sábado, 30 de março de 2013

ORAÇÃO: CANTO DO 'EXULTET'


O Exsultet (ou 'Exultet' ou 'Paschale Præconium') é um antigo cântico que é cantado durante a Vigília Pascal, logo após ser aceso o Círio Pascal. A vela acesa contém um simbolismo duplo: primeiro, ela representa a coluna de fogo que o Senhor iluminou a noite durante a fuga do povo israelita do Egito. Segundo, representa Cristo, que é a luz do mundo. O Exultet canta este simbolismo e recorda-nos a história da nossa salvação, a partir da queda de Adão, dos eventos da primeira Páscoa realizada por Moisés e pelos israelitas, e, finalmente, dos acontecimentos da última Páscoa em que Jesus sofreu, morreu e ressuscitou dos mortos e, pela qual, a humanidade foi redimida: 


(vídeo com variantes mais completas do texto latino original)

Exsultet iam angelica turba caelorum, exsultent divina mysteria et pro tanti Regis victoria, tuba insonet salutaris.

Gaudeat et tellus tantis irradiata fulgoribus et, aeterni regis splendore illustrata, totius orbis se sentiat amisisse caliginem.

Laetetur et mater Ecclesia tanti luminis adornata fulgoribus: et magnis populorum vocibus haec aula resultet.

Quapropter adstantes vos, fratres carissimi, ad tam miram huius sancti luminis claritatem, una mecum, quaeso, Dei omnipotentis misericordiam invocate.

Ut, qui me non meis meritis intra Levitarum numerum dignatus est aggregare luminis sui gratiam infundens cerei huius laudem implere perficiat.

Per Dominum nostrum Iesum Christum Filium suum, qui cum eo vivit et regnat in unitate Spiritus Sancti, Deus, per omnia saecula saeculorum.

R. Amen.

V. Dominus vobiscum. R. Et cum spiritu tuo.

V. Sursum corda. R. Habemus ad Dominum.

V. Gratias agamus Domino Deo nostro. R. Dignum et iustum est.

Vere dignum et iustum est, invisibilem Deum Patrem omnipotentem Filium que eius unigenitum, Dominum nostrum Iesum Christum, toto cordis ac mentis affectu et vocis ministerio personare.

Qui pro nobis aeterno Patri Adae debitum solvit et veteris piaculi cautionem pio cruore detersit.

Haec sunt enim festa Paschalia, in quibus vere ille Agnus occiditur, cuius sanguine postes fidelium consecrantur.

Haec nox est, in qua primum patres nostros, filios Israel, eduxisti de Aegypto, Mare Rubrum sicco vestigio transire fecisti. Haec igitur nox est, quae peccatorum tenebras columnae illuminatione purgavit.

Haec nox est, quae hodie per universum mundum in Christo credentes a vitiis saeculi, et caligine peccatorum segregatos reddit gratiae, sociat sanctitati.

Haec nox est, in qua, destructis vinculis mortis, Christus ab inferis victor ascendit.

Nihil enim nobis nasci profuit, nisi redimi profuisset.

O mira circa nos tuae pietatis dignatio! O inaestimabilis dilectio caritatis: ut servum redimeres, Filium tradidisti!

O certe necessarium Adae peccatum, quod Christi morte deletum est!

O felix culpa, quae talem ac tantum meruit habere Redemptorem!

O vere beata nox, quae sola meruit scire tempus et horam, in qua Christus ab inferis resurrexit!

Haec nox est, de qua scriptum est: Et nox sicut dies illuminabitur: et nox illuminatio mea in deliciis meis.

Huius igitur sanctificatio noctis fugat scelera, culpas lavat: et reddit innocentiam lapsis, et maestis laetitiam. Fugat odia, concordiam parat, et curvat imperia.

In huius igitur noctis gratia, suscipe, sancte Pater laudis huius sacrificium vespertinum, quod tibi in haec cerei oblatione sollemni, per ministrorum manus de operibus apum, sacrosancta reddit ecclesia.

Sed iam columnae huius praeconia novimus, quam in honorem Dei rutilans ignis accendit. Qui, licet sit divisus in partes, mutuati tamen luminis detrimenta non novit. Alitur enim liquantibus ceris, quas in substantiam pretiosae huius lampadis apis mater eduxit.

