinte, às vezes há espíritos que se comunicam. A questão é esta: a que espíritos devem ser atribuídas estas comunicações? Em outras palavras: quem é o espírito que se manifesta? Não são almas dos defuntos. O dogma católico admite, para as almas que passaram os umbrais da eternidade, dois estados definitivos e um intermediário, mas passageiro. Ou elas estão no inferno, ou no céu, ou no purgatório. Ora, em qualquer estado destes em que elas se achem, não está na possibilidade delas aparecerem a quem as evoca. As do inferno estão presas pela corrente da justiça divina, que fixou a sua desgraçada sorte para a eternidade e deste horrendo calabouço, de que os demônios são guardas, elas não podem sair, senão em caso muito extraordinário, por especial providência de Deus. As que estão no céu, no purgatório, estão em perfeita conformidade à vontade de Deus, e, portanto, nunca elas se manifestam senão por fins altíssimos, dignos da infinita sabedoria de Deus, como auxiliar com preces e santos sacrifícios essas almas, ou converter algum pecador. A regra geral que Deus tem estabelecido para as almas que passam desta para a outra vida é que: 'o espírito vai e não volta.'

Não são as almas que se manifestam; é o demônio. A prova é que na maioria dos casos estas comunicações tendem ao erro e à falsidade, que é o caráter próprio daquele que tem por título 'pai da mentira'. Sem dúvida, há às vezes algumas verdades enunciadas, mas é para mais facilmente induzir ao erro. Assim dirão que há purgatório, mas que não há inferno; que fulano está no inferno, mas que a condenação não é eterna. Outras vezes são respostas ambíguas e contraditórias. Para um católico não pode haver dúvida, é o demônio. Acrescentemos o que em mais de uma circunstância se tem dado; e é que se algum dos circunstantes se acha munido de água benta, um crucifixo, uma medalha, o espírito ou fica mudo ou dá respostas incoerentes.

Vejamos, aliás, quais as consequências resultantes do espiritismo, para mais vermos a intervenção diabólica porque, pelos efeitos, melhor se conhece a causa. Uma das consequências que mais avultam é a loucura. É um fato notório. O diretor do Hospício dos Alienados Pedro II, no Rio, declarou, há anos passados, que sessenta e cinco por cento dos alienados eram vítimas do espiritismo. Que dizer do suicídio? Quem ignora que os tenha havido e só motivados por esta causa? Quantos desgraçados entre estes cegos a quem satanás leva pelo cabresto até esta última cegueira! Quanto às imoralidades praticadas muitas vezes em certas reuniões espíritas, delas nem convêm falar. Há outras consequências, doutra ordem mais transcendente e é que o espiritismo impele seus adeptos à heresia e ao erro. É principalmente entre os espíritas que se encontram os que negam a divindade de Jesus Cristo, da confissão, da Igreja; os que ridicularizam as práticas religiosas, aprovam o ensino ateu.

Basta! Fica claro e evidente que as pessoas que se entregam a estas práticas cometem pecado mortal não só porque desobedecem à Igreja, que as proíbe, mas também porque procuram põe-se em comunicação com o espírito das trevas, o inimigo de Deus, o que é proibido pela Sagrada Escritura: 'Entre ti não se achará... quem pergunte a um espírito divinatório nem aos mortos.' (Deut 18, 10-11). Os espíritas são hereges porque negam verdades reveladas e aderem a erros condenados, renunciando, desta forma, ao título de católicos. Estão fora da Igreja; se não renunciarem a estas práticas não se salvam.

Excertos da obra 'O Pequeno Missionário - Manual de Instruções, Orações e Cânticos' do Pe. Guilherme Vaessen, 6ª edição, Editora Vozes, 1953.

domingo, 11 de agosto de 2013

SALMO 42


 'Minha alma tem sede de Deus'

1. Do mestre de canto. Poema. Dos filhos de Coré.

2. Como a corça suspira pelas águas correntes, assim a minha alma anseia por Ti, ó meu Deus!

3. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando voltarei a ver a face de Deus?

4. As lágrimas são o meu pão, noite e dia, e durante todo o dia me perguntam: 'Onde está o teu Deus?'

5. Começo a recordar as coisas e a minha alma deterre-se dentro de mim: quando eu passava, à frente do grupo, em direcção à casa de Deus, em gritos de alegria e louvor, no barulho da festa.

