quinta-feira, 17 de agosto de 2023

OS 40 PASSOS DO CAMINHO DA LUZ


1. se alguém deseja chegar a determinado lugar, que se esforce por seu modo de agir, pois nos foi dado saber como andar por este caminho;
2. amarás quem te criou;
3. terás veneração por quem te formou; 
4. darás glória a quem te remiu da morte;
5. serás simples de coração e rico no espírito; 
6. não te juntarás aos que andam pelo caminho da morte;
7. terás aversão por tudo quanto desagrada a Deus; 
8. odiarás toda simulação; 
9. não desprezarás os mandamentos do Senhor;
10. não exaltarás a ti mesmo;
11. serás humilde em tudo; 
12. não procurarás a tua própria glória;
13. não tramarás contra o teu próximo; 
14. não te entregarás à arrogância;
16. amarás o teu próximo mais do que a tua vida;
17. não matarás o feto por aborto e nem depois do nascimento;
18. não retirarás a mão sobre o teu filho ou de tua filha e, desde a infância, ensinarás a eles o temor do Senhor; 
19. não cobiçarás os bens do teu próximo;
20. não serás refém da avareza; 
21. não te unirás de coração aos soberbos;
22. serás amigo dos humildes e justos;
23. tudo quanto te acontecer, receberás como um bem, sabendo que nada se faz sem Deus;
24. não serás inconstante e nem usarás duplicidade no falar, pois a a língua dúplice é laço de morte;
25. partilharás tudo com o teu próximo e não dirás ser propriedade tua o que quer que seja, pois sois co-herdeiros das realidades incorruptíveis e não daquilo que se corrompe;
26. não serás precipitado no falar, pois a boca é um laço de morte;
27. serás casto, tanto quanto puderes, em favor de tua alma;
28. não agirás com mão estendida para receber e encolhida para dar;
29. amarás como a pupila dos olhos todo aquele que te dirigir palavras do Senhor;
30. relembrarás, dia e noite, o dia do juízo;
31. buscarás  diariamente a presença dos santos e, por meio de palavras ou ações, trabalharás para a remissão dos teus pecados;
32. não hesitarás em dar e em não dar murmurando, pois bem sabeis quem é o bom remunerador da dádiva;
33. guardarás o que recebeste, sem tirar nem por;
34. odiarás perpetuamente o Maligno;
35. julgarás com justiça;
36. não fomentarás conflitos;
37. esforçarás sempre pra restituir a paz, reconciliando os contendores;
38. confessarás os teus pecados;
39. não se dedicarás à oração de má consciência;
40. buscarás viver cotidianamente este caminho da luz.

(Da chamada 'Carta de Barnabé', século II)

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

PALAVRAS DA SALVAÇÃO


'Ides a Deus? Procurai não chegar lá sozinhos. Aquele que no seu coração já ouviu o apelo do Amor divino, procure tirar daí uma palavra de encorajamento para o seu próximo. Talvez não tenhais pão para dar a um mendigo; mas o que tem uma língua pode dar melhor do que pão, porque alimentar com a Palavra uma alma destinada a viver eternamente vale mais que saciar do pão terrestre um corpo que um dia tem de morrer. Tomai por isso cuidado para não privardes o vosso próximo da esmola da palavra'.

(São Gregório Magno)

DOUTORES DA IGREJA (XXI)

  21São Cirilo de Jerusalém, Bispo (†386)

Doutor da Catequese
Concessão do título: 1883 - Papa Leão XIII

Celebração: 18 de março (Memória Facultativa)

 Obras e Escritos 

  • Catequeses Mistagógicas
  • Catequeses Pré-Batismais

terça-feira, 15 de agosto de 2023

GLÓRIAS DE MARIA: ASSUNÇÃO AO CÉU

 

A Assunção de Maria - Palma Vecchio (1512 - 1514)

"Pronunciamos, declaramos e de­finimos ser dogma de revelação divina que a Imaculada Mãe de Deus sempre Virgem Maria, cumprido o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à Glória celeste”.