O vere beata nox, quae exspoliavit Aegyptos, ditavit Hebraeos nox, in qua terrenis caelestia, humanis divina iunguntur! 

Oramus ergo te, Domine, ut cereus iste in honorem tui nominis consecratus, ad noctis huius caliginem destruendam, indeficiens perseveret. Et in odorem suavitatis acceptus, supernis luminaribus, misceatur. Flammas eius lucifer matutinus inveniat: Ille, inquam, lucifer, qui nescit occasum: Ille qui regressus ab inferis, humano generi serenus illuxit.

Precamur ergo te, Domine, ut nos famulos tuos, omnemque clerum, et devotissimum populum, una cum beatissimo Papa nostro N. et Antistite nostro N. quiete temporum concessa, in his paschalibus gaudiis, assidua protectione regere, gubernare, et conservare digneris. 

Respice etiam ad eos, qui nos in potestate regunt, et, ineffabili pietatis et misericordiae tuae munere, dirige cogitationes eorum ad iustitiam et pacem, ut de terrena operositate ad caelestem patriam perveniant cum omni populo tuo.

Per eundem Dominum nostrum Iesum Christum Filium tuum, qui tecum vivit et regnat in unitate Spiritus Sancti, Deus, per omnia saecula saeculorum.

R. Amen.

**********

(tradução incompleta do texto latino original)

Exulte de alegria a multidão dos Anjos,
exultem as assembleias celestes, 
ressoem hinos de glória, 
para anunciar o triunfo de tão grande Rei.

Rejubile também a terra,
inundada por tão grande claridade, 
porque a luz de Cristo, o Rei eterno, 
dissipa as trevas de todo o mundo.

Alegre-se a Igreja, nossa mãe,
adornada com os fulgores de tão grande luz, 
e ressoem neste templo as aclamações do povo de Deus.

E vós, irmãos caríssimos,
aqui reunidos para celebrar o esplendor admirável desta luz, 
invocai comigo a misericórdia de Deus onipotente, 
para que, tendo-Se Ele dignado, sem mérito algum da minha parte, 
admitir-me no número dos seus ministros, 
infunda em mim a claridade da sua luz, 
para que possa celebrar dignamente os louvores deste círio.

V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós. 
V. Corações ao alto. 
R. O nosso coração está em Deus. 
V. Demos graças ao Senhor nosso Deus. 
R. É nosso dever, é nossa salvação.

É verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação
proclamar com todo o fervor da alma e toda a nossa voz 
os louvores de Deus invisível, Pai onipotente, 
e do seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, nosso Senhor.

Ele pagou por nós ao eterno Pai
a dívida por Adão contraída 
e com seu Sangue precioso 
apagou a condenação do antigo pecado.

Celebramos hoje as festas da Páscoa,
em que é imolado o verdadeiro Cordeiro, 
cujo Sangue consagra as portas dos fiéis.

Esta é a noite,
em que libertastes do cativeiro do Egito 
os filhos de Israel, nossos pais, 
e os fizestes atravessar a pé enxuto o Mar Vermelho.

Esta é a noite,
em que a coluna de fogo dissipou as trevas do pecado.

Esta é a noite,
que liberta das trevas do pecado e da corrupção do mundo 
aqueles que hoje por toda a terra crêem em Cristo, 
noite que os restitui à graça 
e os reúne na comunhão dos Santos.

Esta é a noite,
em que Cristo, quebrando as cadeias da morte, 
Se levanta glorioso do túmulo.

De nada nos serviria ter nascido,
se não tivéssemos sido resgatados. 
Ó admirável condescendência da vossa graça! 
Ó incomparável predileção do vosso amor! 
Para resgatar o escravo, entregastes o Filho.

Ó necessário pecado de Adão,
que foi destruído pela morte de Cristo! 
Ó ditosa culpa, 
que nos mereceu tão grande Redentor!

Ó noite bendita,
única a ter conhecimento do tempo e da hora 
em que Cristo ressuscitou do sepulcro!

Esta é a noite, da qual está escrito:
A noite brilha como o dia 
e a escuridão é clara como a luz.

Esta noite santa afugenta os crimes, lava as culpas;
restitui a inocência aos pecadores, dá alegria aos tristes; 
derruba os poderosos, dissipa os ódios, 
estabelece a concórdia e a paz.