6. Porque te curvas, ó minha alma, gemendo dentro de mim? Espera em Deus, eu ainda O hei-de louvar: 'Salvação da minha face e meu Deus!'

7. A minha alma curva-se dentro de mim, e por isso eu me lembro de Ti, desde a terra do Jordão e do Hermon, de ti, ó pequena montanha.

8. Grita um abismo a outro abismo com o fragor das tuas cascatas; as tuas vagas todas e as tuas ondas passaram sobre mim.

9. De dia Javé envia o seu amor, e durante a noite eu vou cantar uma prece ao Deus da minha vida.

10. Vou dizer a Deus: 'Meu rochedo, porque Te esqueces de mim? Porque devo andar pesaroso sob a opressão do inimigo?'

11. Esmigalhando-me os ossos, os meus opressores insultam-me, perguntando durante todo o dia: 'Onde está o teu Deus?'

12. Porque te curvas, ó minha alma, gemendo dentro de mim? Espera em Deus, eu ainda O louvarei: 'Salvação da minha face e meu Deus!'

AS PARÁBOLAS DA VIGILÂNCIA

Páginas do Evangelho - Décimo Nono Domingo do Tempo Comum


' Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!'

Três parábolas de Jesus são contempladas no Evangelho deste Décimo Nono Domingo do Tempo Comum, todas centradas na prática da vigilância. A vida cristã não pode prescindir da contínua vigilância sobre nossas palavras, pensamentos e ações, embalada pelo zelo às coisas do Pai e às virtudes de uma serena e santa prudência. Jesus vai falar da necessidade imperiosa da vigilância ao seu 'pequenino rebanho' (Lc 12, 32) a quem está destinado o Reino de Deus, que, como dito em outra passagem, 'não é deste mundo'. Sim, pequenino rebanho inserido na imensa multidão dos que se acercam apenas dos bens e futilidades desse mundo, pequenino rebanho que tem por Jesus o Bom Pastor, pequenino rebanho que vende o que tem, dá esmolas, que ajunta tesouros que o ladrão não rouba e nem a traça corrói, pequenino rebanho que guarda tesouros num coração que persevera em ser bondoso e compassivo.

A primeira voz da vigilância ressoa na alegoria dos empregados que esperam o senhor da casa voltar de uma festa de casamento. Na impossibilidade de saber com certeza a hora da chegada do Senhor Que Vem, a palavra de Jesus é uma exortação à vigilância constante, a qualquer hora, à meia noite ou de madrugada: 'Felizes os empregados que o Senhor encontrar acordados quando chegar' (Lc 12, 37). E estes bem-aventurados poderão sentar-se, então, à mesa com o Senhor.

Na segunda mensagem, reaviva-se o mesmo espírito de vigilância de todas as horas, na única certeza de que Jesus há de vir, uma vez mais, em busca do seu pequenino rebanho: 'Vós também, ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes' (Lc 12, 40). Os que se fartam da imprudência e da indiferença dos tempos, descuidam da suas casas (almas) e as tornam vulneráveis à ação de ladrões. Mas o que se cerca de diligências e cuidados, estará sempre pronto quando o Senhor chegar.

Na parábola final do administrador prudente e fiel, Jesus leva a virtude da vigilância à medida do nosso amor à Santa Vontade de Deus. Neste amor sem medidas, há de se fazer a medida do amor de cada um: 'A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!' (Lc 12, 48). A perseverança e a vigilância de sempre devem ser reflexos cristalinos da nossa certeza nas verdades imutáveis dos Santos Evangelhos e das palavras de Cristo. Como um pequenino rebanho, confiantes e perseverantes na fé, guardemos no coração os tesouros dos que vivem vigilantes à doce espera do Senhor Que Vem.

sábado, 10 de agosto de 2013

O INFERNO E AS PORTAS DO INFERNO (II)


V - Segunda Porta do Inferno - O Furto

'Não erreis', diz o mesmo apóstolo, 'os ladrões não herdarão o reino de Deus'. O furto consiste em tomar, sem razão legítima, o alheio, às escondidas do dono. A rapina é um furto praticado à força na presença do dono. A fraude consiste em enganar no comércio, no peso, na medida, na qualidade, no preço, nos contratos. A usura, em cobrar juros excessivos.

