Em 26 de junho de 1975, São Josemaria Escrivá levantou-se muito cedo como de costume, fez a habitual meia hora de oração e celebrou a missa, por volta das oito horas; era missa votiva de Nossa Senhora, na qual o sacerdote pede, na oração da coleta, 'a perfeita saúde da alma e do corpo'. Depois de um rápido café da manhã, encarregou dois dos seus filhos de visitarem uma pessoa, para que este se apresentasse a Paulo VI o seu testemunho de fidelidade e união. Queria fazer chegar ao Papa esta mensagem: 'Há anos que ofereço todos os dias a Santa Missa pela Igreja e pelo Papa ... hoje mesmo renovei este meu oferecimento a Deus pelo papa'.
Às nove e meia partiu para Castelgandolfo, na Villa dele Rose, onde teria uma reunião familiar e formativa com as suas filhas espirituais do Colégio Romano Santa Maria. Era um dia de muito calor. Durante o trajeto rezaram o terço e conversaram animadamente. 'Vós tendes alma sacerdotal' - disse àquelas mulheres jovens, quando chegou - 'Dir-vos-ei como sempre que venho aqui. Os vosso irmãos leigos também têm alma sacerdotal. Podes e deveis ajudar com essa alma sacerdotal e, juntamente com a graça do Senhor e o sacerdócio ministerial em nós, sacerdotes da Obra, faremos um trabalho eficaz... Imagino que de tudo tiras oportunidade para conversar com Deus e com nossa Mãe, e com São José, nosso Pai e Senhor, e com os nossos Anjos da Guarda, para ajudarem esta Igreja Santa, nossa Mãe, que está necessitada, que está passando tão mal no mundo, neste momento! Temos de amar a Igreja e o Papa, seja ele quem for. Pedi ao Senhor que o nosso serviço seja eficaz para a sua Igreja e para o Santo Padre'.
Passados cerca de vinte minutos, sentiu-se mal. Calou-se e sentiu vertigens. Teve de retirar-se a uma salinha para descansar uns minutos. Como não recompunha por completo, despediu-se, pedindo que lhe perdoassem o transtorno causado. Voltaram a Roma. Acompanhavam-no Pe. Álvaro Del Portillo, Pe. Javier Echevarría e o arquiteto Javier Cotelo. Chegou a Vila Tevere uns minutos antes do meio dia. O padre saiu do carro com desenvoltura e semblante risonho. Ninguém suspeitava de nada além de uma ligeira indisposição.
Passou pelo oratório e fez a sua habitual genuflexão: devota, pausada, com uma saudação a Jesus Sacramentado. Dirigiu-se imediatamente ao quarto de trabalho. Entrou e, depois de dirigir um olhar cheio de carinho à imagem da Virgem – conforme seu costume e de todos na Obra – disse: 'Javi... Não me sinto bem!' E caiu no chão.
Durante a sua estadia no México, em 1970, havia contemplado uma imagem que representava a Virgem de Guadalupe entregando uma rosa ao índio Juan Diego. Tinha dito que gostaria de morrer assim: olhando Maria, enquanto ela lhe oferecia uma flor. E morreu como era o seu desejo: saudando uma imagem da Virgem de Guadalupe e recebendo das mãos da Senhora a rosa que abre o amor às portas da eternidade.
(Excertos, com adaptações, da obra 'São Josemaria Escrivá', de Michele Dolz)