Nesta noite de graça,
aceitai, Pai santo, este sacrifício vespertino de louvor, 
que, na solene oblação deste círio, 
pelas mãos dos seus ministros, Vós apresentais à santa Igreja.

Agora conhecemos o sinal glorioso desta coluna de cera,
que uma chama de fogo acende em honra de Deus: 
esta chama que, ao repartir o seu esplendor, 
não diminui a sua luz; 
esta chama que se alimenta de cera, 
produzida pelo trabalho das abelhas, 
para formar este precioso luzeiro.

Ó noite ditosa,
em que o céu se une à terra, 
em que o homem se encontra com Deus!

Nós Vos pedimos, Senhor,
que este círio, consagrado ao vosso nome, 
arda incessantemente para dissipar as trevas da noite; 
e, subindo para Vós como suave perfume, 
junte a sua claridade à das estrelas do céu.

Que ele brilhe ainda quando se levantar o astro da manhã,
aquele astro que não tem ocaso, 
Jesus Cristo vosso Filho, 
que, ressuscitando dentre os mortos, 
iluminou o gênero humano com a sua luz e a sua paz 
e vive glorioso pelos séculos dos séculos. 
Amém.

MEDITAÇÕES SOBRE A PAIXÃO DE JESUS (VIII)


 MARIA ASSISTE À MORTE DE JESUS NA CRUZ

1. ‘Estava, porém, junto à cruz de Jesus sua Mãe’ (Jo 19, 25). Consideremos nesta rainha dos mártires uma espécie de martírio mais cruel que todo outro martírio, uma mãe vendo morrer um filho inocente, justiçado num patíbulo infame: ‘Estava de pé’. Desde a hora em que Jesus foi preso no horto, os discípulos o abandonaram; não, porém, sua Mãe: ela o assiste até vê-lo expirar diante de seus olhos. ‘Estava junto dele’. As mães fogem quando veem seus filhos padecendo e não os podem socorrer: estariam prontas a sofrer as dores em lugar dos filhos, mas quando os veem padecer sem poder auxiliá-los, não suportam tal pena e por isso fogem e vão para longe. Maria, não; ela vê o Filho no meio dos tormentos, vê que as dores lhe roubam a vida, mas não foge, nem se afasta, antes se encosta à cruz na qual o Filho está morrendo. Ó Mãe das dores, não me desdenheis e permiti que vos faça companhia na morte do vosso e do meu Jesus.

2. ‘Estava junto à cruz’. A cruz é, pois, o leito em que Jesus deixa de viver: leito de dores, em que a aflita Mãe vê Jesus todo ferido pelos açoites e pelos espinhos. Maria observa que seu pobre Filho, pendente daqueles três cravos de ferro, não encontra repouso nem alívio: desejaria procurar-lhe algum alívio; desejaria, já que ele tem de morrer, que ao menos expirasse em seus braços; nada disso, porém, lhe é permitido. Ah, cruz, diz, restitui-me o meu Filho: és o patíbulo dos malfeitores; meu Filho, porém, é inocente. Não vos aflijais, ó Mãe: é vontade do eterno Pai que a cruz não vos restitua Jesus senão depois de morto. Ó rainha das dores, alcançai-me a dor de meus pecados.

3. ‘Estava junto da cruz sua Mãe’. Considera, minha alma como, ao pé da cruz, Maria está olhando para o Filho! E que Filho, meu Deus! Filho que era ao mesmo tempo seu Filho e seu Deus; Filho que desde a eternidade a tinha escolhido para sua Mãe, e a havia preferido no seu amor a todos os homens e a todos os anjos; Filho tão belo, tão santo, tão amável como nenhum outro; Filho, que lhe fora sempre obediente; Filho, que era seu único amor, pois que era Filho de Deus. E esta Mãe teve de ver morrer de dores, diante de seus olhos, um tal Filho! Ó Maria, ó Mãe, a mais aflita entre todas as mães, compadeço-me de vosso coração, especialmente quando vistes vosso Jesus inclinar a cabeça, abrir a boca e expirar. Por amor deste vosso Filho, morto por minha salvação, recomendai-lhe a minha alma. E vós, meu Jesus, pelos merecimentos das dores de Maria, tende piedade de mim e concedei-me a graça de morrer por vós, como morrestes por mim. Com São Francisco de Assis, vos direi: 'Morra eu, Senhor, por amor de vós que, por amor de meu amor, vos dignastes morrer'.

