terça-feira, 9 de outubro de 2018

A IGREJA DEVE SER CONTRA O MUNDO?

Há no catecismo do Concílio de Trento quatro linhas, que todos os catecismos clássicos, desde os níveis destinados à primeira formação das crianças até aqueles destinados à perseverança dos adultos, sempre mantiveram e repetiram, e que agora, a onda progressista, de autodestruição da Igreja, quer apagar, raspar, esquecer ou contestar.

São muito simples essas quatro linhas que dominam e norteiam toda a problemática da relação Igreja-Mundo. Ei-las: 'A Igreja Militante é a Sociedade de todos os fiéis que ainda vivem na terra. Chama-se militante porque está obrigada a manter uma guerra incessante contra os mais cruéis inimigos: o mundo, a carne e o Diabo'. Paralelamente a esse ensinamento, tornou-se clássica a transposição com a qual esses três inimigos da Igreja devem ser vistos também como inimigos de cada alma, que os deve combater, como toda a Igreja os combate.

Uma das maiores torpezas difundidas pela torrente revolucionária que se intitula de progressista foi o desfibramento, a emasculação pacifista que fez da capitulação Igreja Dialogante. Nós outros, desde o primeiro sinal de iniciação, aprendemos a pedir a Deus que, pelo Sinal da Santa Cruz, nos livre de nossos inimigos, e consequentemente aprendemos que, com o Sinal da Cruz, nós nos armamos para o bom combate.

Agora ensina-se que não há mais inimigos, que não há mais lobos, e que a Igreja praticará o mandamento de amor se deixar seus filhos serem progressivamente devorados pelo mundo, pela carne e pelo Diabo que deixou de ser o inimigo do gênero humano. O termo 'pastoral' tornou-se sinônimo de molezas e tolerâncias que roçam pelo obsceno. O 'progressista' é antes de tudo um 'entreguista'. E em cada passo de nova capitulação, de novo 'diálogo', ele se desmancha numa glossolalia destinada aos anais da ONU ou encaminhada ao Prêmio Nobel da Paz.

Qualquer pessoa de sadio bom senso, ainda que despreparada para discussões teológicas e metafísicas, sabe que um homem de bem deve lutar por sua honra, deve defender seus filhos com o sangue, deve lutar por seu Credo, deve combater e querer morrer por sua Fé. E para bem combater o bom combate é preciso conhecer seus inimigos. A Igreja ensinou-nos durante séculos a combater, mas agora, em dez anos, uma torrente revolucionária passou a ensinar que a virtude máxima consiste na entrega, na fuga, na covardia. Qualquer progressista, escolhido ao acaso, na legião, é mais bondoso do que Nosso Senhor Jesus Cristo, que com toda a simplicidade falava em guerra, e que oportunamente usou o chicote.

Vale a pena desenvolver um pouco as quatro linhas do tridentino, para melhor conceituarmos as três entidades apontadas como inimigas da Igreja e da alma. Comecemos pelo fim. O que é o Diabo?

Nós sabemos que entre os vários níveis de ser que compõem a Criação, existem os seres espirituais desligados de qualquer matéria e subsistentes como substâncias espirituais dotadas de inteligência e vontade. E sabemos também que na origem trágica e explosiva desta 'primeira criação', houve uma Revolução nascida do orgulho das criaturas angélicas tiradas do nada e capitaneada por Lúcifer, que, precipitado nas trevas tornou-se o principal inimigo da 'segunda criação', isto é, da restauração de tudo na suprema e eterna novidade que é o Verbo Incarnado. É esse inimigo que, sob a forma da serpente, 'dialoga' com Eva que se torna intercessora do pecado de Adão. E é esse mesmo inimigo que tentou seduzir Jesus, nos quarenta dias do deserto.

