quinta-feira, 30 de junho de 2022

QUANDO O INFERNO É AQUI...


Santa Catarina, Brasil. Uma criança de 11 anos, vítima de estupro e grávida de sete meses, estava sendo mantida pela justiça de Santa Catarina em um abrigo longe da família para evitar que fizesse o aborto. Diante dessa situação, o Ministério Público Federal (MPF) fez uma intervenção brutal e recomendou (?) a remoção imediata do feto - independentemente do período gestacional. O caso virou manchete nacional da grande mídia, quase que integralmente no contexto de execração da juíza que mantinha suspensa a ação abortiva, de pressão sobre o hospital que havia negado inicialmente fazer o procedimento, dos defensores da manutenção da gravidez da criança e da tragédia representada pelo ato do famigerado estuprador diante da criança vulnerável. O procedimento foi então aplicado em regime de urgência e o aborto se consumou.

Fato consumado - e somente então - ficou-se sabendo que o 'famigerado estuprador' era uma outra criança, um adolescente de 13 anos, filho do padrasto da menina e residente na mesma casa, o que originou um relacionamento íntimo recorrente entre as duas crianças. O procedimento de recolhimento da menina em um abrigo pela justiça tinha, portanto, o propósito claro de se evitar a continuidade do abuso em casa. A mídia assumiu o abrigo como 'cárcere'. Nessa toada de insanidades e manipulações dos fatos, a solução adotada foi a mais previsível de todas: matou-se a terceira criança, a vítima mais inocente e vulnerável das três. Quando o mal se impõe sob o rugido diabólico de suas entranhas e o bem se curva sob o indiferentismo, o inferno é aqui...