('A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo', de Santo Afonso Maria de Ligório)

sexta-feira, 29 de março de 2013

SEXTA-FEIRA SANTA

CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO E MORTE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

Nós Vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos,
porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Penitência, jejum, abstinência, silêncio, oração. Jesus agonizante acabou de pronunciar suas últimas palavras, entregando o Espírito ao Pai. E morre sobre a cruz. José e Nicodemos O descem do lenho das flagelações para os braços da Mãe Dolorosa. E, então, O conduzem para o Santo Sepulcro.












VIA SACRA (ESTAÇÕES XII A XIV)

DÉCIMA SEGUNDA ESTAÇÃO: JESUS MORRE SOBRE A CRUZ

V. Pelo Sangue e Água emanado do Seu Coração, como fonte de todos os bens:
R. Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
Era já mais ou menos a hora sexta quando houve treva sobre a terra inteira até à hora nona, tendo desaparecido o sol. O véu do Santuário rasgou-se ao meio, e Jesus deu um grande grito: 'Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito'. Dizendo isso, expirou (Lc 23, 44-46).
Quando rezo a Via-Sacra, na décima segunda estação sinto uma comoção profunda. Aí reflito sobre o poder da Misericórdia Divina, que passou pelo Coração de Jesus. Nessa chaga aberta do Coração de Jesus encerro toda a pobre humanidade; e certas pessoas, a quem amo em particular (...), todas as vezes que rezo a Via-sacra. Dessa fonte de misericórdia saíram esses raios, isto é, o Sangue e a Água. Eles, com a imensidão da sua graça, inundam o Mundo inteiro... (Diário  - 1309).
Vós morrestes, Jesus, mas uma fonte de vida jorrou para as almas e abriu-se um mar de misericórdia para o mundo. Ó fonte de vida, insondável misericórdia de Deus, envolvei o mundo todo e derramai-Vos sobre nós (Diário - 1319).
Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!



DÉCIMA TERCEIRA ESTAÇÃO: JESUS É DESCIDO DA CRUZ

V. Pelos tormentos de Sua Mãe quando o recebeu morto entre os braços:
R. Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.

Caminhai, meus filhos, caminhai! Quanto a mim, deixaram-me deserta... Coragem, meus filhos, clamai para Deus: Ele vos arrancará ao domínio, à mão dos inimigos. Eu, porém, espero do Eterno a vossa salvação, e do Santo recebi uma alegria: a misericórdia virá logo para vós da parte do Eterno, vosso Salvador (Br 4, 19-22).
Então, vi a Virgem Santíssima, numa indizível beleza, que se aproximou de mim, vindo do altar até o meu genuflexório, estreitou-me ao Seu Coração e disse-me estas palavras:
'Sou vossa Mãe pela infinita misericórdia de Deus. A alma que cumpre fielmente a vontade de Deus é a que mais Me agrada.'
Fez-me compreender que cumpro fielmente todos os desejos de Deus e, dessa maneira, encontrei graças a Seus olhos.
'Sê corajosa, não tenhas medo de dificuldades ilusórias, mas fixa teu olhar na Paixão do Meu Filho e, dessa maneira, vencerás'.
Mãe de Deus, cuja alma estava mergulhada num mar de amargura, olhai para Vossa filha e ensinai-a a sofrer e a amar sofrendo. Fortalecei minha alma, que a dor não a quebrante. Ó Mãe da Graça, ensinai-me a viver com Deus! (Diário - 315).
Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!


DÉCIMA QUARTA ESTAÇÃO: JESUS É SEPULTADO
  
V. Pela pedra que fechou o sepulcro:
R. Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor. Com efeito, Cristo morreu e reviveu para ser o Senhor dos vivos e dos mortos (Rm 14, 8-9).
Ó Deus misericordioso, que ainda me permitis viver, dai-me forças, para que eu possa viver uma vida nova, vida de espírito, sobre a qual a morte não tenha domínio. E renovou-se o meu coração e comecei uma vida nova, já aqui na Terra, uma vida de amor a Deus. Entretanto, não me esqueço de que sou a própria fraqueza; embora não duvide um momento sequer do auxílio da Vossa graça, ó Deus (Diário - 1344).
Tudo por Vós, Jesus; com cada pulsar do coração desejo glorificar a Vossa misericórdia e, na medida das minhas possibilidades, estimular as almas à confiança nessa misericórdia, como Vós mesmo me ordenastes, Senhor (Diário - 1234).
Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!