                            (Papa Pio XII, na Constituição Dogmática  Munificentissimus Deus, de 1º de novembro de 1950)


A solenidade da Assunção da Virgem Maria (celebrada pela Igreja no dia 15 de agosto) existe desde os primórdios do catolicismo e, desde então, tem sido transmitida pela tradição oral e escrita da Igreja. Trata-se de um dos grandes e dos maiores mistérios de Deus, envolto por acontecimentos tão extraordinários que desafiam toda interpretação humana: 

1. Nossa Senhora NÃO PRECISAVA morrer, uma vez que era isenta do pecado original;

2. Nossa senhora QUIS MORRER para se assemelhar em tudo ao seu Filho, pela aceitação de sua condição humana mortal e para mostrar que a morte cristã é apenas uma passagem para a Vida Eterna;  

3. Nossa Senhora NÃO PODIA passar pela podridão natural da carne tendo sido o Sacrário Vivo do próprio Deus;

4. A morte de Nossa Senhora foi breve (é chamada de 'Dormição') e ela foi assunta ao Céu em corpo e alma;

5. Aquela que gerou em si a vida terrena do Filho de Deus foi recebida por Ele na glória eterna;

6. Nossa Senhora foi assunta ao Céu pelo poder de Deus; a ASSUNÇÃO difere assim da ASCENSÃO de Jesus, uma vez que Nosso Senhor subiu ao Céu pelo seu próprio poder.


Louvor a Ti, Filha de Deus Pai,
Louvor a Ti, Mãe do Filho de Deus,
Louvor a Ti, Esposa do Espírito Santo,
Louvor a Ti, Maria, Tabernáculo da Santíssima Trindade!

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

A REDE SEMPRE VAI TER PEIXES BONS E MAUS

Nosso Senhor foi um modelo incomparável de paciência: aguentou um 'demônio' entre os seus discípulos até à sua Paixão (Jo 6,70). Dizia Ele: 'Deixai um e outro crescer juntos, até à ceifa, para que não suceda que, ao apanhardes o joio, arranqueis o trigo ao mesmo tempo' (Mt 13,29). Tendo a rede como símbolo da Igreja, predisse que esta traria para a praia, quer dizer, até ao fim do mundo, toda a espécie de peixes, bons e maus. E deu a conhecer de muitas outras maneiras, tanto abertamente como através de parábolas, que haveria sempre essa mistura de bons e maus. E, no entanto, afirmou que é necessário vigiar pela disciplina na Igreja quando disse: 'Se o teu irmão pecar, vai ter com ele e repreende-o a sós. Se ele te der ouvidos, terás ganho o teu irmão' (Mt 18,15).

Mas hoje vemos pessoas que só tomam em consideração os preceitos rigorosos, que mandam reprimir os que causam perturbação, que ordenam que 'não se deem aos cães as coisas santas', que se 'tratem como aos publicanos' aqueles que desprezam a Igreja, que se repudiem do seu corpo os membros escandalosos (Mt 7,6; 18,17; 5,30). O seu zelo intempestivo causa muita tribulação à Igreja, porque desejariam arrancar o joio antes do tempo e a sua cegueira faz deles próprios inimigos da unidade de Jesus Cristo.

Tomemos cuidado em não deixarmos entrar no nosso coração estes pensamentos presunçosos, em não procurarmos destacar-nos dos pecadores para não nos sujarmos com o seu contato, em não tentarmos formar como que um rebanho de discípulos puros e santos. Sob o pretexto de não frequentarmos os maus, conseguiríamos apenas romper a unidade. Pelo contrário, recordemo-nos das parábolas da Escritura, dessas palavras inspiradas, desses exemplos tocantes, onde se nos demonstra que os maus estarão sempre misturados com os bons na Igreja, até ao fim do mundo e até ao dia do Juízo, sem que a sua participação nos sacramentos seja prejudicial aos bons, desde que estes não participem dos pecados daqueles.