Quando na Missa recitamos o Credo, e dizemos: 'Creio em um só Deus, Pai Onipotente, Criador do Céu e da Terra, de todos os seres visíveis e invisíveis', é nos anjos bons e maus que pensamos e cremos. E é também nesses portentosos seres invisíveis que pensa São Paulo quando diz aos Efésios: 'E sobretudo fortificai-vos no Senhor, por seu poder soberano…'. E daqui em diante o apóstolo cativo tira suas imagens da figura do soldado romano a que está preso por uma cadeia: '… Revesti-vos da armadura de Deus para que possais afrontar as ciladas diabólicas: porque não é contra os homens de carne e sangue que devemos lutar, mas contra os principados e potestades do mundo das trevas, contra as forças do mal espalhadas nos ares. Tomai pois a armadura de Deus para que possais resistir nos dias maus e ficar firmes no cumprimento de vosso dever. Sim. Firmai-vos, com os rins cingidos pela verdade, o peito couraçado pela justiça e os pés calçados do zelo de anunciar o Evangelho da paz. E sobretudo agarrai-vos ao escudo da Fé, no qual morrerão e se embotarão todas as flechas inflamadas do Maligno. Tomai enfim o capacete da salvação e o gládio do Espírito que é a Palavra de Deus' (Ef 6, 12).

E agora, o que é o Mundo no sentido em que é apontado como inimigo da Igreja e da alma. Mais de um teólogo tem apontado os vários sentidos que tem a palavra 'mundo'. Em primeiro lugar, assinalamos o sentido genesíaco, metafísico, que designa a variedade de seres criados por Deus. Nesse sentido, 'mundo' é, no seu ser, intrinsecamente bom, absolutamente positivo, e não pode ser visto como contrário ou como inimigo da Igreja. Mas essa intrínseca bondade do mundo, como ser ou multidão de seres, não quer dizer que ele tenha a plenitude da bondade (que só Deus possui) e esteja isento das possibilidades do mal que veem, não da malignidade das coisas criadas, mas da fragilidade dos seres que não têm a aseidade, ou plenitude do ser.

Tomemos agora o mundo, e principalmente o mundo dos homens no estado em que se encontra, depois do pecado de Adão e depois da Incarnação. Este mundo ferido pelo pecado não se propõe aos cristãos como objeto de inimizade porque é a ele, assim mesmo ferido e manchado, que se aplica a palavra da Misericórdia de Deus: 'Deus tanto amou o mundo que lhe deu seu Filho único' (Jo 3, 16). E também: 'Eu não vim para condenar o mundo, mas para salvá-lo' (Jo 12, 47). Há entretanto já aqui, uma atitude tensa e nova que caracteriza a fundamental atitude da alma cristã. Em relação a esse mundo, em si mesmo bom, mas marcado pelo pecado das criaturas, é que Jesus nos diz que nós estamos no mundo, onde Ele nos escolheu, mas não somos do mundo.

E então, se não somos deste mundo nele estamos como peregrinos, ou como exilados. E este caráter peregrinal da vida cristã se estende a toda a Igreja da terra: ela está no mundo, mas não é do mundo. Ou melhor, não é deste mundo. E aqui chegamos ao dualismo mais contrastante e mais importante da relação Igreja-mundo, e da significação do termo 'mundo'. Mas se a Igreja não é deste mundo, tem de ter sua existência e sua razão de ser com base em outro mundo. E é curioso notar que esta revelação, a mais caracterizadora da transcendência de sua obra, é feita por Nosso Senhor a Pilatos: 'Meu Reino não é deste mundo, se meu Reino fosse deste mundo meus servidores teriam combatido para impedir que eu fosse entregue aos judeus: mas o meu Reino não é deste mundo' (Jo 18, 36). Há então na obra de Deus uma criação de todas as coisas, e uma outra criação, ou uma nova criação na ordem da Salvação. Desde o Antigo Testamento encontramos o anúncio do outro mundo. Em Isaías temos: 'Não cuideis mais das coisas antigas, eis que vou realizar algo de novo' (Is 40, 15-17). Mas é no Novo Testamento que temos a chave do mistério anunciado pelos profetas: 'Quando alguém está em Cristo é uma nova criatura, e então pode-se dizer: o antigo desapareceu, vede: tudo é novo!' (II Cor 5, 17).

