152. HEROÍSMO DE UM ANCIÃO
São Policarpo, um dos grandes heróis da Igreja Católica, era bispo de Esmirna e discípulo de São João Evangelista. Foi um dia detido por um piquete de soldados, aos quais recebeu e tratou com muita caridade ,convidando-os a se assentarem à sua mesa para a ceia.
Pediu-lhes depois lhe dessem tempo para encomendar a Deus a Igreja e seus perseguidores. Feita a sua oração, pôs-se a caminho com os soldados, que o maltrataram cruelmente durante toda a viagem, pagando com violências os benefícios que lhes fizera o santo bispo. Conduzido à presença do governador, quis este convencê-lo que era melhor sacrificar aos deuses e salvar a vida do que deixar-se martirizar. Falou-lhe assim:
➖ Venerável ancião, amaldiçoa a Cristo e eu te colocarei em liberdade.
➖ Faz oitenta anos que sirvo a Jesus Cristo e dele só tenho recebido favores e benefícios; por que, pois, haveria de amaldiçoá -lo?
➖ Se as feras não te dilacerarem - insistiu o governador - serás queimado vivo.
➖ Bem se vê que desconheceis o fogo eterno do inferno, e por isso me ameaças com o tormento do fogo terreno e passageiro.
Condenado à fogueira, o fogo, em vez de queimá-lo, formou como que uma grinalda ao redor dele, não lhe causando o menor dano. Atravessaram-no então com a espada e, assim, terminou gloriosamente a sua vida terrena o heroico confessor de Jesus Cristo e defensor intemerato da Santa Igreja.
153. SÃO CARLOS E A EPIDEMIA
Em 1576, propagou-se a peste negra na cidade de Milão (ltália) com força e velocidade aterradoras. As mortes eram contínuas. São Carlos Borromeu, zelosíssimo arcebispo daquela infeliz cidade, não encontrava pessoas que quisessem cuidar dos empestados, nem sacerdotes que dessem os sacramentos aos agonizantes.
A angústia do santo era grande; não podia ver aquela calamidade; precisava remediá-la. Ia, ele mesmo, de casa em casa, visitava e socorria os enfermos, começando pelos mais graves. Saía, depois, à janela das casas e, com vozes que cortavam os corações, convidava tanto aos sacerdotes como aos seculares que o ajudassem naquela obra de caridade.
Diante aquele belo exemplo do santo arcebispo, muitos cidadãos se sentiram impelidos a socorrer os empestados. Até os sacerdotes, que haviam fugido, voltaram para oficiar os sacramento aos moribundos, sendo coadjuvados por outros vindos do estrangeiro.
Naquela terrível epidemia, que durou cerca de um ano e meio, perderam a vida dois jesuítas, dois barnabitas, quatro frades capuchinhos e cento e vinte sacerdotes seculares. Assim sacrificaram a sua vida corporal aqueles zelosos ministros de Deus para a salvação eterna das almas, muitas das quais, sem os auxílios da religião e sem os santos sacramentos, ter-se-iam precipitado no inferno eternamente.
Para aplacar a cólera divina, organizou São Carlos grandes procissões de penitência, sendo ele o primeiro a tomar parte nelas, caminhando a pé e descalço e dirigindo ao céu fervorosas preces.
154. NÃO QUERO QUEBRAR O JEJUM
São Frutuoso, bispo de Tarragona, na Espanha, foi encarcerado por certo governador romano chamado Emiliano. Condenado a morrer queimado a fogo lento, achava-se ao pé da fogueira quando, alguns cristãos, compadecidos lhe ofereceram de comer para que não desfalecesse.
➖ Não, disse o confessor da fé, não quero quebrar o jejum; assim chegarei ao céu mais depressa.
Todos ficaram muito edificados com tal exemplo de fidelidade às leis da Santa lgreja.
(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)