(Excertos da obra 'A Fé e as Obras', de Santo Agostinho)

domingo, 13 de agosto de 2023

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade e a vossa salvação nos concedei!(Sl 84)

Primeira Leitura (1Rs 19,9a.11-13a) - Segunda Leitura (Rm 9,1-5)  -  Evangelho (Mt 14,22-33)

 13/08/2023 - Décimo Nono Domingo do Tempo Comum

38. 'VEM!'(JESUS ANDANDO SOBRE AS ÁGUAS)


Jesus, antes de despedir a multidão às margens do mar de Tiberíades, ordena aos apóstolos que entrem na barca e façam sozinhos a travessia para a outra margem. Aquele que, momentos antes, fizera a multiplicação dos pães e dos peixes, não se comprazia com o ardor da turba admirada pelo extraordinário milagre, mas refém de um messianismo enganoso e deturpado. Esse mesmo brilho enganoso poderia ter perpassado nos olhos de alguns de seus discípulos. Jesus, ciente destes desvios e interpretações ruinosas, liberta-se dos homens e se isola em oração fervorosíssima em lugar isolado, muito provavelmente para pedir e suplicar ao Pai o pleno cumprimento de sua missão salvífica e redentora, muito além das comoções humanas.

Então, já noite alta, os apóstolos sentiram medo e aflição, sozinhos na barca que se agitava perigosamente nas águas revoltas pelos ventos impetuosos. E o medo se transformou em terror quando julgaram ver um fantasma andando sobre as águas, em direção à barca. Jesus se revelou, então, a eles: 'Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!' (Mt 14, 27). Mas a incerteza e a desconfiança ainda imperavam naquela barca à mercê dos ventos, expressas pelo grito de Pedro: 'Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água' (Mt 14, 28). Ao que Jesus respondeu: 'Vem!' (Mt 14, 28).

'Vem!' Eis o chamado de Jesus a Pedro, aos seus discípulos, a cada um de nós. Ir ao encontro de Jesus, e em Jesus colocar toda a nossa confiança e certeza, é o caminho da plenitude da graça. Ir ao encontro de Jesus, quaisquer que sejam os obstáculos, as provações e as tempestades do mundo, mesmo que pareça que estamos despojados de tudo e de todos, ainda que se tenha de andar sobre as águas de um mar tenebroso. Basta-nos a fé. A fé que faltou, então, a Pedro, quando distanciou o seu olhar do Senhor e se fixou nas marolas do mundo, afundando-se no mar. Mas 'Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” (Mt 14, 3'). E subiram ambos ao barco.

A frágil embarcação no meio do nada e em completa escuridão é agora o templo de Deus: 'Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!' (Mt 14, 33). Jesus está junto aos seus discípulos, e lhes dá a sua paz. Paz que faz serenar os ventos e as águas, paz que afasta os temores e aflições, paz que inunda os corações da graça divina. Paz que nos foi legada também como desígnio de salvação; tesouro que se encontra quando, na inquietude dos conflitos e incertezas do mundo, somos passageiros da grande Barca (Santa Igreja) que ruma confiante ao encontro do Senhor que Vem.

sábado, 12 de agosto de 2023

O VALOR INFINITO DA SANTA MISSA

Nossos pais, Adão e Eva, desobedeceram o preceito de Deus e se rebelaram enganados por Satanás, que lhes disse: 'Tomai e comei e sereis como deuses'. O homem, quando peca, se rebela contra Deus e diz com as suas obras: Non serviam - Não servirei. Despreza a Deus, que é o seu Senhor e Pai. Deste desprezo se queixa muito sentidamente este bom Pai, dizendo por um profeta: 'criei filhos e os fiz crescer e eles me desprezaram' (Is 1,92).

... O corpo, mais ou menos cedo, morrerá, mas depois ressuscitará por Cristo, que ressuscitará tudo. A alma daquele que peca mortalmente sofre duas mortes: a primeira é a privação da graça e a segunda a privação da glória do céu, a condenação da pena e sepultura eterna do inferno; da primeira morte se pode ressuscitar pelos méritos de Jesus Cristo, mas da segunda não, porque in inferno nulla est redemptio - não existe nenhuma redenção no inferno.