Não se diga, porém, que o 'outro mundo' é apenas a Igreja do Céu. Não. Já na terra a Igreja é o Reino de Deus começado, é portanto o 'outro mundo' que está neste mundo de modo incoativo e peregrinal, mas não é deste mundo. Mas não é ainda nesse sentido de 'velho mundo' que o mundo é inimigo da Igreja. Ao contrário, esse velho mundo ainda é para o cristão o lugar e a ocasião que se oferece para completar, em sua peregrinação, e no Corpo Místico de Cristo, o que faltou em sua paixão (Col 1, 24). Nesse sentido, amamos o mundo, obra de Deus, e amamos reduplicadamente o mundo em que Jesus caminhou e caminha ao nosso lado até o fim do mundo.

Pode acontecer que, por desfalecimento de fé e de esperança, nos apeguemos demais a este mundo e nos esqueçamos da Pátria verdadeira, mas nesse tropeço não é o mundo o agente agressivo principal, o inimigo que nos desvia de Deus: é antes a carne ou vontade própria que nesse ato de ingratidão e soberba segue a própria inspiração ou a inspiração de Satã. Quando é então que o mundo é inimigo da alma e da Igreja. É o próprio Senhor Jesus quem nos responderá: 'O mundo me odeia porque Eu testemunho contra ele e suas obras más' (Jo 7, 7). E logo: 'Sereis odiados por causa de meu nome' (Mt 10, 22). E ainda: 'O mundo vos odeia porque não sois do mundo, como Eu não sou do mundo' (Jo 17, 14-16).

E agora se vê que o 'mundo', inimigo da Igreja, é aquela parte do mundo dos homens que se polariza, que se organiza como anti-Igreja, e que odeia os cristãos por causa do nome de Cristo, tentando agressivamente prendê-los, naturalizá-los neste mundo, para que reneguem Cristo Jesus e voltem as costas a Deus. E que organizações são estas que o mundo ousa fazer como uma anti-Igreja, ou como uma Igreja do Demônio? A história nos proporciona vários exemplos de movimentos, de 'correntes históricas' que tiveram como característica essa agressiva e maléfica intenção organizada de arrancar as almas do jugo de Deus. Nos últimos séculos temos a Civilização Liberal e, dentro dela, as correntes mais concentradas: o revolucionarismo, a maçonaria, o socialismo e o comunismo. São essas coisas que tentam a suprema estultice de eclesializar o mundo e de secularizar a Igreja como desejam os progressistas, que são hoje o mais virulento 'mundo' inimigo da Igreja.

E a carne? No tríptico apontado pelo Catecismo de Trento, 'carne' não tem o sentido de 'corpo' ou 'natureza animal' do homem, e muito menos o sentido de sexo. O tridentino inspirou-se na famosa dialética paulina. Como ensinam Santo Tomás (ST, Ia IIae q. 72, a. 2. ad primum) e Santo Agostinho (Cidade de Deus, XIV, II e III), o termo carne que São Paulo contrapõe a espírito, não designa a substância corpórea, mas o homem todo, ou melhor, a atitude espiritual do homem todo 'que pretende viver segundo seu próprio alvitre' ou que 'pretende ser a sua própria lei!' Esta soberba pretensão de vivere secundum seipsum vem do amor próprio, ferida do pecado original.

E é nessa ferida do eu que o homem recebe as seduções do mundo belo e agradável, ou as seduções mais agressivas e venenosas das anti-Igrejas, ou do mundo inimigo; e é também essa ferida do amor próprio que acolhe as seduções do Demônio. Precisamos mobilizar todos os dons de Deus para combater os inimigos de Deus, mas podemos dizer que a cada um dos três corresponde, de modo especial, uma das virtudes teologais. Assim diremos: do Demônio nos defenderemos como o escudo da Fé; das seduções ou agressões do mundo nos defendemos com a santa Esperança voltada para Deus e para o céu; e das fraquezas e malícias do amor-próprio, nos defenderemos com fortes atos de Caridade firmados em insistentes atos de humildade.

(Editorial da Revista Permanência, N° 30, março de 1971)

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

DA VIDA ESPIRITUAL (97)

Sabes cultivar o silêncio na presença de Deus? Que a tua oração não seja um mosaico de palavras sem fim que tenha o fim de fazer Deus nos ouvir em silêncio. Pelo contrário, que, em tua oração, Deus seja a voz a ser ouvida diante de tua contemplação silenciosa. A oração perfeita é aquela que emana do nosso silêncio absoluto para que a voz suave de Deus possa ser ouvida. Lembre-se que Deus se manifesta na nossa alma como o murmúrio de uma brisa ligeira e não com estrondo e a fúria do fogo*. Ele fala e se faz ouvir nos nossos corações pela oração do silêncio! 


