155. CORTEM-LHE A CABEÇA!
Conta-se que Teodorico, famoso príncipe ariano, tinha a seu serviço um católico, a quem estimava muito, a ponto de nomeá-lo seu ministro. Esse indivíduo, querendo merecer ainda mais as graças do príncipe, renunciou à religião católica e abraçou a ariana, o que era uma perigosa heresia.
Ao ter notícia dessa resolução do seu ministro, dirigindo-se aos seus dois guardas, disse-lhes o príncipe:
➖ Cortem-lhe a cabeça!
Estranhando os guardas aquela ordem, acrescentou Teodorico:
➖ Cortem-lhe a cabeça porque, se este homem é infiel a Deus, não deixará de ser infiel a mim, que não passo de um simples homem.
E o ministro, que esperava grandes favores à custa de sua religião, foi imediatamente decapitado.
156. OS SANTOS E A CARIDADE
A. São Pedro Nolasco, filho de uma nobre família da Provença, era devotíssimo de Nossa Senhora. Em consequência de uma visão que tivera, ele, São Raimundo e o rei Jaime I, fundaram uma Ordem (de Nossa Senhora das Mercês) para remir os cristãos cativos dos mouros. Os religiosos comprometer-se-iam, se necessário fosse, a resgatar os cristãos à custa da própria liberdade.
São Pedro foi o primeiro a dar o exemplo. Vendeu tudo quanto possuía, viveu paupérrimo, como bom religioso, e certa vez, que pregava na África, ficou como refém para libertar alguns cativos. Sofreu inúmeros e indizíveis martírios dos mouros naquelas terras de bárbaros. Recuperou, por fim, a liberdade, vindo a falecer aos sessenta e nove anos de idade, numa noite de Natal. O seu corpo exalava um suave odor que encheu todo o convento e seu rosto apresentava um resplendor celeste: eram o odor e o resplendor da santidade.
B. São Pedro Claver foi, como todos os santos, um perfeito imitador de Jesus Cristo. Não se dedicou, como São Pedro Nolasco, a remir os cativos, mas passou toda a sua vida no meio dos escravos negros. Nascido em Verdu, perto de Lérida, fez a sua carreira eclesiástica em Barcelona. Aos vinte e um anos entrou na Companhia de Jesus, e logo embarcou para a América, onde aguardava a chegada das naus carregadas de escravos negros.
Explicava a doutrina cristã àqueles pobrezinhos, curava os enfermos e purgava-lhes as chagas, chegando a beijá-las por mortificação e amor de Jesus Cristo. Conseguiu desta forma converter a muitos milhares de escravos. E como se lhe mostravam gratos todos aqueles que, por seu ministério, se viam livres das enfermidades do corpo e da ignorância religiosa! Assim entendiam e praticavam os santos o verdadeiro amor ao próximo.
157. ... SAIU TOSQUIADO!
Um senhor, que gostava de festas familiares, convidou os seus parentes e amigos para uma festa em família. No meio dos convidados apareceu também um moço desses que querem, nessas ocasiões, passar por engraçados. Quando o dono da casa se pôs a fazer as orações da mesa, o rapaz negou-se a rezar alegando ser ateu, isto é, não crer em Deus.
Todos reprovaram tal procedimento. Vendo-se contrariado e meio envergonhado, disse:
➖ De maneira que o único que nesta casa não crê em Deus sou eu? E deu uma grande gargalhada.
Uma senhora, que estava assentada ao lado dele, replicou:
➖ Não se ria tanto, moço: nesta casa, além do senhor, há dois gatos e um cachorro que também não creem em Deus. Mas, como não têm entendimento e nem sabem falar, não podem dizer o que pensam como o senhor!
Foi buscar lã e... saiu tosquiado!
(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)