É pecado intentar processos injustos, recorrer à chicana para apoderar-se dos bens ou dos direitos dos outros, ficar com um objeto achado quando o dono é conhecido ou pode ser conhecido facilmente, comprar cientemente coisas furtadas, causar qualquer prejuízo ao próximo em seus bens, sua lavoura, seus negócios.
Enfim, pecam contra a justiça todos os que mandam ou aconselham ou às vezes simplesmente consentem que outros causem qualquer prejuízo ao próximo. Pois este pecado é tão abominável que deveria inspirar horror a todos os cristãos, porque atrai sobre o homem a cólera de Deus e os priva do céu.

O alheio é uma isca com que se engole o anzol pelo qual Satanás pega as almas. No entanto os homens são tão levados para os bens perecedores, que seus herdeiros disputarão e arrancarão depois da morte que, obcecados pela cobiça, deixam se arrastar. Há certas pessoas que tributam, por assim dizer, honras divinas ao dinheiro e o apreciam como seu fim último. 'Seus deuses são o ouro e a prata', diz o profeta Daniel. Verdade é, há pecados mais graves que o furto, mas nenhum torna mais difícil a eterna salvação. A razão disso é que, para alcançar o perdão dos demais pecados, basta ter deles um verdadeiro arrependimento, e confessá-los; mas não assim quando se trata do furto; o arrependimento com a confissão não é suficiente, além disso é preciso restituir. Ora, nada mais raro que a restituição. 

Eis a visão que teve um certo eremita: viu Lúcifer sentado no seu trono. Era a hora em que os demônios voltavam da terra aonde tinham sido mandados para tentar os homens. A um que chegou muito atrasado, Satanás perguntou qual o motivo do seu grande atraso. Respondeu que tinha trabalhado até àquela hora para impedir a um ladrão que fizesse uma restituição que lhe pesava muito na consciência. Lúcifer mandou castigá-lo, dizendo-lhe que não devia ignorar que o ladrão nunca restitui e que tinha perdido seu tempo. Em verdade assim é.

Dir-se-ia que o alheio se converte em próprio sangue e a dor de tirar o próprio sangue para dá-lo a outro é coisa dura de se sofrer. Demonstra-o a experiência de todos os dias. Quantos procuram iludir-se sobre a necessidade da restituição. Alega-se a pobreza... a família... deixa-se aos herdeiros o cuidado de restituir, ou, para tranquilizar a consciência, dá-se alguma esmola aos pobres, mesmo quando se conhece a quem se deve. No entanto, Santo Agostinho disse: 'ou restituição ou condenação'. Consideremos com São Gregório que as riquezas que temos amontoado por meios injustos nos abandonarão um dia, mas os crimes cometidos nunca nos abandonarão. Lembremo-nos que é uma extrema loucura deixar após si bens de que não teremos sido donos senão uns instantes e de carregar conosco injustiças que nos atormentarão eternamente.

Não tenhamos a insensatez de transmitir aos nossos herdeiros o fruto do nosso pecado para nos carregar de toda a pena que lhe é devida e não nos exponhamos à horrorosa desgraça de arder eternamente na outra vida por termos educado e enriquecido filhos talvez ingratos. Lembremo-nos principalmente da palavra de Jesus Cristo: 'Que serve ao homem lucrar o mundo inteiro, se depois perder sua alma?'

VI - Terceira Porta do Inferno - A Profanação do Domingo

A santificação do domingo comporta duas coisas: a cessação do trabalho e a oração. Aos domingos não se pode trabalhar sem necessidade ou por motivo justo: 'Trabalhareis durante seis dias, disse outrora Deus aos israelitas, mas ao sétimo dia não fareis nenhum trabalho, nem vós nem vossos servos'. Trabalhar aos domingos é, pois, uma desobediência formal a Deus. O trabalho do domingo é um desastre para o corpo, para a alma e mesmo para a fortuna.

As máquinas de bronze e de aço não podem trabalhar semanas e meses seguidos. Forçosamente, de quando em vez, é preciso pararem, repousarem, senão arrebentam. Não somos de bronze nem de aço, somos de carne. Sem o repouso de oito em oito dias, dizem os sábios, os homens abreviam consideravelmente sua vida. Quereis ver um povo sadio, forte, alegre? Vede as nações que respeitam o domingo. Quereis ver um povo doentio, fraco? Considerai os países em que o dia do Senhor é profanado.

