'Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne. Porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne; pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que quereríeis. Se, porém, vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sob a Lei.
Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus!
Ao contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há Lei. Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências.
Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito. Não sejamos ávidos da vanglória. Nada de provocações, nada de invejas entre nós'.
(Gl, 5, 16 - 26)
'Portanto, meus estimados ouvintes, para que possamos vencer todos os nossos inimigos, busquemos a ajuda divina por meio da observância dos mandamentos divinos, sabendo que de outra forma não podemos prevalecer sobre os nossos adversários, a menos que prevaleçamos primeiro sobre nós mesmos. Pois existem muitos embates dentro de nós: a carne deseja uma coisa contra o espírito, enquanto o espírito deseja outra contra a carne. Nessa disputa, se os desejos do corpo forem mais poderosos, a alma perderá a sua dignidade adequada e será extremamente perigoso servir àquilo que deveria ordenar. Se, por outro lado, a mente, estando sujeita à autoridade do seu governante e munida pelas dádivas do céu, pisoteará as seduções dos prazeres mundanos e impedirá o pecado de reinar em seu corpo mortal, a razão se impõe e, fortalecida, não sucumbirá a quaisquer males espirituais. Porque o homem só possui verdadeira paz e liberdade verdadeira quando a carne é governada pelo julgamento da mente e a mente é governada pela Vontade de Deus'.
(São Leão Magno, Sermão XXXIX)