* Atente-se à experiência do Profeta Elias diante da Presença Divina: 'O Senhor disse-lhe: Sai e conserva-te em cima do monte na presença do Senhor: ele vai passar. Nesse momento, passou diante do Senhor um vento impetuoso e violento, que fendia as montanhas e quebrava os rochedos; mas o Senhor não estava naquele vento. Depois do vento, a terra tremeu; mas o Senhor não estava no tremor de terra. Passado o tremor de terra, acendeu-se um fogo; mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo, ouviu-se o murmúrio de uma brisa ligeira. Tendo Elias ouvido isso, cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da caverna. Uma voz disse-lhe: Que fazes aqui, Elias? Ele respondeu: Consumo-me de zelo pelo Senhor, Deus dos exércitos. Porque os israelitas abandonaram a vossa aliança, derrubaram os vossos altares e passaram os vossos profetas ao fio da espada. Só eu fiquei, e agora querem tirar-me a vida' (I Reis 19, 11-14).

domingo, 7 de outubro de 2018

'O QUE DEUS UNIU...'

Páginas do Evangelho - Vigésimo Sétimo Domingo do Tempo Comum


No Livro do Gênesis, Deus nos revelou a verdadeira dimensão do matrimônio, a criação do elo único e indissolúvel entre um homem e uma mulher: 'Depois, da costela tirada de Adão, o Senhor Deus formou a mulher e conduziu-a a Adão. E Adão exclamou: “Desta vez, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada ‘mulher’ porque foi tirada do homem”. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne' (Gn 2, 22- 24). 

Esta dimensão original havia se perdido no labirinto das paixões humanas. A criatura, recorrente na sua ânsia de saciar seus interesses e paixões mais comezinhas, tomara para si atributos de posse e domínio nas relações humanas, deturpando o caráter sagrado e de profunda harmonia e completude que deveriam existir entre um homem e uma mulher quando 'se tornam uma só carne'. E a carta de divórcio prescrita por Moisés era o prêmio à dissolução dos costumes e ao repúdio à Lei de Deus, para satisfazer os interesses puramente mundanos dos 'duros de coração'. 

Jesus, então, ante a malícia dos fariseus, outros tantos 'duros de coração', vai ratificar a concepção original da sacralidade do sacramento do matrimônio: 'No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu o homem não separe!' (Mc 10, 6 - 9). O que Deus uniu, o homem não separe! Eivada em graça pelo sacramento, o matrimônio instaura uma união santa, definitiva, monogâmica, indissolúvel. A decisão de compartilhar a santidade a dois não admite ressalvas: 'Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra, cometerá adultério contra a primeira. E se a mulher se divorciar de seu marido e se casar com outro, cometerá adultério' (Mc 10, 11 - 12).

O matrimônio cristão pressupõe uma família cristã; os pais sendo 'uma só carne' geram os filhos para compartilharem com eles a mesma graça santificante, que se distribui entre todos igualmente no seio de uma família de Deus. Porque, mais do que pais e filhos, somos irmãos em Cristo e, no abandono completo tal como crianças inocentes que se entregam à Santa Vontade de Deus, tornamo-nos merecedores das heranças eternas: 'Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele' (Mc 10, 15).

sábado, 6 de outubro de 2018

GLÓRIAS DE MARIA: NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

A palavra Rosário vem do latim Rosarium, que significa 'Coroa de Rosas'. Nossa Senhora é a Rosa das rosas, Rainha das rainhas, sendo chamada, então, Rosa Mística (como é invocada na Ladainha Lauretana), Rainha das Rosas de todas as devoções, Nossa Senhora do Rosário. Se, a cada Ave Maria, adorna-se a Mãe de Deus com uma rosa espiritual, o Rosário adorna Maria com uma Coroa de todas as Rosas.