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ORAÇÃO FINAL: Ó Meu amabilíssimo Redentor, ofereço-Vos esta breve meditação da Vossa Sagrada Paixão e Morte, em união com a compaixão da Vossa Bendita Mãe e de todos os Santos. Dai-me um grande arrependimento de todos os meus pecados, perdoai minhas ingratidões e abençoai os propósitos que fiz nesta Via-Sacra. Ó Jesus, para Vós quero viver, para Vós quero morrer, Vosso quero ser no tempo e na eternidade. Assim seja.

Orações pelo Sumo Pontífice: Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

MEDITAÇÕES SOBRE A PAIXÃO DE JESUS (VII)


 JESUS MORTO PENDENTE DA CRUZ

1. Minha alma, levanta os olhos e contempla aquele crucificado. Contempla o Cordeiro Divino já sacrificado sobre o altar da dor. Reflete que ele é o Filho dileto do eterno Pai e que morreu pelo amor que te consagrou. Vê como tem os braços estendidos para abraçar-te, a cabeça inclinada para dar-te o ósculo da paz, o lado aberto para receber-te no seu coração. Que dizes? Merece ou não ser amado um Deus tão amoroso? Ouve o que ele te diz daquela cruz: ‘Vê, filho, se existe no mundo quem tenha te amado mais do que eu’. Não, meu Deus, não há no mundo quem tenha te amado mais do que eu. Não, meu Deus, não há no mundo quem me tenha amado mais do que vós. Mas que poderei dar em retorno a um Deus que quis morrer por mim? Que amor de uma criatura poderá jamais compensar o amor de seu criador morto para conquistar o seu amor?

2. Ó Deus, se o mais vil dos homens tivesse sofrido por mim o que sofreu Jesus Cristo, poderia deixar de amá-lo? Se eu visse um homem dilacerado pelos açoites, pregado numa cruz para salvar-me a vida, poderia lembrar-me disso sem me abrasar em amor? E se me fosse apresentado o seu retrato expirando na cruz poderia contemplá-lo com indiferentismo, pensando: ‘Este homem morreu assim atormentado por meu amor e, se não me houvesse amado tanto, não teria morrido dessa maneira?’ Ah, meu Redentor, ó amor de minha alma, como poderei esquecer-me mais de vós? Como poderei pensar que os meus pecados vos reduziram a um tal estado e não chorar sempre as injúrias feitas à vossa bondade? Como poderei vos ver morto de dor sobre essa cruz por meu amor e não vos amar com todas as minhas forças?

3. Meu caro Redentor, bem reconheço nessas vossas chagas e membros dilacerados outras tantas provas do terno amor que me consagrais. Já, pois, que para me perdoar não perdoastes a vós, olhai-me com aquele mesmo amor com que me olhastes uma vez da cruz, na qual morríeis por meu amor; iluminai-me e atraí para vós todo o meu coração para que, de hoje em diante, eu nada mais ame fora de vós. Não permitais que eu me esqueça de vossa morte. Vós prometestes que, levantado na cruz, haveríeis de atrair os nossos corações. Eis aqui o meu coração, que, enternecido com a vossa morte e enamorado de vós, não quer resistir mais ao vosso chamamento: ah, atraí-o todo e tornai-o todo vosso! Vós morrestes por mim e eu desejo morrer por vós e, continuando a viver, só para vós quero viver. Ó dores de Jesus, ó ignomínias de Jesus, ó morte de Jesus, ó amor de Jesus, fixai-vos no meu coração e aí fique sempre a vossa memória a ferir-me continuamente e a inflamar-me em amor. Eu vos amo, bondade infinita, eu vos amo, amor infinito, vós sois e sereis sempre o meu único amor. Ó Maria, Mãe do amor, obtende-me o santo amor.

('A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo', de Santo Afonso Maria de Ligório)

quinta-feira, 28 de março de 2013

QUINTA-FEIRA SANTA

CELEBRAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA E DO SACERDÓCIO

Nesta Quinta-Feira Santa, a Igreja recorda a Última Ceia de Jesus e a instituição da Eucaristia, sacramento do Seu Corpo e do Seu Sangue: 'Fazei isto em memória de Mim'; a instauração do novo Mandamento: 'Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei' e a suprema lição de humildade de Jesus, quando o Senhor lava os pés dos seus discípulos.












