domingo, 1 de março de 2020

PÁGINAS COMENTADAS DOS EVANGELHOS DOS DOMINGOS


'Por um só homem, pela falta de um só homem, a morte começou a reinar. Muito mais reinarão na vida, pela mediação de um só, Jesus Cristo, os que recebem o dom gratuito e superabundante da justiça. Como a falta de um só acarretou condenação para todos os homens, assim o ato de justiça de um só trouxe, para todos os homens, a justificação que dá a vida. Com efeito, como pela desobediência de um só homem a humanidade toda foi estabelecida numa situação de pecado, assim também, pela obediência de um só, toda a humanidade passará para uma situação de justiça' (Rm 5, 17-19)

sábado, 29 de fevereiro de 2020

IN SINU JESU: 'ESCOLHA SEMPRE SER FIEL A MIM'


Não é por meio de privilégios, graças especiais ou experiências místicas
que as almas são aperfeiçoadas no amor;
é por uma adesão total à minha vontade
é por uma morte real a tudo o que não for a minha vontade.

Essa sua vida passará rapidamente.
No final, você terá conforto em apenas uma coisa:
no 'Sim' que você terá dito ao meu amor por você
e na sua adesão à minha Vontade, uma vez que ela vai perpassar
minuto a minuto, hora a hora, dia após dia, em sua vida.

Diga-me, então, que o que eu quiser, você fará.
Diga-me que tudo o que está fora da minha vontade para você é nada.
Peça-me para limpar sua vida do lixo acumulado de tantos anos.
Peça-me para deixá-lo limpo de coração e pobre de espírito.
Não procure nada além do que o meu coração deseja que você tenha.
Peça apenas o que o meu coração lhe deseja dar.

Aí reside a sua paz.
Aí reside a sua alegria.
Aí reside a salvação e a glória.
Seus planos, seus desejos e suas ansiedades
são apenas nuvens de fumaça sopradas pelo vento.
Somente o que eu quero perdura.
Somente o que eu quero pode lhe dar felicidade.
Procure o que eu quiser e confie em mim para lhe dar o que você procura.
Almas que perseguem o arco-íris
passam pelos tesouros que eu coloquei sob os seus pés,
deixando-os para trás para perseguir um futuro que não existe
e que nunca existirá.

Este é um exercício exaustivo para você
e para tantas almas como a sua,
que, encantadas por um ideal,
deixam de ver minha obra e o esplendor de minha vontade por elas,
revelado no presente.
Viva, então, no momento presente.
Escolha ser fiel a mim
nas pequenas coisas que eu lhe dou:
e peço que você faça isso minuto a minuto,
de hora em hora e dia após dia.

É insensatez depositar suas esperanças e gastar sua energia
em um bem imaginário,
quando o bem real que eu lhe ofereço está aqui e agora.
Não é proibido sonhar sonhos
ou imaginar um futuro onde você acha que será feliz.
Dei a você uma imaginação e não me ofendo quando você a utiliza.
O bem imaginado torna-se um mal, no entanto,
quando consome a sua energia
e drena a sua vitalidade,
que eu gostaria que me fosse oferecida em sacrifício
sendo fiel à realidade do que está aqui e agora;
e também quando você usa a sua imaginação
para fugir da obediência e da submissão a mim
nas circunstâncias e nos lugares 
onde as coloquei em cada momento.

Planeje o futuro vivendo no presente.
Abra o seu coração à minha voz todos os dias
e apegue-se às menores manifestações da minha vontade.
Renuncie a tudo o que brota de seus próprios desejos e imaginações,
e diga 'sim' a tudo o que brota do meu Coração
por demais amoroso e misericordioso.
Aí reside a sua paz, a sua alegria e a sua salvação.

