quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

O DOM DA SABEDORIA

O segundo favor que o divino Espírito destinou à alma que lhe é fiel na ação é o dom de sabedoria, ainda superior ao da inteligência. No entanto, está ligado a este último no sentido de que o objeto mostrado na inteligência é saboreado e possuído no dom de sabedoria. O salmista, convidando o homem a se aproximar de Deus, recomenda-lhe o sabor do soberano Bem: 'Provai e experimentai que o Senhor é cheio de doçura'. 

A santa Igreja, no próprio dia de Pentecostes, pede a Deus para nós o favor de provar o bem, recta sapere, porque a união da alma com Deus é antes uma experiência do gosto do que uma visão, a qual seria incompatível com nosso estado presente. A luz dada pelo dom da inteligência não é imediata, ela alegra vivamente a alma e dirige seu sentido para a verdade; mas tende a se completar pelo dom de sabedoria que é como se fosse seu fim. 

A inteligência é então iluminação e a sabedoria é união. Ora, a união com o soberano Bem se realiza pela vontade, quer dizer, pelo amor que reside na vontade. Notamos essa progressão nas hierarquias angélicas. O querubim refulge de inteligência, mas acima dele ainda está o serafim abrasado. O Amor é ardente no querubim, assim como a inteligência esclarece com sua luz viva o serafim; mas um é diferenciado do outro pela qualidade predominante e o mais elevado é aquele que atinge mais intimamente a divindade pelo amor, aquele que saboreia mais o soberano Bem.

(Excertos da obra 'Os Dons do Espírito Santo', de Dom P. Gueranger)