quarta-feira, 13 de julho de 2022

TESOURO DE EXEMPLOS (158/160)


158. CASTIGUE-ME!

Chegou a uma vila uma professora que não acreditava em Deus. E querendo corromper as alunas, disse-lhes:
➖ Vamos ao ditado; escrevei! E ditou-lhes despudoradamente: 'Não existe Deus; os que creem nele são uns bobos, aos quais se deveriam por orelhas de burro'.

Ao recolher e corrigir os ditados, viu que uma menina escrevera:
➖ Eu creio que Deus existe.
➖ Por que escreveste isto, senhorita? Olha que te castigarei.
➖ Minha mãe - disse a menina - ensinou-me que existe Deus, e acrescentou que é preferível deixar-se matar a ofender a Deus, nosso Criador. Se a senhora quiser castigar-me, castigue-me; Deus e minha mãe estarão contentes comigo.

Comoveu-se então a professora diante daquelas palavras pronunciadas por sua alunazinha, e mais tarde converteu-se.

159. NA MINHA FÁBRICA NÃO SE TRABALHARÁ

Um comerciante tinha em sua fábrica centenas de operários, cujo trabalho devia ser contínuo e uma suspensão do mesmo em dias festivos acarretava a perda de grandes lucros. Apresentou-se ao bispo e perguntou se podia considerar razão suficiente para trabalhar em dias festivos a considerável perda que sofria, e em consciência pedia-lhe licença para trabalhar depois que os operários tivessem ouvido missa.

O bispo disse-lhe que escrevesse ao papa. Ele o fez e a resposta favorável foi enviada ao próprio bispo, que foi encarregado de comunicá-la ao comerciante. Chamou-o e disse-lhe:
➖ O papa outorgou-vos a dispensa solicitada; mas o vosso exemplo há de influir nos outros, os quais nunca entenderão suficientemente o motivo da dispensa, pois o público não raciocina e só verá um favor concedido a um rico. Vede se quereis tomar sobre vós essa responsabilidade e se, na hora da morte, não tereis de arrepender-vos de haver dado motivo para que outros faltassem contra a lei de Deus.
➖ Está bem, senhor bispo; na minha fábrica não se trabalhará em nenhum dia de festa. Prefiro perder bom dinheiro a arcar com tanta responsabilidade.

160. ASSIM CONTA UM MISSIONÁRIO

Um missionário foi chamado para assistir a um velho moribundo que vivia numa casinha perdida numa vasta planície. Levou consigo o necessário para celebrar a missa. Tratava-se de um senhor de origem francesa que há quarenta anos vivia na região de Filadélfia e fazia vinte anos que não vira mais um sacerdote.

O missionário atendeu ao enfermo, celebrou a missa para dar-lhe a comunhão e, terminada a ação de graças, perguntou ao doente:
➖ Que prática especial fez o senhor durante a sua vida para merecer a assistência de Deus nos seus derradeiros instantes?
O velho pensou um pouco e disse:
➖ O único bem que fiz foi caminhar todos os sábados sessenta quilômetros para ir à vila confessar-me, comungar e ouvir a missa no domingo. Isto fiz sempre até que meus incômodos me impediram.

Pois foi isso precisamente que o fez merecer a graça de receber os últimos sacramentos.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)