(Excertos da obra 'In Sinu Jesu - Quando o Coração fala ao coração: Diário de um Sacerdote em Oração', por um monge beneditino, tradução pelo autor do blog)

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

MEDITAÇÕES PARA A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DA QUARESMA

DAS TENTAÇÕES


I - A TENTAÇÃO, LONGE DE SER UM MAL, PODE NOS TRAZER UMA GRANDE VANTAGEM

Nenhum mal moral é possível sem que a vontade não o queira: ainda que a porta da vontade esteja cerrada, o demônio e a imaginação podem fazer alarido em torno do coração, mas não podem alterar a sua pureza. Eis aí porque Jesus Cristo e todos os santos suportaram a prova da tentação, sem que a provação causasse o menor ferimento a suas almas. Vede como toda desolação nas tentações se dá sem razão. O ato de se desolar é um desafio do amor-próprio, descontente em se ver miserável, ou uma desconfiança da bondade de Deus, que jamais falta aos que O invocam, ou a pusilanimidade de uma alma, que se vê só na sua fragilidade, e longe dos socorros de Deus. 

Longe de ser um mal, a tentação pode, pelo contrário, trazer-nos uma grande vantagem. Pois: (i) ela nos dá a oportunidade de glorificar a Deus, porque, ao resistirmos generosamente, provamos a nossa fidelidade, derrotamos os seus inimigos e triunfamos; (ii)  leva-nos à humildade, ensinando-nos o lado ruim que existe em nós; ao espírito de oração, fazendo-nos ver a necessidade de recorrer a Deus; à vigilância, advertindo-nos a desconfiar de nossa força e evitarmos a ocasião do mal; ao amor divino, fazendo ressaltar a bondade de Deus. 

Além disso, evita o desânimo, desperta o fervor, dá a virtude de um caráter mais firme e mais rígido; ensina-nos a nos conhecer; e dá mais graça à alma nesta vida e mais glória na outra, na proporção dos méritos que a adornam e a faz mais digna de Deus, como está escrito dos santos: 'Deus os tem provado e os encontrado dignos de Si'.  Eis porque Deus disse ao povo de Israel: 'Eu não queria destruir os cananeus para que tenhais inimigos para combater' e o Papa Leão disse da mesma forma: 'É bom para a alma o temor de cair e de ter constantemente uma luta para sustentar'. 

A alma fiel retira da tentação ao mal o mesmo fruto que da inspiração pelo bem. É esta a oportunidade para ela alcançar a perfeição da virtude com toda a boa vontade de que é capaz. Na tentação dos sentidos, [a alma] se eleva à infinita grandeza de Deus e se levanta. Elevada tão alto, mantém-se acima dos olhares baixos e sensuais; na tentação do espírito, mergulha até o nada; nas tentações do prazer, ama e abraça a cruz. É assim que temos tirado proveito de nossas tentações?

II - EM QUE CONDIÇÕES A TENTAÇÃO TORNA-SE UM BEM?

Existem certas condições que são necessárias antes, durante e depois da tentação: (i) Antes da tentação, é necessário evitar tudo que conduza ou incline para o mal, por exemplo: lidar com pessoas perigosas, olhares imodestos, modismos e leituras livres, os prazeres de uma vida fútil e e sensual: 'Quem ama o perigo nele perecerá e o que conta com as suas próprias forças será confundido'. A desconfiança é a mãe da segurança e expor-se voluntariamente ao perigo é tentar a Deus, é se fazer indigno do Seu auxílio. Além disso, é necessário não temer a tentação; temê-la a faz nascer; o melhor é não pensar nela e se concentrar apenas no que se tem a fazer. 

(ii) Durante a tentação, é necessário não se envolver por ela, com o pretexto de que será ligeira; de outra forma, ela se apoderaria de nós; antes deve-se descartá-la de pronto, firme e tranquilamente, rechaçando-a com desprezo, sem sequer se dignar a entreolhá-la; e, caso produza algumas impressões, basta desaprová-las suavemente e dedicarmos integralmente à ação presente. Aqueles que a enfrentam, correm o risco de manchar-se e os que a rejeitam com esforço excessivo perderiam a paz do coração, o recolhimento do espírito e a unção da piedade. Se não for possível  ter sucesso assim, é necessário se recorrer humildemente a Deus e dizer: 'Ó Senhor, quão profunda é a minha miséria! Quanto mal ainda tenho com o meu amor próprio! Quão bom sois Vós em amar um pecador como eu! Ó Jesus! Ó Maria! Ó todos os Santos e Anjos de Deus, bendizei ao Senhor, que quer se humilhar no Seu amor até a minha baixeza'. 