VIA SACRA (ESTAÇÕES IX A XI)

NONA ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA TERCEIRA VEZ

V. Pela sua terceira queda:
R. Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
Esperei ansiosamente pelo Senhor: Ele se inclinou para mim e ouviu o meu grito. Ele me fez subir da cova fatal, do brejo lodoso; colocou meus pés sobre a rocha, firmou os meus passos (Sl 40, 2-3).
'Coloquem a esperança na Minha misericórdia os maiores pecadores. Eles têm mais direito do que outros à confiança no abismo da Minha misericórdia. Minha filha, escreve sobre a Minha misericórdia para as almas atribuladas. Causam-Me prazer as almas que recorrem à Minha misericórdia. A estas almas concedo graças que excedem os seus pedidos. Não posso castigar, mesmo o maior dos pecadores, se ele recorre à Minha compaixão, mas justifico-o na Minha insondável e inescrutável misericórdia' (Diário - 1146).
Ó Jesus, como tenho pena dos pobres pecadores! Jesus, concedei-lhes contrição e arrependimento; lembrai-Vos da Vossa dolorosa Paixão. Conheço a Vossa infinita misericórdia e não posso suportar que uma alma, que tanto Vos custou, tenha que perecer. Ó meu Criador e Pai de grande misericórdia, confio em Vós, porque sois Bondade pura. Almas, não temais a Deus, mas confiai nEle, porque Ele é bom e eterna é a Sua misericórdia (Diário - 908).
Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!



DÉCIMA ESTAÇÃO: JESUS É DESPOJADO DAS SUAS VESTES


V. Pela dor que sentiu Jesus quando foi despido:
R. Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
Todos os que me veem caçoam de mim, abrem a boca e meneiam a cabeça. Posso contar meus ossos todos; as pessoas me olham e me veem; repartem entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica tiram sorte (Sl 22, 8.18-19).
Jesus surgiu, de repente, diante de mim, despido de Suas vestes, coberto de chagas por todo o corpo, os olhos cheios de sangue e lágrimas, o rosto todo desfigurado, coberto de escarros.
'Olha o que fez de Mim o amor pelas almas humanas. Minha filha, no teu coração encontro tudo que Me nega um tão grande número de almas. O teu coração é o Meu repouso' (Diário - 268).
Jesus, amo-Vos mais vendo-Vos assim ferido e aniquilado, do que se Vos visse em majestade. A grande Majestade atemoriza-me a mim, pequenina, o nada que eu sou, mas as Vossas Chagas atraem-me ao Vosso Coração e falam-me do Vosso grande amor por mim. (Diário - 252).
Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!


DÉCIMA PRIMEIRA ESTAÇÃO: JESUS É PREGADO NA CRUZ  


V. Pela horrível perfuração dos pregos que atravessaram suas mãos e os seus pés:
R. Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
Fui crucificado junto com Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim (Gl 2, 19-21).
Então vi Nosso Senhor pregado na cruz. Enquanto Jesus por alguns momentos estava suspenso nela, vi uma legião inteira de almas crucificadas da mesma forma que Jesus. E vi uma segunda e ainda uma terceira legião de almas. A segunda legião não estava pregada na cruz, mas as almas seguravam firmemente a cruz nas suas mãos; ao passo que a terceira legião de almas não estava pregada, nem segurava firmemente a cruz nas mãos, mas essas almas arrastavam a cruz após si e estavam insatisfeitas. Então Jesus me disse:
'Estás vendo essas almas que são semelhantes a Mim em sofrimentos e desprezo? Elas serão também semelhantes a Mim na glória; e as que forem menos parecidas Comigo no sofrimento e no desprezo, essas também terão menos semelhança Comigo na glória' (Diário - 446).
Ó meu Deus, como é doce sofrer por Vós, sofrer nos mais ocultos recônditos do coração e no maior segredo; arder em sacrifício por ninguém notado, puro como um cristal, sem nenhum consolo, nem compaixão. O meu espírito arde em amor ativo. Não perco tempo em fantasias e aproveito cada um dos momentos, porque ele me pertence; o passado já não me pertence, o futuro não é meu; procuro aproveitar o tempo presente com toda a alma (Diário - 351).
Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!


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