O Santo Rosário é a oração mais perfeita e o instrumento mais poderoso que nos é concedido pela Divina Providência para vencer o pecado e as tentações diabólicas. Com o rosário, recordamos o memorial da Paixão de Jesus Cristo e meditamos os mistérios de gozo, dor e glória de Jesus e Maria. Pelo Rosário, a terra se une aos céus, e nós a Nossa Senhora, no louvor ao Senhor nosso Deus. Com o Rosário, alcançamos a paz de coração e a salvação eterna da alma. Pelo Rosário, obtemos a remissão pela culpa e pela pena dos nossos pecados, tornamo-nos herdeiros dos méritos infinitos da Paixão de Jesus e invocamos sobre nós e nossas famílias as graças extraordinárias da Misericórdia Divina. 

A origem do Rosário é antiga, mas se formalizou por meio de uma famosa aparição de Nossa Senhora a São Domingos de Gusmão. No seu ferrenho combate e conversão dos seguidores da seita herética dos albigenses, São Domingos defrontou-se com terríveis dificuldades e perseguições, devido à dureza espiritual daquelas almas. Retirou-se, então, em oração, para um lugar ermo situado nos arredores de Toulouse e suplicou a intercessão da Virgem Maria para os bons propósitos de tão dura missão. 

As suas preces extremadas foram atendidas e o santo recebeu uma aparição de Nossa Senhora que lhe entregou o Rosário (também chamado Saltério de Maria, em referência aos 150 salmos de Davi), ensinando-o como rezá-lo e assegurando ser esta a arma mais poderosa para se ganhar as almas para o Céu. Este evento, respaldado por numerosos documentos pontifícios, é narrado na obra 'Da Dignidade do Saltério', do Bem-Aventurado Alain de la Roche (1428 – 1475), célebre pregador da Ordem Dominicana. Com o Rosário em punho, São Domingos pregou incansavelmente na França, Itália e Espanha a devoção que a própria Senhora do Rosário lhe havia ensinado, convertendo os hereges e os tíbios, e erradicando por completo naqueles países a heresia albigense.


Graças, louvores e indulgências sem conta estão associadas à oração devota do Santo Rosário. Rezai-o sempre, rezai-o todos os dias! O maior milagre que o Rosário pode nos proporcionar é nos fazer plenamente dignos das promessas de Cristo e nos elevar de criaturas humanas na terra a herdeiros diretos do Céu ainda nesta vida.

PRIMEIRO SÁBADO DE OUTUBRO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'No amor que é Deus, suplico a todos os meus irmãos – aos que pregam, aos que oram, aos que trabalham manualmente, aos clérigos e leigos – que invistam na humildade em tudo: que não se ufanem, que não encontrem alegria ou se orgulhem interiormente com as boas palavras e as boas ações que Deus diz ou realiza por vezes neles ou através deles. Pois diz o Senhor: 'não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem' (Lc 10,20). Convençamo-nos firmemente de que, por nós, só temos erros e pecados. Rejubilemos antes nas provações que temos de suportar na alma e no corpo, e em todo o tipo de angústias e de tribulações neste mundo, com vista à vida eterna.

Irmãos, evitemos o orgulho e a vã glória. Evitemos a sabedoria deste mundo e a prudência egoísta. Pois aquele que é escravo das suas tendências egoístas investe muito esforço e aplicação na formulação de discursos, mas muito menos na passagem aos atos; em lugar de procurar a religião e a santidade interiores do espírito, quer e deseja uma religião e uma santidade exteriores e visíveis aos olhos dos homens. É sobre eles que o Senhor diz: 'Em verdade vos digo, receberam a sua recompensa' (Mt 6,5). 

Pelo contrário, aquele que é dócil ao Espírito do Senhor quer mortificar e humilhar aquilo que é egoísta, vil e abjeto na carne. Dedica-se à humildade e à paciência, à simplicidade pura e à verdadeira paz de espírito; aquilo que deseja sempre e acima de tudo é o temor de Deus, a sabedoria de Deus e o amor de Deus Pai, Filho e Espírito Santo'.

(São Francisco de Assis)

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque durante a oitava da festa de Corpus Christi de 1675...

         'Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra'.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.