(iii) Depois, é necessário esquecer a tentação; a reflexão a faria reviver. É melhor tomar dela o valor de forma pacífica e reparar o mal passado, se este é conhecido, fazendo perfeitamente a ação presente; dirigir o olhar para Deus e envolver-se nos Seus braços com confiança e amor, dizendo como o filho pródigo: 'Pai, pequei contra o Céu e contra Vós', ou como o publicano: 'Meu Deus, tende misericórdia de mim, que sou pecador'. Examinemos, pois, se temos observado estas regras durante e depois das tentações.

(Excertos da obra 'Meditações para todos os dias do ano para uso do clero e dos fieis', de Pe. Andrés Hamon, Tomo II).


(hoje é dia de indulgência plenária pela Igreja)

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (I)


ABANDONO À DIVINA PROVIDÊNCIA

É a nossa inteira conformidade com as disposições da vontade de Deus. É muito racional este abandono, por mais misteriosa que seja a vontade divina, porque Deus nos ama e quer o nosso bem, conhece as nossas necessidades e pode sempre auxiliar-nos. A um tal abandono nos convida Jesus, dizendo: 'Não andeis cuidadosos da vossa vida, de que vos sustentareis, nem do vosso corpo de que vos vestireis. Olhai para as aves do céu, que não semeiam nem ceifam, nem recolhem em celeiros, e contudo vosso Pai celestial as sustenta. Porventura não sois vós mais do que elas? Procurai primeiro que tudo o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo' (Mt 6,25-). Jesus não reprova as nossas preocupações legítimas relativas às necessidades da vida; o que condena é a ansiedade exagerada, que provém do apego às coisas do mundo e da falta de confiança em Deus.

ADORAÇÃO

É o ato de culto de latria devido só a Deus, nosso Criador e supremo Senhor. De três modos devemos adorar a Deus: com adoração interior, que consiste em fazer atos de fé, de esperança, de amor, de gratidão, de submissão, apenas com pensamento; com adoração exterior, manifestando o nosso pensamento por meio de sinais sensíveis, tais como a genuflexão, a oração vocal, o sacrifício, e outros atos semelhantes; com adoração social ou pública. que consiste na oração feita em comum, na assistência à Missa e a outros atos de culto público. Podemos adorar a Deus em toda a parte, mas a igreja é o lugar mais próprio para manifestarmos a Deus o nosso culto de adoração. A adoração é devida igualmente a Jesus Cristo, porque é igualmente Deus. Devemos, pois, adorar a Deus não só com atos exteriores, mas de maneira que esses atos sejam a expressão sincera do amor que nos merece. Assim disse Jesus Cristo: ' Deus é Espírito, e é necessário que aqueles que O adoram, O adorem em espírito e em verdade' (Jo 4, 24).

ADVENTO

É o tempo de quatro semanas anteriores à festa do Natal. O primeiro dia do Advento ocorre no fim de novembro ou nos primeiros dias de dezembro e, com ele, começa o ano litúrgico ou ano eclesiástico. Quer a Igreja que durante o tempo do Advento os fieis se preparem com a oração e o jejum, para comemorarem cristãmente a vinda ou o nascimento de Jesus Cristo. As sextas-feiras do Advento são de abstinência sem jejum, mesmo para os fieis que têm o Indulto Quaresmal.