Quanto à alma, o trabalho ao domingo faz que o homem nem se lembre dela. Quem trabalha sem cessar torna-se material como a terra que cultiva, como as máquinas que maneja, torna-se um animal, um bruto. Notou-se que os revolucionários, os criminosos têm-se recrutado principalmente entre os profanadores do domingo. Afinal nossos interesses temporais pedem que santifiquemos o domingo. Se Deus não constrói a casa, diz o profeta, em vão trabalham os que a edificam.

O trabalho ao domingo é como o bem mal adquirido, atrasa. Deus não engana. Ora, disse aos judeus: 'Guardareis o dia do Senhor e respeitareis meu santuário: se fizerdes estas coisas, eu vos darei as vossas chuvas a seu tempo e a terra e as árvores darão o seu fruto; comereis o vosso pão a fartar e habitareis seguros em vossa terra. Se, pelo contrário, rejeitardes meus mandamentos, visitar-vos-ei em minha cólera, vossas árvores, vossos campos, não darão seu fruto, farei que o céu seja como ferro e a terra como bronze, plantareis debalde a vossa semente e vossos inimigos a comerão, as feras devorarão vosso gado, mandarei a peste, a guerra, a fome'. Repousemos, pois, ao domingo e santifiquemos este dia pela oração.

A oração obrigatória é a Santa Missa, para quem não tem um motivo justo de dispensa. Estes motivos são os seguintes: doenças, cuidados de crianças ou de doentes, grande distância da igreja (mais de uma hora de caminho, a pé), falta de companhia para senhoras, pobreza tal que a gente não possa se apresentar na igreja sem se envergonhar. As mães que têm crianças pequenas, procurem alguém que possa substituí-las, para que, pelo menos de vez em quando, possam ouvir a Santa Missa. Não esqueçamos que faltar à Missa por descuido, por preguiça, é pecado grave. Mau sinal, péssimo sinal, perder a Missa aos domingos. Enquanto o homem aos domingos veste a roupa limpa, toma o caminho da igreja, assiste ao santo sacrifício, ouve a palavra de Deus, há esperança. Embora este homem se tenha desviado de Deus, um dia voltará para ele. Mas, quando o homem chegou a este ponto de embrutecimento que não faz mais distinção entre dia de serviço e dia de domingo, não há mais esperança. Não é mais cristão, não é mais homem, é animal. É a perda da alma, é o inferno.

Que dizer agora dos que não só profanam o dia do Senhor pelo trabalho e a perda de Missa, senão pelo pecado propriamente dito. Infelizmente, para muitos, o domingo é o dia do pecado, da embriaguez, do jogo, do escândalo. Que crime! Roubar a Deus o dia que ele reservou para sua glória e para nossa salvação, e consagrá-lo a Satanás pelo pecado! O que digo do domingo, digo-o das festas que, muitas vezes, em lugar de serem festas dos santos, são festas do demônio, pela devassidão. Assim é que outrora os judeus celebravam os domingos e as festas e por isso Deus lhes disse: 'Eu tenho horror de vossas festas, lançar-vos-ei em rosto as imundícies de vossas solenidades'. O que Nossa Senhora e os santos esperam de nós nos seus dias de festas não são músicas, foguetes, danças, jogos, orgias, mas orações fervorosas, confissão, comunhão. Só assim nos tornamos merecedores de seus favores.

VII - Quarta Porta do Inferno - A Embriaguez

'Não erreis: os bêbados não herdarão o reino de Deus', diz São Paulo. A embriaguez é um dos vícios mais vergonhosos e funestos. O seu efeito imediato é privar o homem do uso da razão e até de seus membros. Este pecado ultraja a Deus porque mancha e apaga no homem a imagem de Deus. Pela sua alma o homem é a imagem de Deus. Como Deus, a alma conhece, ama e quer. Vede agora o escravo da bebida. Onde está a imagem de Deus? O embriagado é incapaz de formar uma ideia. Semelhante ao animal, não é capaz de exprimir seu pensamento. Onde estão seus sentimentos? Só tem instinto de bruto. Onde está sua liberdade? Faz o que não quer e não faz o que quer. Chega a ponto de não poder ficar de pé, de não poder dirigir seus passos, de cair. Um dia, um bêbado caiu numa sarjeta. Chega um cão, olha, fareja-o festejando-o com a cauda. O cachorro parecia satisfeito por encontrar um colega. Mas depois o cachorro foi-se embora, e o bêbado ficou deitado na lama, porque não podia arredar-se do lugar. Deus fez o homem grande, diz a Escritura, mas, pelo vício, o homem nivelou-se ao bruto.

