Do Livro das Cintilações*- IV
XXI - A fornicação
107. Disse Jesus, filho de Sirach: Quem se junta aos fornicadores tornar-se-á iníquo (Eclo 19,2).
108. Disse Jesus, filho de Sirach: Ter uma mulher infiel é como apanhar um escorpião (Eclo 26,10).
109. Disse Isidoro: O adultério é a fornicação da carne; a idolatria, a do espírito (Sent., II, 39, 18; PL 83, 642).
110. Disse Isidoro: A luxúria da carne por todos é visível: por si, imediatamente, ela provoca vergonha (Sent., II, 38, 1; PL 83, 639).
111. Disse Isidoro: A luxúria prontamente toma conta dos ociosos; e se apodera dos desocupados (Syn., 2, 18; PL 83, 849).
XXII - A perseverança
112. Disse o Senhor no Evangelho: Quem perseverar até o fim será salvo (Mt 24,13).
113. Disse Jerônimo: Não se olha nos cristãos os inícios, mas o fim: Paulo começou mal e acabou bem; pelos começos, Judas foi louvável, mas sua perdição final o condena (Ep. 54, 6, 4; PL 22, 552).
XXIII - A segurança
114. Disse o Senhor no Evangelho: Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora (Mt 24,42).
115. Disse Jerônimo: Toda a vida do sábio é meditação sobre a morte (Ep.60,14).
XXIV - A tolice
116. Disse o Senhor no Evangelho: Todo aquele que ouve minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um tolo (Mt 7,26).
117. Disse Salomão: O tolo é ferido por seus lábios (Prov 10,8).
118. Disse Salomão: O tolo é castigado por seus lábios (Prov 10,10).
119. Disse Salomão: A boca do tolo é a perturbação do próximo (Prov 10,14).
120. Disse Salomão: O sábio cala sua sabedoria; o coração dos insensatos proclama sua tolice (Prov 12,23).
121. Disse Salomão: Tolice, alegria do tolo (Prov 15,21).
122. Disse Salomão: Melhor topar com uma ursa procurando seus filhotes do que com o fátuo apregoando a sua tolice (Prov 17,12).
123. Disse Salomão: De que adianta ao tolo ter riquezas, se a sabedoria não se pode comprar? (Prov 17, 16)
124. Disse Jesus, filho de Sirach: Aguentar a conversa do tolo é como carregar um fardo pelo caminho (Eclo 21,19).
XXV - A avareza
125. Disse Agostinho: Assim como a avareza costuma levar ao inferno, o jugo de Cristo eleva ao Céu.
126. Disse Jerônimo: A avareza desconhece medida: devorando tudo, nunca se sacia.
XXVI - As virtudes
127. Disse Agostinho: A maldade se combate com a virtude; a cizânia luta com o trigo.
128. Disse Gregório: Sim, o saber é uma virtude, mas a humildade é a guardiã da virtude (Hom. Ev., 7, 4; PL 76, 1102).
129. Disse Gregório: Desejai companheiros no caminho que leva a Deus (Hom. Ev., 6, 6; PL 76, 1098).
130. Disse Isidoro: À virtude, elevamo-nos com esforço; no vício, caímos sem dificuldade (Sent., II, 36; PL 83, 637).
131. Disse Isidoro: Primeiro devem se extirpar os vícios, e só depois florescem as virtudes. Isto porque não há contato nem união da verdade com a mentira (Sent., II, 36, 6; PL 83, 637).
132. Disse Gregório: Quando é ainda por temor que praticamos o bem, não nos desvencilhamos totalmente do mal. Se o temor reprime o vício, do amor é que surgem as virtudes: fé, esperança e caridade (Moral. I, 26, 37; PL 75, 544).
XXVII - Os vícios
133. Disse Jerônimo: Não há purificação dos vícios senão pela aquisição das virtudes (In Mt. 9, 20).
134. Disse Jerônimo: Imersos em vícios são incapazes de ver as virtudes (Cod. Lyon 600, f. 9).
135. Disse Isidoro: Renuncia de verdade ao vício quem evita a ocasião de pecar (Sent., II, 32, 4).
XXVIII - A embriaguez
136. Disse Basílio: O Senhor deu-nos o vinho para alegria do coração e não para a embriaguez.
XXIX - O dízimo
137. Disse Agostinho: O dízimo é oferenda para os pobres.
XXX - A cobiça
138. Disse o Senhor no Evangelho: Quão difícil é para os que põem sua confiança no dinheiro entrarem no reino de Deus! (Mc 10,24).
139. Disse Ambrósio: Cobiça e soberba são a tal ponto um só mal, que não se pode encontrar um soberbo que não seja cobiçoso, nem cobiça sem soberba.
140. Disse Isidoro: Os bafejados pela glória humana podem ter, por fora, o brilho do poder; mas, por dentro, são vazios, tudo não passa de inchaço de soberba (Sent., III, 59,2).
141. Disse Isidoro: Não podem ter o espírito livre para contemplar a Deus, enquanto ardem em desejos e cobiças deste mundo; pois o olho que se encerra no pó não pode contemplar o céu (Sent., III, 41, 2; PL 83, 645).
* (Liber Scintillarum, escrito por volta do ano 700, constitui uma coletânea de máximas e sentenças compiladas das Sagradas Escrituras ou proclamadas pelos Pais da Igreja, organizadas por um monge - que se autodenomina 'Defensor' - do Mosteiro de São Martinho de Ligugé; tradução de Jean Lauand)
* (Liber Scintillarum, escrito por volta do ano 700, constitui uma coletânea de máximas e sentenças compiladas das Sagradas Escrituras ou proclamadas pelos Pais da Igreja, organizadas por um monge - que se autodenomina 'Defensor' - do Mosteiro de São Martinho de Ligugé; tradução de Jean Lauand)