AGNÓSTICO 

É aquele que, sem negar a existência de Deus, afirma que não podemos provar que Deus existe. O agnóstico afirma um erro. Nós sabemos com certeza que Deus existe, porque sem Deus não se explica nada do que existe, visto como as coisas não existem por si mesmas e porque Deus revelou ou manifestou a sua existência a pessoas que tal nos afirmam e que são dignas de crédito. Com efeito, desde a primeira geração humana, as pessoas mais dignas de fé afirmam que Deus se revelou aos homens, provando com milagres que era Deus que se lhes revelava. A existência de Deus é afirmada na história de todos os povos e em todos os tempos. Tal afirmação não seria universal se não houvesse a certeza da existência de Deus.

AGNUS-DEI 

Termo que significa 'Cordeiro de Deus' é uma breve oração que o sacerdote repete três vezes, na Missa, antes de comungar. Também se dá este nome a uma espécie de medalha de cera branca, feita dos restos do círio pascal de anos anteriores, tendo de um lado a efígie de um cordeiro. Por virtude da oração da bênção, que é reservada ao papa, a medalha protege contra os perigos das doenças contagiosas, do mar, dos incêndios e das inundações.

ÀGUA-BENTA 

É aquela água sobre a qual o sacerdote faz uma bênção com orações prescritas pela Igreja. Serve para aspergir os fieis antes da Missa conventual, para aspergir as imagens dos santos, os paramentos, as casas, os frutos, etc. Está em pias próprias à entrada das igrejas para os fieis a tocarem com devoção, e é recomendável que a tenham em casa para se aspergirem com ela, podendo com isso ser purificados dos seus pecados veniais. 

ALELUIA 

Palavra hebraica conservada nas preces litúrgicas, e que significa 'Louvai a Deus'. É uma exclamação de alegria; por isso se chama 'Sábado de Aleluia' ao sábado da semana santa, dia em que se comemora a vigília da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

BREVIÁRIO DIGITAL - ILUSTRAÇÕES DE DORÉ (IX)

PARTE IX (1Rs 3 - 2Rs 25)


   [O julgamento de Salomão (IRs 3, 24-27)]

   [O corte de cedros do Líbano para a construção do Templo (IRs 6,20)]

  [A morte do profeta desobediente a Deus por um leão (IRs 13, 24)]

   [A ressurreição do filho da viúva de Sarepta (IRs 17, 23)]

   [A morte dos profetas de Baal (IRs 18,40)]

  [Elias e visão do anjo que o alimenta (IRs 19,5)]

   [A matança dos sírios pelos israelitas (IRs 20,29)]

   [A morte do rei Acab de Israel (IRs 22, 34-35)]

   [Fogo descido do céu aniquila os mensageiros de Ocozias (IIRs 1,10)]

   [Elias ascende aos céus numa carruagem de fogo (IIRs 2,11)]

  [Dois ursos matam os homens que zombaram de Eliseu (IIRs 2,24)]

 [A fome terrível em Samaria (IIRs 6,25-30)]

 [A morte de Jezabel (IIRs 9,33)]

  [Os enviados de Jeú encontram apenas restos do corpo de Jezabel (IIRs 9,35)]


  [Leões devoram os colonos estrangeiros da Samaria (IIRs 17,25)]


  [A destruição do exército de Senaquerib, rei da Assíria, pelo Anjo do Senhor (IIRs 19,35)]


 [A morte dos filhos de Sedecias, em sua presença (IIRs 25, 7)]

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

CAMPANHAS DA FRATERNIDADE 2018 - 2025

55. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2018


Lema: Vós sois todos irmãos (Mt 23, 8).

Tema: Fraternidade e superação da violência

Objetivo Geral: Construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência.




56. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2019


Lema: Serás libertado pelo direito e pela justiça (Is 1, 27).

Tema: Fraternidade e Políticas Públicas

Objetivo Geral: 
Estimular a participação em Políticas Públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja, para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade.



57. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2020



Lema: Viu, sentiu compaixão e cuidou dele (Lc 10, 33-34).

Tema: Fraternidade e vida: dom e compromisso.


Objetivo Geral: Despertar para o sentido da vida como dom e compromisso, recriando relações fecundas na família, na comunidade e na sociedade, à luz da palavra de Deus.


58. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2021


Lema: 'Cristo é nossa paz, do que era dividido, fez uma unidade' (Ef 2,14)

Tema: Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor

Objetivo Geral: Através do diálogo amoroso e do testemunho da unidade na diversidade, inspirados e inspiradas no amor de Cristo, convidar comunidades de fé e pessoas de boa vontade para pensar, avaliar e identificar caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual.





58. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2022




Lema: 'Fala com sabedoria, ensina com amor' (Pr 31,26)

Tema: Fraternidade e Educação


Objetivo Geral: Promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, á luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário





60. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2023



Lema: 'Dai-lhes vós mesmos de comer' (Mt 14,16)

Tema: Fraternidade e Fome


Objetivo Geral: Sensibilizar a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flagelo da fome, sofrido por uma multidão de irmãos e irmãs, por meio de compromissos que transformem esta realidade a partir do Evangelho de Jesus Cristo.



61. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2024



Lema: 'Vós sois todos irmãos e irmãs' (Mt 23,8)

Tema: Fraternidade e Amizade Social


Objetivo Geral: Contribuir para nos despertar sobre o valor e a beleza da fraternidade humana, promovendo e fortalecendo a experiência da amizade social.






62. CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2025




Lema: Deus viu que tudo era muito bom (Gn 1,31).

Tema: Fraternidade e Ecologia Integral

Objetivo Geral: promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra.




QUARTA DE CINZAS


Memento, homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris

'Lembra-te, homem, que és pó e ao pó retornarás!' (Gn 3,19). A Quarta-Feira de Cinzas é o primeiro dia do tempo da Quaresma, quarenta dias antes da Páscoa. Neste dia por excelência refletimos sobre a nossa condição mortal nesta vida e a eternidade de nossas almas na vida futura. Num tempo em que se valoriza tanto a dimensão física, a beleza do corpo, a imposição das cinzas nos desvela a dura realidade do nosso corpo mortal: apenas pó que há de se consumir em cinzas.

Esse dia dá início, portanto,  a um tempo de profunda meditação sobre a nossa condição humana diante da grandeza e misericórdia de Deus. Tempo para fazer da nossa absurda fragilidade, sustentáculos da verdade e da fé; tempo para fazer de nossa pequenez e miséria, um templo de oração e um arcabouço de graças; tempo para transformar a argila pálida de nossos feitos e conquistas, em patamares seguros para a glória de Deus. Um tempo de oração, jejum e caridade. Um tempo de oração, desagravo, conversão, reparação. E um tempo de penitência, penitência, penitência...

A penitência é traduzida por atos de mortificação, seja na caridade silenciosa de um pequeno gesto, seja na determinação silenciosa de um pequeno 'não!' Pequenos gestos: uma visita a um amigo doente, uma palavra de conforto a quem padece ausências, um bom dia ainda nunca ofertado; ou um pequeno 'não': à abstinência de carne ou refrigerante ou ao fumo; abrir mão de ter sempre a última resposta ou para aquela hora a mais de sono; simplesmente dizer não a um livro, a uma música, a uma revista, a um programa de televisão. 

Propague o silêncio, sirva-se da modéstia; invista no anonimato, não se ensoberbeça, pratique a tolerância, estanque a frivolidade, consuma-se na obediência. Lembra-te que és pó e todas as tuas ações, aspirações e pensamentos vão reverberar em ti as glórias de Deus.

Abre-se hoje o Tempo da Quaresma: 'convertei-vos e crede no Evangelho'. Pois é no Evangelho (Mt 6, 1-6.16-18) que Jesus nos dá os instrumentos para a realização de uma autêntica renovação interior: oração, jejum e caridade. Com estas três práticas fundamentais, o tempo de penitência da quaresma é convertido em caminho de santificação ao encontro de Jesus Ressuscitado que vem, na Festa da Páscoa.

O índice Leituras para os Tempos da Quaresma, localizado na barra lateral direita do blog, contempla uma seleção de orações e textos específicos para devoção e orientação espiritual durante estes tempos litúrgicos.