O alcoólico é inimigo de sua alma, porque calca aos pés todos os mandamentos da lei de Deus. Amai a Deus sobre todas as coisas, diz o primeiro mandamento. O escravo da embriaguez é do número daqueles que São Paulo estigmatiza, quando diz: 'Seu ventre é seu Deus'. O bêbado blasfema frequentemente, roga pragas, jura falso, profana o dia do Senhor, é mau filho, mau pai, mau esposo, briga, fere, às vezes mata. Como é raro dois embriagados separarem-se sem trocar uns murros e se estragar a cara.

Quanto ao sexto mandamento, são obscenidades de toda espécie, pensamentos, desejos, palavras, olhares, ações, brutalidades que os próprios irracionais ignoram. No vinho está a luxúria, diz o Espírito Santo. O alcoólico é inimigo de seu corpo. O álcool é um veneno, acaba sempre por estragar e matar. Exerce um efeito funesto sobre o estômago, o coração, os rins. Os médicos contam até vinte doenças quase todas mortais, causadas pelo álcool. De 120.000 pessoas que morrem cada dia, 20.000 morrem diretamente pelos excessos alcoólicos*.

O alcoólico é inimigo de sua família. Uma boa moça regozijava-se na doce esperança de em breve achar-se ao lado de um moço, o preferido do seu coração, para levar com ele uma vida cheia de alegria e de felicidade. Por ele deixou pai e mãe, a ele dá sua mocidade, seu coração, suas forças, seu trabalho, sua vida. E o moço lhe promete torná-la feliz, promete-o, jura-o, até, ao pé do altar. E, agora, escravo da embriaguez chega em casa bêbado, envergonha sua esposa, a contrista, a descompõe, a maltrata, e, às vezes, deixa-lhe faltar o estrito necessário. Que ingratidão, que traição! 

Este pecado levanta contra ele um brado de maldição, arrancado de um coração esmagado. O eco desta maldição subirá até ao trono de Deus, para bradar vingança contra o violador do amor conjugal. Mau esposo, talvez pai pior ainda. Filhos idiotas, raquíticos, epilépticos, eis, geralmente, a descendência do alcoólico. E estas pobres criaturas geralmente nascem predispostas ao vício. O fruto não cai longe da árvore, diziam os antigos. Que educação dará aliás tal pai a seus filhos? Que ouvem os filhos? Palavras obscenas, conversas ímpias. Que veem? Brigas, escândalos. Pai miserável, que responderás no dia do juízo, quando Deus te perguntar qual o exemplo que deste a teus filhos?

Renunciai ao vício, cristãos, e gozareis as satisfações da virtude e da abundância, os encantos da vida de família, tão puros e tão santos. Que alegria ver-se objeto da afeição de uma esposa, ter filhos sadios e bem educados! Fugi, pois, do maldito vício da embriaguez. Rezai, frequentai os sacramentos, afastai-vos da ocasião, principalmente, lembrai-vos da palavra de São Paulo: 'Os bebedores não entrarão no céu'.

* Dados recentes de um estudo da OMS (Organização Mundial da Saúde): O consumo de álcool mata 320 mil jovens e adolescentes por ano, sendo responsável por 9% das mortes de pessoas entre 15 e 29 anos no mundo. No total, 2,5 milhões de pessoas perdem a vida por ano por causa do produto, que pode provocar ao menos 60 tipos de doenças e ferimentos. Esse número de mortes é maior do que o registrado para a Aids ou a tuberculose. O estudo indica que 4% das mortes no mundo têm o álcool como causa. O problema é gritante principalmente na população masculina: 6,2% das mortes de homens são relacionadas ao álcool, enquanto para as mulheres o índice é de 1,1%. Para homens de 15 a 59 anos, a bebida é a principal causa de morte (nota adicional ao texto original).

Excertos da obra 'O Pequeno Missionário - Manual de Instruções, Orações e Cânticos' do Pe. Guilherme Vaessen, 6ª edição, Editora Vozes, 1953.