Como Deus é tão bom, não quer a morte do pecador, mas que ressuscite da primeira morte; para isto e para que não caia na segunda morte, aí está o sacrifício. Quem oferece sacrifício coloca os seus pecados sobre a vítima e esta deve morrer ou ficar destruída por eles e depois o oferente deve comer da vítima para participar dos seus méritos: eis aqui o porquê da missa e comunhão. E o concílio de Trento deseja que em todas as missas os fiéis que a assistem nelas também comunguem.

O pecado é de uma malícia infinita pela razão do objeto ofendido, que é Deus e, por isso, só um Deus feito homem podia dar uma digna satisfação à divina justiça. Esta digna satisfação a deu Jesus Cristo uma vez no Calvário, morrendo em uma cruz por todos; mas depois é preciso que se faça em particular esta aplicação, como se faz na santa missa, segundo mandato de Jesus Cristo, dizendo: Hoc facite in meam commemorationem - fazei isto em minha memória. E como as pessoas irão se sucedendo e continuando até a consumação dos séculos, assim também continuará este sacrifício até a consumação dos séculos, segundo a promessa do mesmo Jesus Cristo com estas palavras: 'Eis que estarei convosco até a consumação dos séculos  (Mt 28,20).

Por meio do que se disse até aqui, depreende-se quais as razões pelas quais se deve continuar este santo sacrifício da missa até o fim do mundo e a obrigação que têm os cristãos de assistir a ele a fim de participar dos seus méritos. Mas como de algum tempo para cá vejo que alguns cristãos facilmente se dispensam de assistir a missa, não obstante o preceito determinante da Igreja, nossa Mãe, me vejo na obrigação de explicar-lhe a razão; e o motivo é que o vírus protestante infiltrou no coração destas pessoas. 

... Realmente não se é de estranhar isto, porque o protestantismo não foi nem é atualmente outra coisa que uma violenta explosão de todas as paixões rancorosas contra a Igreja católica, apostólica, romana e como os mistérios do amor não podem associar-se com os sistemas inventados pelo ódio, do mesmo modo o homem carnal não pode perceber nem entender as coisas espirituais; eis aqui por que razão os protestantes não têm missa e nem os filósofos carnais têm apreço por ela e, por fim, alguns cristãos já não assistem a santa missa porque são cristãos apenas carnais e contagiados pelos protestantes.

... Assistamos nós o santo sacrifício da missa, não só nos domingos e festas e dias de preceito, por ser um dever, mas também nos demais dias por devoção. Devemos oferecer este santo sacrifício a Deus não só para dar-lhe satisfação de nossas faltas, culpas e pecados, mas também em reconhecimento do seu supremo domínio sobre nós e em testemunho dos benefícios e graças que Ele nos dispensa continuamente, pois tudo o que temos dele recebemos; e em agradecimento por tantas graças recebidas, devemos assistir este sacrifício que o mesmo Jesus Cristo oferece ao eterno Pai por nós. Ele é a principal oferenda e a vítima oferecida. Jesus Cristo é o advogado que temos no céu com Deus Pai, que intercede por nós, como diz São João. E, além disso, o temos sobre o altar, sempre intercedendo por nós, como assegura São Paulo.

Certamente que não basta, nem é suficiente, cumprirmos, como bons cristãos, o mandato da assistência à santa missa e da comunhão nela para fazer-nos mais participantes dos méritos de Jesus Cristo; é, além disso, indispensável que sejamos sacerdotes ou sacrificadores, não só na missa, juntamente com Jesus Cristo, sacrificador invisível e o sacerdote, sacrificador visível, devemos oferecer-nos também a nós mesmos como vítimas para a glória de Deus e em satisfação das nossas culpas e pecados. Os maus não são contados por Deus como sacerdotes, nem seu sacrifício pode ser aceito e agradável, por não ser sacrifício de justiça, que é o único que pode ser aceito.

Este sacrifício que fazem de si os bons é muito agradável aos olhos de Deus e muito satisfatório por suas faltas e as da nação inteira, como se lê na sagrada Escritura. Disse um dos mártires macabeus: 'Eu entrego meu corpo e minha vida à morte. Sobre mim e meus irmãos se acalmará a justa indignação do Onipotente, que está irritado contra nossa nação' (2Mc 7,37‑38). E, com efeito, assim foi; por meio do sacrifício destes mártires, a ira se mudou em misericórdia: Ira enim Domini in misericordiam conversa est  (2Mc 8,5).

Sobre aquelas palavras do Apóstolo aos colossenses: 'Eu que no presente me alegro por saber que padeço por vós e por saber que estou sofrendo em minha carne o que falta na paixão de Cristo em seus membros, sofrendo trabalhos em prol do seu corpo místico, que é a Igreja' (Col 1,24), dizem os expositores que os méritos de Jesus Cristo são de infinito valor em si mesmos e suficientes para redimir milhares de mundos; mas o eterno Pai não os aceitou senão com a condição de que os homens façam a sua parte nesta paixão para poder gozar do seu fruto; isto é, devemos cooperar ouvindo a santa missa, recebendo a sagrada comunhão, fazendo oração, sofrendo com mansidão e paciência as calúnias, penas e trabalhos, mortificando as paixões e sentidos e oferecer tudo a Deus.

Mas singularmente nas calamidades públicas, nas que padecem os inocentes o mesmo que os culpados, e talvez mais, se cumpre assim a condição e vontade do Pai celestial. Os culpados padecem como réus e, se depois deste castigo não se convertem, é para eles motivo de maior ruína e condenação. Mas os bons, sofrendo com paciência e resignação, se purificam ainda mais de suas imperfeições e crescem na virtude, de modo que se fazem mais agradáveis aos olhos de Deus e, com as suas penas bem sofridas, dão cumprimento ao que por decreto divino faltava à paixão de Jesus Cristo. Assim é como se acalma a divina justiça e se alcançam as divinas misericórdias. Em prova desta verdade basta ler as sagradas Escrituras e a história eclesiástica. Quantas vezes nações inteiras foram perdoadas pela penitência, paciência e oração dos bons! Quantos bens, graças e conversões não alcançaram as penas e o sangue dos mártires!

Na verdade, não seria contra a razão dizer que o inocente, o santo por excelência, padeça e morra para salvar os pecadores e que a multidão dos pecadores não sofra nada? Desta multidão de pecadores, uns são maus, perdidos e obstinados e outros são pecadores justificados ou que devem ser purificados. Padecer dos males não serve para acalmar e satisfazer a divina justiça, antes a provocam mais com as maldições e blasfêmias que os pecadores vomitam e com os pecados de toda sorte que cometem; mas os pecadores justificados, pela graça estão unidos a Deus, seus sofrimentos e méritos estão unidos com os de Jesus Cristo. Por isso, todos os bons são chamados às penas e sofrimentos, como diz São Paulo: 'que todos aqueles que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições, mais ou menos segundo seus progressos na perfeição' (2Tim 3,12). Isto diz Cornélio à Lápide, quando fala das penas de Maria Santíssima ao pé da cruz que, quanto mais santa é uma alma e mais perto de Cristo está, tanto mais Jesus Cristo lhe oferece o cálice da sua paixão.

Mas devemos nos animar muito por pensar que, se com Cristo padecemos sobre a terra, com Ele mesmo reinaremos no céu; e devem ser para nós de grande consolo aquelas palavras que o Arcanjo São Rafael disse a Tobias: 'Porque és agradável aos olhos de Deus, foi necessário que a tentação te provasse' (Tb 12,13). Alegremo-nos, pois, em meio às penas, ao ver que somos dignos de sofrer algo por amor divino, por nossos defeitos, para juntar méritos para o céu e para satisfazer pelas faltas, culpas e pecados dos nossos irmãos e poder assim alcançar para eles a misericórdia, a graça e a glória. Este é o sacrifício que de nós mesmos devemos oferecer ao eterno Pai, juntamente com os méritos de Jesus Cristo, de Maria Santíssima, dos santos do céu e dos justos da terra.

(Santo Antônio Maria Claret)